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A importância de uma formatura de Ensino Fundamental sob a ótica de uma escola

O mês de dezembro de todos os anos letivos marca a história de uma Escola de Ensino Fundamental. A chegada dos estudantes ao nono ano do Ensino Fundamental é a maior conquista e o maior troféu que a escola pode exibir. É a demonstração de uma caminhada que se traduz em uma história que envolve superação, dedicação, amor e afetividades, desafios de aprendizagem e muita convivência.

Nesta matéria, faremos uma breve memória da formatura dos nonos anos de uma escola da rede municipal de Passo Fundo, a Escola de Ensino Fundamental Zeferino Demétrio Costi, em evento que ocorreu no dia 16 de dezembro de 2022. Esta memória compõe-se de mensagens da equipe gestora e da professora madrinha da turma, bem como da publicação de algumas fotografias do evento.

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Mensagem da Diretora Lucelene Segat da Costa:

“Quem escuta estas palavras não imagina a amplitude do seu significado como escola. Formar alunos no seu nono ano de ensino para nós, gestão e docentes, significa olhar uma caminhada de 3/5 da vida destes adolescentes dentro da escola. Olhar para os formandos e ver, sentir nas suas ações, palavras e atitudes o que se tornaram e saber que a escola teve sua parcela de influência nestes resultados é o momento mais esperado do ano letivo. Representa para nós, escola, um ciclo encerrado com chave de ouro e consciência de dever comprido. É esta sensação que gostaria de dividir com todos e todas, de muito orgulho do nosso grupo de professores ZDC.

Pais de formandos, a mensagem que deixamos para vocês é muito simples: continuem sendo no Ensino Médio os pais presentes que foram no Ensino Fundamental. Seus filhos cresceram, mas ainda precisam de vocês em suas vidas escolares. Se fazer um(a) filho(a) “passar mico”, como eles dizem, é ir na escola saber como estão indo, quem são seus amigos, ir buscá-los na escola de vez enquanto, FAÇAM. Eles precisam de vocês. Não os abandonem porque estão no Ensino Médio.  Lugar de família é ao lado da escola. Esta parceria nunca sai de moda. Gratidão pela confiança deposita no ZDC.

Formandos, dia de formatura é dia de ponto final. É dia de ser feliz, abraçar, chorar antecipando a saudade de 9 anos ZDC. Deixo 3 conselhos para vocês.

Primeiro: Nunca desistam dos sonhos de vocês, vocês podem ser o que quiserem; basta focar e lutar. Não vou dizer que é fácil, mas o resultado das coisas mais difíceis de nossas vidas são as melhores. Capacidade todos vocês têm, corram atrás.

Segundo: Nunca esqueçam que os melhores amigos de vocês, que vão estar ao lado nos dias bons e nos dias mais difíceis, que são as suas famílias. Honrem pai e mãe. Eles sim, nunca, te abandonam. Cada um do seu jeito, mas querendo sempre o teu bem. Nunca duvidem disto.

Terceiro:Vocês hoje estão saindo do ZDC, mas o ZDC nunca sairá de vocês. Fizeram história, deixaram marcas nesta escola. Estão eternizados na foto de formatura na parede da escola. Não esqueçam que aqui foi o lugar do primeiro de muitos degraus de sucesso que terão na vida acadêmica.

Mas, acima de tudo isto; simplesmente sejam felizes, façam tudo com amor que o resto vem!

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Mensagem da professora Adriana Severo dos Santos, Coordenadora e Orientadora Educacional

Queridos alunos formandos, professores, equipe gestora e famílias ZDC!

Hoje a professora Adriana não vai falar de provas multidisciplinares, cronogramas, atividades com vocês. Hoje venho falar com o coração.

Há exatamente 9 anos atrás, as sementes foram lançadas em terra fértil, a escola ZDC. Muitos professores, a maioria que está aqui, acreditaram na força dessas sementes: cuidando, regando, adubando. Hoje, a comunidade escolar conhece e reconhece os frutos, que ainda irão amadurecer mais e se tornarão árvores.

Toda árvore, um dia foi semente!  Vocês, no tempo certo, também lançarão suas sementes! Este é o ciclo!

Essa turma nos mostrou duas verdades absolutas:

A primeira verdade é que a fórmula FAMÍLIA + ESCOLA = SUCESSO ESCOLAR. Posso afirmar que, as duas instituições têm funções específicas e fundamentais, mas quando aliadas e parceiras os resultados serão significativos.

A segunda verdade é que a missão da escola e o trabalho de nós professores, nunca serão em vão. A função e o papel da escola continuará insubstituível para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e humanitária.

Desejo a vocês: sorriso fácil, coração bondoso e que todas as oportunidades, escolhas e elogios reforcem o que há de melhor em vocês. O quanto erramos ou acertamos não importa. O importante é o que vocês, formandos, nós, professores, e famílias conseguimos realizar.

Hoje é dia de festa! Parabéns!

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Mensagem da professora Madrinha da turma, Graziela Bergonsi Tussi.

Queridos amigos:

O que é uma relação de amizade? Segundo o dicionário Michaelis, significa “sentimento de afeição, estima, ternura etc. que une uma pessoa a outra”. Eu diria que a pessoa que escreveu o verbete do dicionário não conviveu com a gente. Porque, o que temos, é muito maior.

Durante esses 5 anos em que a gente conviveu, aprendi muito com vocês. Aprendi que não tem problema eu chorar em sala de aula, porque a vida de docente é um eterno desafio. Aprendi que para ser um bom professor é preciso estudar muito, todos os dias, seja informática, ciências ou geografia. Que os alunos são curiosos e que as perguntas vêm em forma de enxurrada. Temos que estar preparados, anotar tudo, devolver na semana seguinte. E tudo bem não saber algo, ninguém sabe tudo, estamos no mundo para aprender.

Aprendi COM e POR vocês a ser uma professora mais criativa, a buscar o diferente, e saí da zona de conforto, e se me tornei hoje professora de Cultura Digital, boa parte dessa trajetória devo à turma de vocês, que me ensinou (a duras penas) que o esforço vale a pena. Muito obrigada por isso.

Fui acolhida e busquei acolher cada um, em cada momento particular…. De dor física, dor da alma. Seja por termos perdido alguém que amávamos, ou por sentir um vazio por dentro, que não sabíamos como explicar, só estava lá. Meu ombro sempre esteve ali, meu WhatsApp também. Ajudei a tramar planos macabros contra os desafetos amorosos e depois dizia: mas isso tudo são suposições, não podemos fazer nada disso, tá? Só para acalmar os corações partidos.

E nessa relação, que foi algo além sala de aula, não foi só uma amizade que surgiu, foi amor. Eu amo vocês, e tudo que o universo tiver de brilho e de luz, eu desejo para cada um aqui, para sempre.

Mas além de mim, vocês também tiveram vários professores ao longo desses anos, desde o 1º até o 9º ano. Professores que hoje estão aqui cheios de orgulho por verem vocês conquistando sonhos, se tornando quase adultos, decidindo futuras profissões e caminhos, e pensando no que vem a seguir com responsabilidade.

O futuro, que parece ser assustador, temos certeza que será tirado de letra, porque vocês são alunos ZDC, pessoas fortes, que sabem o que querem, que são ótimos estudantes e também pessoas maravilhosas. Levem isso para a vida, que tudo estará bem.

Pensem em cada momento desses 9 anos que vocês ficaram conosco no ZDC, levem somente as boas lembranças, sintam sempre todo o amor e dedicação que a gente deu para vocês, e voltem quando quiserem, para nos contar qualquer coisa. Nos visitem, venham nos dar um abraço, ver como está a escola, pedir ajuda nos temas e trabalhos. Porque já somos muito mais que amigos, somos uma família, e sempre estaremos com vocês.

