Mas como tudo o que semeamos, um dia colhemos, chega a um ponto em que o mentiroso é vítima de sua própria astúcia. Um dia ele acaba se entregando sem querer. É só prestar bastante atenção em seu discurso, para perceber sua incoerência.
Assim como a Verdade é o Filho de Deus, a Mentira é a filha do Diabo (Jo.8:44), e como tal, é a cara do pai.
É mais fácil conviver com pessoas que tenham qualquer outra deficiência de caráter do que conviver com o mentiroso. Ninguém é mais perigoso que ele. E o pior que aos poucos ele vai se aprimorando na arte de mentir, até tornar-se num mentiroso compulsivo e contumaz, capaz de enganar a si mesmo e a todos ao seu redor.
Quando exposto à luz, fica logo nervoso, perde a linha, porque não suporta a verdade. Quer tirá-lo da linha, chame-o de mentiroso. Está mais preocupado com a sua imagem, a fim de manter a credibilidade e continuar enganando.
Nem todos os mentirosos mentem descaradamente. Alguns são mais sofisticados, e preferem usar meias-verdades, ou dissimulações. Sempre que usam tais artifícios, é para salvaguardar sua imagem ou levar alguma vantagem.
Todo mentiroso tem seus cúmplices. E o que ele não percebe é que eles são os primeiros a questionarem sua integridade quando suas mentiras lhes atingirem de alguma maneira. Por exemplo: o pai que mente a idade do filho para pagar meia-entrada no cinema. O dia que resolver mentir para o filho, este será o primeiro a contestá-lo. Se sua esposa lhe ajuda a mentir, ela será a primeira não acreditar em você.
Mas há os que mentem juntos até a morte. Vivem um casamento de mentira, um ministério de mentirinha, um embuste. O livro de Atos dos Apóstolos nos revela a história de um casal de mentirosos, Ananias e Safira. Um dava cobertura ao outro. Infelizmente, não se arrependeram de seu engodo e acabaram fulminados.
A vida do mentiroso não é fácil, pois cada mentira equivale a um remendo numa roupa velha. Quando o rasgo é exposto, tem que fazer um remendo maior para cobrir o anterior. E assim, ele vai vivendo, de mentira em mentira, até o dia do grande rombo, quando tudo vem à tona.
Deus detesta tais expedientes. Entre as coisas abomináveis aos Seus olhos está a “língua mentirosa”, juntamente com “o que semeia contendas entre irmãos” (Pv.6:17-19). Por isso se diz que o que usa de engano não ficará em Sua casa (Sl.101:7).
O mentiroso não consegue manter amizades por muito tempo. Seus amigos são sempre substituídos por novos, porque os relacionamentos sofrem desgastes por causa de suas mentiras. Mesmo familiares preferem manter certa distância. Não suportam vê-lo se gabar daquilo que não possui.
Sem dúvida, o maior mentiroso é aquele que consegue enganar a si mesmo. Paulo nos garante que “os homens maus e enganadores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm.3:13). Suas mentiras lhe soam como verdades. É o mentiroso sincero, mas não inocente aos olhos de Deus.
Paulo admoesta: “Ninguém se engane a si mesmo” (1 Co.3:18). Tal exortação é um eco das encontradas ao longo das Escrituras, como a que denuncia àqueles que “se deixaram enganar por suas próprias mentiras” (Amós 2:4). Para chegar a este ponto, a pessoa teve que passar por treinamento intenso, enganando a outros. Enganar a si mesmo é a última fronteira atravessada pelo mentiroso. Uma espécie de pós-graduação em mentirologia.
Mas como tudo o que semeamos, um dia colhemos, chega a um ponto em que o mentiroso é vítima de sua própria astúcia. Um dia ele acaba se entregando sem querer. É só prestar bastante atenção em seu discurso, para perceber sua incoerência.
Não se deixe conduzir por quem usa de engano. Você cairá no mesmo abismo que ele. “Oh! povo meu! os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas” (Is.3:12b).
Se você ama a um mentiroso, trate de confrontá-lo para que se arrependa e não minta mais. Não tape o sol com a peneira. Não tente fingir que acredita em suas dissoluções. Enfrente-o! Seja ele seu cônjuge, seu filho, seu pastor, seu amigo, seu chefe.
Cuidado! Um dia você poderá ser vítima de sua peçonha. Se ele não poupou alguém que dizia amar, não poupará você quando se vir ameaçado.
Cuidado com o que você diz perto dele. Tudo poderá ser usado contra você de maneira distorcida. Afinal de contas, ele sabe jogar com as palavras, sabe dissimular, transformar verdades em mentiras e vice-versa.
O que foi dito em forma de brincadeira, será contado como se fosse dito de maneira séria. Comentários em off, serão lançados contra o ventilador para tentar sujar sua reputação. O que ele quer é que você fique mal na fita, enquanto sua própria imagem seja realçado, como se fosse um herói. Até palavras que ele mesmo disse, serão atribuídas a você… Portanto, cuidado! Peça que Deus ponha um guarda à porta de sua boca (Sl.141:3). Lembre-se que “o hipócrita com a boca danifica o seu próximo” (Pv.11:9).
Alguns perderam totalmente o temor de Deus, sendo capazes até de jurar por Ele para dar peso às suas mentiras (Sl.24:4). Sua consciência está cauterizada. Por isso se diz que tais pessoas “mentem que nem sentem”. Em vez de mentiras localizadas, suas vidas foram tomadas de mentiras generalizadas, como um câncer que se nega a retroceder.
E antes de difundir algo, procure ouvir as partes envolvidas para que você não corra o risco de ser injusto e cúmplice de uma mentira. Adotar a mentira dos outros é como adotar um filho do diabo, pois afinal, ele é o pai da mentira.
O luto pela educação no Brasil se manifesta em forma de luta, também pelo voto, nestas eleições gerais. Professores e professoras alimentam-se de esperanças, para resguardar réstias de dignidade.
Matam os professores e professoras aos poucos, é verdade, e já faz bom tempo.
Matam-nos tirando a dignidade da profissão, o reconhecimento social do nosso ofício e o pagamento justo por nosso trabalho (salários). Matam-nos tirando os direitos duramente conquistados e que davam a esta profissão uma perspectiva de carreira, de estabilidade e de serenidade, garantindo transformação humana, transformação do conhecimento e transformação social. Sim, pois cada momento histórico faz as suas transformações.
Fazem alguns anos que a educação deixou de ser pauta, com perspectivas mais concretas de contribuir, efetivamente, com o desenvolvimento humano, social, cultural e econômico do Brasil.
Será por que a educação perdeu importância ou por que é estrategicamente esquecida para dar lugar a outras pautas já tão debatidas, vencidas e que não resolvem problemas, mas criam mais embaraços para os desafios imensos do Brasil?
Diferente de outras eleições gerais, nesta eleição de 2022, o tema educação e seus desafios, sobretudo de valorização dos docentes, de reestruturação dos espaços educativos, de avanços na aprendizagem dos estudantes, ficou à margem dos debates e das discussões. Nem parece que saímos há pouco de uma pandemia que impactou incrivelmente todas as áreas da sociedade, e também a educação.
Aliás, o que mais vimos nestas eleições de 2022 foi a falta de educação, a falta de argumentos, os mais escabrosos ataques pessoais, a falta de ética, a divulgação de mentiras, a disseminação de ódio e de desprezo à maioria de nossa população. Este não é um problema dos professores e professoras e nem dos sistemas educacionais, sejam eles municipais, estaduais ou da rede privada, mas, mesmo assim, envergonha esta classe que tanto trabalha pela melhoria das condições humanas, culturais e sociais das nossas comunidades.
A deseducação é de uma parcela da sociedade que, de forma doentia e perversa, autoproclama os ideais da ignorância, do ódio e da imbecilidade.
“…se não sabemos quem somos, o que e como pensamos sobre as coisas do mundo; o que foi vivido, o que vivemos e como iremos viver, repudiando a importância da filosofia e do estudo histórico, não estamos empobrecendo a consciência individual e coletiva para manter e propagar modelos de dominação, que tem no obscurantismo e na desinformação as formas mais eficientes para não se submeter a análises críticas?
Na mesma linha de pensamento, jornalista Luiz Carlos Schneider escreve:
“Quando a ignorância bate à porta
Quando batem a porta para a racionalidade, então a ignorância bate à porta. Quando fecham a porta para o conhecimento, a pesquisa e o ensino, escancaram a porta para a ignorância. Quando as portas estão fechadas para o diálogo, a ignorância fardada pela truculência já se instalou. Quando não há mais portas para o contraditório, a razão evaporou pela janela. Quando não encontramos portas para a igualdade, a ignorância oprime vidas pelo ralo”. Leia mais: https://www.neipies.com/desinfeccao-da-ignorancia/
Por réstias de dignidade, resistimos, votando nestas eleições gerais de 2022.
Seja pelo necessário combate a esta verdadeira onda de ignorância que tomou conta de nossas comunidades, cidades, estados e país, os professores e professoras resistem por acreditarem na escola e no conhecimento como elementos propulsores da humanização. Humanização aqui entendida como tornar-se melhor ser humano, através de conhecimentos críticos e reflexivos.
Seja pela valorização docente, das diferentes práticas pedagógicas, da liberdade de cátedra, da autonomia das escolas, professores e professoras resistem por acreditar, como ensinou Paulo Freire que “a educação não muda o mundo, a educação muda das pessoas. E as pessoas, mudam o mundo”.
