Quando eu cheguei nos EUA, eu aprendi inglês por imersão com uma metodologia chamada aqui como ESL- “English as a Second Language”. Quero ajudar você a ter maior domínio do inglês.
Nos últimos dois anos nossas vidas foram significantemente alteradas. Nossa maneira de fazer as coisas, de escolher prioridades, de vermos a nós mesmos.
Muitos de vocês a conhecem a minha história publicada nesse site anteriormente. Cresci em uma família humilde no interior do Brasil, minha mãe era professora e meu pai pedreiro, estudei em escolas públicas e em 2007 recebi uma oportunidade de fazer um projeto nos EUA.
Uma oportunidade inimaginável, pois não tinha fluência em inglês, nem dinheiro reservado. Aceitei e me tornei professora- doutora e pesquisadora em várias universidades dos estados de Washington e de Nova York. Em 2011 fui co-fundadora de um centro de imersão cultural e linguística no estado de Washington, chamado “Thaines and Bodah Center for Education and Development”.
A pandemia nos tirou o chão, tenho três filhas pequenas que foram para o ensino online e depois para o ensino de casa “homeschooling”, também publicado anteriormente nesse site. Meu marido era o responsável pela casa e crianças para que eu pudesse continuar meu trabalho no mundo coorporativo, aqui pois, afinal, “time is money”.
A gente estava conseguindo navegar nesse novo mundo de restrições, perdas de amigos para o covid-19 e incertezas até que durante o outubro rosa de 2020, descobri um câncer estágio III. Tive, então, que abandonar a vida profissional para controlar o estresse físico e mental. Fiz dois ciclos de quimioterapia, mastectomia dupla, quatro cirurgias incluindo uma abdominal e atualmente estou em recesso do tratamento que deveria durar cerca de 5 ou 10 anos.
Fiz uma viagem de retorno as origens, visitei amigos, colegas e familiares, me fortaleci e tentei reencontrar meu propósito na vida. O carinho recebido e amor de todos, apesar das dificuldades deles mesmos foi a minha cura.
Antes da pandemia, nosso Centro recebeu vários estudantes, estagiários e turmas para imersão do Brasil para o estado de Nova York, especialmente. Contudo, as fronteiras fecharam várias vezes e viagens ficaram mais complicadas para o treinamento em pessoa.
Resolvi me fazer a seguinte pergunta – qual o meu talento, algo que possa ajudar as pessoas a resolverem o problema delas nesse novo mundo online… A primeira coisa que veio à minha cabeça foi que quando eu cheguei nos EUA, eu aprendi inglês por imersão com uma metodologia chamada aqui como ESL- “English as a Second Language”.
Como nos últimos dois anos quase o mundo todo, de uma forma ou de outra, teve que experimentar aulas online ou trabalho virtual, senti o desejo de adaptar a metodologia ESL para um clube de conversação com encontros semanais visando proporcionar a fluência da língua de uma maneira muito mais rápida e interativa.
O investimento é muito menor que um curso tradicional de inglês, as turmas são pequenas com certificação internacional e o aluno recebe ainda tutoria individual. Temos turmas kids- crianças, reimagine – adulto iniciante e success – avançado. Você quer aprender inglês e mudar de vida? Manda um e-mail pra gente bodaheliane@gmail.com
SAIBA MAIS SOBRE ELIANE BODAH:
Dra. Eliane Bodah nasceu no interior do Brasil e estudou em escolas públicas. Trabalhou como professora, bióloga e escritora até que queria conhecer o mundo e imediatamente as portas se abriram para uma oportunidade única em 2007 onde veio realizar um projeto em Minnesota, EUA. Aprendeu conversação em inglês por imersão num método ESL. Eliane é Mestre em educação, fez doutorado e pós-doutorado no Estado de Washington, EUA. Em 2011 fundou o centro Thaines and Bodah for Education and Development para ajudar em trocas de experiências educacionais, culturais e linguística nas Américas. Com a pandemia, a incerteza das fronteiras abertas e o novo mundo online, Eliane decidiu oferecer o ESL direto por vídeo e ajudar muitos a apreenderem inglês e mudarem de vida através dos clubes de conversação: Kids, Reimagine- adulto iniciante e Success- avançado. Let’s speak English?