Um beijo e obrigada!

FOTOS: Fernando Colombelli

Formaturas de adolescentes do ensino fundamental são oportunidades para revelar saberes que humanizam a vida de estudantes e professores e anunciar o protagonismo que poderá mudar a vida dos mesmos. Leia mais: https://www.neipies.com/formaturas-de-estudantes-do-ensino-fundamental-e-seus-significados/

Sobre o ler, o pensar e o escrever

O triste é que muitas vezes faltam as palavras para dizer o que se pensa. Não é nervosismo, é pura falta de vocabulário mesmo. É o momento de não economizarmos vocabulário e, se possível, articular a fala com sujeito, verbo e predicado.

A leitura é uma atividade laboriosa que exige paciência e concentração. O ato de ler é uma atitude política, que põe em diálogo o leitor e o escritor numa relação de falas sem som. A leitura é também um exercício cognitivo solitário de refinação do raciocínio. Assim, a ato de ler e o ato de pensar é uma motivação de encorajamento para o leitor frente à página escrita.

A leitura, além de exigir silêncio e escuta, é uma busca da nominose, a luz interior que é a superação dos entraves psíquicos. A leitura feita com acuidade é sempre um ato terapêutico, em que o autoconhecimento coincide com a auto-emancipação. O hábito da leitura nos tira da situação de normose, que é a patologia da normalidade, a omissão frente aos acontecimentos do cotidiano.

A normose inibe a inteligência, gerando no escritor o terror da página em branco e no leitor a indolência da página escrita. Assim, pode-se dizer que o ato de ler e o ato de escrever são atividades coincidentes que exigem do sujeito, decisão e vontade para superar a inércia cognitiva, que é o emperramento da inteligência.

O movimento intelectivo encerra uma dialética entre o ler, o pensar e o escrever.

O ler é o exercício cognitivo de captar o conhecimento, o desfecho de um raciocínio manifestado em um signo ou num escrito. O pensar é o trabalho transcendental interno da mente, na elaboração conceitual e sintética da sensibilidade e da inteligibilidade. Já o escrever é a manifestação externa da inteligência em silogismos ou em categorias, como resultado de elaboração da mente. A atividade de ler, pensar e escrever são habilidades exigentes e muitas vezes penosas.

Assista a interessantes pistas sobre o ler, o pensar e o escrever, vídeo “Penso, logo, resisto”, de Gabriel Perissé.https://youtu.be/P9maGSUZDy4?t=5

Ler e escrever não se faz “no meio da galera”. Como já foi dito, são atividades que exigem silêncio, concentração, raciocínio, solidão, etc. É muito difícil exercer estas atividades no meio de uma sociedade do ruído como a nossa.

O silêncio e a escuta estão sendo cada vez mais escassos e exigentes para a tarefa meditativa. O silêncio psicológico e o silêncio físico são determinantes para exercer a práxis do ler e do escrever. Só escreve e lê bem quem conseguiu superar estes dois tipos de ruídos, os quais ajudam a superar os entraves de ordem psíquica e epistemológica.

A acuidade intelectual exige capacidade de abstração e certo pudor no uso das palavras. Exige também imaginação e sensibilidade afetivo-ambiental. O exercício de escrever é, acima de tudo, aprender a cortar palavras. Já o ato de ler é, na verdade, o ato de reler. Por isso, o ato de ler, para ser completo, deve exigir o ato de escrever, que é sempre uma tarefa lenta e gradual.

Não existe leitura rápida. Ler é uma arte. E toda arte exige tempo e ritual. No entanto, se a prática da leitura exige tempo, a prática de escrever não é diferente, exige também tempo e paciência. Um texto bem escrito é fruto de muito treino e de muita teimosia, o que significa muitas horas de leituras atentas.

Escrever bem não é só dom, mas dedicação empenhada de quem se põe na arte da escrita. Assim, o ato de escrever precisa de cultura, de conhecimento, de pensamento e de qualidade crítica. Esta bagagem de conteúdos só se consegue com muitas e cuidadosas leituras.

Ler e escrever são duas “faces da mesma moeda”. Assim, como a arte de ler exige assiduidade, a arte de escrever exige perícia. Para escrever bem, não é determinante ter o domínio total da gramática ou das regras ortográficas. Se isto fosse o último critério todos os gramaticólogos seriam escritores, o que na experiência não confere.

Há pessoas que não conhecem as regras da gramática e são excelentes escritoras. Na verdade, escrever bem é sempre reescrever, o que significa achar as palavras adequadas para expressar com coerência o pensamento.

Mas muita atenção nisto tudo: a base do ler e do escrever é o ato de pensar bem. “Quem pensa bem e fala bem, tem condições de escrever bem. Quem pensa bem e escreve bem nem sempre tem condições de falar bem”, afirma o escritor Polito. Com isto não se quer afirmar que quem escreve bem não fale bem, longe disso. Apenas quer-se afirmar que o aprendizado não é simples e tão automático, ou seja, não se aprende por osmose, sem esforço e dedicação.

O cotidiano é uma escola permanente. Um ponto de apoio salutar para quem trabalha com a palavra escrita ou falada é adquirir o hábito de antes de falar organizar o raciocínio.

Na relação entre emissor e ouvinte, escritor e leitor, isto seria uma prática importante. No dia-a-dia, deveríamos ser observadores atentos das formas de nossa comunicação e das formas de comunicação das outras pessoas do nosso convívio. Isto significa ter consciência dos nossos erros e lutar para corrigi-los.

Para superar os entraves de comunicação, o ler e o escrever são um exercício interessante.

Ultimamente, na minha experiência de professor e de assessor, tenho me apercebido em situações muito embaraçosas, de ficar empacado em meu raciocínio, de interromper a fala e esperar que o outro termine a frase ou a entenda incompleta mesmo.

Há tempo que estou dedicando-me no trabalho da leitura e da escrita para me livrar deste vício. Quais são as consequências? O risco de não sermos compreendidos, o de sermos mal interpretados nas nossas intervenções discursivas. Urge exercitarmos a nossa capacidade de verbalização e de articulação.

A reflexão sobre a comunicação vai além do ler, do pensar e do escrever. Ultimamente, tenho observado que muitas pessoas detentoras de cargos importantes se comunicam por grunhidos, pela inflexão da voz, pelo gesto, usando frases inteiras sem verbos.

É importante, antes de falarmos em público, pensar no sentido das palavras que vamos usar e fazer uma filtragem no raciocínio, antes de expressá-lo publicamente. É bom variar os adjetivos e alternar o uso das palavras sinônimas. É melhor fazer isto do que cometer gafes ou “trombar” nos verbos. É chegada a hora de superarmos o tempo do gerúndio.

E, finalmente, não adianta ler livros, descobrir novas palavras, não saber seu significado etimológico e usá-las aleatoriamente para dar a impressão de ser erudito ou de metido a intelectual. Há uma rede de vocabulários ativos, mas não sabemos usá-los. É necessário ativar o vocabulário adormecido. E o domínio correto das palavras só se consegue com o uso e a correção etimológico-silogística. “Não há nada mais horrível do que a prática de ficar substituindo as palavras por “esta coisa”, “este troço”, aquela pecinha”, sem falar nos cacoetes: “Humm”, “anhann”, “pois é, né”, “sendo assim”, etc..

O triste é que muitas vezes faltam as palavras para dizer o que se pensa. Não é nervosismo, é pura falta de vocabulário mesmo. É o momento de não economizarmos vocabulário e, se possível, articular a fala com sujeito, verbo e predicado.

Assim, o ler, o pensar e o escrever passam a ser atividades que nos darão uma comunicação segura, para não corremos risco de sermos pegos de surpresa pela lógica clandestina.

