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As crianças precisam encontrar as suas próprias respostas

Mais do que ter respostas prontas às crianças precisamos saber como lidar com as suas perguntas. Muitas vezes elas são tão difíceis de serem respondidas por nós que não sabemos nem como orientá-las a procurarem as suas próprias respostas.

No seu belo poema “Cantiga quase de roda” Thiago de Mello nos diz: “na roda do mundo /lá vai o menino. O mundo é tão grande /e os homens tão sós. / De pena, o menino
começa a cantar. / (Cantigas afastam as coisas escuras.)”.

Que as nossas crianças nunca se sintam sozinhas no mundo ou mesmo em si próprias, pois com a companhia dos pais e das pessoas que as amam se sentirão seguras para fazerem perguntas e descobrirem os caminhos das respostas através de um mundo imaginário povoado por elementos que lhes sejam conhecidos ou criados a partir da realidade experienciada.

Toda criança gosta de fazer perguntas, de saber das coisas ao seu redor e até mesmo de si.

As crianças são cheias de dúvidas porque os seus pequenos mundos são muitas vezes incompreensivos e povoados por elementos que elas ainda não conhecem, que foram colocados lá por nós, adultos, que temos a mania de darmos ordens a elas. Sim, parece que as crianças são submissas aos adultos. Têm que fazer tudo o que mandamos, nos obedecer, não questionar as nossas ordens e muito menos reclamar senão se torna chata e birrenta como vemos muitas pessoas grandes dizerem por aí. Criança que pergunta demais incomoda, assusta, espanta, perturba o adulto que não pode perder tempo com bobagens.

Deixamos as nossas crianças a mercê de estranhos nas redes sociais, aos cuidados de pessoas que contratamos para ficarem com elas enquanto trabalhamos ou entregues aos seus professores. Não dedicamos mais tempo para os nossos filhos porque estamos abarrotados de trabalho e precisamos cada vez mais trabalhar e trabalhar.

Já não temos mais tempo para um lazer com as nossas crianças, para escutarmos as suas conversas que são tão bonitas e encantadoras. Estamos apressados para tudo. Temos pressa para o amanhã e estamos sempre atrás de um novo amanhã. Corremos como se fôssemos animais em busca de uma presa que não pode ser perdida, o trabalho.

Como consequência dessa nossa pressa, não podemos perder tempo com as perguntas das nossas crianças e respondemos para elas qualquer coisa que vem às nossas cabeças. Não! Não façamos isso nunca mais!

Deixemos que as nossas crianças descubram as suas próprias respostas.

Façamos como Sócrates fazia com os seus jovens alunos nas praças públicas de Atenas na antiga Grécia, ou seja, deixemos que as crianças descubram novas questões em cima das que elas nos perguntarem. A descoberta de uma resposta por si mesma incentiva a criança na prática da investigação e do pensamento crítico e reflexivo.

Quando a criança descobre as suas próprias respostas ela amadurece no seu pensar, povoa o seu mundo com elementos que serão escolhidos a partir das suas experiências e sente-se à vontade para opinar e fazer escolhas, mesmo as mais difíceis.

A criança que aprende a buscar as suas próprias respostas está sempre pronta para conversar sobre as suas emoções e falar do que sente e do que precisa quando é interrogada ou quando lhe acontece algo do qual não gostou.

Não seja o pai ou a mãe sabe tudo. Espere a criança processar a sua pergunta, experienciar o momento da sua questão consigo mesma, fazer-se silêncio por fora enquanto por dentro uma outra grita e busca a sua própria resposta seja nos seus livros paradidáticos seja nos seus brinquedos ou com o coleguinha.

Você sabe o quanto é maravilhoso descobrir algo com os nossos próprios esforços. Assim também se sente a criança que descobre uma resposta para algo que lhe intrigava.

Mais do que ter respostas prontas às crianças precisamos saber como lidar com as suas perguntas. Muitas vezes elas são tão difíceis de serem respondidas por nós que não sabemos nem como orientá-las a procurarem as suas próprias respostas. Ficamos intrigados, aborrecidos e decepcionados conosco quando não sabemos ajudar as nossas crianças. Mas, isso é o importante no processo que envolve pais, professores, crianças e o mundo de possibilidades das questões que elas trazem dentro de si.

Conforme a psicanalista Elisabeth Roudinesco, a curiosidade deve ser abraçada pelos adultos, pois respondendo às perguntas das crianças, se cria uma relação de transparência e honestidade, e também se estimula a sede por conhecimento. Assista: https://youtu.be/7L2GYaEk83k?t=66

Quando não soubermos dizer as respostas, pelo menos abrirmos caminhos junto com a criança para que possamos descobrir a resposta através de um diálogo intrigante, curioso e lúdico. Que a criança possa descobrir a resposta junto conosco através do seu bem viver consigo e com o mundo ao seu redor brincando e fazendo o que gosta o que sempre virá a ser bom para ela e que possa decidir o que é ser bom para si.

A criança curiosa está sempre atenta a tudo ao seu redor.

Não é que ela esteja se envolvendo com assuntos de adultos, ou esteja crescendo rápido demais. Ela está na sua idade ideal. Tudo nela está em ordem. Ela só apresenta mais curiosidade diante das outras e isso também é normal. Essa criança é mais observadora, mais criteriosa nas suas decisões e escolhas, mais crítica e mais reflexiva quando se trata de tomadas de decisões que vão modificar o seu viver.

Muitos pais e professores pensam que as crianças são bobinhas e tolas. As crianças do mundo contemporâneo não se iludem mais com lobos maus ou branca de neve. Elas com poucos meses de idade estão assistindo televisão e descobrindo que podem gritar além de chorar. São crianças que logo vão começar a crescer e ir atrás de um mundo onde o consumo e as mídias estão cada vez mais sendo atrativos para elas. Os diversos jogos eletrônicos educativos disponíveis nos celulares despertam a criança para questões que antes deles não eram possíveis pensarmos.

Assista: 08 virtudes que você pode ensinar a seus filhos e filhas: https://youtu.be/U4Bf-n5hAXE?t=117

Vivemos uma era em que a tecnologia da informação é a terceira pessoa mais próxima da criança depois dos pais.

Não podemos deixar as nossas crianças sozinhas em lugar nenhum. Além de correrem o risco de se machucarem, ainda podem sofrer violências com estranhos. Precisamos ensinar as nossas crianças a darem respostas para esses estranhos que aparecem nas redes sociais, no caminho da escola ou como pessoas boazinhas, muitas vezes, no seio da própria família.

A criança deve sempre saber a verdade sobre as coisas.

Claro que numa linguagem de fácil acesso, mas nunca sem mentiras. Toda mentira quando é descoberta machuca e pode criar traumas. Ainda existem pais que contam para os seus filhos a história da cegonha e isso é uma mentira que acaba prejudicando a aprendizagem da criança.

Toda história pode ser contada a uma criança desde que se saiba contá-la. Não contaremos é claro histórias de violência ou de crimes bárbaros. Só se ela nos perguntar. Ainda assim trataremos da questão com cuidado e carinho. É no saber falar com a criança que ela descobre as suas próprias respostas. Não precisamos fazer com que parem de nos perguntar dizendo que estamos cansados. Um pouco de atenção é tão bom para quem precisa de uma orientação nossa. Lembre-se de que você também já foi criança e teve as suas questões.

Nenhuma pergunta é boba que não tenha resposta.

A criança muitas vezes que tem uma pergunta simples pode estar começando a amadurecer o seu pensamento, despertando para o mundo, aprendendo a lidar com as coisas ao seu redor. Ela precisa obter respostas que a ajude a crescer emocionalmente dando-lhe a possibilidade de desenvolver o seu lado cognitivo muito mais rapidamente.

No benquerer da criança cabe todo mundo que lhe acolhe e cuida dela. Se você é pai ou mãe e não oferece esse acolhimento ou cuidado pode estar dando a oportunidade de um estranho fazer isso por você. A resposta que o seu filho precisa não é um “porque é assim” ou “porque é o certo”.

Quando a criança faz uma pergunta, na verdade, ela quer entender como começar uma conversa com você e saber da sua opinião a respeito daquilo que ela não compreende o motivo de estar ali ou ser aquilo ali.

Para a criança criada com cuidado e amor o verbo “ser” ainda é mais presente do que o “ter”. Ela sabe mais do que ninguém que é amada, é feliz, é linda e é o que de mais belo existe para nós A ela não importa ter brinquedos caros, roupas de grife, morar em bairros de classe alta. Nas suas perguntas sempre o “ser” está presente muito mais do que o “ter”. Observe a sua criancinha e perceberá como ela se comporta diante destes dois verbos.

O ser deve vir antes de tudo na vida da criança para que cresça sempre pensando no autocuidado e no cuidado com o outro. Para que as suas respostas ao mundo e as pessoas ao seu redor sejam cuidadosas e tenham respeito pela opinião alheia. Que seja conhecida pelos seus feitos e pelos seus esforços. Sim, crianças também fazem coisas excepcionais.

As respostas das crianças surpreendem muitas vezes pais e professores demonstrando um amadurecimento muito maior do que o esperado para a sua pequena idade. Essas crianças precisam de mais atenção e cuidados pois nas suas respostas já percebemos que estão conectadas com o mundo e com as coisas que acontecem ao seu redor, assim tendem a se envolverem mais emocionalmente com os problemas dos adultos e a criarem para si dificuldades que não saberão como resolver.

Não é bom respondermos as perguntas das crianças nunca, assim sem darmos um tempo para pensarmos o que aquela ou essa pergunta quer mesmo nos dizer, sim porque por trás de toda pergunta existe um acontecimento, um desabrochar, uma esperança, uma curiosidade que não se cala, principalmente quando estamos cansados, aborrecidos ou com raiva de alguma coisa. Deixemos que elas descubram por si próprias, mesmo que a pergunta seja intrigante e necessite de uma resposta saiba como conduzir a sua busca de uma forma que a reflexão e a criticidade estejam sempre presentes.