Seja pelo amor à humanidade, pela valorização da ciência, pelo respeito aos cientistas, pela esperança de dias melhores, por uma verdadeira valorização dos profissionais da educação, professores e professoras votam nestas eleições em candidatos que demonstram, por suas trajetórias e propostas, que podemos avançar no Brasil e no RS, a partir da educação, do conhecimento e da ciência.
Transformemos luto em luta! Nas nossas casas, nas escolas, nas ruas e nos círculos de convivência dos professores e das professoras das redes públicas do Brasil, militar é um verbo. Pela dignidade docente! Pela educação pública, de qualidade social.
Réstias de dignidade nos impulsionam a ainda esperançar nestas eleições! Para além da desvalorização de nossa dignidade docente (infelizmente em curso na sociedade brasileira), não suportaríamos mais a estupidez, o desdém, o deboche e o desprezo de quem se apresenta para dirigir o nosso Estado na mesma linha do que vem sendo governado o nosso amado Brasil.
Que a crise humanitária que se abateu sobre o Brasil passa ser tomada a sério e que as palavras do Evangelho de Jesus não sejam levianamente distorcidas na direção de uma idolatria que destrói a religiosidade.
Quando vejo “cidadãos de bem”, autointitulados “cristãos conservadores” fazerem marcha para Jesus em apoio a eleição de um governante, tenho a clara compreensão que estão confundindo idolatria mundana com religiosidade.
O Jesus que estão falando não tem nada de semelhante com o Jesus de Nazaré, tão bem descrito pelos quatro Evangelhos do Novo Testamento (Mateus, Lucas, Marcos e João). Digo isso não por opinião, ou por crença, mas por conhecer de forma consistente a tradição religiosa cristão e por ler sistematicamente tudo o que está escrito nos referidos Evangelhos.
Tudo o que certo governante faz é o contrário do que Jesus pregou e ensinou.
Se Jesus estivesse novamente em nosso meio, certamente esses “cidadãos de bem” e “cristãos conservadores”, seriam os primeiros a pregá-lo na cruz. Marcha para Jesus “fazendo arminha”, debochando dos pobres, ameaçando com discurso de ódio os adversários, não tem absolutamente nada de cristão. Ao contrário, é a idolatria do mito em detrimento do sagrado.
Fico me perguntando como certos cristãos conservadores conseguem participar da celebração da missa, comungar, frequentar a Igreja se tudo que apoiam está em contradição com o Evangelho?
Não é de estranhar que alguns destes agora começaram a agredir sacerdotes, bispos e pastores que pregam a boa nova aos pobres e humildes e denunciam a fome como algo que vai contra o Evangelho.
Estas atrocidades não aconteceram no Império Romano nos primórdios da cristandade, onde os cristãos tinham que se esconder para não serem agredidos e condenados a morte. Essas atrocidades acontecem em 2022 em diversas partes do Brasil: na Basílica de Aparecida, no RS, no interior do Mato Grosso, em São Paulo, em Minhas Gerais, no Rio de Janeiro e em várias cidades do Norte.
Distribuição de material com teor político, mentiroso e associado à defesa de um candidato identificado com as cores da bandeira do Brasil, em Romaria, Passo Fundo, RS.
De uma casa de oração, espiritualidade e acolhida comunitária, a Igreja está se tornando casa de agressão (verbal, psicológica e física). A imprensa tem divulgado fotos e relatos de padres agredidos por estarem realizando seu trabalho de evangelização que consiste em ensinar o povo a Boa Nova de Cristo tão bem explicitada no Evangelho de João 10:10 – “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”.
Não é possível ter vida quando os pobres passam fome num dos países que mais produz alimento; não é possível ter vida em abundância, quando crianças são jogadas na miséria por falta de políticas de habitação; não é possível ter vida digna, se em pleno século XXI recursos da saúde e da educação são desviados para o orçamento secreto que teve como principal finalidade comprar as eleições de deputados e senadores.
Está escrito literalmente nos quatro Evangelhos que Deus é amor, bondade, compaixão, misericórdia. A prática de Jesus narrada nos Evangelhos mostra um Deus que se preocupa e acolhe os pobres, os excluídos, os marginalizados. Os diversos ensinamentos pregados por Jesus espalhadas nas inúmeras parábolas, mostram um Deus que se preocupa com os doentes, com os leprosos, com as mulheres, com os pecadores, com os impuros.
Quando os discípulos pedem quem entrará no Reino dos Céus, Jesus responde em Mateus 19:24 – “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. E quando a multidão fica faminta e os discípulos pedem para que sejam mandados embora, em Mateus 14:15 Jesus diz “Eles não precisam ir. Deem-lhes vocês algo para comer”. E neste momento acontece a multiplicação das pães, pois quando há necessidades urgentes, é necessário partilhar e não abandonar.
Quando vejo “cristãos conservadores” defendendo a eliminação dos pobres, divulgando fake news, promovendo a falsidade e distorcendo os fatos, negando a existência da fome ou dizendo que só tem fome quem é vagabundo, defendendo o armamento, a violência, o discurso de ódio, a proteção de milicianos, a deturpação do Evangelho, a hipocrisia, a falsa liberdade, a desonestidade, o mau caráter e tantas chagas que estão adoecendo coletivamente a sociedade brasileira, aí não tem mais religiosidade e, sim, idolatria, um dos pecados mais perigosos já denunciado pelos profetas do Antigo Testamento.
A idolatria acontece quando um falso deus é adorado: o deus do dinheiro, do poder e da crueldade. Ao fazer isso, atentam contra o segundo mandamento: “Não tomar seu Santo Nome em vão”.
Que a crise humanitária que se abateu sobre o Brasil passa ser tomada a sério e que as palavras do Evangelho de Jesus não sejam levianamente distorcidas na direção de uma idolatria que destrói a religiosidade. Nenhum governante está acima da vida e nenhum governante pode ser idolatrado como deus.
Em nosso tempo, infelizmente, apesar de tantos recursos e facilidades, arquitetar maldosamente as estratégias da ganância e da mentira, substituíram o cultivo das virtudes resultantes da uma sólida formação.
Não se pode compreender as raízes da cultura ocidental sem falar da Grécia Antiga e do seu legado para a constituição do pensamento ocidental. Os livros de história mencionam com propriedade o papel que os gregos tiveram no desenvolvimento das distintas áreas do conhecimento: filosofia, artes, política, retórica, religião, economia, direito, dramaturgia, as ciências de modo geral.
Dentre as diversas obras que ainda estão associadas a Grécia Antigo estão a Ilíada de Homero. Não se sabe ao certo se Homero foi um historiador, poeta ou se de fato tenha existido. Seu próprio nome tem sido traduzido de várias formas: “aquele que não vê”, “aquele que põe ordem nas coisas”. O certo é que a Ilíada continuam sendo lida até os dias de hoje e possui uma qualidade literária marcante e profundamente expressiva.
A Ilíada é composta de 15.693 versos, onde cada verso é composto de seis sílabas longas e duas breves e narra a famosa guerra de Tróia. A cidade de Tróia, que estava localizada onde hoje é a Turquia, foi destruída por volta de 1.200 a.C.
Não se sabe ao certo se de fato essa guerra aconteceu, mas da forma como é narrada na Ilíada mostra os feitos heroicos dos gregos (também chamados de aqueus) que atacaram a cidade, buscando vingar o rapto de Helena, esposa de Menelau, irmão de Agamenom e rei de Esparta.
Homero utilizou-se dos mitos para construir a narrativa que passou a dar identidade ao povo grego. Tudo começa quando Tétis, a ninfa do mar que era desejada como esposa tanto por Zeus (deus supremo do Olímpo) quanto por seu irmão Posseidon (o deus do mar). Prometeu (o deus que entregou o fogo aos homens) fez uma profecia, dizendo que o filho da ninfa seria maior que seu pai.
Temendo que a profecia se cumprisse, os deuses pretendentes resolveram dar a ninfa como esposa para Peleu, um mortal já idoso, e com isso esperavam que seu filho seria fraco, um simples humano. O filho de Tétis e Peleu tornou-se Aquiles, o guerreiro que lutou na guerra de Tróia. Sua fortaleza se deu em função de que sua mãe, mergulhou quando ainda era bebê nas águas do mitológico rio Estige. As águas tornaram o herói invulnerável, exceto no calcanhar, por onde sua mãe o segurou para mergulhá-lo no rio. Desta narrativa mítica vem a expressão utilizada até hoje de “calcanhar de Aquiles”, significando, ponto vulnerável.
A mãe de Aquiles profetizou que ele poderia escolher dois destinos: ir para a guerra, alcançar a glória e morrer jovem; ou permanecer na sua terra natal, ter uma vida longa e ser logo esquecido. Aquiles optou pelo primeiro destino e seus feitos são lembrados até nossos dias.
A Ilíada constitui a base da educação grega na antiguidade. Os feitos de Aquiles e seus companheiros eram amplamente relembrados e recontados como processo formativo para as inúmeras gerações que compuseram a celebrada cultura grega. Lealdade, justiça, honra, coragem, honestidade, coletividade eram virtudes importantes extraídas da Ilíada para formar as novas gerações.
Em nosso tempo, infelizmente, apesar de tantos recursos e facilidades, arquitetar maldosamente as estratégias da ganância e da mentira, substituíram o cultivo das virtudes resultantes da uma sólida formação.