Assista vídeo “Brincando com as palavras”, de Gabriel Perissé. https://youtu.be/zuHGzdH7fUE?t=102

Autor: José André da Costa, msf .

Nas festas de fim de ano as crianças sofrem muitas violências

Começo este texto de hoje com a certeza de que neste Natal e Ano Novo toda criança terá um prato de comida na mesa. Assim espero. Assim desejo. E como quem sonha sempre alcança eu sigo em busca de um Natal melhor para as crianças que sofrem pelas comunidades e ruas do meu país ao Deus dará e que Deus lhes dê verdadeiramente muitas coisas boas.

Dentro dos meus versos que buscam compartilhar com você, leitor, a grandiosidade do Natal em mim que dizem que alegria trago nos olhos / vivo mais um belo natal / cada luz da cidade decorada / pisca para mim com esperança / de que voltarei a brincar / de que novamente farei peraltices / assim como pintar de azul os lábios do sol / ou quem sabe puxar a barba de papai noel / nasce o menino jesus / será meu maior amiguinho.

É Natal! Ficamos com o coração mais cheio de amor, solidariedade, fraternidade e benquerer. Somos contagiados pelo nascimento do Menino Jesus, pelo encanto do Papai Noel e pelas decorações natalinas espalhadas pelas ruas das nossas cidades.

No Natal só queremos ser felizes ao lado dos nossos amigos, familiares, parentes próximos e os que veem de distante, gente de todos os cantos do mundo querem estar conosco nas festas de final de ano. É tanta gente que a casa fica cheia. Não sabemos onde foi parar o gato ou cachorro da família.

Os papais muitas vezes bebem um pouquinho a mais de vinho, champanhe ou até mesmo cerveja. As mamães precisam dar atenção para as visitas e esquecem os filhos aos cuidados dos familiares ou amigos que chegam à casa com presentes que encantam a criançada, com carinhos e palavras de afeto que agrada a todos. No Natal as pessoas ficam mais solidárias porque o espírito natalino toma conta dos nossos corações.

Diante destas festas tão bonitas de Natal e fim de ano a gente nem percebe o quão grave é esquecer dos cuidados com as nossas crianças. Apenas por um instante, um minutinho, uma ida ao banheiro e as nossas crianças podem ser abusadas por um familiar, parente ou amigo que recebemos em nossa casa para confraternizar conosco o nascimento do Menino Jesus ou o Ano Novo.

Não quero aqui assustar ninguém e nem acusar pessoa nenhuma. Este texto é para alertar aos pais e responsáveis por crianças que não descuidem delas nem um segundo sequer, que prestem atenção a forma como as suas visitas se aproximam e falam com as suas crianças. Lembre-se que a violência sempre acontece através de um conhecido da família.

Com medo e sob ameaça a criança acaba não contando para os pais o que aconteceu no banheiro, no quarto de dormir, embaixo da mesa ou em outros lugares da casa onde ficou exposta aos cuidados daquela visita que os pais tanto confiam. A criança, muitas vezes, nem se dá conta que aquele carinho nas suas partes íntimas é um abuso sexual, uma violência, porque está sob o efeito encantador de quem pratica o ato com ameaças ou com mentiras a dizer que vai trazer mais presentes para ela iguais ao que trouxe naquela noite.

Nesta época do ano, nas festas de fim de ano, são constatadas muitas violências contra crianças de todas as idades no mundo inteiro.

É o tio que escorrega a mão por debaixo da mesa nas pernas da criança, é a vizinha que se oferece para dar banho na criança e arrumá-la para ceia natalina. Sim, não se enganem com as mulheres, pois existem muitas que também abusam de crianças.

Peço para que os pais estejam sempre atentos às reações, gestos, palavras e formas como as crianças se comportam diante das visitas das festas de fim de ano. Se a criança demonstrar estranheza, medo ou disser que não quer ficar perto daquela visita o melhor é tomar precaução e afastá-la da pessoa que causa este pânico tentando conversar com ela para descobrir o motivo de tanto pavor. Um diálogo que transmita confiança e que a criança não se sinta sob a pressão de ter que falar, mas que possa ser espontânea.

O abuso começa por onde menos esperamos, então todo cuidado é pouco. A quem mais confiamos as nossas crianças pode ser o adulto que abusa, violenta e agride emocionalmente. A violência quase sempre só é descoberta depois que a criança se torna mais grandinha, porém as marcas e o trauma já estão guardados no seu pequeno espírito causando dores e emoções diversas.

Os pais não podem se descuidar das suas crianças nestas festas de fim de ano. Não permitir que adultos fiquem sozinhos com as crianças ou que sentem à mesa próximos delas é um bom começo. Estar sempre de olho nas crianças mesmo quando estiverem apenas os adultos conversando. É preciso dar atenção às visitas, mas se um parente ou amigo se afasta dando uma desculpa qualquer ficar de vigília com o tempo que ele leva para voltar e saber para onde ele foi e o que está a fazer.

Os abusos e violências infantis se agravam a cada dia. As crianças menorzinhas não sabem como lidar com esse tipo de violência. Elas têm medo do abusador, porém não sabem expressar esta emoção porque ficam a pensar se realmente acreditarão no que ela contar, por isso os pais devem sempre ser sinceros com as suas crianças, ou seja, falarem a verdade sobre os seus corpos explicando que ninguém deve tocar nas partes íntimas delas, a não ser que estejam autorizadas para isso e que esta autorização seja dada na frente das crianças.

É triste saber disso, mas um grande número de crianças são abusadas e violentadas em datas que deveriam ser de paz e amor. Não pense, papai ou mamãe, que o abusador vai maltratar a sua criança com agressões físicas, ele também conhece tudo de empatia e amor. Ele sabe como ninguém mentir e fingir ser bonzinho. Sempre sorridente e solícito se oferece para fazer de tudo para que você não deixe de dar a atenção devida às suas visitas. Tome cuidado com esse tipo de pessoas, principalmente a que demonstra muita afeição pelas suas crianças.

Em tempos de amor e ódio, violências diversas, não podemos confiar em todo mundo, infelizmente. O mundo tem se tornado um lugar cruel para os adultos e mais ainda para as crianças que embaladas por presentes e mimos nunca antes recebidos nem percebem o abuso e acabam sendo uma presa fácil para o abusador.

O ideal seria que todos nós nas festas de fim de ano mantivéssemos um cuidado maior e mais intenso com os nossos pequenos, pois estamos frágeis e com os corações molengas e podemos acabar não percebendo também que as nossas crianças foram abusadas por aquele tio, tia, padrinho, madrinha, vizinho que tanto queremos bem e que dizem amar os nossos filhos.

Nunca deixe que uma visita leve a sua criança ao banheiro mesmo que seja alguém de confiança, mesmo porque a criança se sentirá envergonhada em tirar a sua roupinha na frente de uma pessoa que ela pouca vê ou que nunca viu. Como também não deixe o seu bebê nos braços de conhecidos sozinhos. Os bebês não têm como reagir a um abuso e, muitas vezes, o abusador faz carinho nas partes íntimas dele.

Na verdade, não é para ficar com medo de receber os familiares e amigos em casa. Apenas peço que não descuidem um só minuto das suas crianças. Não as deixem expostas com adultos que de uma hora para outra aprenderam a gostar delas. Desconfie se a sua criança faz birra ou chora quando um adulto chega perto dela. O abusador é sempre meigo e carinhoso. Ele não tem rosto e nem vestes para o definir. Pode ser qualquer pessoa, até mesmo o seu melhor amigo ou amiga.

Também não é preciso trancar a criança no quarto impedindo-a de participar da grande festa natalina ou de ano novo. Todo cuidado requer exceções.  A criança precisa aprender a estar com adultos e saber se cuidar dos abusos. A melhor coisa para diminuir a violência infantil é o diálogo sincero que os pais mantêm com as suas crianças.