Se você ama a sua criança, cuide dela com amor e atenção.

Respeite os seus momentos de querer ficar sozinha, ela também precisa muitas vezes de silêncios, pois neles ocorre o movimento do pensamento que está sempre a observar a realidade e a querer conhecer um pouco mais do que ocorre consigo.

Se a sua criança não é muito de fazer perguntas não ache isso estranho. Ela não é diferente das outras. Só está curtindo o seu momento de silêncio diante de você. Um dia, quando se sentir pronta para perguntar ela se aproximará de você e vai fazer com grande naturalidade a sua questão. Há crianças que preferem apenas observar e nada falam, nada comentam. Elas ficam quietas nos seus pequenos mundos preenchendo-os com as suas grandes experiências, uma vez que tudo se torna gigante no descobrir de coisas essenciais ao seu bom viver, para mais tarde nos apresentarem o que aprenderam dentro e fora da escola.

A criança que não pergunta não é menos inteligente do que a que vive a perguntar. Nem é boba. E nem por isso precisa de tratamento especial. Ela está curtindo a sua vida como qualquer outra: brincando, correndo, pulando e se divertindo. Não sentiu a necessidade ainda de fazer perguntas, mas chegará o dia de fazer. É só uma questão de tempo. O ser humano é movido pelas perguntas. Todos nós temos dúvidas.

Aprendamos a respeitar as perguntas das nossas crianças deixando-as que descubram as suas próprias respostas abrindo um caminho propício e acolhedor para isso. Não que as deixemos ao deus dará. Nunca. Mas, que elas possam se inquietar e se intrigar diante das bonitezas e feiuras do mundo ao seu redor. A alegria de descobrir uma resposta por si mesma vale a pena quando aparece o sorriso no rosto e o brilho no olhar de quem tem apenas a idade de brincar.

Fiquemos com a frase do nosso querido poeta do Pantanal brasileiro Manoel de Barros que nos diz “As coisas que não têm nome são mais pronunciadas por crianças.”

Que as crianças encontrem respostas para essas coisas sem nome e para aquelas com nomes também; o que importa é que possam pensar livremente como se estivessem brincando ou correndo por um parque sem preocupação se as respostas estão certas ou não, afinal o tempo tratará de as informar tão logo estejam preparadas para a realidade.

Autora: Rosangela Trajano

Edição: Alexsandro Rosset

“Crie o Impossível” é mais uma cartada do governo para a privatização da educação

Em meio a um cenário caótico na educação estadual, no último dia 03 de junho, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) foi uma das promotoras do evento “Crie o Impossível”, organizado pela ONG Embaixadores da Educação, que visa “inspirar” alunos(as) de Ensino Médio da rede pública. 

Amplamente divulgado pela grande mídia gaúcha como “a maior aula aberta” do Brasil, o evento esconde em seu escopo uma propaganda descabida do novo Ensino Médio e seus ideais de empreendedorismo. 

Durante a ação, onze palestrantes contaram suas trajetórias e como ao empreender, “venceram” na vida. O empreendedorismo, caminho para um mercado precarizado e sem garantias, consta nas competências gerais da reforma do Ensino Médio.

Com uma formação básica ainda mais esvaziada – História do Brasil, por exemplo, não aparece no currículo que é repleto de menções ao marketing – o que percebe-se é um ensino cada vez mais voltado para a vontade dos empresários e a criação de mão de obra barata. Os egressos do novo Ensino Médio formarão uma massa trabalhadora acrítica e apática, que não questionará a sua condição social.

Além da ONG Embaixadores da Educação e do Sebrae, diversas entidades representantes de movimentos que mascaram intenções privatistas, com ideais de filantropia e empreendedorismo social, estão por trás do “Crie o Impossível”.

O evento deixa claro o objetivo da gestão atual: repassar funções e responsabilidades que seriam do governo para instituições do terceiro setor. As próprias formações dos professores(as) que ministram o novo currículo já são promovidas pelo Sebrae, em um cenário onde o Sistema S ganha cada vez mais espaço na educação que deveria ser pública.

Até o momento, o CPERS tem conhecimento de um gasto em torno de R$ 171 mil de verba pública com o evento. Dinheiro esse que poderia estar sendo investido em alguma obra emergencial, dentre as várias necessárias na rede pública.

O que percebe-se é que o evento serviu para mostrar aos alunos(as) das escolas estaduais que um futuro empreendendo é mais valioso que o investimento em uma universidade.

Em recente reportagem publicada pelo Sindicato, conversamos com estudantes e educadores(as) das escolas piloto do projeto e a conclusão é somente uma: o Novo Ensino Médio se trata de uma reforma inadequada, apartada do contexto social e da realidade das instituições de ensino estaduais e coloca em risco o futuro dos estudantes. 

“Na minha turma, alunos que estudavam desde o Ensino Fundamental pediram transferência para outra escola que ainda não implantou esse novo Ensino Médio. O principal motivo foi pela retirada de algumas disciplinas que  são consideradas importantes para quem visa fazer um vestibular como o Enem”, explica a aluna do 3° ano do Ensino Médio do CE São Patrício, escola-piloto de Itaqui, Larissa Serres Espinosa.

O CPERS defende a revogação do novo Ensino Médio e a construção de uma nova proposta com ampla discussão do tema com a sociedade através da instalação de Conferências Municipais, Estaduais e Federais para a construção de uma proposta educacional nacional.

É urgente envolver toda a comunidade escolar, incluindo pais e alunos(as), na defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade, com gestão democrática e comprometida com a formação integral do cidadão. 

Para criar o impossível, é preciso uma política real de redução das desigualdades, com investimentos constantes na manutenção e qualificação dos equipamentos públicos que compõem a rede, bem como na valorização dos educadores(as).

FONTE: https://cpers.com.br/crie-o-impossivel-e-mais-uma-cartada-do-governo-para-a-privatizacao-da-educacao/

FOTO Matéria: Crie o Impossível /DIVULGAÇÃO/RS/JC

Autor: CPERS SINDICATO

Edição: Alexsandro Rosset

Filosofia para não ser idiota

Como enfrentar a idiotice e ajudar os idiotas a superarem sua condição de imbecilidade? Confira algumas pistas.

A palavra idiota frequentemente é pronunciada no cotidiano. Quando queremos xingar alguém ou depreciar alguma atitude dizemos que fulano é um “verdadeiro idiota” ou de que tal “atitude foi idiota”, ou ainda “agir de tal maneira é idiotice”. Se formos ao dicionário veremos que idiota significa “pouco inteligente, estúpido, ignorante, imbecil”.

Na Psiquiatria, o idiota é aquele que sofre de “idiotia”, que é o diagnóstico atribuído ao indivíduo mentalmente deficiente, pois possui um avançado atraso mental devido a lesões cerebrais. Na condição de “estado de idiotia profunda”, o portador dessa patologia tem suas capacidades vitais reduzidas e, portanto, não é capaz de tomar as próprias decisões.

Ninguém gosta ou quer ser chamado de idiota. Pior ainda é ser considerado ou ser tratado como idiota. Ser idiota é ser considerado inferior, tolo, estupido, desprovido de bom senso e de inteligência. A pessoa idiota é desprezada, inferiorizada, excluída.

Ter atitude de idiota significa ignorar ou conhecer os fatos, ficar alienado diante dos acontecimentos, não saber o porquê das coisas, fazer julgamentos preconceituosos e “agir de forma cega” diante de certas situações.

Nos comportamos como idiotas todas as vezes que somos enganados por quem quer que seja. Mas o pior de tudo é que geralmente os piores idiotas não tem consciência de sua própria condição e acreditam que são inteligentes, espertos, “cidadãos exemplares”; os idiotas são “os outros”.

Se prestarmos atenção, com cuidado, veremos que a idiotice tomou conta do cotidiano.

Em tempos difíceis como os que estamos vivendo, em que a ordem das coisas foi assaltada por uma crise generalizada de seguira moral, a atitude de idiota se faz sentir em todos os lugares. Não é necessário fazer grandes esforços para perceber os idiotas de plantão.

As redes sociais, por exemplo, é um dos lugares onde mais se faz sentir a idiotice em ação.

Sobre isso tem razão o grande pensador e escritor italiano Umberto Eco quando diz que “as redes sociais dão o direito à palavra a uma legião de imbecis, que antes falavam apenas em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade. Normalmente, eles [os imbecis] eram imediatamente calados, mas agora eles têm o mesmo direito à palavra do que um Prêmio Nobel”.

Vejo, com frequência, idiotas postando ou compartilhando nas redes sociais idiotices de todos os tipos e recebendo curtidas imediatas de uma legião de outros idiotas. Atitudes de preconceito, racismo, injúrias, fake News, mentiras e tantas outras formas de manifestações idiotas que nos causam a sensação de que a idiotice tomou conta da vida.

Existem diversos tipos de idiotas e diversas formas de expressar a idiotice. Faltaria espaço neste escrito para realizar uma lista completa. A título de exemplo gostaria apenas de distinguir dois tipos: o idiota inocente e o idiota destrutivo.

Penso que o primeiro, como o próprio nome diz, é inofensivo e talvez o remédio para este tipo seja a educação, a instrução, a leitura, a informação adequada, o bom senso; quanto ao segundo, penso que temos que tomar cuidado, pois como o próprio nome diz, ele é destrutivo, violento, agressivo, mal intencionado, ardiloso, prepotente, machão, imbecil no mais alto grau. Geralmente esse tipo de idiota acredita que é dono da verdade e quer impor suas idiotices aos outros.

Mas como enfrentar a idiotice e ajudar os idiotas a superarem sua condição de imbecilidade?

