Professor não é palhaço e escola não é circo

Afinal, todos sabem: o grande problema da educação é o professor! Questões genéticas, sociais e estruturais da própria escola? Irrelevantes! Um bom educador supera tudo isso — e sempre com um sorriso no rosto. Ou melhor, fazendo palhaçadas!

Já mencionei, em outro texto, que cada época tem seus modismos na educação. Por modismo, refiro-me a essas ideias que surgem como soluções “revolucionárias”, métodos que prometem resolver todos os desafios educacionais, trazendo dignidade e respeito ao ensino.

Leia aqui: www.neipies.com/o-curioso-caso-dos-alunos-que-preferiram-os-livros/

Não critico os métodos em si — eles são necessários e, em muitos contextos, bem-vindos. O que questiono é a ênfase excessiva que se dá a eles, a idealização que os transforma em respostas definitivas, como se, sozinhos, pudessem reformar toda a educação.

Nenhuma educação autêntica acontece por meio da idealização, que rejeita a realidade em favor de imagens inalcançáveis ou artificiais. Toda educação genuína nasce do encontro entre professor e aluno, e do confronto de cada um consigo mesmo. Esse processo não é isento de conflitos — pelo contrário, envolve embates tanto subjetivos quanto objetivos, pois aprender exige esforço, questionamento e transformação.

A tendência atual são as metodologias ativas. E, antes que me acusem de rejeitá-las, ressalto que possuo formação específica na área. Entre as abordagens que mais aprecio e aplico, destaco a sala de aula invertida e o storytelling.

O problema é que as metodologias ativas têm sido reduzidas a uma ferramenta de facilitação — ou, pior, de aceleração — do aprendizado. Fala-se em educação como se ela devesse ser, obrigatoriamente, leve e divertida. Nessa perspectiva, o professor deixa de ser um mediador do conhecimento e se transforma em um mero facilitador de um aprendizado dinâmico e, claro, sempre divertido.

Como se resolver equações de segundo grau fosse uma experiência empolgante para todos. Como se ensinar Sêneca e o estoicismo não exigisse um esforço cognitivo que, inevitavelmente, causa certo desgaste. Como se aprender sobre sujeito e verbo fosse tão natural e prazeroso quanto pular em uma piscina numa tarde de verão.

Nesse cenário de aprendizado supostamente irresistível, onde todos estão sempre motivados, sedentos por conhecimento e incrivelmente felizes, a escola se transforma em um grande circo.

Os prédios e o pátio fazem as vezes de lona, e cada sala de aula vira um picadeiro — com seu palhaço particular: o professor.

— Venham, venham, crianças! Estudar é pura diversão! Aprender nunca foi tão fácil e emocionante!

Nesse contexto, aula expositiva? Nem por um minuto! Deus me livre! Poderia destruir, irreversivelmente, a sagrada motivação das pobres crianças.

Afinal, todos sabem: o grande problema da educação é o professor! Questões genéticas, sociais e estruturais da própria escola? Irrelevantes! Um bom educador supera tudo isso — e sempre com um sorriso no rosto. Ou melhor, fazendo palhaçadas!

Se antes aprender exigia foco, paciência e perseverança, hoje o que realmente importa são ambientes coloridos e a postura do professor. Questões estruturais relacionadas ao ensino? Irrelevantes. O aspecto político da educação? Simplesmente inexistente!

O agente transformador, capaz de minimizar todo o resto — problemas familiares, cognitivos e emocionais — de fato, é o professor. No entanto, para que isso aconteça, não basta adotar “metodologias ativas”. A verdadeira valorização da educação vai muito além disso.

Nós, educadores, precisamos sempre lembrar: professor não é palhaço e escola não é circo! Não devemos aceitar o papel medíocre que o mercado da educação muitas vezes tenta nos impor. A educação pode ser divertida, às vezes, mas, acima de tudo, é coisa séria!

Autor: Aleixo da Rosa. Também escreveu e publicou no site “Professores não sabem nada”: www.neipies.com/professores-nao-sabem-nada/

Edição: A. R.

Nunca somos: sempre estamos sendo professores e professoras

“Pessoas esquecem fatos, mas elas lembram das histórias.” (Joseph Campbell)

Sempre pensei que estava mais vocacionado e preparado para a atuar como docente junto aos jovens do Ensino Médio ou adultos em escolas de EJA (Escolas de Jovens e Adultos). Alimentei por mais uma década esta ideia, mas as circunstâncias e as oportunidades me levaram também para o exercício do magistério no Ensino Fundamental – séries finais -nos últimos anos.

Explico: em 1999, passei em concurso numa cidade próxima de Passo Fundo, RS, em Ciências Humanas nas séries finais do Ensino Fundamental, e não assumi por me julgar incapaz de atuar com crianças e adolescentes. Mas, recentemente, ao assumir cargo de professor de Ensino Religioso com crianças e adolescentes no Ensino Fundamental, descobri-me um educador aprendente, comprovando também estar habilitado para trabalhar com estudantes desta faixa etária.