Quando conversamos com as nossas crianças sobre assuntos de sexualidade, demonstramos responsabilidade e cuidados. Claro que a criança só precisa saber de determinadas coisas no seu tempo. Não precisamos sair colocando goela adentro da criança um monte de conceitos e informações que ela não vai saber processar. Uma coisa por vez. O ensinamento deve ser lento para que a aprendizagem tenha efeito.

Também faz parte do ensino-aprendizagem mostrar para a criança que ela deve ter cuidado com o seu corpo. Vejo muitas meninas com seis e sete anos somente de calcinhas expostas nas ruas e calçadas, o que acho prejudicial para elas, pois o abusador é cada vez mais estimulado ao ver aquilo a praticar o seu ato. Os meninos já grandinhos andam nus pelas ruas porque como homens não precisam esconder nada de ninguém, efeito do nosso patriarcado que acha que homem pode andar nu para cima e para baixo, mas isso só causa mais estímulo no abusador. Vamos evitar essas coisas.

Nas festas de fim de ano devemos comer, beber, brindar com os parentes, familiares e amigos, amar muito mais as pessoas. Sim, é isso que fazemos sempre. Estamos contagiados pela história de Jesus Cristo que é muito bonita. Porém, as crianças não podem ser entregues a estranhos ou pessoas conhecidas. Elas devem ficar sempre aos nossos cuidados.

A criança não precisa sentar-se no colo de ninguém para receber carinho, principalmente se ela não quiser. Nunca dizer para ela que isso é coisa feia ou que está envergonhando a família. Dá uma desculpa para a visita e permitir que a criança fique à vontade ao lado dela. Crianças são guiadas por anjos, elas conseguem identificar os abusadores, muitas vezes.

Na hora de abrir os presentes que todos fiquem juntos ao redor da árvore de Natal. Não precisa levar a criança para o quarto de dormir ou outro local para oferecer-lhe o seu presente, a não ser que seja acompanhada dos pais ou de um responsável. O bom mesmo é que as visitas estejam sempre todas juntas e que as crianças nunca fiquem sozinhas e longe dos olhos dos pais ou responsáveis. Ao menor sinal de abuso chamar a polícia sem se preocupar com o que vão pensar as outras visitas.

Se você ama verdadeiramente a sua criança, então cuide para que ela tenha um Natal e Ano Novo cheio de paz, carinho e amor. E que a sua integridade física e emocional estejam sob os seus cuidados atentos. O risco de colocarmos um abusador dentro das nossas casas nesta época do ano é muito grande. Certifique-se de que você conhece mesmo a pessoa que está convidando para a ceia de Natal e ainda assim não esqueça de deixar a sua criança sempre ao seu lado. O abusador sabe bem como lidar com crianças. Ele ou ela só querem uma chance para praticarem a violência.

Para terminar este texto que é mais um pedido aos pais e responsáveis por crianças quero desejar a todos vocês leitores, colunistas deste site, meus amigos e familiares um Natal abençoado e cheio de amor e um Ano Novo bem bonito e com muitas alegrias!

Assim, termino com os meus versos que dizem chega mais um natal / o menino jesus sorri / as crianças e flores passam por mim/ aves à procura de saudades dormidas nos corações dos homens que contam o tempo / lá em belém, no deserto / jesus abrirá seus olhinhos / quem estiver por perto ganhará dele um cheirinho / os anjos fazem festa no céu / estrelinhas correm lá e cá / faz-se natal no asilo ou na casa de papel desenhada pelo menino que espera pelo papai noel  / feliz natal para você leite ou mel dos lábios meus!

Autora: Rosângela Trajano

Um fenômeno intitulado “FINAL DO ANO”

A Guernica, Pablo Picasso

Ele geralmente aparece em meados de novembro, e gradualmente, vai transformando uma atmosfera pacata em um buraco negro. Os dias passam a ser mais longos para o pessoal do hemisfério sul, mas, a impressão que temos é a de que eles encurtam. Você começa a notar que as pessoas estão com pressa, sem um motivo aparente. E quando você percebe, se percebe, está com pressa também.

Há uma tentativa de fazermos tudo o que não fizemos no ano todo (e às vezes, na vida inteira) em menos de um mês. É a época do ano em que a solidariedade predomina no ar e começamos a utilizar o nosso frasco, com prazo de validade super perecível, de amor e compaixão.

O nosso inconsciente ainda não desistiu do comercial “chester Perdigão”, da família perfeita reunida, na Ceia de natal. Mas, quando as celebrações acontecem, a realidade sempre faz a gente quebrar a cara. Além de encontrar aquele parente infeliz, uma espécie de uma luzinha queimada no pinheirinho de natal, encontramos uvas passas no arroz!

No Brasil, o Papai-noel sofre, pois, ainda não passou pelo movimento antropofágico e continua utilizando as roupas de inverno.

É a época do ano em que os Santos removem os ouvidos, uma tentativa eficiente de não receber as promessas que nós mesmos sabemos que não somos capazes de cumprir. Mas, a gente promete, com a esperança de que alguém deve ganhar na Mega-Sena. Falando nisso, você já fez a sua aposta?

– Para começar o ano frustrado por não ter ficado milionário? –

As previsões astrológicas começam a nos animar e um ano maravilhoso há de chegar (com a margem de erro de uma pandemia). A gente resolve tirar férias, mas a cabeça fica no trabalho, e quando voltamos ao trabalho, a nossa cabeça resolve ficar nas férias.

E o ano termina [1] e começa outra vez!

Notas de Rodapé: [1] E então, esse fenômeno se dissipa, com previsões de retorno no final do ano que vem, graças aos ventos desanimados que empurram a maré do saco cheio. Em Janeiro, o buraco negro passa a ser preenchido pela nossa rotina, que também engole a nossa expectativa de mudanças e é digerida pelos nossos bons e velhos maus hábitos.

Autora: Ana P. Scheffer

… Sempre no cio

As estratégias para o enfrentamento do fascismo não contam unicamente com recursos centrados no discurso argumentativo, precisarão de estratégias de mobilização de afetos.

Ainda que aquele que dirigiu sua instalação no aparelho de Estado e que colaborou para que se expressasse com força na sociedade brasileira viva seus últimos e penosos dias de presidência, se o fascismo está “sempre no cio”, cabe muito mais do que celebrar esta derrota eleitoral e política estando desafiados a imediatamente construirmos caminhos de resistência permanente e de ação sistemática para uma vez mais derrotá-lo e reduzi-lo à convivência com os “cães de sua laia”, ao mínimo possível deles, neste ano em que é também do centenário da triste memória da Marcha sobre Roma (28 Out 2022) e no qual o povo brasileiro imprime um revés significativo ao fascismo à brasileira.

Não é momento de acreditar que tudo está resolvido. A extrema direita saiu fortalecida das eleições, o Congresso abrigará muitos de seus representantes mais ativos nos últimos anos e o agora já praticamente ex-mandatário também estará em ação (com qual legitimidade e força, ainda a ver).

A frase que é o epílogo da peça “A resistível ascensão de Arturo Ui”, de Bertolt Brecht: “A cadela do fascismo está sempre no cio”, faz lembrar que as práticas fascistas, as antigas e as atuais, patrocinadas pela extrema direita, não cessam e dificilmente serão eliminadas completamente. Ademais, bastaria que sejam criadas condições e retornam com força, particularmente em momentos de profunda crise e de falta de perspectivas coletivas fica como possibilidade para “salvar” o capitalismo, quando a democracia já não lhe favorece.

No mundo todo, estamos num momento no qual estas características estão presentes, com variações e forças nos mais diversos lugares, inclusive no Brasil.