Penso que a formação e o pensamento crítico seja uma das mais importantes e promissoras terapias para enfrentar a idiotice. A escola de qualidade pode se tornar a melhor ferramenta para construirmos uma sociedade com menos idiotas e menos idiotices.

Se hoje somos governados por idiotas e se a idiotice está tomando conta do cotidiano, talvez seja urgente promovermos processos formativos que nos ajudem na batalha para não sermos dominados e escravizados pelos idiotas que se apossaram do poder e ditam as regras para toda a sociedade.

Quando um idiota age no âmbito restrito, seus estragos podem ser inofensivos; mas quando um idiota está no poder de uma instituição, quando é eleito para cargos legislativos e executivos, seus estragos podem ser desastrosos e destrutivos. Exemplos não faltam no tempo presente.

O pensamento racional filosófico, cuidadoso, abrangente e crítico nos ajuda a enfrentar o medo e construir espaços de socialização condizentes com uma vida saudável e de qualidade. Leia mais: https://www.neipies.com/filosofia-para-enfrentar-os-medos/

Autor: Dr. Altair Alberto Fávero

Edição: Alexsandro Rosset

Cáritas, 60 anos de trabalho, resistência, esperança e profecia!

Em sessão solene, realizada na Câmara de Vereadores de Passo Fundo no dia 22 de junho de 2022, por proposição do Vereador Israel Kujawa, Luiz Costella, Colaborador da Cáritas, manifestou-se pela entidade, como segue.

“Agradecemos à Câmara Municipal de Vereadores, na pessoa de seu Presidente e do Vereador Israel Kujawa pela homenagem aos 60 anos de trabalho da Cáritas. É reconhecido o compromisso e o papel da Câmara de Vereadores no apoio às entidades sociais.

Agradecemos a Bondade de Deus, que permitiu à Cáritas poder existir e fazer o bem para tantas pessoas, grupos e comunidades nestes 60 anos, bem como às milhares de pessoas que dedicaram e dedicam parte de sua vida assumindo a ação da Caridade, solidariedade e compromisso social.

“Cáritas” é uma palavra com origem latina, que se tradução por “caridade/amor”.

Como Organismo da Igreja, existe há quase 80 anos, tendo iniciado na Europa. Foi oficializada pelo Cardeal João Batista Montini, que veio a ser escolhido Papa Paulo VI, e hoje está presente em mais de 200 países, com caráter eclesial e também de assistência social.

A Cáritas se organiza de diferentes formas, de acordo com os clamores sociais, em vista de atender à realidade do local onde ela está.

Por sua maneira de ser e agir, a Cáritas vai mostrando suas diferentes feições, de acordo com a realidade do local onde ela está inserida, seja nas regiões de emergência naturais ou sociais, nas regiões de conflito, na acolhida aos migrantes, na promoção das pessoas excluídas, no combate a fome, nos projetos comunitários…

No Brasil a Cáritas Brasileira está organizada em 12 Regionais diferentes, com aproximadamente 170 Cáritas Diocesanas e Arquidiocesanas.

Na Arquidiocese de Passo Fundo iniciou em 1962, pelas mãos do Primeiro Presidente, o então Bispo Diocesano Dom Cláudio Colling.

Durante algum tempo a história da Cáritas se identifica (e de certa maneira se confunde) com a história da Assistência Social Leão XIII, instituição que coordenou por 16 anos, de 1972 até 1988.

O primeiro Diretor da Cáritas foi o Pe. Paulo Farina, que dividia seu tempo entre a Fundação Beneficente Lucas Araújo, Rádio Planalto e Cáritas.

Durante algum tempo a sede da Cáritas foi junto a Fundação, depois no Centro de Pastoral, depois junto a Leão XIII, até ter sua sede própria na Rua Paissandu, em frente a Escola Estadual Nicolau de Araújo Vergueiro.

Como serviço e organismo pastoral, a Cáritas tem sua atuação na região da Arquidiocese, se insere no planejamento arquidiocesano, tendo seus Bispos e Arcebispos como Presidentes- atualmente nosso Arcebispo Dom Rodolfo Luis Weber.

A sua Missão atualiza de acordo com as transformações e mudanças sociais. Hoje a missão da Cáritas é

“Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social”

Suas primeiras ações foram voltadas à demanda da distribuição dos alimentos do programa aliança para progresso (também chamado de aliança para a paz), um programa criado pelas Nações Unidas após a segunda guerra mundial, para atender e reabilitar as nações atingidas.  

Desde o início a Cáritas faz atendimento social com alimentos, agasalhos e preparação para o trabalho. Também é lembrança de muitas pessoas em Passo Fundo o caminhãozinho do “Mensageiro da Caridade”, que recolhia donativos, bem como produtos recicláveis, e fazia a redistribuição para as famílias que necessitavam.

No início dos anos 80 depois do Congresso de Cáritas com o tema “Fé cristã e compromisso social”, foi desafiada a dar passos para além disso… a desenvolver o trabalho com uma metodologia inspirada na caridade que promove, que leva as pessoas à organização e ao engajamento nas Comunidades e o compromisso com a solução dos problemas sociais, desafiando ações emancipatórias, sem, contudo, esquecer sua ação permanente junto às emergências sociais e naturais, pois continua fazendo o atendimento às necessidades básicas: alimento, agasalho, moradia, dentre outros.

O incentivo aos projetos de geração de renda, alternativas comunitárias com base no associativismo e na economia solidária. A organização de grupos para a produção e comercialização: hortas comunitárias, produção de panificados, artesanatos, costura, reciclagem, saúde alternativa, agroecologia, agroindústrias e muitas outras formas vão possibilitando que as pessoas tenham alternativas econômicas e sociais.

A Cáritas não quer acompanhar estes grupos para sempre, porque eles devem ganhar vida própria, e possibilitar que se possa ajudar outras pessoas, outros grupos… estando em outros locais, que também precisam de uma ajuda inicial como impulso para ações emancipatórias, participação comunitária e engajamento em projetos de desenvolvimento social.

Através da mobilização e apoio aos movimentos e organizações populares, a Cáritas envolve-se nos debates articulados com a sociedade civil e os poderes públicos, participando na construção de políticas públicas voltadas ao interesse da população mais excluída. São formas de construção da ética e da cidadania que se dão através dos conselhos paritários, fóruns de representação popular. Os principais focos são a saúde, a assistência social, o desenvolvimento, a segurança alimentar, as pessoas com deficiência e os direitos humanos.

Acreditamos no desenvolvimento solidário e sustentável, porquanto propomos programas de promoção e fortalecimento de uma economia solidária, projetos alternativos que buscam fazer frente a falta de trabalho e renda, a preservação do meio ambiente, ao cuidado com a vida, a terra, a água e o alimento, seja pela ação de grupos urbanos ou rurais.

A promoção da agroecologia e da comercialização direta através de feiras, além de fornecer aos consumidores produtos diferenciados, alimenta ações transformadoras, e como resultado concreto está a valorização das pessoas, o respeito e preservação da natureza, a geração de renda e o resgate da dignidade humana.

A organização dos grupos de mulheres nas periferias é uma realidade que faz frente ao desemprego e à falta das condições básicas, que geralmente recaem mais sobre a mulher. Nos grupos, ela busca a valorização pessoal e familiar, o aprendizado, inserção comunitária e conquistas de políticas de atendimento à mulher vítima de violência.

As Equipes Paroquiais de Cáritas, hoje presentes em 18 paróquias de nossa Arquidiocese, cada uma com seu jeito e de acordo com a realidade, realizam a missão da Cáritas junto às populações empobrecidas. São expressões de vivência do Evangelho. As equipes fazem o atendimento da população e ajudam na elaboração de projetos comunitários com recursos provenientes dos diversos fundos solidários disponíveis.

Os agentes voluntários são capacitados para que desenvolvam suas ações, seja através de coletas, projetos ou administração de recursos e bens, organizando e animando as práticas de solidariedade.

Aqui e em todos os locais onde a Cáritas está organizada, ela busca inserir seu planejamento de forma engajada na construção de políticas públicas, animação do serviço de solidariedade, e no atendimento às situações emergenciais.

Junto com a Arquidiocese de Passo Fundo, e com o objetivo de apoiar pequenos gestos e projetos, foi criado no ano de 2000 o Fundo de Solidariedade que já apoiou mais de 250 iniciativas, que beneficiaram 37.000 pessoas, na Geração de renda e economia solidária, educação para a solidariedade, resgate da dignidade humana, saúde, apoio a população em exclusão social, e meio ambiente e reciclagem.

Estes recursos são frutos da partilha das famílias que participaram das comunidades, por ocasião da Campanha da Fraternidade promovida pela Igreja Católica.

Os projetos atendem crianças e adolescentes, idosos, mulheres, famílias, migrantes, indígenas e quilombolas, agricultores e assentados, trabalhadores urbanos e desempregados, dependentes químicos, catadores, organizações, pastorais e movimentos.

Importante ressaltar que todo o trabalho é desenvolvido como Igreja católica, de forma ecumênica e inter-religiosa, sem discriminação de religião, raça, cor ou sexo.

A Cáritas trabalha em parceria com entidades, universidades, cooperativas, poderes públicos.

Destaca-se projetos parceiros com assentamentos da reforma agrária, Feira Ecológica, Associação das entidades do Projeto TransformAção, Feiras de economia solidária, Mostras de Ações sociais solidárias na Romaria Arquidiocesana, Espaço Solidário, dentre outros.

Anualmente, o trabalho da Cáritas beneficia aproximadamente 20 mil pessoas. Centenas de pessoas doam-se voluntariamente nas diversas equipes, nos grupos de geração de trabalho e renda, nas coletas e distribuição de donativos, no auxílio à superação da exclusão social junto a populações empobrecidas, em diferentes realidades e formas, cada uma ajudando e fazendo sua parte.