Flertar com boatos que se espalham pelas redes sociais e promover a difamação do outro se tornou mais importante do que incentivar e educar as novas gerações para que se sintam encorajados em construir uma sociedade decente ancorada na justiça, na verdade e no bem.
Ler os clássicos e aprender com a tradição se constitui um desafio educacional que vai para além da escola e que deveria germinar nas relações familiares para nossa existência pudesse ser digna de ser vivida.
Vivemos num corre-corre desenfreado. Não temos tempo mais para conversarmos e sentirmos as árvores.
Para que não soframos com as suas melancolias e tristezas em relação às nossas ingratidões é que as árvores fingem, assim como diz o poeta português Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.” O resto é madeira e folhas secas que só servem para lenha e sujarem as ruas, respectivamente, como pensam muitos “humanos” não humanos demais.
Mesmo sentindo as lágrimas caírem pelo tronco e pelos galhos, as árvores se balançam e continuam dando frutos como se nada tivesse acontecido enquanto nós, homens e mulheres, apenas passamos por elas, apenas passamos e passamos ausentes até mesmo de nós.
O nosso sentir é algo estranho à natureza e lúcido apenas para os ímpios e ignorantes. Sim, a ignorãça, para fazer uso de um neologismo do poeta Manoel de Barros, é uma coisa não efêmera e cara às almas dos não virtuosos.
O filósofo grego Platão diz que a alma traz consigo desde o seu nascimento um conhecimento prévio, a priori, que lhe permite a identificação do objeto, o chamado conhecimento inato. Tais conhecimentos são as ideias ou formas, que residem no mundo inteligível, fora do tempo e do espaço.
Não poderia ser diferente com as árvores. Elas também trazem conhecimento desde o momento em que nascem e vão aprimorando esse conhecimento através das suas vivências e experiências quando se relacionam com os homens e se auto relacionam.
O saber das árvores diferentemente do dos homens não é empírico, ou seja, não é o das academias onde se ensinam as diversas ciências, mas um saber do senso comum. O que não descarta a sua utilidade e a sua capacidade de se tornar sábia.
Há quem diga que o conhecimento do senso comum é ingênuo, porém as árvores são dotadas de uma inteligência que ainda necessita de investigação e são capazes de identificar pessoas dos mais diversos conhecimentos e com elas conversarem. Os homens sérios acham que as árvores não vão lhes compreender se falarem com elas sobre negócios, bolsas de valores, mercados imobiliários ou até mesmo globalização.
As árvores podem ser as nossas mestras se assim as aceitarmos. Elas conhecem coisas mais profundas do que a gente. Elas sabem das estrelas, do sol, da lua, do Universo por completo. Estão sempre atentas aos mais diversos acontecimentos do mundo e prontas para nos ajudar naquilo que necessitarmos. Assim como nós cada uma delas tem a sua área de atuação.
Não se admire se uma árvore lhe der uma ideia de como realizar um cálculo de uma raiz quadrada. A forma como transmitem os seus conhecimentos se concebe na energia cósmica que vem das profundezas das suas raízes e são transmitidas para nós quando por elas passamos. Existe uma troca de saberes entre as árvores e os homens inteligentes que não se identifica apenas numa realidade supérflua, mas numa metafísica que se constrói entre raízes e cérebro, expandida no pensar autônomo desses seres.
Não é à toa que uma árvore derrubou uma maçã na cabeça de Isaac Newton. Muitas das descobertas científicas não aconteceram por acaso, mas são sustentadas por histórias incríveis. A teoria da gravidade, por exemplo, foi formulada depois que uma maçã caiu sobre a cabeça de Isaac Newton, em 1666. A árvore que deixou a maçã cair na cabeça de Isaac Newton já tinha este conhecimento e encontrou uma forma prática de passar para ele o que já sabia.
Nós temos a mania de acharmos que somos as únicas criaturas inteligentes no Universo. Não somos nada humildes. Somos orgulhosos e ambiciosos. Esquecemos que perto da gente há animais e florestas capazes de aprenderem e nos ensinarem muitas coisas para as quais ainda não despertamos.
Ficamos presos nos nossos laboratórios, escritórios ou até mesmo nos observando, quando na verdade as árvores poderiam ser usadas como fontes de transmissão e apreensão de conhecimentos.
Os poetas são inspirados pelas árvores junto com os pintores. Esses sabem valorizar os conhecimentos que as árvores lhes oferecem. E assim como no mundo, existem milhares de poetas nas florestas e também existem milhares de árvores que sabem fazer da poesia a sua mais bela arte.
Não há coisa melhor do que sentar-se embaixo da sombra de uma árvore para ler um livro ou simplesmente para descansar fechando os olhos e imaginando outro mundo. Neste momento, as árvores se conectam conosco e nos passam informações valiosas sobre os seus mundos e sobre o que pensam em relação a nós.
Sentir as coisas de todas as formas e intensamente, sentir como se fosse sempre a primeira vez, e como dizia o poeta português Fernando Pessoa “sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias.”
Vejam só que coisa bonita nos diz o poeta sobre o Universo. Sem as ideias no mundo, as árvores costumam criá-las e nos doam como se fossem presentes para o nosso bem-viver.
Façamos todos uma pausa nos nossos dias corridos para sentir as ideias que as árvores nos dão, para sentir todas as formas de amar que elas nos proporcionam com os seus galhos acariciando os nossos corpos, com os seus frutos matando as nossas fomes e com as suas sombras aliviando o estresse e o cansaço da vida moderna e líquida na qual vivemos. Sim, a relação de afeto que estabelecemos com as árvores não é líquida, como dizia o sociólogo Zygmunt Bauman.
As árvores assim como podem viver por séculos também amam demasiadamente os homens que cuidam delas. Se na passagem famosa d’O banquete os deuses castigaram os seres humanos dividindo-os e misturando-os para que passassem a vida em carência e falta, tentando encontrar a sua outra metade que lhes faltava, para Nietzsche o amor depende primeiro de uma capacidade de autocompletude e autoafirmação: apenas indivíduos plenos de si podem amar.
O amor não é outra coisa que um derramamento, uma espécie de luxo e de dádiva daquilo que cada indivíduo conquistou por e para si mesmo e quer partilhar, alegremente, com um outro. Nesse caso, não há nada de carência, mas muito pelo contrário, de plenitude.
Quanto mais pleno de si, mais capaz de amar será um indivíduo. Por essa razão, é que as árvores nas suas plenitudes sabem sentir o amor e amam cheias de saber e vontade. O amor das árvores é presente divino que o Universo ou os seres metafísicos que constituem tudo isso onde vivemos sabem como nos oferecer.
Diz o poeta Camões que o amor é um contentamento descontente. Sim, as árvores não sorriem ou esboçam alegrias do jeito dos homens apenas porque amam, elas simplesmente amam como se vivessem para encher o mundo de paz e de alegrias necessárias para a compreensão das virtudes e do despojamento de todas as necessidades materiais sejam deixadas de lado. A vida é curta para tanto apetrecho. Deixe o seu coração despido e aberto para receber o amor das árvores.
Ao sentir as coisas como elas realmente são e não como os homens querem que elas sejam cobrindo-as, falsificando-as ou criando ilusões, as árvores passam a conhecer as nossas necessidades mais difíceis para podermos continuar vivendo bem e conectados com a natureza, sempre a respeitando e aproveitando dela o que de melhor pode nos oferecer.
O melhor jeito de viver que podemos encontrar é ao lado de uma árvore. Não se vive em mundos de concreto e cimento sozinhos. Os homens precisam da natureza, por isso temos as plantas e as flores em casa para não morrermos de solidão.
Na leta da música de Claudinho e Buchecha “Fico assim sem você” eles nos dizem “Eu não existo longe de você / E a solidão é o meu pior castigo / Eu conto as horas pra poder te ver / Mas o relógio tá de mal comigo.” Este mesmo sentimento tem as árvores pelas pessoas queridas que cuidam delas e as amam quando precisam se afastar por uns tempos de casa ou morrem. As árvores também sofrem com as nossas ausências físicas e são capazes de morrerem de solidão quando ficamos longe delas por muito tempo.
A solidão é o um dos males da sociedade contemporânea. Ninguém liga mais para ninguém. Qual foi a última vez que você recebeu uma ligação de algum amigo preocupado com o seu bem-estar? Eu não lembro a vez que isso aconteceu comigo.
Vivemos num corre-corre desenfreado. Não temos tempo mais para conversarmos e sentirmos as árvores.
Sem saber que elas precisam tanto de nós. Fazemos com elas o mesmo que fazemos com os nossos amigos, ou seja, as abandonamos preocupados em ganharmos dinheiro e ficarmos ricos. Para que significa a riqueza sem um grande amor?
O melhor dessa vida é sentir as coisas de forma intensa e com a alma, assim como os poetas se largam dentro dos seus versos e fazem chorar até os mais desalmados. A árvore não pode ser julgada pelos seus frutos que amadureceram rápidos demais, pois se ela estiver doente de solidão não terá como cuidar de si mesma.
A solidão também mata a natureza. A solidão por mais que não queiramos se aloja na gente de forma intensa e a sua complexidade vai nos consumindo assim como os cupins consomem as árvores.
É preciso saber viver, como diz a canção do grupo musical Titãs. Para saber viver precisamos sentir não somente os batimentos dos nossos corações, mas a voz da natureza, os sons dos galhos das árvores e mais precisamente o amor que elas nos oferecem sem pedirem nada em troca. Não deixemos para amar as árvores quando as guerras começarem. As amemos porque elas precisam do nosso amor para continuarem com copas exuberantes e frutos gostosos.