A frase de Brecht lembra, todavia, que o modo do fascismo é antinatural, visto que o cio é uma realidade temporária na vida das cadelas, por volta de duas vezes ao ano. Seria, portanto, cíclico. Ao dizer que “está sempre” nesta condição de disponibilidade para acasalamento, alerta que o fascismo é um artifício fabricado como forma de organização e ação.

Sua presença, ainda que permaneça à espreita para retornar a cada tempo, não está sempre protagonista. E mais, se permanecer vigente como disponibilidade efetiva é porque estão criadas condições não naturalmente disponíveis para tal. Seria o caso de um “fascismo eterno”, ainda que nem sempre vigente em termos hegemônicos? E se assim o é, também haveria de ser a ação contra ele: precisará estar permanentemente vigilante e em resistência organizada.

O segundo aspecto presente na frase de Brecht é que o fascismo é comparado ao “cio”, um momento próprio no qual a cadela está disponível e desejosa de acasalamento. A comparação metafórica remete para o fascismo como uma experiência erótica, do campo do desejo, mais do que uma posição estritamente sócio-política e sustentada em bases racionais. Tem sim uma racionalidade, talvez uma das expressões mais perversas dela, mas não só. A dimensão erótica é, desde há muito, conhecida como importante para a vida social e política. Já está bastante documentada e estudada.

As estratégias para o enfrentamento do fascismo não contam unicamente com recursos centrados no discurso argumentativo, precisarão de estratégias de mobilização de afetos. Há uma subjetividade moldada ao fascismo e modelada pelo fascismo, uma subjetividade fascista, que passa pela “personalidade autoritária”, mas não só, também pelo lugar paradoxal da “ilusão” na vida em sociedade.

E entender isso não significa reduzir a abordagem do fascismo a uma questão estritamente individualista ou moralista. Requer que se tenha em conta estas dimensões, sem as quais a crítica ao fascismo poderá chegar à boas explicações, mas ainda insuficientes.    

As cadelas, assim como todos os animais, são seres com dignidade, aquela própria a seu modo de ser animal, e talvez não merecessem ser, nem metaforicamente, tratadas como portadoras do fascismo. Por isso, com a devida vênia, as cadelas nos ensinam, a nós humanos, que enfrentar o fascismo exige construir estratégias de denúncia sim, das práticas machistas, misóginas, patriarcais, racistas, lgbtiap+fógicas, normalistas, enfim, todas as práticas desumanizadoras, patrocinadas por ele.

Mas exige ir muito mais além e identificar as raízes que levam à sua adesão e que, certamente, entre elas está não aceitar que aqueles/as humanos/as, sempre tidos por “quase humanos” ou até “não-humanos” permaneçam não sendo incluídos na humanidade, num supremacismo escondido numa versão distorcida dos “melhores” que faz da aristocracia e da plutocracia o modelo de convivência (não compatível com a democracia popular).

Esta raiz está sempre junto com outra que é a que o capitalismo soube e segue sabendo valorizar demais, que é a concentração cada vez maior da riqueza pela expropriação dos bens comuns (os da natureza e os da sociedade).

A acumulação privada “pelos melhores”, aqueles “que merecem”, justifica que a desigualdade e a exclusão sejam aceitáveis e legítimas. Mais, que toda iniciativa de promoção da igualdade, da justiça social, da equidade… sejam vistas como ataques à ordem “natural” e exijam reações fortes, se necessário violentas, para mantê-la.

O ódio aos pobres (aporofobia), o ódio de classe, o ódio ao/à outro/a, é necessário, para enfrentar e eliminar o “inimigo maior” (o comunismo, o socialismo, os demônios…). Mas, retornando a Brecht, assim como o fascismo, ele não é natural. É intencionalmente produzido para guardar os “privilégios” e impedir o avanço do “todos/as”.

Querer um mundo no qual o fascismo, ainda que em cio, esteja controlado pela convivência social e por orientação política, requer reafirmar o “todos/as”, próprio de um universalismo de novo tipo, um pluriversalismo, no qual a diversidade da condição humana, que reconhece a cada singularidade como humanidade e a humanidade com presença em cada singularidade, sem que qualquer tipo de restrição moral, racial, sexual, geracional… se interponha como determinação condicionante para o exercício da vida em sociedade, a vida em comum.

Assim que, recolocar na agenda a igualdade e a não-discriminação como tarefa primeira da ação social e política é fundamental para enfrentar o fascismo.

Junto com elas, o compromisso para que sua realização seja dada em bases democráticas com a mais ampla participação direta, dado que direitos não se realizam nem por representação e nem por procuração. Isso não significa desconsiderar que vivemos em sociedades cada vez mais massificadas nas quais as práticas de reciprocidade podem já não ser suficientes. Por isso, a reconstrução dos espaços de participação direta exige que novas formas de proximidade sejam implementadas, sem o que, a indiferença e a apatia se alimentarão e alimentarão o fascismo.

Mascaro, em Crítica ao Fascismo, lembra que “[…] a maior parte das críticas ao fascismo, ao não alcançar a materialidade de suas causas, contribui para sustentar as condições de possibilidade e reafirmação de tal existência” (2022, p. 13). Alerta para as críticas liberais e as moralistas, insuficientes, nesse sentido.

Compreender o fascismo e enfrentá-lo requer identificar as bases de sua estreita relação com a reprodução do capitalismo, daí que reformas morais ou institucionais para seu enfrentamento sempre ficarão muito aquém do que é necessário para tal. Mas, elas não poderão ser dispensadas, ainda que precisem fazer parte de uma agenda de transformações muito profundas e radicais da vida em comum.

O desafio de fazer a crítica radical por “alcançar a materialidade de suas causas” é o que se coloca com principal agenda para os/as que acreditam que este não é um combate pontal, simplório ou circunstancial… pelo contrário, acreditam que fazê-lo é somar esforços para avançar na transformação profunda da realidade social, econômica, cultural e política.

Esta crítica é obra do discurso e da elaboração teórica, mas terá que ser também ação concreta e que chegue aos cotidianos dos mais pobres, sobretudo daqueles/as que seguem “engambelados” por falsas promessas.

Autor: Paulo César Carbonari

Compreender o sentido do Natal

Ao invés de alimentar o espírito comercial do Natal que muitas vezes aumenta o endividamento das famílias, deveríamos conceber o Natal como oportunidade de vida nova, marcada pelo bem querer, pela amizade autêntica, pelo convívio familiar fraterno, pelo senso de justiça, pela honestidade que constrói relações de confiabilidade.

Final de dezembro é marcado por duas grandes festas com intervalo de uma semana: Natal e Ano Novo. Em quase todos os lugares do mundo estas festas são celebradas de diversas formas: presentes, ceias especiais, árvore de Natal, fogos de Ano Novo, viagens, férias, encontros familiares, propósito renovados, programações especiais, corrida as lojas, promoções especiais são algumas das manifestações destas duas grandes festas que marcam o final de ano.

Mas o que esperar do novo ano? O que de fato celebramos no Natal? O que significa desejar “Feliz Natal” e “Feliz Ano Novo”? Será que ainda compreendemos o sentido destas festas? O que estamos ensinando as novas gerações sobre Natal e Ano Novo?

 Natal significa nascimento, renovação, vida nova. Os evangelhos de Mateus e Lucas descrevem os acontecimentos que marcaram o nascimento de Jesus em Belém, como sinal de esperança e de boa nova. De uma festa cristã, instituída pelo Papa Julio I no ano de 350 para marcar o nascimento de Jesus, tornou-se uma festa universal celebrada todos os anos.