É uma alegria poder contar ainda com três dos primeiros colaboradores da Cáritas na Arquidiocese, que integravam a equipe coordenada pela Pe. Paulo Farina, no início:

– Srª Nadir Longhi e Srª Celanira Lopes. – Não conseguiram se fazer presentes neste evento.

– Sr. Celson Scheffer Salles – Que se encontra aqui conosco.  Em seu nome, Celson, nosso agradecimento a todos os agentes de Cáritas que construíram esta história de 60 anos… Muito, muito obrigado a você e todos.

Obrigado, Vereadores, por este momento! Obrigado aos agentes de Cáritas, autoridades e demais pessoas presentes.

Finalizamos com uma cantiga de Cáritas, cuja composição foi feita por José Magalhães (que já foi Diretor da Cáritas Brasileira, hoje trabalha na Cáritas Internacional) e gravada em quatro idiomas diferentes”.

Acesse aqui: https://www.facebook.com/caritasbrasileira/videos/a-m%C3%BAsica-que-embalou-a-21%C2%AA-assembleia-geral-da-c%C3%A1ritas-internacional-%C3%A9-uma-compo/353780961944314/

Sobre a Sessão Solene:

O Legislativo Municipal realizou na noite desta quarta-feira (22) uma Sessão Solene em homenagem à Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo, em reconhecimento aos seus 60 anos de forte atuação na assistência social, na defesa dos direitos humanos e no desenvolvimento solidário e sustentável de políticas públicas. A proposta foi uma iniciativa do vereador Israel Kujawa (PT), aprovada por unanimidade por todos os demais parlamentares.

Compondo a Mesa Oficial, o presidente da Câmara de Vereadores, Evandro Meireles (PTB), acompanhado do vice-prefeito João Pedro Nunes (MDB), representando o Executivo Municipal, a coordenadora da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Carine Weber, e os representantes da Cáritas Arquidiocesana de Passo Fundo, o Coordenador Luiz Costella, a Diretora Maria Isabel Teixeira da Silva e o Presidente de Honra, Arcebispo Dom Rodolfo Luiz Weber.

Ocupando a tribuna, o vereador proponente da Sessão Solene, Israel Kujawa, falou da importância da homenagem, que significa a valorização e o reconhecimento do trabalho da Cáritas, que atua em mais de 200 países, “promovendo conexões e reconexões humanas, construindo um novo ciclo, onde a caridade, a solidariedade, o amor, a alimentação, a habitação e a educação tem centralidade na cultura digital”, salientou.

Destacou que a iniciativa de homenagear a Cáritas está em sintonia com os temas que decidiu priorizar durante sua atuação no Legislativo. “Quando chegamos a Câmara, escolhemos algumas temáticas que seriam priorizadas para debater nesse espaço, e um deles é a renda, a forma como lidamos com o meio ambiente, com os resíduos que nós produzimos, a educação, a evolução humana, e avaliando o contexto, a Cáritas simboliza em Passo Fundo, através dos seus 60 anos de trabalho, as ações que a gente acredita, que é olhar para as pessoas, apontar caminhos para elas buscarem a evolução individual, comunitária, a renda e a própria sobrevivência”, enfatizou, reforçando que a Cáritas tem feito um papel muito importante, através da ligação com as cooperativas de recicladores, que faz um trabalho tão importante, que precisa ser valorizado pela sociedade como um todo e pelo poder público. Então, essa homenagem, é uma forma de reconhecer a Cáritas, e reconhecer, sobretudo, o trabalho que ela vem desenvolvendo”, finalizou.

Leia mais: https://www.camarapf.rs.gov.br/noticia/4594/sessao-solene?

Fotos: Comunicação Digital / CMPF

Edição: Alexsandro Rosset

A esquizofrenia na criança

O que mais dói na esquizofrenia é o preconceito dos adultos em admitir que os seus filhos sofrem desse mal e precisam de cuidados especiais.

A esquizofrenia é uma doença grave e crônica, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na criança, ela pode acontecer precocemente atingindo até mesmo aquelas da tenra idade. Doença séria que precisa de cuidados médicos e terapêuticos, medicamentos para combater os seus sintomas e muito amor por parte dos familiares e amigos.

Considerada a doença mais grave do grupo de tratamentos psiquiátricos, denominados de transtornos psicóticos é a que mais precisa de cuidados especiais.

A criança com esquizofrenia apresenta os mesmos sintomas dos adultos afetando a sua convivência com os amiguinhos e o rendimento escolar. Os sintomas são os mais difíceis e doloridos que se pode imaginar:

– Sentimento de está sendo perseguido por alguém amado ou um estranho;

– Irritabilidade;

– Alucinações auditivas e visuais;

– Falta de higiene com o corpo;

– Isolamento social.

Os pais precisam tomar cuidados quando a criança começar a apresentar algum desses sinais. É claro que nem sempre pode ser esquizofrenia, mas outra doença.

O fato é que sendo uma doença grave tira a criança do seu convívio com as demais deixando-a entregue aos seus pensamentos persecutórios o que lhe causa mais dificuldade de combater a doença. A criança quando se isola e fica irritada chegando a quebrar as coisas dentro de casa, reage daquela forma porque escuta vozes que dão uma espécie de ordem em seus ouvidos, noutras vezes ela poderá ver e conversar com pessoas que só aparecem para ela, ou seja, inexistentes.

A criança em surto sente vários sintomas que devem ser observados e considerados pelos pais, principalmente se na família tem histórico da doença.

Não é fácil conviver com a esquizofrenia. A criança sofre bastante com essa doença, como não é fácil também para os pais lidar com esse problema de saúde. Só medicar a criança não é suficiente, ela vai precisar de afeto e carinho, sentir-se segura dentro e fora de casa, perder o medo de que vai surtar em qualquer lugar, sentir-se confiável diante das pessoas ao seu redor.

Uma das melhores coisas a se fazer para salvar a criança dos surtos que nunca sabemos quando vão acontecer é colocá-la para desenhar, pintar, correr até se cansar, praticar esportes, aprender a tocar um instrumento musical, ler e escrever com frequência. Manter o pensamento da criança sempre ocupado é uma boa terapia. E nunca, nunca mesmo, deixá-la sozinha, principalmente em lugares totalmente fechados ou escuros por muito tempo.

Se a esquizofrenia nos adultos é uma doença incompreendida na maioria das vezes, imagine na criança pequena que não sabe ainda como expressar os seus sentimentos e emoções, não sabe distinguir o real do irreal e nem sabe como lidar com situações de vozes e visões desconhecidas que chegam dando ordens e criando um mundo à parte, um mundo onde as pessoas amadas deixam de amá-las e querem o seu mal.

A criança não compreende assim como o adulto que todos aqueles sintomas são produtos da sua mente doentia, e sofre por não saber o que fazer diante de um sofrimento tão desesperador.

Quando a criança se isola das outras deixando de brincar no parquinho ou não querendo fazer parte do jogo de futebol por se achar que é perseguida pelos amiguinhos, que não é amada por ninguém, que é feia e causa raiva nas pessoas, eis um sintoma que precisa imediatamente de cuidados dos pais e responsáveis.

A criança não consegue saber que aqueles sintomas são de uma doença séria e que precisa de tratamento médico. Um dos sintomas motores que também chamam a atenção é o fato da criança está sempre balançando o pezinho ou mexendo com um dos braços.

A dor da esquizofrenia só é sentida na escuridão do abandono. Quem sofre de esquizofrenia não sabe que é doente, não se dá conta de que é vítima de uma doença séria, por isso é tão importante a presença dos familiares ao longo do tratamento com o psiquiatra e psicólogo. O que mais dói na esquizofrenia é o preconceito dos adultos em admitir que os seus filhos sofrem desse mal e precisam de cuidados especiais.

Ninguém fica irritado de uma hora pra outra porque quer, algo dentro dessa pessoa desencadeou aquela irritabilidade, isso é o que acontece com a criança esquizofrênica.

Quando a criança deixa de se preocupar em estar limpinha diante dos amiguinhos, não liga para a sua aparência física faz-se necessário que os pais ou responsáveis tomem providências e conversem com ela explicando o quanto é importante a higiene pessoal para ficarmos próximos das pessoas.

Nunca obrigar a criança a tomar banho ou falar com uma pessoa que ela está com medo, sentindo-se perseguida, ao contrário o respeito aos sintomas é de fundamental importância para que a criança se sinta segura perto de quem a ama.

Existirá sempre uma pessoa querida a quem a criança vai pedir ajuda dentro de casa, uma pessoa por quem ela talvez nunca venha a sentir medo ou raiva, uma pessoa que transmita amor, carinho e coragem mostrando que por maior que seja o gigante perto de nós ele será combatido e vencido com as nossas próprias forças.

Haverá sempre um adulto que por quem a criança talvez nunca tenha sintomas persecutórios, aquele a quem ela conta seus segredos e medos mais íntimos.

A esquizofrenia não tem cura, isso se sabe, mas os sintomas têm suas pausas e eles podem ser longos se a criança for tratada cedo e não ignorada quando pedir ajuda. Ainda mais, se tiver perto dela quem a escute e compreenda o que acontece consigo. A esquizofrenia precisa de amor, medicamentos e terapia, mais amor, penso eu.

Este texto é do meu livro: “Como amar uma criança”.  Conheça mais: https://rosangelatrajano.com.br/

 

Autora: Rosângela Trajano

Edição: Alexsandro Rosset

A Escola – templo do saber

A escola, para a criança e o jovem, representa o elo de ligação entre o lar, a família e o mundo que eles vão enfrentar, no futuro e para o qual devem estar preparados.