Nem padre, nem religioso: sou professor: www.neipies.com/nem-padre-nem-religioso-sou-professor/

Em 2001, assumi meu primeiro Concurso como professor de Filosofia na Rede Estadual do RS. Já nos primeiros anos de atuação, fui desafiado a implantar o retorno do Ensino Religioso no Ensino Médio do Instituto Estadual Cecy Leite Costa, preparando-me através de uma Pós-Graduação “Especialização de Metodologia do Ensino Religioso”. Esta especialização promoveu mudanças e perspectivas importantes na minha trajetória docente. Atuei, desde então, nesta e em outras escolas, com componentes curriculares de Ciências Humanas como História, Sociologia, Filosofia, Ensino Religioso e Projeto de vida.

Construí, nestes 24 anos de história no magistério estadual, uma trajetória que julgo satisfatória. Atuei também como professor, Coordenador Pedagógico, Orientador Educacional e, mais recentemente, como Redator do Referencial Curricular Gaúcho do Ensino Médio, pelo componente Ensino Religioso que compõe Ciências Humanas. Nunca tive medo de desafios, sempre dentro da minha área de conhecimento, mas faço agora uma escolha para dedicar-me integralmente ao Ensino Fundamental, séries finais.

Ensino Religioso no Ensino Médio do RS: www.neipies.com/ensino-religioso-no-referencial-curricular-gaucho-do-ensino-medio/

A partir de 2025, assumo, com orgulho, por 40 horas, a função de professor do componente Curricular Ensino Religioso na rede municipal de Passo Fundo.

Meu reconhecimento, como estudioso deste componente curricular/área de conhecimento, pelos Concursos Públicos que este município realiza ao longo de mais de 3 décadas para selecionar professores habilitados e capacitados do Ensino Religioso.

Passo Fundo orienta rede municipal no Ensino Religioso: www.neipies.com/passo-fundo-orienta-rede-municipal-no-ensino-religioso/

Sou muito grato a tantas pessoas que me convenceram da importância do Ensino Religioso na formação integral do ser humano, a partir do ensino escolar. Na escola, o Ensino Religioso reconhece a diversidade religiosa brasileira, trabalha o conhecimento das religiões de uma maneira que favoreça o respeito e a tolerância com a fé alheia e busca conhecer valores comuns às diferentes religiões, na busca pela humanização.

Minha experiência de 20 anos como professor de Ensino Religioso, na rede Estadual e na rede municipal de Passo Fundo, é carregada de significados e iniciativas que fortaleceram minha formação pessoal, mas também a formação de tantos outros colegas que assumem o desafio de atuarem com este tão importante componente curricular na escola pública.

Durante os anos 2022, 2023 e 2024 participamos de processos de formação permanente de professores do Ensino Religioso em diferentes regiões do RS. Confira: www.neipies.com/professores-de-ensino-religioso-com-orgulho-e-por-opcao/

Reverenciamos Eduardo Galeano para finalizar esta crônica: “Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me diz que somos feitos de histórias”.

Autor: Nei Alberto Pies. Também escreveu e publicou “O mundo”: www.neipies.com/o-mundo-por-eduardo-galeano/

* Foto da capa créditos para Gazeta do Povo.

Edição: A. R.

Restrições do uso de celulares nas escolas: o que pensam professores e professoras?

Lei nº 15.100/2025 proíbe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos em escolas públicas e privadas do Brasil. A lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 13 de janeiro de 2025. A lei proíbe uso de celulares em todo o ambiente escolar, inclusive recreio e intervalo entre as aulas. No entanto, o uso é permitido em situações excepcionais como emergências, necessidades de saúde e para fins pedagógicos. 

A lei foi baseada no PL 4.932/2024, de autoria do deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS). Visa melhorar o desempenho escolar, a disciplina na escola, reduzir o bullying, favorecer a concentração nas aulas e promover maior interação social. 

Especialistas e estudiosos fazem debates e discussões sobre os desafios da implementação desta importante medida prevista nesta legislação. Escolas e redes de ensino estão definindo regras de aplicação desta legislação no Brasil afora.

Julgamos importante a escuta e o posicionamento de professores da educação básica, do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Por isso, procuramos um professor e uma professora que atuam diariamente na sala de aula, estudiosos ou especialistas da temática tecnologias e educação, para manifestarem seus pontos de vista sobre o tema, a partir da realidade das escolas da cidade de Passo Fundo, RS.