Não existe no mundo um sentir maior do que os das árvores quando sofrem machadadas ou podas de forma errada. Elas sangram iguais as mulheres, mas um sangue de cor branca ou incolor. Elas também têm os seus dias de TPM e engravidam do solo para parir outras que logo se tornarão adultas também. É o ciclo da vida. Tudo que existe sabe amar e sabe sentir de forma intensa.
As árvores podem ser consideradas seres sensitivos, pela sua capacidade de sentir quando e como as coisas vão acontecer conosco. Elas sabem exatamente quando estamos tristes e o que queremos para o amanhã. Elas são capazes de ler os nossos pensamentos e adentrarem nas nossas almas para descobrirem as nossas dores e medos. Claro que isso elas só fazem se as dermos autorizações. Se pedirmos ajuda para elas, através de um abraço em seus troncos, de uma lágrima em frente de uma delas, de um silêncio embaixo de suas sombras.
As árvores sentem as coisas parecidas conosco, quando estão tristes seus galhos caem e as suas folhas secam rapidamente.
Mesmo quando perdemos a vontade de fazer as coisas ou quando elas se tornam entediantes e não sentimos desejo de fazer aquilo que antes tanto gostávamos, parece que o mundo perdeu a alegria, então as árvores conhecem essas nossas ausências de ânimo e tentam se aproximar de nós transmitindo a energia das suas raízes para os nossos corações sofridos.
Quando perdemos um amigo ou nos decepcionamos com alguém, quando somos demitidos de um emprego de muitos anos e ficamos sem entender nada é com elas, as árvores, que podemos contar as nossas dores e aflições e também lhes perguntarmos o que fazer daqui para frente. É no momento de dor que os amigos mais se afastam da gente, no entanto as árvores nunca se vão, nunca nos deixam. Eis o amor eterno amor.
As suas respostas não são dadas de imediato. Às vezes elas respondem de forma indireta para que possamos analisar os fatos e os problemas e compreendermos que há sempre uma solução para aquilo que nos levou ao fundo do poço. O poço também pode ser o dos desejos e aí lá no fundo dele você pode se encontrar com a raiz de uma árvore que vai lhe abraçar e dizer que não tenha medo, pois elas estão cuidando de você mesmo sem nada dizerem.
Ah, se as árvores pudessem dizer para você o quanto elas o amam, se elas pudessem falar a mesma língua que a sua. Mas, assim como quem fala com os anjos também é possível falar com as árvores sem ser chamado de louco. Você não precisa dizer nada para elas, pois apenas o fato de estar ali de frente para uma delas conseguirá transmitir o seu pensamento perturbado e cheio de dúvidas. Logo ou em algum tempo elas darão uma resposta.
Eu fui criticada por sentir a vida intensamente, outro dia, mas não me importei. Esse meu jeito de conviver com as árvores por muito tempo fez de mim quase uma delas. Sinto as suas dores e sofrimentos quando as vejo serem podadas nos canteiros da minha cidade e já briguei por várias delas quando quiseram as cortar para construírem prédios. Eu já chorei por uma árvore e fiquei dias doente. E acho que uma árvore também já chorou por mim. Elas sempre choram por nós.
O verdadeiro sentir estar na coragem de se expor, de deixar à mostra as suas dores e angústias. As árvores jamais nos criticarão por sermos medrosos ou fracos. Elas nunca nos chamarão de covardes porque assim como a gente elas também têm os seus medos e fraquezas. No chão, onde se escondem as suas raízes estão guardados os conhecimentos necessários para o bom combate com os homens malvados.
Se pudessem viver num mundo de paz, as árvores seriam mais felizes.
Devemos nos considerar sortudos pelo Criador nos colocar árvores para que possam limpar o ar que respiramos, nos dar frutos e sombras e nos amar mesmo sem merecermos, pois não cuidamos delas como deveríamos. Tantos de nós passamos pelas árvores sem nos darmos conta das suas grandiosidades à humanidade.
Muitos de nós temos uma árvore na rua onde moramos e nunca prestamos atenção nela. Elas ficam ali, plantadas, à espera de um riso ou de uma palavra qualquer. As crianças é quem sabem conversar e brincar com elas subindo e descendo dos seus galhos.
Se ao menos conseguíssemos sentir as coisas de uma forma que aprendêssemos a lição de cada uma delas para que não repetíssemos os nossos erros seria tão maravilhoso! Se pudéssemos assim como as árvores sentir em descontentamento que não quer dizer falta de alegria, mas despojo de toda expectativa a uma felicidade inútil e temporal que se acaba quando o outro parte e nunca nos tornamos plenos na nossa essência certamente que seríamos pessoas mais agradecidas ao Universo e mais caridosas para com as pessoas ao nosso redor.
O que fazemos aqui na Terra será levado para algum lugar depois da morte. E as árvores sabem disso porque elas também vão para algum lugar depois que morrem ou são mortas pelas mãos dos homens. Quem criou o machado e a serra elétrica? Por que os homens derrubam árvores? Que comércio clandestino é este que precisa derrubar centenas de árvores por dia para enriquecer homens solitários em suas mansões com malas cheias de dinheiro? Esses homens não são homens, mas pedaços de sabão em pedra que nada sentem nem mesmo quando a lágrima da água bate em suas costas.
A vida é uma difícil arte. Talvez a mais difícil. E as árvores têm medo dos homens assim como eles têm medo uns dos outros.
A necessidade de sentir se faz presente nas árvores para que possam oferecer não somente sombras e frutos, mas amor e conhecimento aos homens de bons corações. Aqueles que estão sozinhos em seus apartamentos distantes do chão onde elas se localizam, mas podem vê-las das suas janelas. Antes ver com o coração do que com os olhos, já dizia a raposa do “Pequeno Príncipe”.
Por isso digo hoje e repetirei amanhã mil vezes o que disse o meu grande poeta Fernando Pessoa “Sentir tudo de todas as maneiras, / Viver tudo de todos os lados, / Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo, / Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos / Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.”
Que as árvores possam, além de sentir tudo, melhorar a vida de cada um de nós, principalmente dos mais necessitados que armam os seus barracos de papelão ou lona embaixo delas para pedirem vida com dignidade. Ser sempre do mesmo modo possível o amor de uma árvore, e amado por uma delas.
Enquanto potencializamos a dívida ecológica em todos os sentidos, fingimos não acreditar que “nosso problema é o crescimento físico em um mundo finito”, como escreveu Dennis Meadows.
Nesses tempos dolorosos que vivemos, os fatos objetivos falam por si. Do ponto de vista ambiental, já atingimos um ponto crítico: a capacidade biofísica do mundo natural está comprometida devido a nossas ações (quase sempre, insustentáveis); quer dizer, o jeito como nos apoiamos nesse mundo e o modo econômico que assumimos para dar resposta aos nossos anseios de prosperidade. E como tudo tem consequência direta e imediata, não percamos a visão do todo: as mudanças ecológicas e climáticas que estamos passando refletem no desequilíbrio da cadeia ecológica que rege a vida na Terra, impactando severamente a sustentabilidade do planeta.
Dura realidade, sobram exemplos de como estamos perdendo o controle do mundo, em meio ao desmonte ambiental, na Era do Antropoceno. Segundo os glaciólogos, o gelo está derretendo a uma velocidade três vezes maior do que eles temiam apenas dez anos atrás; na Antártica, o derretimento é seis vezes mais rápido do que há 40 anos.1
Não é exagerado dizer que danos causados por enchentes vão aumentar de cem a mil vezes até o final deste século. E não custa lembrar aqui, para todos os efeitos, que dois terços das maiores cidades do mundo estão a centímetros do nível do mar.
Até 2030, de acordo com pertinentes denúncias dos oceanógrafos, o aquecimento e a acidificação dos oceanos ameaçarão 90% de todos os corais que sustentam pelo menos um quarto de toda a vida marinha.2 E tem mais: de acordo com os especialistas em gestão pública, quase metade da população mundial, em 2025, passará pelo menos um dia da semana por falta d´água. Nos dias de hoje, informa o Programa Conjunto de Monitorização da OMS/UNICEF para o Abastecimento de Água e Saneamento, pelo menos 1,8 milhão de pessoas em todo o mundo continuam bebendo água que não está protegida contra a contaminação das fezes.3Tão trágico quanto esse específico drama de saúde pública, até 2050 o mundo conhecerá 200 milhões de refugiados do clima, informa o relatório do Internal Displacement Monitoring Centre.4
E a lista de “desajustes” continua. Desde o surgimento do Homo sapiens, nada menos que 83% dos mamíferos selvagens desapareceram da face do planeta, assim como 80% dos mamíferos marinhos, 50% de plantas e 15% de peixes.5
A velocidade com que acontece a perda de biodiversidade é assustadora. Se antes de os humanos entrarem em cena e ocuparem o centro das atenções o ritmo de extinção era de uma espécie a cada 10 milhões, hoje em dia já se sabe que a ação humana (antropocentrismo dominador, chamemos assim) acelerou em mil vezes a taxa de extinção das espécies de plantas e animais do planeta, em comparação com a taxa natural.