O lar é o primeiro grupo social que a criança participa. Neste espaço, pela imitação das pessoas que o compõe, ela aprende a falar, a expressar suas emoções, a caminhar, a buscar sua relativa independência, a dizer não, no seu primeiro arrobo de individuação. No aconchego da família molda-se o humano na criança, é onde nasce a humanidade da pessoa com suas virtudes, a ética, a religiosidade. Começa o contato com o mundo imanente, material, e o mundo transcendente, representado pela busca natural de Deus, conforme a denominação religiosa que a família adota. Os pais vão representar para a criança a autoridade que norteia a sua vida, nesta fase.

É mais complexo do que se parece educar uma criança. Toda criança é envolvida desde sua tenra idade, por mãos, mentes e sabedorias de muita gente. Muita gente põe a mão na massa na vida de uma criança, mas a responsabilidade maior sempre será das famílias, que são a primeira e a maior referência educativa. Leia mais: https://www.neipies.com/so-uma-aldeia-inteira-pode-educar-uma-crianca/

E a escola?

Será o segundo grupo social que o ser humano vai interagir, encaminhado pela família.  Se à família cabe a responsabilidade de fazer desabrochar o humano no ser, compete à escola formar o cidadão, o sentimento de cidadania, local onde a pessoa que vai aprender a conviver em harmonia com os outros, dividir os espaços, compartilhar atividades, interagir com respeito, compreender que sua liberdade termina onde começa a do outro colega.

A escola é o local onde a criança e o jovem vão desenvolver as habilidades socioemocionais com vistas a construir sua cidadania, percebendo-se como ser integrante pleno de um Estado, com seus direitos e deveres civis e políticos, como um membro ativo da Sociedade.  Eles precisam se reconhecer como seres históricos e sociais, com capacidade de promover mudanças que melhorem as suas vidas pessoais, familiares, escolares e comunitárias.

Na escola, o aluno é reconhecido como um ser complexo, com várias dimensões de sua personalidade: a biológica, a psicológica, a emocional, a social e a espiritual que deverão ser atendidas em todas estas áreas pelos diversos educadores que vão interagir com ele.

Neste espaço social ele vai aprender a observar os fatos, a analisar, a comparar, a refletir e a tirar conclusões sobre os mesmos, em atividades grupais ou individualmente, construindo a sua compreensão sobre o significado da vida social e o seu papel neste contexto.

As atividades no grande grupo, que reúnem o corpo docente e discente, representam momentos pedagógicos  de alto valor educativo: a reverência a Deus seguida pela hora cívica, com hasteamento da bandeira, entonação do hino nacional, a breve alocução sobre a importância daquele momento, ressaltando o significado profundo dos símbolos da pátria, como a bandeira, o ritual de seu  hasteamento, os hinos pátrios, o significado de suas estrofes, estimulam o desabrochar da espiritualidade básica de cada um, quando, individualmente pode sentir-se como um elo integrante do todo, o que ajuda no seu equilíbrio emocional,  promovendo a harmonização íntima. Naturalmente cada turma deve ser adequadamente preparada para participar e contribuir para tal solenidade.

A comemoração do aniversário da escola, a reverência ao seu patrono ou patrona, o conhecimento da história da instituição e sua representatividade na comunidade fazem parte da formação consciente do educando que vai se reconhecer como participante ativo desta história.

As atividades pedagógicas ao ar livre, propostas pelos educadores, são muito especiais para os alunos. Explorar a Natureza oferece condições de maior compreensão do significado da vida.

Eleger, na comunidade escolar, a planta símbolo da escola, por exemplo, cultivá-la com o envolvimento de todos traz gostoso sentimento de pertencimento àquele grupo social, àquela instituição. Quanta atividade pode se desencadear a partir desta ideia. De grande valor educativo, nesta linha de reflexão, é a horta escolar, o ajardinamento do pátio, o plantio de árvores, a organização de pequeno horto de mudas variadas envolvendo a participação ativa dos alunos e do restante da comunidade escolar. Quanto aprendizado prazeroso o aluno pode desfrutar e que levará consigo para o resto de sua vida.

Interessante seria que, no pátio da escola, se pudesse encontrar, desenhada no chão, a rosa dos ventos, com os pontos cardiais para a aprendizagem da localização espacial, o que pode também ser feito com a observação dirigida do movimento do sol no céu, durante o dia e com o uso da bússola.

A vida escolar proporciona a visão ampliada do aluno sobre o bairro onde a escola está inserida, o município, sua organização e as instituições de saúde, religiosas, esportivas, culturais, comerciais etc. que o compõem e amplia a compreensão do nível estadual, federal e universal da vida comunitária.

Na escola vai se formando a cidadania na pessoa do aluno preparando-o para a vida em sociedade. Grande desafio!

A escola, templo do saber, responsável pela formação da cidadania de inúmeras gerações, no transcorrer de sua existência, representa um farol de luz que alumia a mente do aluno, libertando-o da escravidão da ignorância, dando-lhe um sentido da vida, ensinando-o a ser questionador, autônomo, crítico, responsável por seus atos, apontando o caminho a ser percorrido na vida individual, por própria escolha.

Esta escola é composta por corpo docente preparado para suas atividades pedagógicas, profissionais qualificados para exercerem condignamente seu papel social, que trazem nas mãos o conhecimento, que ajudam o aluno a crescer junto com os outros e se perceber como ser extraordinário, único no seu pensar e agir e a penetrar na essência de sua humanidade, construindo uma identidade própria e cultural.

A escola, para a criança e o jovem, representa o elo de ligação entre o lar, a família e o mundo que eles vão enfrentar, no futuro e para o qual devem estar preparados.

Assista também:

Sueli Ghelen Frosi, da Escola de Pais do Brasil afirma que pais e mães sempre são educadores e que devem ser parceiros da escola, para a humanização dos filhos. Os filhos são educados pela linguagem, pelas emoções, pelo respeito e pelos exemplos. https://youtu.be/LJTBoRNPkBU?list=PLDwf2YrZZoEeucIGZqaoL85hi78NKncC2&t=99

Autora: Gladis Pedersen de Oliveira

Edição: Alexsandro Rosset

“Eu quero ver sorrisos”

Após dois anos, o projeto Sorriso Voluntário está de volta às atividades, com professores e estudantes da UPF levando alegria a pessoas em tratamento no HSVP

O silêncio tão habitual deu lugar a gargalhadas e brincadeiras. E quem passou pelos corredores do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) na manhã dessa sexta-feira, 10 de junho, foi recebido com um bom dia inusitado: um grupo vestido de palhaço invadiu o espaço onde predominam os jalecos brancos. O motivo para tanta euforia era especial. Após dois anos “guardados no armário”, os voluntários do Sorriso Voluntário, projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo (UPF), estavam de volta.

A palhaça Crisbela é a responsável pelo projeto. Na verdade, por baixo da máscara e da peruca está a professora Dra. Cristiane Barelli, quem conduz, semanalmente, acadêmicos voluntários dos cursos de Medicina e Enfermagem e também de estudantes do Ensino Médio Integrado UPF, pelos corredores do hospital.

O Sorriso Voluntário existe desde 2014, mas nos últimos dois anos foi interrompido pela pandemia. Ficou “escondido dentro do armário com muita tristeza”, como diz a professora. “É um projeto sobre a alegria do cuidar e quando a gente não consegue estar em campo, perde a oportunidade de fazer o bem para o outro e para nós mesmos”, pontua.

Além de fazer o bem para o outro, na perspectiva da formação acadêmica, o projeto é uma grande aula prática. “É muito significante para o estudante passar por esse processo, porque detrás da brincadeira do palhaço, tem uma mensagem. Hoje a gente está levando a importância da higienização das mãos, com uma dança, uma coreografia, então o estudante acaba tendo que desenvolver estratégias lúdicas de se comunicar com o outro”, explica.

Expectativa pela estreia

Nesta retomada de atividades, o projeto visitará os pacientes em hemodiálise e os doadores de sangue no Serviço de Hemoterapia. Todos os voluntários são estreantes. Entre eles está a acadêmica de Medicina Júlia Catharina Henicka. Com seu violão e vestida como a palhaça Canarinha, Julia estava empolgada com a estreia. “Minha expectativa é poder levar um pouco de conforto e de alegria para as pessoas que estão em uma situação tão chata dentro do hospital, por vezes, dolorosa. Então, eu quero ver sorrisos”, conta.

Na opinião da estudante do quarto nível, o papel do Sorriso Voluntário é justamente tornar o processo de cura menos doloroso. “Ninguém gosta de ficar ligado a uma máquina por 4 horas no seu dia ou mais. Então, eu acho que a gente facilita um pouco esse processo, torna menos árduo”, pontua. Mas apesar de voluntário, atuar no projeto tem suas recompensas. Para Júlia, é aprender a se comunicar com os pacientes, habilidade tão importante para um futuro médico. “Acho que esse contato mais íntimo com o ser humano na sua forma mais frágil ajuda a gente a desenvolver essa empatia, essa sensibilidade que precisa ter para lidar com o outro”, completa.

Um dia mais leve

Concretizando a expectativa da Júlia, foram muitos os sorrisos que professora e estudantes encontraram pelo caminho. E não apenas de pacientes. Durante toda a ação, funcionários e visitantes também foram convidados a parar e aprender a coreografia que ensinava a maneira correta de higienizar as mãos.

Natural de Fontoura Xavier, o aposentado Selmo Brunhera foi uma das pessoas tocadas pelo Sorriso Voluntário. Paciente em hemodiálise, ele viaja três vezes por semana a Passo Fundo para realizar o procedimento e fica por mais de 3 horas e meia sentado enquanto o processo acontece. Durante a ação, ele conversou com as voluntárias, sorriu e aliviou um pouco o cansaço da viagem e do tratamento. “Esses momentos ajudam a tornar o dia mais leve”, fala.

E do ponto de vista médico, só existem benefícios. “São pacientes que passam 12 horas semanais aqui envolvidos no tratamento dialítico. Então esses projetos que visam melhorar a qualidade de vida deles, vêm a agregar muito, tornando a rotina deles mais leve, mais divertida, mais alegre. Atendemos quase 200 pacientes em hemodiálise que, muitas vezes, vêm de longe, então, ter essa assessoria não só médica, mas multiprofissional, é essencial”, frisa a médica responsável pelo serviço e também professora da UPF Dra. Fabiana Piovesan.