Para o professor Selmar Rodrigues, da rede municipal e estadual em Passo Fundo, RS, especialista em Mídias na educação e licenciado em Química, “o mau uso do celular pelos alunos na sala de aula é um problema que muitos educadores enfrentam no seu dia a dia. Mesmo com todo o potencial para ser uma ferramenta educativa, seu uso inadequado pode causar diversas consequências negativas para o aprendizado”.

Rodrigues concorda que a distração, falta de foco nos estudos, problemas de indisciplina, cyberbullying, dentre outros, são algumas das consequências que impactam a aprendizagem dos estudantes por mau uso dos celulares. Recorda, ainda, já ter passado por situações de desrespeito à autoridade do professor em sala de aula, quando tentou, em vão, não permitir o uso dos celulares em determinado período de suas aulas.

“Aos estudantes, falta a maturidade e a decisão de saírem dos celulares em momentos que o mesmo não faz parte da dinâmica da aula”, afirma.

No seu entendimento, há aspectos positivos do uso do celular nas aulas, tornando-o uma poderosa ferramenta pedagógica. Pode ser usado para acessar conteúdos educativos, realizar pesquisas rápidas, participar de atividades interativas e até colaborar em projetos em grupo. Além de poder gravar vídeos e sons, pode-se registrar fotos sobre diversos temas. O estudante ainda poderia fazer reportagens sobre problemas da comunidade em que está inserido.

Quando perguntado se acha que a lei facilitará a vida dos professores e professoras em sala de aula, respondeu que sim porque a lei, na verdade, vai regulamentar a relação dos professores e estudantes sobre o uso dos celulares em sala de aula.

O professor e especialista em Mídias na educação alerta para duas questões fundamentais para a implementação da lei:

a) a escola vai ter que se adequar de uma forma que o aluno possa ter um local apropriado para deixar o celular e retirar somente na saída;

b) e outra questão é o apoio dos pais e mães, entendendo que prioridade da sala de aula é a construção de conhecimentos e não o entretenimento.

***

Para a professora Graziela Bergonsi Tussi, da rede municipal em Passo Fundo, RS, Doutoranda em Informática na Educação, Mestre em Educação, licenciada em Geografia e Pedagogia, “a realidade do uso do celular é diferente em cada sala de aula. Enquanto alguns professores conseguem contornar a situação, outros não. Isso se deve a falta de limites e respeito de alguns estudantes, que, muitas vezes não respeitam a figura do docente”.

A professora acredita que todos professores já devem ter passado por situações desconfortáveis em sala de aula, hoje em dia é muito difícil perceber o limite do que é saudável e do que não é em relação às tecnologias, pois utilizamos smartphones o tempo todo, para praticamente todas as tarefas do cotidiano.

“Sempre converso com meus alunos sobre o horário de utilizar o telefone, e nos anos finais eles sempre colaboram. Claro que sempre tem aquele aluno que não quer saber, coloca embaixo da classe, joga durante a aula, mas é minoria, e na nossa escola os pais são muito presentes, nos apoiam e entendem quando chamamos a atenção deles quanto a isso”.

Ela destaca o papel da família, que é fundamental nesse processo, pois entender que eles estão lá para estudar é o primeiro passo. Nos Anos Iniciais, a maioria das crianças nem tem ou nem levam o telefone para a escola. Quando algum familiar precisa falar com alguma criança, os canais da escola (telefone e WhatsApp) estão à disposição, e são muito utilizados. Além disso, a escola possui uma agenda, o que facilita a comunicação, através de bilhetes e avisos. Também é importante destacar que a rede municipal de Passo Fundo tem internet e notebooks para que estudantes e professores possam utilizar a internet, sem que os celulares precisem ser utilizados todo o tempo.

Quando questionada sobre como ela avalia a nova lei que restringe o aparelho nas escolas, a professora destaca que restringir não é a solução dentro de sala de aula, pois nem todas as escolas ou redes de ensino tem a infraestrutura que Passo Fundo tem, e é preciso pensar no país, que é muito grande e de realidades socioeconômicas diversas.

“O que precisaríamos fazer é mudar a cultura de toda uma sociedade, mas não é um caminho fácil, então precisamos trabalhar com o que temos né? Os celulares possuem alguns aplicativos muito interessantes para o ensino, que ainda não foram desenvolvidos para desktop, e muitas crianças poderiam ter acesso. Também, durante uma aula, o aluno pode ter curiosidade sobre um tema que está sendo abordado e, em conjunto com seu professor, buscar as informações. Essa norma acaba com a autonomia do estudante, por exemplo”.

Por outro lado, o uso de telas recomendado pela OMS e pela UNESCO é de muito menos tempo do que eles utilizam em horário fora da escola. Esse debate cresceu nos últimos anos, e percebemos países desenvolvidos voltando atrás em medidas que usam as tecnologias, com algumas ações mais “tradicionais”.