Os números conhecidos causam estarrecimento: nada menos que 30% das espécies poderão desaparecer até a metade do corrente século. Quem se dispuser ao trabalho e consultar a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (Red List ou Red Data List) notará, por exemplo, que 40% de anfíbios, 34% de coníferas, 33% de recifes de coral, 31% de tubarões e raias, 27% de crustáceos selecionados (incluindo lagostas, camarões, lagostins e caranguejos de água doce), 25% de mamíferos e 14% de pássaros correm risco de desapareceram de nossas vistas. O cenário diante de nós é de tragédia. De modo perturbador, Edward Wilson (1929-2021) chamou a nossa atenção para um ponto devastador: “a cada 13 minutos uma espécie da biodiversidade desaparece de nossas vistas devido a nosso estilo de vida depredador e consumista”.
Fora isso, não é segredo algum que produtos químicos têm afetado extensas áreas agrícolas, tirando com facilidade a fertilidade da terra em diferentes pontos do planeta. Nos dias atuais, mais de 30% dos solos do mundo já estão degradados e já se sabe que a desertificação, devido a climas secos e quentes e a ação antrópica, afeta quatro bilhões de hectares no mundo, ou 25% da massa terrestre.
Traço preocupante, enquanto continuamos pensando apenas no plano meramente econômico (sempre com vistas ao aumento de produção e consumo), estamos indo além da civilização,colocando em risco as fundações ecológicas da sociedade. O desmatamento da Amazônia, para tocar em um de nossos pontos mais sensíveis, apresenta forte impacto climático. O detalhe realmente apavorante aí, principalmente em termos de possíveis novas pandemias, como não cansam de dizer os cientistas, é que isso pode liberar outros vírus e bactérias que hoje vivem em equilíbrio no ecossistema da Amazônia.
E ainda assim a sociedade humana segue sua jornada de desleixo em relação ao planeta. No fundo, achamos que tudo em matéria de recursos é inesgotável, ou que o problema ambiental é de fácil resolução. De todo carbono estocado na atmosfera, 75% foram emitidos apenas nas últimas sete décadas. O uso mundial de água triplicou nos últimos 50 anos. Entre 1940 e 1990, o consumo saltou de 400 para 800 metros cúbicos por pessoa por ano. Conta simples de entender: hoje em dia os 7,7 bilhões de habitantes do planeta já consomem 80% dos recursos de água doce natural. No detalhe: “Só restam 8 mil metros cúbicos de água potável por habitante e por ano, contra 15 mil metros cúbicos de 1990”.6
Definição representativa, na era contemporânea seguimos deteriorando os reservatórios de água subterrânea; da mesma forma como comprometemos a biodiversidade dos leitos marítimos polares. Em menos de duas décadas, três milhões de quilômetros cúbicos de gelo dos oito que existiam no Pólo Norte simplesmente desapareceram. As geleiras da Groenlândia, segunda fonte de água doce do planeta, diminuem muito rápido.7
Esquema definido, no que tange a expansão da economia global, seguimos firmes na crença de que a produção material é tudo o que nos resta. O mundo inteiro já usa hoje em dia cerca de 150 toneladas por segundo de cimento, um dos termômetros da atividade econômica e, de longe, o material mais consumido no planeta.
A produção mundial de aço bruto, somente em 2021, de acordo com dados da World Steel Association, alcançou 1,95 bilhão de toneladas. O número de veículos, leves e pesados, que hoje circulam em todas as cidades do mundo já alcança a impactante marca de 1 bilhão de unidades; em 1950, eram apenas 50 milhões de unidades em todo o mundo. Em 2019, o mundo produziu 460 milhões de toneladas de plásticos, produto que responde por 3,4% das emissões globais. Acontece que cerca de 22% desse produto são deixados em aterros ilegais ou abandonados na natureza, enquanto 13 milhões de toneladas chegam aos oceanos todos os anos, levando 100 mil animais marinhos à morte.
Situação emergencial, para continuar fazendo aqui rápida síntese, faz tempo que entramos numa preocupante zona de perigo, com sérias ameaças ao jogo da sobrevivência da nossa própria vida.
Agravada pela baixa preocupação ambiental, toda a humanidade se vê diante do maior desafio de todos os tempos: organizar o esforço comum e vencer as mudanças climáticas, cada vez mais tangíveis. Para tanto, é preciso uma radical mudança de hábitos e costumes, até mesmo porque um rápido balanço mostra o seguinte: se nos dias de hoje a humanidade está usando 1,4 planeta, ou seja, faz uso de 140% da terra disponível, ultrapassando assim a capacidade da Terra, tudo indica que em 2030 estará operando o equivalente a dois planetas, algo inimaginável dentro dessa atual sociedade da mercadoria.
Em um desdobramento dessa perspectiva, pode-se pensar, como ideia central, que a noção de colapso ambiental tem tudo a ver com a racionalidade produtiva, já impregnada na cultura moderna que reiteradamente desdenha dos limites físicos (limites de sustentabilidade) do planeta.
Todavia, levando as consequências ao extremo, o fato é: para bancar o crescimento, a abundância exagerada (transformada em política de vários governos) e a reprodução do modo de vida dominante, chegamos num estágio em que “estamos vivendo do capital da Terra”, como esclarece Pavan Sukdev. Em outros termos, agimos como se o planeta não tivesse limites ecológicos e fosse realmente capaz de suportar todo tipo de lixo e rejeito que a produção excessiva e a acumulação sem fim do capital acarretam.
De toda sorte, diante da extrema necessidade de se reconhecer os Direitos da Natureza (em letras maiúsculas para assim expressar sua relevância), estamos sendo constantemente induzidos a prestar menos atenção na reprodução da vida, e muito mais na do capital e de seu discurso sedutor, o crescimento econômico ininterrupto. Isso significa dizer abertamente que, enquanto potencializamos a dívida ecológica em todos os sentidos, fingimos não acreditar que “nosso problema é o crescimento físico em um mundo finito”, como escreveu Dennis Meadows.
À parte isso, a história vai nos deixando uma lição cara: “(…) com base na melhor informação científica disponível, mantida a via atual, a qualidade da vida humana sofrerá substancial degradação por volta de 2050”.8
Autores:
Gilberto Natalini (*)
Marcus Eduardo de Oliveira (**)
(*) Médico cirurgião, vereador por cinco mandatos na Câmara Municipal de São Paulo. Foi Secretário Municipal do Verde e do Meio Ambiente (2017), e candidato à Governador do Estado de São Paulo, pelo Partido Verde, em 2014. gtnatalini@gmail.com
(**) Economista (1994), pós-graduado em Política Internacional pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1995) e ativista ambiental. Mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP). Autor de Civilização em Desajuste com os Limites Planetários (CRV, 2018), entre outros. prof.marcuseduardo@bol.com.br
Para educar, precisamos compreender as características de cada faixa etária da criança a partir da gestação, do nascimento e da fase infantil para compreender qual a ação educativa a ser adotada para ajudá-la a construir uma vida que valha a pena ser vivida e que lhe proporcione plenitude e felicidade no futuro, na busca do que é belo, bom e verdadeiro.
A palavra educar é originária do Latim – educere – e significa “puxar dos fundamentos para fora, levantar, extrair de dentro”. Esta ação, em nosso entendimento, significa extrair do educando todo o potencial divino que ele possui no âmago de seu ser e que precisa ser estimulado para desabrochar.
Para educar, precisamos compreender as características de cada faixa etária da criança a partir da gestação, do nascimento e da fase infantil para compreender qual a ação educativa a ser adotada para ajudá-la a construir uma vida que valha a pena ser vivida e que lhe proporcione plenitude e felicidade no futuro, na busca do que é belo, bom e verdadeiro.
Nos primeiros meses do recém-nascido ele dorme bastante pois está se adaptando ao desafio da vida. Desde os primeiros dias de vida os pais devem ajudar o nenê a perceber que nem sempre ele será atendido imediatamente quando chora, conversar carinhosamente, acalmá-lo, assim ele estará começando a compreender a dinâmica da vida e ir aprendendo a conviver com pequenas frustrações e superá-las.
No primeiro ano de vida o bebê crescerá mais rapidamente e se modificará mais do que em qualquer outra idade.
Até os três meses o sentido do tato na criança é bastante desenvolvido. Ela aprende sendo tocada e tocando pessoas e objetos. O saber agarrar é um reflexo inato e não uma ação consciente.
O olhar da mãe é muito importante. Ela vai se “ver” refletida nos olhos da mãe, especialmente durante a amamentação. A mamãe deve deixar o celular fora do seu alcance e curtir estes momentos, interagindo neste intercâmbio com o seu rebento de maneira intensa e feliz.
O bebê, quando está acordado, gosta de companhia. O contato com a mãe e demais pessoas se dá pela vista, audição e tato. Ele é muito sensível ao som. Faz bem para ele ouvir a voz humana que pode se expressar por uma canção suave, como de ninar, o sussurro carinhoso, assovio, a contação de histórias.
Por volta dos quatro a cinco meses elas apreendem a alcançar e segurar os objetos, que estão próximos. Eles gostam de chocalhos e brinquedos de superfície lisa e grandes coisas coloridas para apertar, brinquedos estofados, em forma de bichinhos ou de rosca, que é fácil de ser agarrado.
O sentido da audição é bem desenvolvido desde antes do nascimento. Proporcionar à criança a audição de música suave (Mozart, Beethoven, Vivaldi, Brahms, por exemplo), cantigas de ninar, canções do folclore. Contar pequenas histórias demonstrando na voz, na expressão facial a emoção dos personagens.