Como não poderia deixar de ser, em tempos de globalização e de uma vida movida pelo comércio, o Natal de tornou um grande acontecimento comercial: as lojas mobilizam suas vendas, pois é a grande oportunidade de melhorar os lucros; os comerciais focalizam os holofotes para “o bom velhinho” que deve presentear a todos; as famílias correm as lojas para comprar seus presentes, porque afinal de conta “Natal é presentear quem se ama”. E assim se construiu uma cultura natalina que pouco lembra do sentido original do Natal.

Em tempos incertos, de crise ambiental, política, econômica, institucional e ética que tomou conta do Brasil, o Natal poderia se tornar a oportunidade de renovarmos nosso modo de vida, nossas condutas, nosso modo de nos relacionarmos, nossa percepção sobre as coisas.

Ao invés de alimentar o espírito comercial do Natal que muitas vezes aumenta o endividamento das famílias, deveríamos conceber o Natal como oportunidade de vida nova, marcada pelo bem querer, pela amizade autêntica, pelo convívio familiar fraterno, pelo senso de justiça, pela honestidade que constrói relações de confiabilidade.

Talvez seja o momento de ensinarmos as novas gerações que o Natal não se resume a dar presentes, enfeitar as vitrines das lojas para atrair consumidores, encher as casas com luzes ou preparar uma farta ceia.

Precisamos ensinar as novas gerações que o Natal é um momento de vivência interna de transformação que possibilita sermos melhores, mais autênticos, mais fraternos, mais tolerantes, mais amigos, mais honestos, mais solidários. Mas como o melhor ensinamento é o próprio exemplo, então não basta ensinar as novas gerações o sentido do Natal, pois precisamos testemunhar pelas nossas atitudes o Natal como renovação, esperança, vida nova. Assim, talvez, possamos compreender que a vida não se resume a ganhar dinheiro e a viver dia após dia nossa pobre existência de consumidores.

A vida é oportunidade de deixarmos nossa contribuição ao mundo, de ensinarmos aos outros que é possível construir um mundo melhor se vivermos coletivamente pautados pelo senso de justiça, do amor, da esperança e do bem querer. Talvez este seja um dos principais sentidos do Natal e é por isso que o Jesus Menino não nasceu em berço de ouro num palácio, junto aos poderosos, mas optou em nascer numa gruta fria de Belém, junto aos humildes.

O Natal pode nos ajudar a compreender que vida nova ou renovada não se materializa na troca de carro, na compra de presentes ou na ostentação dos enfeites natalinos.

A Boa Nova do nascimento de Jesus acontece quando somos capazes de sermos melhores seres humanos, quando adquirimos um senso de coletividade, quando somos capazes de compreender que nosso estar no mundo é finito, inacabado e limitado, não importando nossa condição social, nossa cor da pele, nossa crença religiosa ou nossa opção política.

O Natal de Jesus pode nos ajudar a compreender e a ensinar nossas crianças que fazer parte do mundo é responsabilizar-se por ele, para que possamos ter um lugar saudável e digno de viver para todos. Nesse sentido o Natal se torna pedagógico, formativo, educacional.

Como sabiamente nos diz Hannah Arendt, “a educação é o ponto em decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens”.

O nascimento dos novos que chegam são sempre sinal de renovação de esperança, de continuidade da espécie.

Ainda segundo Arendt, “a educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las do nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos”. Por isso Natal, significa também acolhida, responsabilidade, compartilhamento. “Renovar um mundo comum”, capaz de ser morada para todos, e não só para aqueles que se apossaram da riqueza e do poder, talvez seja o maior ensinamento do Natal e por isso precisa ser celebrado todos os anos.

Desejo a todos e todas um FELIZ NATAL!

Autor: Dr. Altair Alberto Fávero

Familiares que brigaram devido à política devem se reunir no Natal?

Temos, necessariamente, visões destoantes em variadas coisas. Em contrapartida, não é difícil encontrarmos pontos em comum. Há desejo de superar o conflito e recompor a relação? Se não há, melhor manter distância, pois um encontro cara a cara aumentará ainda mais a ruptura.

Dependendo, sim; dependendo, não.

Há desejo de superar o conflito e recompor a relação? Se não há, melhor manter distância, pois um encontro cara a cara aumentará ainda mais a ruptura.

Mas não basta desejar recompor a relação, é necessário observar se os rompidos são capazes de ouvir, de calar, de encontrar pontos em comum, de se colocar no lugar do outro.

Reconheço que ouvir não é tarefa fácil. Prova é que livros foram escritos a respeito. A começar pela obra “como ouvir”, de plutarco (46-120 d.c.), escrita no ano 100 d.c. sim, há mais de mil e novecentos anos!

Calar também não é fácil. Em 1771, um livro foi escrito por Dinouart com o sugestivo título “a arte de calar”. Diz ele que, contra a febre de falar e falar (em política, por exemplo), é necessário que se cultive o “tempo do silêncio”. O silêncio pode ser mais que um simples silêncio. Pode ser uma maneira de fazer alguma coisa boa aos seus familiares e amigos.

Se a pessoa se considera capaz de ouvir e de calar, poderá observar outra qualidade muito útil para se ter um bom encontro. Refiro-me aos pontos em comum.

É fato que há pessoas que vivem procurando um ponto de discórdia em todas as suas relações. E encontram. Afinal, somos seres que fazemos trajetórias únicas, diferentes das dos demais.

Temos, necessariamente, visões destoantes em variadas coisas. Em contrapartida, não é difícil encontrarmos pontos em comum. Afinal, somos todos exemplares da mesma espécie viva. Basta querer. E nem a diferença de idade impede.

Meu avô e eu, por exemplo, conversávamos quase todos os dias na área envidraçada de sua casa. Assunto: viagens. As minhas, imaginárias. As dele, reais: inclusive, morara em paris no início do século XX.

O tema nos unia tanto que só acidente com passarinho nos calava. De vez em quando, algum pardal distraído chocava-se contra a vidraça. Interrompíamos nossa fala para reanimá-lo. Tínhamos exatos setenta anos de diferença e, mesmo assim, nossos encontros eram estimulantes para nós dois porque compartilhávamos um ponto em comum.

Colocar-se no lugar do outro e “andar em imaginação com as suas sandálias” é tarefa possível.

Eu sempre digo que o voto, por exemplo, tem a ver com a história de vida da pessoa. Colocando-me no lugar dela, na sua trajetória, consigo entender as suas razões, mesmo não concordando com elas.

Portanto, vale a pena realizar um jantar de natal com a família se esses quesitos forem preenchidos. Repito-os: ouvir, calar, ponto em comum, colocar-se no lugar do outro.

Caso contrário, é mais inteligente não se reunir. E que cada um passe o Natal do jeito que julgar melhor. Até mesmo sozinho pode ser bom.

Enfim, são modestas sugestões a todos que estão tendo a paciência e a bondade de ler as crônicas que escrevo e publico, sempre às quintas-feiras.

Um abração,

Boas festas,

Autor: Jorge Alberto Salton

Difíceis Tempos de Democracia

Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto por que eles são pobres, chamam-me de comunista. (Dom Helder Câmara)

Durante governos do PT, vivenciei episódios com pessoas de minha convivência social, os quais suscitaram insultos, xingamentos e destilação de ódio. Porém, até hoje, mantenho relações de convivência distantes com elas.

Esta onda de radicalização das posições e posturas acentuou-se, por boa parte da população brasileira, desde que o PT foi criado e, principalmente, quando demonstrou capilaridade eleitoral governando o país, fortalecendo na política e na gestão pública os benefícios e direitos sociais.

O governo de Bolsonaro, que acaba mudo e melancólico, contribuiu à afirmação da estupidez e da ignorância como virtudes, em todos os recantos deste país. Ou, pelo menos, tornou mais visível esta percepção. Seguiu uma lógica de refinamento e afirmação da violência, alardeada por um Capitão desta empreitada, em que adversários da política e das ideologias passaram a ser tratados como inimigos a serem duramente combatidos.