A professora salienta também que é possível trabalhar assuntos relacionados a tecnologia sem usar computadores, explorando as ferramentas desplugadas e a criatividade, práticas já comuns na rede municipal de Passo Fundo, através da disciplina de Cultura Digital e dos espaços maker que a rede proporciona, mas destaca que esse é um passo que nem todas as redes de ensino deram.

Para finalizar, a professora destaca que “me chamou atenção na lei a garantia do direito dos alunos incluídos, ou seja, para estes alunos, caso necessitem adaptações, o uso do celular em sala de aula está garantido”.

Sugestões de subsídios para esclarecer e aprofundar a temática desta matéria:

Proibição dos celulares: como adaptar sua escola? https://youtu.be/F5N8wA6uOgg?t=94

Resenha do livro: A fábrica de cretinos digitais os perigos das telas para nossas crianças: https://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/15723

Edição: A. R.

Educação contra a barbárie

As lutas educacionais não podem parar quando a própria civilização está sofrendo “os impulsos regressivos”. Em síntese, nosso grande desafio é “desbarbarizar a educação”.

Como ressalta Fernando Cassio (p.16-21) na apresentação do livro que nos propomos a resenhar, “as ameaças à educação brasileira exigem a nossa energia para pautar um debate público” que seja capaz de ultrapassar as simplificações superficiais e homogêneas de “discursos eficientistas do empresariado e de suas assessorias educacionais”. Tal energia é necessária para promover um processo de “luta por escolas públicas democráticas, inclusivas, laicas e com liberdade de ensinar”, a qual depende de nossa capacidade e “disposição para defender projetos educacionais radicalmente democráticos”. Em síntese, nosso grande desafio é “desbarbarizar a educação” (p.15).

A coletânea Educação contra a Barbárie, lançada em 2019 pela editora Boi Tempo, organizada por Fernando Cássio (doutor em ciências pela USP e professor da UFABC) e com o prefácio de Fernando Haddad (ex-ministro da educação no período de 2005-2012, prefeito de São Paulo de 2013-2016 e candidato à presidência da República pelo PT em 2018), é composta por um conjunto de reflexões de autores e autoras que “não tem medo de dizer quem são os inimigos da educação no Brasil, de defender a educação como um projeto coletivo e de se contrapor às agendas educacionais ultraliberais, ultraconservadoras e reacionárias” (p.16).

A coletânea, composta de 26 ensaios, está organizada em três partes: na Parte I, intitulada de “A barbárie gerencial”, “desafia a mesmice dos discursos de assessorias, movimentos, institutos e fundações educacionais do empresariado brasileiro”, mostrando “o embuste das agendas educacionais empresariais, cada vez mais capilarizadas e indistinguíveis das políticas educacionais oficiais”.

Trata-se de um processo visível de “aniquilamento da educação como bem público”. Trata-se de uma barbárie gerencial que tenta destruir as escolas de fora para dentro (p.17); na Parte II, que tem por título “A barbárie total”, o conjunto dos textos examinam o projeto em curso que visa “arruinar as escolas a partir de dentro”, por meio da intimidação e perseguição ao professorado, pelo “negacionismo científico”, pela “militarização das escolas públicas”, pelo “desprezo ao conhecimento”, onde impera a “violência como currículo” e o “ódio como pedagogia”(p.18-19); na Parte III, intitulada “Educação contra a barbárie”, os ensaios tratam da “da disputa da escola e a retomada da pedagogia” como ferramenta para discutir as escolas coletivamente (p.19-20).

Não vou comentar aqui todos os ensaios que compõe a coletânea; apenas vou expor brevemente o teor de cada uma das três partes com o intuito de criar interesses nos leitores.

No primeiro ensaio da Parte I, intitulado “Contra barbárie, o direito à educação”, o educador e cientista político Daniel Cara, defende que “o direito à educação é, em um sentido geral e por consequência, o direito de todas as pessoas se apropriarem da cultura” como parte “essencial da condição humana” e como “uma necessidade para o pleno usufruto da vida” (p.26). Tal direito é ameaçado quando “as políticas educacionais das forças hegemônicas têm reduzido a educação a um insumo econômico ou a uma estratégia disciplinadora doutrinária” resultantes das “ações ultraliberais e dos ultrarreacionários” que tomaram recentemente o poder (p.27).

A segunda parte da coletânea, intitulada “A barbárie total”, é composta por um conjunto de nove ensaios. O primeiro deles, de autoria de Bianca Correa, “Educação na primeira infância: direito público x capital humano”, tece uma abordagem sobre o discurso que projeta a imagem das crianças como seres meramente biológicos, sob janelas de oportunidades exploradas de forma mercantil. Segundo Correa, essa lógica coloca as mulheres como protagonistas de um papel que no passado era tratado como dever materno e atualmente, diante de um jogo de interesses mercantis, projeta-se como um dever afetivo e econômico que chega a soar como uma chantagem emocional.