Elas gostam de se olhar no espelho e se autoconhecerem no colo do adulto. Elas aprendem a falar, caminhar e agir imitando as pessoas que estão interagindo no meio onde elas estão inseridas. O adulto é o modelo.
A partir dos seis meses dormem menos e já conseguem brincar sozinhas. Derrubam e atiram coisas e repetem esses atos várias vezes o que lhes dá prazer. A criança adora brincar com as pessoas que já conhece e acena quando o adulto se despede. Por volta dos sete meses começa a engatinhar e logo em seguida, a levantar-se apoiada em algo e ensaia os primeiros passos estimulada e amparada pelos adultos. Consegue juntar os dedos polegar e indicador para catar objetos pequenos, demonstrando novas habilidades cerebrais adquiridas.
Quando o bebê vai consolidando o senso de mobilidade se tornará um grande explorador do mundo que o cerca sem qualquer noção de perigo. Ele não entende o significado da linguagem abstrata que quer ensiná-lo sobre o perigo. Vai aprendendo pelo erro e acerto.
Elas gostam de “casinhas” improvisadas, caixas de papelão, embaixo da mesa, lugares para se esconderem e serem achados. Estão descobrindo todos os cantos do seu mundo. Brincar ao ar livre com terra, areia e água é muito gostoso e elas podem sujar-se à vontade, por algum tempo.
As crianças gostam de ouvir música suave ou alegre e movimentada e dançar, se sacudir no ritmo da música. Para acalmar e induzi-la a um sono reconfortante nada melhor que uma canção suave e uma prece ao “Papai do céu”.
As quadrinhas rimadas, versinhos e leituras curtas são apreciados pelas crianças. Elas gostam de folhear livros coloridos e revistas ou tocar as páginas dos tablets e telefones celulares. A partir dos três anos elas vão se tornando mais sociáveis, curtem muito seus brinquedos prediletos, que para elas tem vida.
A palavra predileta de grande número de crianças de dois anos é NÃO. É o início da autoafirmação, elas estão testando a própria vontade e a dos pais. De vez em quando elas necessitam ser obstinadas, isso faz parte do desenvolvimento. Não se deve fazer disso um problema. O melhor a fazer é distraí-las com outra coisa interessante, desviar sua atenção do foco da irritação ou da frustração.
A duração do interesse da criança por alguma atividade é muito curta. Ela só brincará por longo tempo se lhe derem uma bacia com água e areia ou barro. Descer e subir em escadas ou coisas ajuda no desenvolvimento dos seus músculos maiores dos braços, pernas e tórax e do senso de equilíbrio. Proporcionar passeios a pé, ao ar livre, junto à natureza, escalar árvores, ouvir o canto dos pássaros, ver voarem as borboletas e aves, observar o movimento das nuvens no céu, olhar o sol e, à noite, as estrelas e a lua, sentir a brisa do vento, as gotas da chuva, caminhar descalça na beira da praia, mar, rio ou córrego ou na grama orvalhada são experiências ricas de emoção.
Elas gostam de ouvir uma história que as fascina, várias vezes, até esgotarem a vontade, pois elas estão educando as emoções básicas, sentindo o que os personagens estão vivendo: surpresa, medo, tristeza, alegria, raiva, etc. O mesmo acontece com a audição e canto de cantigas infantis e folclóricas.
Nesta fase brincar ou trabalhar com a mãe e o pai, aprender coisas com eles é fascinante. A curiosidade de conhecer o mundo é insaciável. Gostam de experimentar e fazer coisas novas, de rasgar, despedaçar e esmurrar e perguntar: porque isso, aquilo. Elas querem entender o mundo.
É o momento de ajuda-las a desenvolver a fé sincera, pura, orando com elas desde a mais tenra infância, falando em Deus, o “Papai do Céu”, em Jesus, no Anjo da Guarda. Isto vai ajuda-las, no futuro, a não ter aflição exagerada, a depressão profunda, a provocarem autolesão, e a cultivarem a ideação suicida… A fé equipa e ilumina a mente com energia e força que a ajudarão a superar as situações difíceis que advirão.
O poeta João de Deus, no livro Antologia da Criança psicografado por Francisco Cândido Xavier, nos oferta a poesia Resposta de Mãe, que ilustra essa fase.
– Minha mãe, onde está Deus?
– Ora esta, minha filha,
Deus está na luz que brilha
Sobre a Terra, pelos Céus.
Permanece na alvorada,
No vento que embala os ninhos,
No canto dos passarinhos,
Na meiga rosa orvalhada.
Respira na água cantante
Da fonte que se desata,
No luar de leite e prata,
Está na estrela distante…
Vive no vale e na serra,
Onde mais? Como explicar-te?
Deus existe em toda a parte,
Em todo lugar da Terra…
– Ó mamãe! Como senti-lo,
Bondoso, sublime e forte?
Será preciso que a morte
Nos conduza ao céu tranquilo?
– Não, filhinha! Ouve a lição,
Guarda a fé com que te falo,
Só podemos encontrá-lo
No templo do coração.
As crianças de três a seis anos gostam de dramatizar, fingindo que são bichos ou coisas, e que já são adultas: motorista, professor, bombeiro, mamãe, papai, etc. e devem ser estimuladas para tal, tanto no lar como na escola infantil. Os fantoches são excelentes para as crianças representarem, elas também gostam de encenar as histórias ouvidas.
A linguagem simbólica da arte agiliza a sua imaginação, amplia seus limites intelectuais, ajuda a descambar para o sonho, a fantasia, para um outro mundo possível, apresentando novas possibilidades de ser e sentir.
A linguagem sensível ajuda a integrar as áreas do conhecimento, do intelecto, da motricidade e das emoções básicas. O contato com as emoções e o sentimento ofertam a possibilidade de autoconhecimento e conhecimento do outro. A atividade artística não é só um passatempo, uma fruição, é um tempo em que a criança passa consigo mesma, interage com o outro e com o mundo, contribuindo no seu desenvolvimento e oferecendo novas formas de significado para sua vida.
Quando a criança tem a oportunidade de ouvir histórias, desenhar, pintar, esculpir, dramatizar, cantar, dançar ou brincar espontaneamente e estar em contato com a natureza, ela está encontrando um sentido para sua vida, percebendo-se um ser integrado consigo, relacionado com o seu ambiente e os outros e com Deus.
Os pais e educadores precisam estar atentos às emoções das crianças. Ideal que elas sejam expressas e trabalhadas pelos adultos. A frustração e a raiva são inevitáveis quando a criança está se desenvolvendo. Ela necessita aprender a desabafar, externando a energia de sua raiva, agredindo e mordendo coisas e não pessoas.
Nas escolas infantis temos os “sacos de pancada”, os bonecos “João Bobo” ou “bode expiatório” sobre quem elas descarregam a raiva. Com eles a criança poderá desabafar sentimentos que devem ser externados sem prejudicar irmãos e colegas. Os sentimentos recalcados são causas de futuras perturbações emotivas.
Sugestão de brincadeira, nesta linha, é a “Guerrinha de Jornais”: orientar que as crianças façam bolinhas de jornal amarrotados, imitando munição e construir trincheiras de papelão para brincarem de jogar as bolotas uns nos outros. Ninguém se machucará e muita agressividade será aliviada de forma alegre.
Outra atividade desestressante é jogar, com a criança, pedras dentro de um lago, rio, à beira mar ou acertar num alvo previamente colocado em um lugar para ser atingido, jogando para fora o que elas identificam com o medo, a raiva ou a tristeza.
O brinquedo é a mais alta fase do desenvolvimento infantil, cheio de pureza e espiritualidade. Proporciona alegria, liberdade, satisfação e paz com o mundo. A criança que brinca espontaneamente será um adulto harmonizado.
Nos primeiros sete anos de vida a criança fisicamente sofre grandes alterações e crescimento. O corpo vital da criança ainda é dependente da vitalidade da mãe. Época de predominância das doenças febris e infecciosas comuns da infância, que estimulam o amadurecimento do sistema imunológico e a individualização das proteínas da criança. A criança, por isso, precisa se sentir aninhada, querida, amada. Vai aprender a falar, expressar suas emoções e sentimentos, pensar, brincar, imitar e deve acreditar que o mundo é bom. Que o bem sempre vence o mal, como nos contos de fada.
Pelos seis anos, o pensamento já está mais desenvolvido inicia-se a alfabetização e a socialização melhora. Ela já está apta a ler as informações do mundo que a cerca e decodificar o código do alfabeto.
Dos sete aos oitos anos as crianças manifestam muita energia são sensíveis às emoções e aos sentimentos alheios. Desenvolvem a conduta ética, usam regras. Já sabem obedecer quando reconhecem e aceitam a autoridade do adulto. Querem entender o mundo dos adultos e gostam de novos desafios.
A construção da identidade moral da personalidade e do caráter se dá, preferencialmente, até por volta dos oito anos, consolidando-se na adolescência, por isso a educação moral e emocional deve ser enfatizada por pais e educadores nestes anos iniciais da vida que vão deixarão suas marcas para sempre.
Dos nove aos dez anos elas têm consciência do que é certo ou errado e um elevado sentimento de ética. São automotivadas. Nessa fase ocorre rápido crescimento físico. Gostam de atividades físicas ao ar livre. São sensíveis emocionalmente e, se estimuladas, apresentam atitudes de altruísmo engajando-se em projetos sociais e ambientais edificantes.
Nós adultos, pais e educadores, encontramos em Jesus, o maior pedagogo da Humanidade, o modelo excelente de educador.