Nesta ótica, é preciso fazer esforços para compreender que há razões mais profundas, inclusive anteriores ao governo Bolsonaro, que permitem entender o contexto atual de “iminente ruptura” em que o Brasil foi colocado. É o que se tentará fazer, considerando os episódios que serão relatados a seguir.

O primeiro episódio ocorreu há duas décadas. Ocorreu num jantar, numa discussão com um jovem médico, que trabalhava no setor de estatística de um hospital.

Era tempo de Natal. A conversa envolveu a realidade social da população, num momento em que o Brasil passava a implantar programas de combate à fome e promoção da cidadania.

O médico dizia, exaltado, que “pobre é pobre porque quer”. Que a sociedade dá a todos as condições de vida e trabalho e que muitos não querem ou não desejam trabalhar, porque são vagabundos. Na sua concepção, é a classe média que sustenta e paga os impostos deste país, mas a mesma não é reconhecida e, como sempre, sacrificada. Disse, sem provas, que teria como atestar a situação dos pobres a que se referia.

Contrariando sua tese, argumentou-se sobre a importância dos benefícios sociais, pela inclusão dos desassistidos na economia, pela questão humanitária de permitir que milhões de brasileiros e brasileiras pudessem usufruir mais de uma refeição por dia. Em vão!

No calor da discussão, lhe disse: “eu não entendo esta sua raiva e ódio pelo simples fato de você saber que irmãos e irmãs tem um pouco mais de dignidade a partir de um prato de comida. Você está perdendo humanidade com esta sua raiva e ódio aos pobres”.

A janta e a conversa acabaram por aí. Reinou silêncio!

O segundo episódio, ocorreu numa revenda de carros. Foi muito tenso e agressivo, num momento de um cafezinho. Ao me avistar, o dono da loja, protagonizou uma sucessão de horrores e insultos. Minha presença representava um desconforto, uma agressão tamanha que ele perdeu o controle da situação. Por quê? Ele sabia dos meus posicionamentos à esquerda e da minha defesa aos mais pobres. Gritou, ofendeu, humilhou e chegou a cuspir, perdendo o controle de sua raiva e de suas emoções. Não restou outra alternativa senão minha sutil retirada.

Tempos depois, percebi que episódios similares continuaram replicados, geometricamente.

O terceiro episódio ocorreu numa visita que fiz a um gerente de uma concessionária de carros. O setor automobilístico vivia um verdadeiro “boom” no país. Na ocasião, eu precisava de apoio para um curso de qualificação profissional: uma visita técnica e prática para Curso de Revenda de Peças automotivas. Era um tempo em que o Governo Federal e a Prefeitura Municipal executavam um programa de qualificação profissional dirigido aos jovens.

Depois da minha apresentação, quando o gerente percebeu que se tratava de política social, pediu-me um tempo para ouvi-lo. Aceitei. De repente, vociferou contra Programa de nome “Menor Aprendiz”, dizendo que empresários sempre são os crucificados, pois precisam entrar com contrapartidas e que os governos só exploram quem trabalha e paga impostos. Concluiu que era um absurdo contratar jovens aprendizes, para fins de ajudar e promover o governo.

Contrariado, dei-lhe razão aos argumentos. Ousei perguntar-lhe sobre a possibilidade de liberar um funcionário para explicar aos jovens, em visita in loco, sobre o funcionamento prático de uma loja de peças automotivas. Ao que ele disse “Sim”.

Pela terceira vez, pude sentir a fúria de quem não tem sensibilidade pelos mais empobrecidos, pois só veem seus próprios interesses.

Depois dos breves relatos, seguem questões que desejamos destacar. Primeiramente, sobre silenciamento. Pergunto: quantos brasileiros e brasileiras foram silenciados ao longo das últimas décadas pelo fato de defenderem a dignidade humana e mais e melhores oportunidades de vida? Enquanto eram silenciados, crescia o ímpeto de os aniquilar, de negar a sua existência, mesmo quando a realidade continuava a revelar a negação dos direitos da maioria da população brasileira.

Com Bolsonaro, ampliaram-se as formas de silenciamento e criou-se maior legitimidade pública para enfrentamentos fora dos padrões civilizatórios, inclusive com sinalização ao uso da violência e das armas.

“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.  (Martin Luther King)

Queremos refletir também sobre o quanto a negação dos direitos sociais neste país se constitui como algo naturalizado.

Considerando-se os episódios relatados acima, é facilmente perceptível do quanto são indicativos do quanto o atendimento à justiça social incomoda à elite brasileira.

 Para a superação deste dilema social, será preciso muita educação e engajamento social para que a concretude da justiça social não seja considerada mera bondade dos governantes, mas um direito e uma garantia do Estado para a sua população.

Nossa realidade social brasileira é cruel e pouco inclusiva. Desejamos que o Brasil seja um lugar de vivência e reconhecimento dos direitos humanos e sociais.

Mudanças serão necessárias

Será necessário mudar estruturas do Estado e mentalidade das pessoas para vejamos os milhões de brasileiros e brasileiras como a maior riqueza desta nação! Resgatar cidadania e políticas públicas, a partir da participação e envolvimento direto dos cidadãos e cidadãs. Envolver toda a sociedade para que políticas sociais cheguem a quem verdadeiramente mais precisa. Afirmar e promover uma sociedade que seja capaz de entender o verdadeiro sentido de direitos humanos e sociais.

Se quisermos democracia, de fato e de direito, precisamos traduzi-la em cidadania plena e real; direitos não podem continuar sendo apenas letras da Constituição.

Por fim, imprescindível lutarmos com mais esperança, resistência, juízo e solidariedade para ajudar o Brasil a mudar, com mais consistência, o seu próprio olhar sobre suas gentes.

“Assim nascem os direitos humanos: como afirmação de que os/as humanos/as de quem se fala que têm direitos são todos/as. Daí porque, falar de direitos humanos é, acima de tudo, não pactuar com quem aceita a possibilidade de algum/a humano/a não caber entre os/as humanos/as”. (Paulo César Carbonari) Leia mais: https://www.neipies.com/fragilidade-dos-direitos-humanos/

Autor: Nei Alberto Pies

Formaturas de estudantes do Ensino Fundamental e seus significados

Formaturas de adolescentes do ensino fundamental são oportunidades para revelar saberes que humanizam a vida de estudantes e professores e anunciar o protagonismo que poderá mudar a vida dos mesmos.

“Prezada diretora. Prezados docentes, discentes, familiares, amigos, e meus amados e inesquecíveis afilhados.

Há coisas na vida que não se repetem. São sempre como se fosse a primeira vez. Ser paraninfo de uma turma como a de vocês é uma delas. A alegria profunda que senti quando fui convidado é um momento único. Gostaria de dizer a vocês nesta hora algumas coisas que talvez possam ajudá-los a viver uma vida boa, uma vida de sonhos, uma vida feliz.

Uma das grandes, senão a maior característica da juventude, é a curiosidade intelectual que impulsiona vocês a descobrirem-se a si mesmos e ao mundo à sua volta.

Imagem Daniel Almeida

Nesta etapa da vida estudantil, devem-se observar as profissões mais promissoras, mas, para que sua escolha seja definitiva, a orientação de todos nós, os chatos… pais, mestres e direção é preponderante, embora todos devamos ter a compreensão necessária e a paciência madura de também ouvi-los em seus anseios e sonhos…

Se há uma coisa legal da idade de vocês é o sonhar.

Se há uma coisa que gosto em mim é sempre me perguntar “o que vou ser quando crescer?” Nunca deixem de fazer isso, de pensar no futuro, de sonhar.