A terceira parte da coletânea inicia com o ensaio “Escola e afetos: um elogio da raiva e da revolta”, de autoria de Rodrigo Ratier, jornalista e doutor em educação pela USP. Para o autor, o foco “excessivo na dimensão racional, típica das sociedades ocidentais, varreu para detrás das cortinas a atuação dos sentimentos” (p. 152). No campo da educação, com a BNCC, há um retorno da abordagem dos sentimentos, porém, agora, como “competências socioemocionais”.

Ratier pondera que “falar de afetos e emoções na educação não significa, necessariamente, falar de competências socioemocionais” (p. 153). Por mais que se diga que a BNCC não é currículo, a curto prazo emerge um enorme desafio: “como trabalhar as tais habilidades socioemocionais se o tema não faz parte da formação inicial [dos professores] e, até recentemente, da capacitação em serviço?” (p. 153).

De acordo com o autor, apresentam-se dois caminhos. O primeiro que é a atuação intuitiva dos professores, que segundo algumas pesquisas, se baseia em recompensar o aluno pelo seu comportamento. O segundo remete as soluções pedagógicas do mercado editorial que promete com seus materiais didáticos resolver as dificuldades da escola com relação às emoções; o problema desses dois caminhos é o controle das emoções por obediência e comandos que vem de outras pessoas. Essa perspectiva de docilização do sujeito elimina as palavras “raiva”, “indignação” e “cólera”.

Ratier afirma com base em Paulo Freire, que a “escola transformadora não suprime a rebeldia e nem a condena”, ao contrário, “busca canalizar o rancor destrutivo para o questionamento das injustiças”. “A raiva e a rebelião são entendidas como parte do processo para a formação de indivíduos autônomos, capazes de crítica e reflexão” (p. 156). O autor conclui o ensaio com uma pertinente declaração do filósofo iluminista Condorcet: “a verdadeira educação faz cidadãos indóceis e difíceis de governar” (p. 157).

Uma análise conjunta dos ensaios que compõe a coletânea possibilita afirmar que se trata de uma competente reflexão sobre os distintos temas e problemas que envolvem a educação na contemporaneidade e sua leitura promove um juízo crítico sobre o rumo da que está em curso no Brasil. Uma leitura dos distintos ensaios possibilita problematizar o que vem sendo anunciado pela tomada de decisão de quem está governando o país, bem como compreender a atuação dos diversos atores que estão em cena neste contexto. Desejamos uma boa leitura a todos.

Além da obra organizada por Fernando Cássio, cuja referência completa está abaixo, indico o artigo “Que Auschwitz não se repita: quando a barbárie ronda o cotidiano” que escrevi em parceria com meu grande amigo Ricardo Cocco, egresso do doutorado do PPGEdu da UPF.

Segue o link de acesso:

https://www.researchgate.net/publication/360542011_QUE_AUSCHWITZ_NAO_SE_REPITA_QUANDO_A_BARBARIE_RONDA_O_COTIDIANO

Referências:

CÁSSIO, Fernando (org.). Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. São Paulo: Boitempo, 2019.

COCCO, Ricardo; FÁVERO, Altair Alberto. Que Auschwitz não se repita: quando a barbárie ronda o cotidiano. Revista Debates Insubmissos, Caruaru, PE, Brasil, ano 5, v.5, n. 16, jan./abr, 2022, p.12-33.

Autor: Altair Alberto Fávero. Também escreveu e publicou no site “Educar para humanizar e resistir à racionalidade neoliberal”: www.neipies.com/educar-para-humanizar-e-resistir-a-racionalidade-neoliberal/

Edição: A. R.

Educação ou Prisão? O futuro que escolhemos construir

A hipocrisia de acreditar que mais prisões resolverão o problema da violência precisa acabar. Vamos acordar! O Brasil não precisa de mais presídios; precisa de educação, inclusão e oportunidades para que o futuro de nossos jovens não seja traçado dentro de uma cela.

O governador Eduardo Leite discursou recentemente sobre o aumento do número de vagas em presídios, reformas no sistema carcerário e a ampliação do efetivo policial. No entanto, diante desse cenário, não podemos deixar de questionar: e a educação? Onde estão os investimentos em escolas reformadas, salários dignos para educadores, materiais didáticos atualizados, tecnologia em sala de aula, cursos profissionalizantes e políticas de combate à evasão escolar?

Se não priorizarmos a educação, essas novas vagas nos presídios serão rapidamente preenchidas. O Estado insiste em ignorar uma verdade incontestável: o que ele não atende, alguém atende. Assim, crescem as facções, os recrutamentos e a marginalização da juventude, que vê no crime a única oportunidade de sobrevivência e pertencimento.

É preciso coragem para admitir que a prisão não recupera, não previne o crime e tampouco garante segurança à sociedade. Aquele que hoje está encarcerado, amanhã retorna ao convívio social. E o que estamos fazendo para que esse retorno seja digno?