Como Jesus educava?
– Conversando, dando atenção, abençoando, esclarecendo, nos informando que Deus é nosso Pai amoroso, que todos somos irmãos, sintetizando a Lei Divina em: “Amar a Deus sobre Todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Jesus utilizava a linguagem simbólica da parábola para ilustrar e perpetuar seus ensinamentos. Tinha sempre com um relacionamento edificante, dando sentido à vida dos que o rodeavam, enunciando seus conceitos com amor energia como: “Seja o teu falar sim, sim; não, não”.
A sua sala de aula era a Natureza: nos campos, caminhos, praças, no lar de Pedro, na praia, no monte, nos mostrando que a Natureza representa o livro aberto da sabedoria divina. Precisamos ensinar a criança a ler este livro, pois, em tudo que há vida, está escrita a lei de Deus e se pode perceber o verdadeiro sentido da mesma. Ensiná-la a se perceber como filha de Deus, integrante da Sua criação, sentir intensamente a vida que a rodeia, no lar, na escola, na natureza, na Sociedade, mas também sentir a sua transcendência, perceber a sua dimensão espiritual.
Para educar temos que levar em consideração todas as dimensões da inteligência do educando: a intelectual, as inteligências múltiplas, a emocional, a moral e a espiritual.
No lar, na família, pela educação e princípios morais formamos o ser humano, o caráter da nossa criança; na escola, pela instrução, formamos o cidadão ecológico que irá contribuir na Sociedade, para melhorar a qualidade de vida pessoal dos demais grupos sociais em que se irá inserir e a conservar e preservar a natureza ajudando a tornar este mundo melhor.
A ação transformadora da educação de nossas crianças é desafiadora.
Não nos construímos sozinhos e fora da realidade que nos cerca, pelo contrário podemos interferir na sociedade visando fomentar a justiça, a construção de processos democráticos que intencionam a transformação.
“Gatinho de Cheshire (…) Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui? – Isso depende muito de para onde quer ir – respondeu o Gato – Para mim, acho que tanto faz.- disse a menina- Nesse caso, qualquer caminho serve – afirmou o Gato. (CARROLL, L., Alice no País das Maravilhas, 1865).
Independente do fazer, a ausência de direção, de uma metodologia bem definida conduz a lugar nenhum, ou a lugares que não agregam valores, habilidades e competências para um existir que se deseja humano, dialógico, crítico, criativo, transformador. É nesse sentido que expomos aqui uma concepção de educação que se desdobra numa opção metodológica fundamentada em pensadores da educação, especialmente em Paulo Freire e Elli Benincá.
Em tempos que se caracterizam pela ascensão do autoritarismo, pela violência e ignorância institucionalizada, optamos pelo diálogo mesmo que isso signifique “remar contra a maré”, olhar o horizonte e regar a utopia enquanto nos esforçamos para formar consciências críticas.
Junto a concepção de diálogo está presente uma antropologia que compreende o ser humano aberto a múltiplas possibilidades para construção do seu ser, em permanente devir.
Numa perspectiva existencialista, Paulo Freire concorda com Heidegger que concebe o ser humano como “ser aí”, um ser no mundo que se constrói ao existir. No entanto, Freire enfatiza nessa construção a tarefa da educação, que consiste em proporcionar ao humano uma consciência acerca da própria realidade, tendo em vista a humanização:
Na verdade, diferentemente dos outros animais, que são apenas inacabados, mas não são históricos, os homens se sabem inacabados. Têm a consciência de sua inconclusão. Aí se encontram as raízes da educação, como manifestação exclusivamente humana. Isto é, na inconclusão dos homens e na consciência que dela têm (FREIRE, 2005, p. 83-84).
A consciência dessa inconclusão é o motor propulsor das ações humanas que podem corroborar ou não com essa antropologia. Não nos construímos sozinhos e fora da realidade que nos cerca, pelo contrário podemos interferir na sociedade visando fomentar a justiça, a construção de processos democráticos que intencionam a transformação.
É objetivo do fazer educativo a formação integral dos humanos, a transformação da realidade, a garantia de vida digna, a afirmação dos direitos humanos e dos direitos do planeta que esses ainda podem habitar.
Este objetivo dificilmente será alcançado se optarmos por relações verticais centradas no poder de uns sobre os outros, se ignorarmos os aspectos sociais, políticos e econômicos que interferem diretamente na forma como gerimos as nossas vidas. Neste sentido Gadotti e Freire nos alertam que:
A educação deve permitir uma leitura crítica do mundo. O mundo que nos rodeia é um mundo inacabado e isso implica a denúncia da realidade opressiva, da realidade injusta, inacabada, e, consequentemente, a crítica transformadora, portanto, o anúncio de outra realidade. O anúncio é a necessidade de criar uma nova realidade. Essa nova realidade é a utopia do educador (GADOTTI, 1996, p. 81).
Se, para uns, o homem é um ser da adaptação ao mundo (tomando-se o mundo não apenas em sentido natural, mas estrutural, histórico-cultural), sua ação educativa, seus métodos, seus objetivos, adequar-se-ão a essa concepção. Se, para outros, o homem é um ser de transformação do mundo, seu quefazer educativo segue um outro caminho. Se o encararmos como uma “coisa”, nossa ação educativa se processa em termos mecanicistas, do que resulta uma cada vez maior domesticação do homem. Se o encararmos como pessoa, nosso quefazer será cada vez mais libertador (FREIRE, 1967, p. 124).
Essa utopia do educador precisa ser retroalimentada no cotidiano da escola, nos projetos que são realizados, no teor dos planejamentos, no modo como são conduzidas reuniões, encontros formativos, confraternizações. A utopia que serve para nos colocar em movimento, a caminho, precisa ser explicitada no modo como a escola faz a sua gestão, quer seja pedagógica, quer seja financeira ou administrativa.
A opção por uma educação transformadora, que possibilita humanização de todos os sujeitos envolvidos, requer a opção pelo diálogo que “na presente abordagem, significa a manifestação recíproca das pessoas por meio da palavra, quem pronuncia a palavra pronuncia-se a si mesmo; mostra sua intimidade; revela o seu interior” (BENINCÁ 210,110).
Ao revelar-se a pessoa coloca-se num processo de transformação de si e do meio, isto porque o ser não se constrói quando fechado em si mesmo, quando privado da palavra que o expõe.
Considerando a concepção exposta acima, entendemos que o diálogo é um processo aberto, que não se encerra em momentos estanques da ação; horas avança-se e horas será preciso avaliar, reavaliar e retornar para a prática tendo em vista a coerência e aperfeiçoamento da mesma.
O diálogo como método e fundamento da ação, requer atitudes de escuta, humildade, abertura para o que vem do outro e pode mexer com convicções arraigadas no sujeito que é resultado de uma cultura, formação, história. O espaço de uma escuta segura precisa ser criado para superarmos os monólogos erroneamente tratados como ação dialógica, visto que:
Os homens têm dificuldades de dialogar, primeiramente, porque pensam que conhecem o íntimo do outro, quando, na verdade, apenas se apercebem da manifestação superficial dele, ou seja, só conhecem parcialmente o outro. A parcialidade do conhecimento não lhes permite penetrar a intimidade do outro e, por isso, não conseguem ouvi-lo como interlocutor. (BENINCÁ 2010, p. 110).
Dentre os empecilhos para o diálogo, destaca-se a noção de autoridade. Inviabiliza o diálogo o professor que se considera pronto após a conclusão da licenciatura e ou a etapa inicial da sua formação, esse tende a agir de forma vertical comportando-se como dono do saber. Essa forma de compreender está em desacordo com a antropologia exposta no início desse texto, visto que na conclusão não há espaço para a novidade, para a reavaliação e retomada da caminhada.
Como seres inconclusos sempre podemos aprender e se colocar a caminho tendo em vista a construção de processos coerentes com o que acreditamos. Considerar-se inconcluso é condição para se colocar em diálogo com o outro, por mais que este outro mecha com minhas convicções e desafie a autoridade da ação que lhe é dirigida.
Por mais estudado que seja o professor / educador, a atitude de escuta e a humildade frente o estudante é condição indispensável para construção de processos democráticos e de aprendizagens significativas. Por vezes, os estudantes não cultivam postura favorável para aplicação deste método, independente das razões para essa ausência, cabe ao professor:
a iniciativa de desencadeá-lo (iniciativa esta não opressora, uma vez que ao opressor não interessa tal atitude) concebendo, para tanto, a sala de aula como um palco de debates e consumindo o tempo que passa nesse palco na alimentação e orientação desses debates” (BENINCÁ 2010, p 113).
Cabe ressaltar que são condições para o diálogo, inclusive em sala de aula: humildade para se considerar inconcluso, habilidade da escuta atenta que considera o outro um sujeito “aprendente”, já dotado de conhecimentos provenientes do contexto sociocultural que vivencia, bem como formação continuada para superar as contradições inerentes a própria prática.
É indispensável realimentar a utopia e agir no sentido de superar o autoritarismo ideológico que se impõe, de tal modo que nossas teorias sejam nossas práticas e que nossas práticas revelem nossa opção pelo diálogo e pela democracia.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo Reglus Neves. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1995.
BENINCÁ, Elli. A prática do diálogo em sala de aula: princípios e métodos de uma ação dialógica. In Educação práxis e ressignificação pedagógica. Eldon Henrique Muhl (org.). Passo Fundo Editora UPF, 2010. P 109-124
Com os recursos das novas tecnologias, tudo está ao nosso alcance para tornarmos a escola mais viva na aprendizagem. Não somos professores de tecnologia, mas sem elas não podemos mais atuar nas salas de aula.