Eu e meus colegas aqui presentes, passamos com vocês bom período de trabalho e de vida. Foram anos seguidos, ou seja, quase um terço da vida de vocês, bastante tempo.

Quero aproveitar e dizer, então, que assim como o marceneiro pisa em cima de serragens e o vidraceiro trabalha com pedaços de vidro, o educador mexe com as almas. É assim que eu e todos os outros professores desta escola sempre enxergamos vocês. Nunca como um número ou como um dado estatístico, mas sim como uma alma a quem se deve tratar com respeito, mostrando um caminho para que vocês possam fazer as escolhas certas, pois viver corretamente implica em ter atitudes consequentes no que se refere ao individual, ao familiar, ao comunitário e ao universo.

Quatro anos juntos me permitem dizer hoje que conheço um pouco de cada um de vocês; alguns com mais propriedade.

Há entre vocês alguns menos curiosos pelo conhecimento. Outros, muito curiosos por novos e constantes desafios diante dos quais nos esforçamos sempre para colocá-los em todas as áreas do conhecimento.

Levo comigo muitas lembranças de trabalho, de contos, de piadas, de alguns momentos alegres e algumas broncas, pero no muchas. Tenho certeza que todos deixam no Ensino Fundamental uma marca.

Algumas, verdadeiras pegadas, porém, todos uma grande lembrança. Acima de tudo, tenho a certeza que a chama do amor e amizade tocou cada alma aqui presente. Alguns de vocês ainda não perceberam isso ao certo, mas sei que um dia perceberão que ela arde dentro de seus corações.

Queridos afilhados, vocês acabaram uma importante etapa da vida escolar e novos caminhos virão pela frente. Mas lembrem-se do seguinte: vocês deverão zelar pelo bom nome de cada um de vocês e ter a coragem de assumir novos desafios.

Trilhem por seus próprios caminhos, almejem o topo e arrisquem, acreditem e invistam nos seus sonhos e nunca deixem de ser felizes.

A história do fazendeiro, do capataz e do cavalo machucado

Conta-se que um fazendeiro, que lutava com muita dificuldade, possuía alguns cavalos em sua fazenda.

Um dia, o capataz lhe trouxe a notícia de que um de seus cavalos havia caído em um poço muito fundo e seria difícil tirar o animal de lá. Avaliando a situação o fazendeiro chamou o capataz e ordenou que sacrificasse o animal soterrando-o ali mesmo. O capataz e seus auxiliares começaram a jogar terra, no entanto, a medida que a terra caía sobre seu dorso, o cavalo se sacudia e a derrubava no chão e pisava sobre ela.

Logo, os homens perceberam que o animal não se deixava soterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra caía, até que, finalmente conseguiu sair. Está terra pode ser uma crítica para você, não despreze, então quanto mais terra jogarem em você lembre-se que estão fazendo você subir.

Olhem para seu futuro

Sonho e desejo a cada um de vocês o maior sucesso no Ensino Médio mas, em especial, na vida. Que sejam mulheres e homens valorosos e bondosos para que seus pais, de sangue e de afeto aqui presentes, e todos a sua volta, possam ficar sempre orgulhosos pela contribuição que cada um de vocês fará, com certeza, no lugar onde se encontrar. Uma carreira de sucesso é feita de sucessivos recomeços. Vocês não estão terminando, vocês vão recomeçar.

Meus queridos afilhados: não se esqueçam de serem felizes. Lembrem-se que a felicidade tem mais a ver com atitudes do que com circunstâncias. Voem alto, mergulhem fundo, encontrem o próprio caminho.

Não tenham medo de tentar, de recomeçar, de insistir. O maior naufrágio é não partir.

Um grande navegador disse: eu me despeço de vocês. Vão em paz. Sejam bons, justos, afetuosos e tolerantes. Com gentileza e bom humor. O mundo os acolherá.

Como sempre disse, bom final de semana e levem junto o juízo.

Muito obrigado e, novamente, o maior sucesso para vocês!”

Esta reflexão é de um dos professores da rede municipal de Passo Fundo, rede de ensino que tem um conjunto de professores e professoras comprometidos com a educação de qualidade social. Esta publicação é um reconhecimento a todos estes profissionais que se dedicam com amor, responsabilidade e profissionalismo à educação das atuais e futuras gerações.

*Primeira versão publicada no site em 20/12/2016: https://www.neipies.com/um-grande-discurso-numa-grande-formatura-de-adolescentes-numa-escola-de-ensino-fundamental/

 Autor: Altenor Mezzavila, professor de língua portuguesa da rede municipal de Passo Fundo.

50 mensagens de Final de Ano

Costumo dizer que a mesma receita de bolo repetida exaustivamente dará dezenas de resultados iguais. Uma alteração de ingredientes, de temperatura ou de tempo de assado fará bolos melhores ou piores. E o que vamos fazer em termos de novidades para o próximo ano?

Antes de escrever, dei uma lida nos seis textos por mim postados nos meses de dezembro dos últimos anos para certificar-me de que não seria repetitivo. Fui bem, até então foram mensagens diferenciadas. Todavia, e para este ano? Tive a incrível ideia de“dar um Google” e acabei por encontrar pacotes prontos de mensagens e temas natalinos; sugestões do tipo Como desejar Boas Festas de forma diferente; o que escrever em cartões de Natal; mensagens motivacionais; que tipo de legenda por em fotos…” etc.

Em uma estética de qualidade questionável, a sociedade vai ditando comportamentos, inventando modas, definindo o que é cool ou demodé (tanto quanto esta palavra em desuso) e muitos vão seguindo.

Chegamos ao ponto de digital influencer virar profissão desejada, sinônimo de carreira, de oportunidade e de popularidade, além de quem mais se destacar nisso poder ganhar muito dinheiro. Modismo?

Mas como fugir dessa massividade ou da normose – a doença do normal – onde o diferente carrega a marca de estar errado? Sugiro uma maneira: criando. 

Nos dias de hoje, é tão popular o Ctr + C do copiar e colar que alunos entregam trabalhos idênticos, profissionais têm suas ideias apropriadas indevidamente por outros, vereadores apresentam projetos de lei (copiados) de outros municípios e agindo com naturalidade como se fossem os legítimos autores. 

Devemos ser capazes de criar, pois, assim como a luz que resplandece sobre as trevas permite que se ilumine o horizonte, criar coloca-nos frente à perspectiva de crescimento, seja da ordem moral ou intelectual. 

O que vamos criar para o próximo ano?

Será que vamos repetir fórmulas batidas de promessas que em sua maioria sabemos de antemão que não as cumpriremos? Ou jogaremos na Mega-sena da virada deixando a possibilidade de uma grande mudança ao fator sorte (e sonho) em tentar ficar milionário em uma única chance entre mais de 50 milhões?

Soa clichê, mas só uma atitude nova pode trazer um resultado diferente. Costumo dizer que a mesma receita de bolo repetida exaustivamente dará dezenas de resultados iguais. Uma alteração de ingredientes, de temperatura ou de tempo de assado fará bolos melhores ou piores. E o que vamos fazer em termos de novidades para o próximo ano?

De acordo com o dicionário, a palavra criar pode significar: gerar do nada, formar, imaginar, elaborar, inventar, fundar, causar, originar… há uma lista de definições para este verbo capaz de transformar nossas vidas para melhor, basta que tenhamos atitudes.

Obviamente, boas ideias devem ser levadas adiante, o importante é que sejam transformadas em atitudes, somente assim nossa caminhada poderá ficar plena de sentidos.

Então crie, copie (com responsabilidade), mas viva: exista!

Boas Festas !!!

Autor: César Augusto de Oliveira – psicólogo

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