O sistema prisional, em sua estrutura falida, apenas acumula rancor, ódio e desejo de vingança. Se um número expressivo de pessoas volta a delinquir após o cumprimento da pena, não deveríamos nos perguntar o porquê, ao invés de apenas pedir mais prisões?

O que precisamos não são novas celas, mas sim oportunidades reais de transformação. Espaços profissionalizantes, escolas estruturadas, campanhas de reinserção social, incentivos para o acolhimento de egressos e políticas eficazes de combate à dependência química. Só assim podemos quebrar esse ciclo perverso que se repete há décadas.

A hipocrisia de acreditar que mais prisões resolverão o problema da violência precisa acabar. Vamos acordar! O Brasil não precisa de mais presídios; precisa de educação, inclusão e oportunidades para que o futuro de nossos jovens não seja traçado dentro de uma cela.

A solução duradoura para os problemas de convivência social não passa pela construção de novos presídios, pela propagação de mais ódio e violência e nem pelo endurecimento de nossas leis. A cura dos nossos males está na promoção da vida e da humanidade, através do cultivo do amor e do afeto. E na promoção da justiça. (Nei Alberto Pies) Leia mais: www.neipies.com/amizade-amor-e-afetos/

Autora: Vera Dalzotto. Esta é a primeira publicação de muitas outras que virão na sequência.  Sou Voluntária da Pastoral Carcerária Nacional, um serviço da Igreja Católica dedicado à evangelização e promoção da dignidade humana.

Edição: A. R.

Desarmar o coração e reconstruir a paz

E o Papa Francisco continua: “Desarmar o coração é um gesto que compromete a todos, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao pobre. Por vezes, é suficiente algo simples como um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito”, pois a paz não nasce dos acordos selados nos escritórios.

Todos sabemos, mas vale a pena lembrar: não é o ano que precisa ser novo; somos nós que precisamos renovar nossa escala de valores, atitudes, projetos, ações e relações; somos nós que precisamos abandonar as velhas lições e as roupas novas da meritocracia e da competição, que muito cedo se revelaram apertadas e inadequadas.

Nas lições sempre novas da cartilha cristã não encontram guarida mandamentos do tipo “cada um para si e Deus para todos”; “quem pode mais chora menos”; “o importante é levar vantagem em tudo”; “vícios privados se convertem em virtudes públicas”; “saúde é o que interessa, o resto não tem pressa”; “se queres a paz, prepara-te para a guerra”…

Voltemos nossa atenção à guerra, sereia que seduz navegadores em todos os mares e em todos os tempos. Ela é gerada no ventre inóspito da ambição desmedida, do medo irracional, da intolerância pandêmica, da livre concorrência revestida com as belas roupas da virtude. Ela nunca realiza o que promete, e, no fim, todos perdem.

Permitam-me levá-los novamente à exortação com a qual o Papa Francisco se dirige aos homens e mulheres de boa vontade na abertura deste novo ano civil: “Utilizemos pelo menos uma percentagem fixa do dinheiro gasto em armamento para a criação de um fundo mundial que elimine definitivamente a fome”. Ou a paz não merece esta chance?

Para que cheguemos, como comunidades e como humanidade, a essa meta ousada e necessária, precisamos desenvolver uma ampla gama de atividades educativas que nos ajudem a abrir os olhos às crises que nos rodeiam e elimine qualquer pretexto para competir e vencer o outro, vingar a ofensa recebida ou eliminar quem pensa diferente.

É duro, mas precisamos compreender que a meritocracia, oferecida como força propulsora do sucesso, pode ser uma arma perigosa que deve ser descartada definitivamente. Ela forma consciências arrogantes, que nos levam a atribuir a nós mesmos os créditos de tudo o que existe de bom e a deixar aos outros apenas os débitos.

Por isso, quando nos despojamos da arma do crédito e devolvemos o caminho da esperança a um irmão, contribuímos para a restauração da justiça de Deus e caminhamos juntos para a meta da paz, diz o Papa. Para desarmar o mundo e investir no combate à fome, precisamos “desarmar o coração” e superar a ideologia da meritocracia.

“Procuremos a verdadeira paz, que é dada por Deus a um coração desarmado: um coração que não se detém em calcular o que é meu e o que é teu; um coração que dissolve o egoísmo para se dispor a ir ao encontro dos outros; um coração que não hesita em reconhecer-se devedor e está pronto para perdoar as dívidas que oprimem o próximo”.

E o Papa Francisco continua: “Desarmar o coração é um gesto que compromete a todos, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao pobre. Por vezes, é suficiente algo simples como um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito”, pois a paz não nasce dos acordos selados nos escritórios.