Fotos: Camila Guedes

Autor: UPF (Universidade de PassoFundo)

Edição: Alexsandro Rosset

O bélico e o lúdico – a primazia do sentimento sobre a razão

Opiniões nos impõem. Sentimentos nos expõem. Opiniões nos destacam. Sentimentos nos nivelam. Opiniões provocam divergência. Sentimentos, convergência.

Alguém, por favor, me ajude a entender a razão de sermos tão atrevidos em emitir opiniões, porém tímidos em externar emoções. Por que é mais fácil expor o que se pensa do que expressar o que se sente?

Preferimos nos esconder atrás de raciocínios aparentemente embasados e tomar nossas decisões depois de calcular os custos, os pros e os contras, relegando os sentimentos a um segundo plano. O que nos importa são os resultados! Queremos sair sempre no lucro, ou pelo menos, ilesos.

Nossas opiniões são armaduras com as quais blindamos o coração. Cada peça desta armadura se articula com as demais, garantindo-nos certa mobilidade. Mas se não forem frequentemente lubrificadas, tendem a se enferrujar, comprometendo nossa flexibilidade, e, consequentemente, nossa performance existencial.

Lubrificamos nossas opiniões com argumentos cada vez mais refinados. Sonhamos ser imbatíveis.

Opiniões nos impõem. Sentimentos nos expõem. Opiniões nos destacam. Sentimentos nos nivelam. Opiniões provocam divergência. Sentimentos, convergência.

Reveste-se de armadura quem sai à vida como quem vai ao campo de batalha para brigar. Despe-se dela quem é capaz de transformar este campo minado num playground onde se desce para brincar. Para tal, teremos que nos abdicar do cinismo que nos contagiou a alma, roubando-nos a esperança. Teremos que recobrar nossa ingenuidade essencial, voltando a apostar na vida.

Argumentos se calarão. Pontos de vista serão relativizados. Substituiremos o olhar bélico da vida por um olhar lúdico. Em vez de tanques de guerra, carrosséis. Em vez de bazucas, gangorras. Em vez de granadas e lança chamas, balanços e pipas. O peso da armadura será substituído pela insustentável leveza do ser. Deixaremos de nos sentir ameaçados, para nos permitir amar e ser amados.

Ninguém tomaria banho vestido numa pesada armadura, não é verdade?

Despir-se dela é expor a intimidade, revelando assim quão frágeis e vulneráveis somos. Quem decidir acolher nosso amor, não o fará por outra razão que não seja aquilo que somos, e não o que pretendemos parecer.

Sob a armadura, a alma se sente sufocada. Lágrimas são contidas. Sorrisos inibidos. Gestos calculados. Palavras sofrem a censura da razão que as considera impronunciáveis. O outro, a quem nossos sentimentos se devotam, é visto como um inferno em potencial. Tememos ser devorados por suas inclementes labaredas.

Nossa alma precisa de ar fresco.

Lágrimas desejam ser extravasadas. Sorrisos largos exibidos despudoradamente. Gestos espontâneos. Palavras livres e sinceras. E assim, somente assim, o outro será visto como a possibilidade do céu. Desejaremos ser consumidos pelas chamas do seu amor, das quais renasceremos todos os dias como uma exuberante fênix que abraça a vida com as asas da liberdade.

Autor: Hermes C. Fernandes

Edição: Alexsandro Rosset

Sentido da Docência

Vamos apresentar esta lógica como sendo inexorável dizendo ao aluno: “seja o melhor”, “tenha um diferencial competitivo no mundo globalizado”, “garanta o seu”? Ou vamos ter coragem de despertar os educandos para a indispensável mudança que deve ocorrer?

“Estudar para ser isto que você é?” Alguns alunos chegam a indagar: “Professor, eu vou estudar para ser isto que o senhor é?”. Tal declaração funda-se no valor econômico, que é o hegemônico na sociedade hoje.

O professor que baseava o interesse de suas aulas nesta motivação extrínseca de ser alguém na vida está tendo sua segurança abalada, porque cada vez mais os meninos vão percebendo pessoas que não estudam e se saem bem, e, por outro lado, um grande contingente de pessoas que estudam, porém estão desempregadas ou mal remuneradas.

Há uma progressiva queda do mito da ascensão social através da escola, que foi um grande baluarte desde o início da escola burguesa (final do século XVIII, início do XIX): “vá para a escola e seja alguém (no sentido econômico) na vida”. O problema, a nosso ver, não é tanto o aluno fazer tal indagação, mas o professor, diante dela, não saber o que o responder!

Quando o professor tem claro para si a função social de sua atividade, os motivos de sua opção e permanência no magistério, pode revelá-los aos alunos, ajudando-os a ressignificarem sua presença e trajetória na escola.

Considerando aquela provocação do aluno citada acima, os termos da resposta do professor poderiam ser mais ou menos como os que seguem.

Quando você diz ‘estudar para ser isto que eu sou’, deve estar influenciado pelos valores da sociedade de consumo, que colocam o valor econômico como o maior ou único valor, e referindo-se ao meu salário, não é?

Pois é bom distinguir: uma coisa é o que eu ganho (ou aquilo que muitos professores ganham, fruto de uma relação de expropriação a que vêm sendo submetidos, como estratégia de desmonte profissional), que pode não ser suficiente para adquirir os bens que você considera indispensáveis. Outra, muito diferente, é o meu valor: isto não pode ser comparado com o que eu ganho! Estamos juntos há pouco tempo e você ainda não teve oportunidade de me conhecer melhor. Eu estou aqui por opção e não por medo da vida lá fora, por incompetência.

Note bem: o que estou falando é importante porque também na sua vida, num certo momento de sua trajetória, você terá de fazer uma opção profissional, e qual será o seu critério? Escolher a profissão onde se ganha mais? Será esta a melhor opção? Se o meu projeto fosse simplesmente ganhar mais, eu tenho conhecimento e capacidade para conseguir isto sem ser na escola. Não que eu queira ganhar mal; não é isto, tanto é que estou lutando nas instâncias certas para reverter este quadro. O que quero dizer é que estou aqui inteiro, por opção. Eu sei porque estou aqui, e tenho algo muito importante para vocês, que dificilmente encontrarão em outro lugar. Em outro lugar vocês podem encontrar informações, todavia provavelmente não as encontrarão marcadas por sentido, desejo, projeto, perspectiva, criticidade, totalidade, historicidade, tal como eu e meus colegas nos propomos a trabalhar com vocês, a partir da nossa competência e do nosso compromisso.

Não quero impor projeto algum a vocês, mas ajudar cada um a construir o seu. Tenho convicção disto. A escola compra o meu tempo, mas não compra o melhor de mim. O melhor de mim eu dou a quem eu quero. E é isto que quero partilhar com vocês: a busca de um sentido digno para a existência, através do conhecimento, do desenvolvimento humano pleno e da alegria crítica!”

Que sentido tem a vida se não podemos imprimir na realidade nossos sonhos, nossos projetos?

Que sentido pode ter a vida quando há tanto sofrimento, tanta dor, tanta incompreensão, injustiça? (o problema da presença do Mal). Ora, será que um dos sentidos básicos não é justamente nos colocarmos nesta luta por um mundo melhor?

A opção de ser professor passa por uma concepção de vida, de sociedade! O sistema social é altamente excludente, não havendo condições para que todo ser humano tenha uma vida digna.

Já há muitos anos, Josué de Castro denunciava uma tendência cruel que vem se confirmando: passamos a ter dois tipos de pessoas na sociedade: os que não comem porque não têm o que comer, e os que não dormem, de medo dos que não comem! (cf. 2003: 130).

A questão nuclear não está nesta constatação, mas justamente na postura diante dela. Este é o divisor de águas. Vamos apresentar esta lógica como sendo inexorável dizendo ao aluno: “seja o melhor”, “tenha um diferencial competitivo no mundo globalizado”, “garanta o seu”? Ou vamos ter coragem de despertar os educandos para a indispensável mudança que deve ocorrer?

 Eticamente, um novo paradigma se impõe: não se trata mais de estudar simplesmente para poder garantir o seu lugarzinho no bonde da história. Trata-se, isto sim, de estudar a fim de ganhar competência, buscar naturalmente seu espaço, mas se comprometer também em mudar o rumo deste bonde, ou seja, ajudar a construir uma sociedade onde haja lugar para todos!

(Do Texto “Para Não Desistir da Docência)

Autor: Celso Vasconcellos, professor, escritor e palestrante

Conheça: http://www.celsovasconcellos.com.br/

Edição: Alexsandro Rosset

Campina das Missões: imigrantes russos no Rio Grande do Sul

“Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia” (Liev Tolstói,1828-1910)

Resumo: Este artigo resgata informações sobre a colônia de imigrantes russos formada em 1909 em Campina das Missões no Rio Grande do Sul. A vinda de europeus para o Brasil foi incentivada por uma política de imigrações a partir do século XIX e início do XX e apesar de haver ampla bibliografia historiográfica sobre os imigrantes alemães e italianos, o registro da vinda de russos não está nela refletida. Um único livro registra as memórias dos descendentes dos pioneiros em terras rio-grandenses.

Palavras chaves: Rio Grande do Sul; imigração; russos; Campina das Missões;

Introdução:

Ao estudarmos as imigrações que ocorreram para o Rio Grande do Sul a partir da política de imigrações do Império brasileiro no século XIX e mantida na República no século XX, encontramos uma série de teses, livros, artigos acadêmicos, temas de encontros anuais relacionados aos alemães e italianos. Esses, sem dúvida vieram em maior número, porém não foram os únicos que deixaram sua cultura viva e até hoje presente nas terras gaúchas. Os russos deixaram suas marcas, principalmente na região noroeste do estado e, seus descendentes através da memória, do folclore, da língua, da religião, alimentação, de alguns costumes e mesmo da cultura material em construções e objetos mantém uma conexão direta com as suas origens russas.