Resolvi redigir esta crônica por duas importantes motivações: primeiro, para agradecer à homenagem e o reconhecimento da Secretaria Municipal de Educação e do Senhor Prefeito Municipal da minha cidade pela passagem do Dia dos Professores e Professoras. Segundo, para dizer da importância das homenagens aos professores, pelo seu dia, virem acompanhadas de formação, traduzida em conhecimentos pedagógicos e motivacionais para estes seguirem as suas jornadas e desafios diários nas salas de aula.
O melhor presente aos professores e às professoras de uma rede de ensino é o seu reconhecimento. O reconhecimento social, tanto da profissão quanto do serviço público que professores e professoras prestam ao conjunto da população, sobretudo aos que moram, lutam e constroem sua cidadania a partir das periferias. O reconhecimento da dignidade docente, através de justas remunerações, do oferecimento de boas condições de trabalho e da observância de seus direitos.
O Workshop deste último dia 18 de outubro, em homenagem ao dia dos Professores e Professores teve a mediação de José Moran, especialista em metodologias ativas, modelos híbridos de educação e temas contemporâneos da educação. A sua abordagem foi feita a partir da pergunta: Como ensinar de forma mais criativa, hoje?
Assim que acessou o palco, José Moran foi costurando sua postura e fala; absolutamente humanizantes. Aos 76 anos, seus testemunhos, suas histórias de vida, suas palavras demonstraram empatia e solidariedade ao contexto e às realidades vivenciadas por professores e professoras em todo Brasil, inclusive a nós, de Passo Fundo, RS.
Moran revelou seus mais profundos e sinceros conhecimentos, associando-os às suas experiências e práticas (práxis).
Começou afirmando que aprendeu a ser professor mais pela prática do que pela teoria. Que, passando por profunda crise profissional aos seus quarenta anos, começou a sentir mudanças significativas com os jovens com quem atuava, seja no Ensino Básico ou na Universidade. Mas que teve se colocar um grande desafio: voltar a sentir prazer ao ministrar aulas ou abandonar a profissão.
Moran relatou que, durante seis meses, teve de se recriar/aprender criativamente a humildade, embora carregasse convicção de que sempre dialogava e tivesse o mais profundo respeito para com os seus estudantes. Ledo engano. Como recriou-se? Deixando de levar tudo pronto aos estudantes, passando a escutá-los, a envolvê-los mais nas questões de conteúdos e na resolução de situações-problema. Como professor, passou a não mais presumir tudo, mas trazer propostas, planejar e dialogar junto e com os estudantes, para que seu interesse pelo conhecimento se traduzisse em envolvimento nas atividades coletivamente acordadas.
Em seguida, abordou a questão que julguei central na sua exposição: o óbvio (fazer o que a gente menos faz). Na sua visão, no mundo atual, o que é óbvio precisa cada vez mais ser dito, apresentado e resgatado.
Referiu a fala do Senhor Prefeito que, antecedendo-lhe, falara sobre a importância de todos os interessados na educação (professores e professoras, sindicatos e administração municipal) sempre travarem o mais franco e aberto diálogo. O que, segundo ele, deveria ser óbvio, mas precisa ser dito, anunciado e exercitado, permanentemente.
Mas, voltando às relações de ensino-aprendizagem, que envolvem professores e estudantes, Moran destacou alguns aspectos (óbvios) que passamos a relacionar.
Como aprender criativamente?
Faça o melhor que você pode fazer, nas condições e nas realidades com as quais você atua;
Você está a serviço dos estudantes, dos seus desejos e de suas necessidades de aprendizagem;
Aprenda que vale a pena estar na escola. O estudante percebe as suas atitudes e as suas motivações como docente;
As crianças são muito hábeis e sábias para fazer uma radiografia da gente, confrontando o que você fala e o que você faz;
A criatividade é uma relação de confiança e verdade (consigo mesmo e com os estudantes);
Busque sempre a coerência entre o que se fala e o que se é;
A criança também pode ensinar e, portanto, também pode propor;
Administre e atenda mais as ânsias do fazer das crianças: por que esperar tanto, se ela deseja fazer e experimentar já, agora.
Na parte final de sua participação no evento, José Moran destacou a importância de haver um espírito de equipe, coletividade e parcerias nas escolas e em uma rede municipal de educação. Afirmou: “quando tem alguém que manda e outro que obedece, tem execução, não envolvimento”. Lembrou, ainda, que educar e criar não são coisas nada fáceis, mas um desafio posto a todos os que acreditam na verdadeira educação.
Ponderou, ainda, que no pós-pandemia, os desafios se apresentam em forma de dificuldades e possibilidades. Que, com os recursos das novas tecnologias, tudo está ao nosso alcance para tornarmos a escola mais viva na aprendizagem. Que não somos professores de tecnologia, mas que sem elas não podemos mais atuar nas salas de aula.
Partilhou, ainda, o autor Mitchel Resnick e a Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa (https://aprendizagemcriativa.org/ ) como referências de sua fala e de suas aprendizagens. Por fim, Moran disse que, ao experimentar novas possibilidades de aprender e ensinar criativamente, também foi modificando a sua própria vida e existência.
Brindou os presentes ainda com bela frase de Paulo Freire:
“Precisamos contribuir para criar a escola que é aventura, que marcha, que não tem medo do risco. A escola em que se pensa, em que se cria, em que se fala, em que se adivinha, a escola que apaixonadamente diz sim a vida”.
Nós, professores e professoras da rede municipal de Passo Fundo, te aplaudimos e nos fortalecemos nos desafios da ação docente com tuas generosas e ricas falas e vivências, José Moran. Seguiremos em jornada, lembrando que tecnologias e metodologias nunca são um fim em si mesmas, mas sempre estarão carregadas de intencionalidade pedagógica (que seres humanos queremos formar?); sempre serão construídas por sujeitos aprendentes e seres humanos, também em formação: os professores e as professoras.
Escrever crônicas, com referências reflexivas, era uma prática do educador brasileiro Rubem Alves. É uma prática de sistematização, que ajuda muito na elaboração de aprendizagens, a partir de eventos ou encontros formativos.
Amemos a Maria e adoremos o fruto do seu ventre. E ainda que não comunguemos com sua devoção por parte de nossos irmãos católicos, que possamos respeitá-la e buscar compreender o contexto de onde emerge.
É deveras complicado para um evangélico entender a devoção mariana. E a coisa se complica ainda mais ao deparar-se com a multiplicidade de “Marias”. Afinal, quantas mães teve Jesus?
No México, ela aparece com feições indígenas a um índio asteca, sendo chamada de “Nossa Senhora de Guadalupe”. No Brasil, sua imagem com feições negras é encontrada por pescadores e recebe o nome de “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”.
Em Portugal, ela surge como “Nossa Senhora de Fátima”, cuja aparição teria sido testemunhada por três crianças. Em nenhum dos casos, ela foi vista por sacerdotes ou nobres.
Sem entrar no mérito dogmático, percebo aí uma busca que julgo autêntica por uma fé engajada e radicada no contexto cultural em que emerge. Essas múltiplas facetas de Maria visam atender ao anseio de rebelar-se contra os padrões vigentes.
Uma Maria negra desafia o flagrante racismo de uma era escravagista. Uma Maria indígena confronta os vergonhosos interesses dos conquistadores espanhóis. Não preciso endossar uma devoção popular para compreendê-la enquanto fenômeno social e psicológico.
As diversas aparições místicas podem ser vistas como projeções do inconsciente coletivo; o que, diga-se de passagem, não diminui em nada a sua importância. Mas de onde o inconsciente coletivo buscou material para dar a Maria as características que lhe são atribuídas? Por que surge negra no Brasil e índia no México?
Ao longo dos séculos, o inconsciente coletivo foi acumulando informações via tradição, bem como anseios e fantasias que, ao se mesclarem, produziram as múltiplas Marias, além de uma considerável diversidade de Cristos: Nosso Senhor do Bonfim, Nosso Senhor dos Passos, etc. Assim como em Israel, Deus era chamado de Iavé Jireh, Iavé Shamá, Iavé Tsedikenu, etc.
Obviamente, há um único Cristo, que por Sua vez, nasceu de uma única e bendita virgem. A tradição protestante não endossa qualquer devoção que não seja dirigida exclusivamente ao Deus Trino. Todavia, como profetizou o anjo que a visitou, Maria deveria ser honrada por todas as gerações.
Não faz sentido adorar ao Filho, negando-se a honrar à Sua bem-aventurada Mãe. E a melhor maneira de honrá-la é submetendo-se a seu Filho, bem como destacando suas inegáveis virtudes, dentre as quais, a humildade e a obediência.
Jesus é o único caminho que nos leva a Deus. Maria foi o caminho tomado por Deus para vir ao encontro dos homens.
O desprezo protestante a Maria é uma reação grotesca e exacerbada à devoção que se presta a ela. Deveríamos, antes, optar por uma postura idônea e equilibrada.
Amemos a Maria e adoremos o fruto do seu ventre. E ainda que não comunguemos com sua devoção por parte de nossos irmãos católicos, que possamos respeitá-la e buscar compreender o contexto de onde emerge.
No fundo, todos somos marianos, pois nos submetemos à instrução que ela deu aos serventes em Caná da Galileia: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2:5).