Com estes gestos – pequenos, mas significativos – nos aproximamos da meta da paz. Caminhando juntos, perceberemos que já mudamos o nosso ponto de partida. “A paz não vem apenas com o fim da guerra, mas com o início de um mundo novo, no qual nos descobrimos diferentes e mais unidos, mais irmãos do que poderíamos imaginar”.

Autor: Dom Itacir Brassiani MSF – Bispo de Santa Cruz do Sul. Janeiro 2025

Edição: A. R.

Limpadores das cidades 

As pessoas, que não conhecem este mundo da limpeza, dirão que sua cidade é razoavelmente limpa.

Você já reparou no trabalho de limpeza de uma cidade? Todas têm algum tipo de serviço para retirar o que as pessoas colocam em sacos de lixo na calçada ou em containers. Também no que as casas de comércio descartam para retirar suas mercadorias, em caixas de papelão ou sacos plásticos.

As pessoas, que não conhecem este mundo da limpeza, dirão que sua cidade é razoavelmente limpa.

Em Passo Fundo há dezenas das denominadas carrocinhas de lixo, conhecidos como papeleiros, que todos os dias de manhã cedo até o entardecer, percorrem toda a cidade juntando todo o lixo descartado e que possa ter algum valor comercial (garrafas PET, plásticos, latas alumínio, papelão… ) na venda para os compradores de sucata. Sem eles, os caminhões de lixo das prefeituras não dariam vencimento ao volume e à dispersão, seja nas ruas centrais, seja nas vilas.

Sem esta gigantesca máquina, de pessoas anônimas (muitas acompanhadas de sua esposa, filhos pequenos, e os cachorros da família), a cidade ficaria suja e, certamente, aumentariam as doenças pelo lixo apodrecido ou que retém água para criação de mosquitos. Sem falar na criação de baratas e de ratos. Ganham dinheiro para sustentar suas famílias. Opção de vida ou necessidade pela baixa ou inexistente escolaridade e qualificação profissional?

E os cachorros que acompanham os catadores?

O que os leva a caminhar quilômetros, no sol ou na chuva, junto com seus donos? Certamente não é uma boa refeição, na rua ou onde seus donos trabalham.

Talvez a maior razão seja a liberdade e a atenção que recebem ou a segurança de estar com alguém que os protege. Que lhes dá atenção. Animais, são sensíveis à atenção e ao carinho. Na rua ou em casa.

Também pode ser por, simplesmente, gostarem de passear, de caminhar.

Há outros centenas ou milhares de limpadores das cidades e das áreas limítrofes. Todos esperando um maior reconhecimento e valorização, seja por sua remuneração ou por reconhecimento público de seu trabalho em prol de todos!

“Os sinais são claros, caminhamos para a autocombustão e explosão do sistema atual. A perspectiva é que se não houver mudanças drásticas no modelo de produção, essa civilização se afogará em seu próprio lixo”. (Ésio Francisco Salvetti) Leia mais: www.neipies.com/a-civilizacao-se-afogara-no-proprio-lixo/

Autor: Roque Tomasini. Também escreveu e publicou no site “Escola de pensadores”: www.neipies.com/escola-de-pensadores/

Edição: A. R.

Reflexões de dias iniciais de mais um ano

Em cada ano que começa, fizemos registros de todo tipo. Renovamos propósitos, projetamos ações, temos novas ideias, que se misturam com o saldo das antigas. No horizonte do tempo, aparecem lembranças, nem todas boas, mas são nossas.

Ao contemplar uma natureza acolhedora, sentindo o azul do mar envolto no azul do céu, sinto as melhores emoções. Observar a natureza, leva-me a refletir que, se bem cuidada, pode nos trazer todos os benefícios.

O pensar e o agir em relação à preservação do planeta torna-se um compromisso de sobrevivência nossa e dos que nos sucederem, através dos tempos.

Criar ou estimular uma cultura de cuidado é estabelecer vínculos de valores. Isso se faz necessário em relação à natureza, porque esses vínculos se estabelecem no cotidiano e na história de vida das pessoas, auxiliando na formulação de princípios. Cultivar valores, como o cuidado com a natureza e com todas as suas formas de vida é, sobretudo, estabelecer práticas de solidariedade e fortalecer convívios de cooperação inteligente, além das tecnologias.

Conseguiremos, portanto, deixar uma herança de cuidado e serenidade para as futuras gerações. Elas receberão uma natureza com vitalidade e frutos necessários para o bem viver.

Nossos filhos e netos se sentirão gratificados com essa herança, como um prêmio à vida.

Em cada ano que começa, fizemos registros de todo tipo. Renovamos propósitos, projetamos ações, temos novas ideias, que se misturam com o saldo das antigas. No horizonte do tempo, aparecem lembranças, nem todas boas, mas são nossas. Algumas ficam guardadas, outras esquecidas, na mesma dinâmica que a vida se renova na natureza. Tudo exige cuidado e busca do bem viver para que novas semeaduras, produzam novos frutos.