Nesse artigo fazemos um breve relato da relação entre Brasil e Rússia e, a partir do livro e entrevistas de Jacinto Anatólio Jabolotsky[1] e outros descendentes dos primeiros imigrantes, construímos uma narrativa da presença russa em Campina das Missões.

Os russos e o Brasil:  

O primeiro contato entre russos e brasileiros até agora reconhecido ocorreu em 1803. Os navios russos Nadejda e Neva faziam uma expedição de volta ao mundo, quando atracaram em alguns portos do Brasil. Langsdorff, um alemão naturalizado russo, era um dos vários cientistas que participavam da expedição, comandada por Ivan Fiodorovitch Kruzensternos.

Em 1813, após uma estada em Portugal, onde aprendeu a língua portuguesa, o então Barão Langsdorff mudou-se para o Rio de Janeiro, assumindo o Consulado Geral da Rússia no Brasil. Em 1816, comprou uma fazenda e passou a receber cientistas, naturalistas e artistas interessados em conhecer o país. Ele organizou diversas expedições, que além de explorar a flora e fauna, dedicaram-se a pesquisar a etnografia e os idiomas das tribos brasileiras. A grande expedição Langsdorff  a “Terra Brasilis” durou de 1818 a 1822, percorreu cerca de quinze mil quilômetros e foi custeada pelo czar Alexandre I da Rússia, que almejava estender os conhecimentos científicos assim como faziam as outras potências européias. O barão reuniu cerca de trinta e nove pessoas para esse grande evento e entre eles estavam os pintores Johann Moritz Rugendas e Aimé-Adrien Taunay que deixaram inúmeras obras ilustrando a natureza e o povo brasileiro. [2]

Em 1828, em carta oficial a D. Pedro I, a Rússia reconhecia oficialmente a Independência do Brasil e a partir dai iniciou-se um comércio entre os dois países. Nesse primeiro momento, o Brasil enviava açúcar, café, cacau e madeiras e recebia principalmente ligas de ferro.

Durante o século XIX o governo imperial brasileiro estimulou a vinda de europeus para o país. Uma política de imigração foi estabelecida e a historiografia associa a ela várias causas, sendo as principais: a necessidade de substituição da mão de obra escrava, conforme o processo de emancipação encaminhava-se ao fim; para ocupação de áreas consideradas “vazias”, fortalecendo áreas de fronteira; para criar uma classe média na estrutura social brasileira, capaz de desenvolver a policultura e abastecer cidades em expansão[3] e as grandes áreas de monocultura exportadora, como o Vale da Paraíba, produtor de café.

Além disso, na formação do “povo brasileiro”, em paralelo a construção do Estado Nacional, havia um grande debate sobre estimular a miscigenação ou o branqueamento do povo, que culminou com a escolha da segunda opção. Uma política/programa foi criada que contava com agentes no exterior responsáveis por fazer propaganda sobre o Brasil, recrutar e transportar europeus até as colônias que passaram a ser estabelecidas. 

Durante aquele século (XIX), os imigrantes chegaram ao Brasil, principalmente em função da promessa de posse de terras. A Europa passava por uma grande crise econômica, países em unificação, como a Alemanha e a Itália, países em conflito: como a Polônia, ora sob domínio da Prússia, ora sob domínio da Rússia, além do grande processo de industrialização, que automatizava processos e fazia crescer a mão de obra sem trabalho e também sem terra.

Ainda durante o Império, em 1876, D. Pedro II visitou a Rússia, em caráter não oficial, conta-nos o historiador Ângelo Segrillo (SEGRILLO, 2015, p.259). O imperador foi recebido pelo czar Alexandre II e também pela Academia de Ciências da Rússia. Entre as curiosidades a respeito do monarca brasileiro é notório seu interesse pelas ciências, era também poliglota e o russo era uma das línguas que conhecia.

Após a proclamação da República em 1889, “o governo brasileiro comprometeu-se a continuar a custear as despesas de viagem dos imigrantes desde o embarque nos portos europeus até o desembarque no Brasil” [4]. Houve momentos de imigração subsidiada e também momentos de imigração espontânea.

Segundo Fernando Lázaro de Barros Basto vieram mais de 300.000 russos para Brasil entre 1871 e 1968.[5] Em reportagem de 2017, na celebração dos cem anos da Revolução Russa de 1917, a BBC Brasil apontava um milhão e oitocentos mil descendentes russos no Brasil![6]  Já Segrillo indica que “calcula-se que cerca de 200 mil russos ou descendentes diretos de russos vivam no Brasil atualmente” (SEGRILLO, 2015, p.266).

Segrillo estabelece a imigração em quatro ondas: a primeira logo após a revolução de 1905, onde localizamos a vinda dos agricultores que estavam na Sibéria e que chegaram a Campina das Missões no Rio Grande do Sul, foco do artigo; a segunda, pós revolução de 1917, onde vieram os chamados russos brancos (contrários aos comunistas vermelhos), o autor aponta mais de 100.000 russos chegando especialmente em São Paulo; a terceira, que trouxe russos que estavam espalhados pelo mundo após a Segunda Guerra Mundial, incluindo o grupo que estava na China e que fugiu da Revolução Comunista Chinesa de 1949 e; a quarta após a desintegração da URSS em 1991, que escaparam da crise econômica na recém-criada Federação Russa (SEGRILLO, 2015,p.262-265).

As mudanças dos sistemas de governo, tanto no Brasil como na Rússia, interferiram no relacionamento de ambos os países durante suas histórias. Primeiro o Brasil virou uma república, enquanto a Rússia czarista ainda defendia sua monarquia. A partir de 1917, após a implantação do comunismo na Rússia, as relações estiveram rompidas. Na Segunda Guerra Mundial restabeleceu-se a conexão através de ambos os países no grupo de aliados contra a Alemanha nazista. Em 1947, o Brasil voltou a romper com o governo russo, na chamada Guerra Fria e houve perseguição aos comunistas no Brasil. Quando João Goulart assumiu em 1961, as relações são retomadas e não mais rompidas. Segrillo aponta que mesmo durante a ditadura militar houve uma ampliação nas relações comerciais.

Vários presidentes brasileiros visitaram a Rússia desde então: José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Lula (quatro vezes), enquanto o presidente russo Putin retribuiu a visita de FHC em 2004 e Medvedev esteve no Brasil em 2008 e 2010.

Em 1997, Fernando Henrique Cardoso e Boris Yeltsin criaram a Comissão Brasileira-Russa de Alto Nível de Cooperação (CAN), presidida pelo vice-presidente brasileiro e o primeiro ministro russo. A partir dela, vários acordos foram firmados, projetos implantados em conjunto e, principalmente, o comércio entre os dois países deu um salto de bilhões de dólares. (SEGRILLO, 2015, p.260).

Um marco na área cultural foi à abertura de uma filial do Balé Bolshoi em Joinville, Santa Catarina em 2000. Um projeto de inclusão social, onde praticamente todos os alunos estudam de graça, em um turno inverso à escola. (SEGRILLO, 2015, p. 262).

Imigrantes russos no Rio Grande do Sul: Campina das Missões

No Rio Grande do Sul, os primeiros russos chegaram em 1909. Eram famílias de colonos que estavam na Sibéria em busca de terras para cultivar, oriundos de várias regiões da Rússia, sendo que alguns também fugiam de conflitos a partir da Revolução de 1905.[7] Segundo o IBGE, quase 20.000 russos entraram no Estado até 1912. Assim como a maioria dos imigrantes que chegaram ao Brasil, eles vinham atrás da “terra prometida”, abundante e com solo fértil. Não encontraram mais o gelo, como na Sibéria, mas densa vegetação, coberta por cobras, escorpiões e aranhas e outros diferentes animais. Além disso, passaram a conviver com os charruas, o que causou estranhamento inicialmente, mas aparentemente de forma pacífica.[8]

Os imigrantes localizaram-se inicialmente na Região de Santo Ângelo, Santa Rosa e Campina das Missões, que era parte do município de Santa Rosa até 1963. A viagem durava cerca de três meses em navio. Em 1909, eles desembarcaram ou no porto em Santos ou no Rio de Janeiro, de lá seguiram de trem até Cruz Alta, estação mais próxima a Campina das Missões, depois seguiram de carroça até a colônia. [9]

Jacinto Zabolotsky, advogado e político de Campina das Missões, publicou o livro “A imigração russa no Rio Grande do Sul” em 1998. Esse é o único livro até o momento, que trata do tema, já foi reeditado quatro vezes e encontra-se esgotado, sendo que em 2009 a edição foi escrita também em russo, no centenário da imigração ao estado. A data comemorativa da imigração é dia nove de outubro e o governo do estado do Rio Grande do Sul estabeleceu essa data como o Dia da Etnia Russa no Estado.[10]

Na narrativa desse autor podemos identificar as dificuldades dos recém chegados para preparar a terra. Desmatar a densa área coberta por pés de cedro, louro, angico e canela pareceu um trabalho demasiado pesado para alguns. Os que tinham melhores condições financeiras voltaram à Rússia, ou seguiram até a Argentina. Entre os que ficaram, trabalhando sobre o calor intenso e o ataque de mosquitos, logo após a primeira colheita, enfrentaram mais um problema. O trigo que haviam guardado em rolos apodreceu com um ataque de carunchos e formigas. Eles passaram muito trabalho até se adaptarem.