As dissonâncias, as dicotomias, os desacordos permitem as harmonias, os encontros, as serenidades. Tudo isso é a viagem da vida. Às vezes, calma e célere, escura e luminosa, opaca e transparente, tanto na terra, quanto nos oceanos. Construímos várias sínteses.

Sabemos, como afirma Frei Betto, que não veremos a colheita, mas não podemos desistir de sermos sementes. Semear não será em vão. Alguém irá se beneficiar e colherá os frutos das sementes que plantamos.

Um dos nossos desafios deste tempo é a continuidade do que faz bem. Ao assumirmos plantar as sementes necessárias, responderemos este desafio, tendo em vista os resultados preciosos para a continuidade da vida boa. Poderemos acreditar que a natureza agradecerá nosso legado.

Assim viveremos mais um dos nossos primeiros meses do ano.

Autora: Cecilia Pires. Também escreveu e publicou no site “Questões e reflexões sobre o corpo feminino”: www.neipies.com/questoes-e-reflexoes-sobre-o-corpo-feminino/

Edição: A. R.

Análise sobre a Educação Domiciliar – Homeschooling

O tema da Educação Domiciliar – Homeschooling – há alguns anos vem despertando calorosas discussões na sociedade brasileira, polarizando opiniões a favor e  contra.

A Educação Domiciliar é o formado do ensino feito em casa. Neste caso, os educadores podem ser os próprios pais ou tutores particulares. Dito de outra forma: a responsabilidade do processo do ensino e de aprendizagem das crianças e dos adolescentes recai sobre os pais, não sobre o Estado.

Do ponto de vista jurídico brasileiro, não temos uma lei específica sobre a educação domiciliar, os pais que queiram aderir a esse modelo de ensino precisam pedir autorização à justiça brasileira.

Apenas no Distrito Federal (DF) há a regulamentação do Homeschooling, que foi instituida pelo então governador Ibaneis Rocha (MDB) em 2021. Na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi enviado um projeto de lei para regulamentar a educação domicilar no Brasil. O projeto não avançou por falta de articulação política e estagnou com a pandemia de COVID-19.

A defesa da Educação Domiciliar começou a ser realizada por segmentos conservadores evangélicos e católicos de forma bem enfática. A leitura religiosa desses grupos a respeito deste tema consiste em afirmar que as escolas públicas brasileiras, por meio das suas diretrizes, sistemáticas de avaliação, metodologias, ideologias e gestão, não estão adequadas aos valores cristãos.

Outros argumentos utilizados por lideranças religiosas são que o ensino público brasileiro é essencialmente marxista. Os conteúdos ministrados seriam pensados por educadores de esquerda e influenciados por Paulo Freire. Logo, a escola brasileira, no processo de ensino-aprendizagem não estaria de acordo com os valores bíblicos e não permitiria a visão religiosa no contexto escolar.

A entrada desse tema no universo religioso, nada mais é do que a tentativa de domínio, por parte de setores religiosos-conservadores, das escolas brasileiras.

Argumentar que os conteúdos ensinados não estão de acordo com os valores bíblicos, implica em dizer que o debate da pluralidade de ideias, da democratização do conhecimento e da construção dos saberes entre professores e alunos, não pode ocorrer sem o aval dos ideólogos religiosos católicos ou evangélicos.

Segundo o pensamento cristão reacionário, o que ensinar, como ensinar e para que ensinar é uma prerrogativa da religião, cabendo ao Estado, por meio do ensino público, apenas executar. Isto é, a educação brasileira precisa ser subordinada aos interesses das instituições religiosas, dos seus padres e pastores. A ideia é formar crianças e adolescentes de acordo com os ditames confessionais das instituições cristãs conservadoras brasileiras.

A defesa da escola domiciliar por religiosos consiste, portanto, em ensinar a visão religiosas sobre os mais variados conteúdos e em demonizar aquilo que não comunga com seus ideais.

Autor: Dr. Marcos Vinicius de Freitas Reis

Pós-Doutor em Estudos de Fronteira pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Pós-Doutor em Ciências da Religião pela Universidade do Estado do Pará (UEPA). Doutor em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos. Docente do Curso de Mestrado Acadêmico em História Social da UNIFAP. Docente do Mestrado Profissional em História da Universidade do Estado do Maranhão (UEMA). Docente do Curso de História da UNIFAP. Líder do Centro de Estudos de Religião, Religiosidades e Políticas Públicas (CEPRES). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Religião, atuando principalmente nos seguintes temas: Religião e Política, Diversidade Religiosa na Amazônia.

Também escreveu e publicou no site “Presença da religião na política”: www.neipies.com/presenca-da-religiao-na-politica-brasileira/

Edição: A. R.

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