Uma das características que distinguia as famílias russas dos outros imigrantes no Rio Grande do Sul era que as mulheres também faziam os serviços do campo, participando tanto da semeadura como da colheita, não se restringiam ao serviço de casa. Uma das descendentes da família Orizenko[11] conta que sua mãe explicava que as mulheres russas eram tão mandonas e voluntariosas pelo fato de terem que cuidar da casa e da lavoura, enquanto os homens estavam na guerra.

As mulheres são homenageadas em um dos artesanatos mais tradicionais da Rússia, as matrioshkas. “Essas bonecas representam a fertilidade da mulher do campo e também a permanência da cultura ao longo das diferentes gerações” conta Zabolotsky.

Os primeiros imigrantes pertenciam a Igreja Católica Ortodoxa Russa e uma das primeiras construções que ergueram foi o prédio da igreja. Ela está localizada na Linha Paca em Campina das Missões, a cerca de cinco quilômetros de onde hoje está o centro da cidade e foi fundada em 1912. Esta é a primeira Igreja Ortodoxa Russa do Brasil[12]. O patrono da igreja é o apóstolo São João Evangelista, que dá o nome a mesma.

Alguns costumes ainda são seguidos nos ritos da Igreja: o padre reza de costas para o público, que se divide em mulheres de um lado e homens de outro; a liturgia é em russo e as mulheres seguem usando lenços cobrindo os cabelos para não serem vistos pelos homens. Em frente à Igreja há um cemitério das famílias ortodoxas, onde a tumba mais antiga é de 1913, mais de 500 imigrantes estão enterrados lá. No local também se pode encontrar uma cruz ortodoxa de madeira, resistindo ao tempo desde a década de 1920. A cruz ortodoxa possui duas travessas horizontais e uma travessa na diagonal, próxima a base, as travessas horizontais lembram as da cruz missioneira.

Campina das Missões é o local de maior concentração dos descendentes de russo no estado do Rio Grande do Sul. Logo após os russos, chegaram imigrantes alemães ao local.

Atualmente, vinte por cento da população da cidade são descendentes de russos. Zabolotsky é um dos que tentam manter as tradições e costumes da Rússia. Ele comenta que os jovens já estão perdendo o idioma, mas a religião ainda é um ponto forte de conexão. O alfabeto cirílico que era ensinado nas escolas nas primeiras décadas da colonização é praticamente desconhecido dos campinenses hoje em dia.

Na casa de Zabolotsky, a televisão fica ligada em canais russos e a cozinha, apesar da mulher ser descendente de alemães, mantém pratos da culinária russa, tais como o blini, massa recheada similar a panqueca e o kotlete, um bolinho de carne. Ele também coleciona o samovar, utensílio tradicional utilizado para aquecer água e servir chá. Outra forma de manter as tradições se dá através do grupo de dança Troyka. Fundado em 1992, apresenta danças folclóricas com indumentária especialmente desenhada para reproduzir os trajes típicos russos, complementada por adereços e bijuterias importadas. O grupo já exibiu suas raízes por todas as regiões do país, além da Argentina e Paraguai.

A vodka, tradicional bebida da Rússia, também chegou a Campina das Missões. Os avôs de Marta Zabolotsky trouxeram um alambique de cobre, adquirido em 1894, junto na viagem ao Brasil. Marta herdou o alambique e fabricou a bebida até 2002. Na Rússia utilizavam beterraba ou batata para produzi-la, aqui os avôs substituíram esses insumos por cana de açúcar. (Castro, 2009).

Com pouco mais de 6000 habitantes, Campina das Missões tem um monumento na praça principal dedicada a São Vladimir, que batizou a Rússia. Ao lado de São Vladimir está o busto de Alexandre Zabezuk, mártir dos imigrantes. Zabezuk era um professor que foi arrancado da sala de aula e torturado até a morte pela polícia do governador Borges de Medeiros, em 1924, acusado de ser comunista.

Outros dois momentos de tensão que ocorreram na comunidade foram referentes à Segunda Guerra Mundial e a ditadura civil militar de 1964. Até a segunda guerra, colonos alemães e russos conviviam bem na região. Uma das descendentes lembra-se da chegada de novos moradores que começaram a difundir uma ideologia “macabra” na cidade, era o nazismo. Casamentos que eram comuns entre os imigrantes começaram a rarear, conta Ana Heleno Lins(LUCCHESE,2018,p.21).

Um padre alemão, que gostava de Hitler, passou a divulgar suas ideias. Ana é a outra pessoa, ainda viva, descendente dos primeiros imigrantes. Mesmo com a segregação e o purismo das raças pregado na época, Ana casou-se com um alemão, assim como Zabolotsky casou-se com uma alemã.

Quanto ao período do golpe militar de 1964, lembrado por Nina Orizenko, foi um momento de perseguição aos comunistas. Ela recorda dos parentes enterrando relíquias deixadas por pais e avós, assim como interrompendo a comunicação por cartas com a então União Soviética. Eles tentavam esconder qualquer ligação que pudesse ser interpretada como conexão com os comunistas. 

O pórtico da cidade tem a escultura de uma família de imigrantes. “A mulher carrega um feixe de trigo, a filha traz uma porção de girassóis, símbolo da pátria que deixaram, e o homem fita o horizonte com uma enxada nos ombros” (LUCCHESE, 2018,p.18), símbolo dos primeiros colonos, os pioneiros.

A título de conclusão

Campina das Missões durante os últimos meses tem sido o foco das atenções, justamente por ser o berço dos imigrantes russos no Brasil e por manter costumes e tradições do povo e da cultura russa.

Ao pesquisar sobre a imigração russa ao Brasil e, em especial ao Rio Grande do Sul, nota-se que há uma grande oportunidade de se estudar e aprofundar mais sobre esse tema, a bibliografia aponta uma produção acadêmica escassa, praticamente inexistente.

Assim como várias etnias indígenas, suas culturas e memórias ficaram invisíveis nos livros e artigos de história e só recentemente vem sendo resgatadas, há espaço para novos estudos nas imigrações e em especial a imigração russa, pois ela tem representatividade nos descendentes dos pioneiros que aqui chegaram e que, apesar de abraçar a nova terra, seguem com laços na cultura de seus ancestrais.

Lembrando Hanna Arendt[13]: “não devemos relegar a herança de nossos antepassados ao jovem, devemos mantê-la e deixar que eles a utilizem com suas novas ideias de forma a transformar o mundo”. As “pérolas do passado”, fragmentos do mundo precisam ser preservados e através da educação temos como manter o legado cultural vivo.

Leia também entrevista, de 2018, com casal de brasileiros que vive, no cotidiano de suas vidas, a história, a cultura e a religiosidade no Brasil, mas com um pezinho na Rússia:  o advogado Jacinto Anatólio Zabolotsky e a professora Ilse Ana Perius Zabolotsky. Leia mais: https://www.neipies.com/uma-russia-num-quintal-do-brasil/

Sobre o texto:

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

LET02080 – Cultura Russa

Professora: Tanira Castro

Semestre: 2018/1 – Turma U

Autora/Aluna: Rosângela Corrêa Alves

FOTOS: Capa da matéria-cidade Campina das Missões/Cemitério Comunidade Russa/Igreja Ortodoxa Campina das Missões/Portico Imigrantes Russos: Luis Frey / Agencia RBS

[1] ZABOLOTSKY, Jacinto Anatólio. A imigração russa no Rio Grande do Sul: “os longos caminhos da esperança”, 1998.

[2] Resumo das informações de CÂNDIDO, Luciana de Fátima. Expedição Langsdorff: a [re] construção do conhecimento através dos relatos de viagens. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Luciana Cândido é graduada em Letras (português/alemão) pela USP. Acesso ao site em 08/06/2018 as 14:20 hs: https://www.bbm.usp.br/node/80 . Informações sobre esse primeiro contato também podem ser encontradas em SEGRILLO, Ângelo. Os russos. São Paulo: Contexto, 2015.

[3] Oberacker Jr APUD CUNHA, Jorge Luiz da. Imigração e colonização alemã in República Velha 1889-1930. Tomo 1. Passo Fundo: Méritos Editora, 2007. p.279-300

[4] WENCZENOVICZ, Thaís Janaína. A Imigração Polonesa in República Velha 1889-1930. Tomo 1. Passo Fundo: Méritos Editora, 2007.

[5] Russians brazilian. Wikipédia. Referência ao livro: Síntese da história da imigração no Brasil (1970) de Fernando Bastos citado no site acessado em 25/05/2018 às 16:30 hs: https://en.wikipedia.org/wiki/Russian_Brazilians.  

[6] BERNARDO, André. Os russos que vieram para o Brasil fugindo da revolução comunista de 1917, reportagem da BBC Brasil de 07 de novembro de 2017. Esse dado apresenta muito contraste com outros e o autor não comenta as fontes utilizadas para chegar a este número tão expressivo de descendentes. Necessita maior validação, mas está publicado na BBC Brasil. Já Ângelo Segrillo, que é historiador e professor na USP, aponta 200 mil russos no Brasil, mas também não indica a fonte desse dado.

[7] LUCCHESE, Alexandre. Os russos do Rio Grande, reportagem de Zero Hora, sábado e domingo, 12 e 13 de maio de 2018.

[8] Nota da autora: Carece de maiores estudos sobre esse contato.

[9] DORNELES, Felipe. Reportagem do Correio do Povo de 20/07/2009 com informações de Zabolotsky.

[10] DORNELES no Correio do Povo de 20/07/2009.

[11] LUCCHESE, depoimentos de Nina Orizenko e Maria Orizenko, 2018, p. 19.

[12] Esse é uma das poucas referências que Segrillo também faz a imigração no Rio Grande do Sul(p.265). Quando indica as regiões do Brasil que receberam russos nesse primeiro período, logo após a revolução Russa de 1905, ele restringe-se a indicar Paraná, Goiás e Mato Grosso

[13] ARENDT, Hannah. A Crise na Educação in ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2011.

Edição: Alexsandro Rosset

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