Há mais de dez anos atrás, conhecemos o professor Eduardo Albuquerque, na rede municipal de Passo Fundo, onde fomos colegas de escola. Naquele período, Eduardo já tinha um diferencial em suas aulas de língua inglesa, pois portava um projetor e um notebook. Este seu estilo de ministrar aulas era verdadeiro encantamento para os estudantes daquele lugar de periferia em nossa cidade. Ao mesmo tempo em que projetava suas aulas, passava pequenos vídeos, enriquecendo os seus conteúdos.
Mais tarde, conhecemos e reconhecemos sua atuação como dirigente do CMP Sindicato em Passo Fundo, RS. Ao mesmo tempo, fomos acompanhando seus passos de aperfeiçoamento pessoal e professional, através da realização de seu mestrado na área da educação e agora o seu Doutorado.
Acompanhamos também sua longa trajetória como professor de Língua Inglesa em diferentes escolas particulares de nossa cidade e região.
Eduardo Albuquerque também é escritor. Editou o livro É para copiar, lançado pela Editora IFIBE, em 2016.
Em razão de seus estudos, de sua experiência na educação, de seu compromisso incansável pela qualidade na educação, decidimos conversar sobre as problemáticas do exercício docente a partir de sua trajetória e, num contexto mais amplo, a partir da pandemia.
Conheçamos um pouco mais de Albuquerque por ele mesmo.
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SITE NEIPIES: Como, quando e porquê a educação entra na sua vida?
Professor Eduardo Albuquerque: Desde sempre. Ainda no ensino médio, sabia que seria professor, mas não sabia do que exatamente. A língua inglesa surgiu pela facilidade que tive com o idioma e por entender a importância de se aprender um ou mais idiomas não só como elemento de cultura, mas também como aprimoramento mental e cognitivo.
SITE NEIPIES: Em 2016, lançaste o livro É para copiar? Qual foi o objetivo desta obra e como foi esta tua experiência de escrita?
Professor Eduardo Albuquerque: O livro tinha o propósito de incialmente ser uma experiência de escrita. Me desafiar na difícil arte de escrever. Gosto muito de contos e crônicas, por isso decidi contar um pouco do que era a escola que eu via nos anos 70, 80, 90 e atualmente, usando pequenos contos e algumas crônicas. Nunca foi meu objetivo fazer reflexões profundas acerca da educação, apenas contar um pouco sobre a escola que eu e muitos outros da minha geração conheceram, tentando usar um texto mais leve e por vezes tentando ser engraçado.
SITE NEIPIES: O uso de tecnologias de informática nas suas aulas já é realidade há bom tempo. Qual é a importância das tecnologias na educação?
Professor Eduardo Albuquerque: Primeiro é preciso conceituar ou lembrar um pouco o que é tecnologia. Sempre que se usa esta palavra, pensamos em uma complexa rede de maquinas e equipamentos com instruções e comandos ainda mais complexos. Na verdade não é isso. Tecnologia é um produto da ciência, do estudo, da observação sendo colocados em prática.
Se voltarmos ao passado, tivemos tecnologias que revolucionaram o mundo todo e cito duas delas: o fogo e a roda. Na educação, tivemos algo que foi igualmente revolucionário e que se chama giz e apagador. Portanto, lidamos com tecnologia todos os dias, todas as horas. Não estaríamos aqui conversando se não fossem elas, você não tocaria o seu violão, não comeríamos o que comemos, não seriamos o que somos. É errado pensar em tecnologia como se fosse algo alheio à educação, pois tecnologia é que nos move e nos trouxe até este estágio evolutivo e vai nos levar a lugares que não sabemos, inclusive na educação.
SITE NEIPIES: Por alguns anos, tiveste ativa participação nas lutas sindicais do magistério público municipal. Qual foi tua maior aprendizagem deste período?
Professor Eduardo Albuquerque: Aprendi muitas coisas. Aprendi que nos falta consciência de classe. Saber reconhecer quem somos e de onde viemos e que papel nos foi imposto pelo “stablishment”, e saber enfrentar estas forças que nos dominam.
Aprendi que sindicato é feito tão somente pelos seus filiados, pela categoria em geral. As decisões tem que partir do coletivo que é a instância máxima de um sindicato. Diretores estão de passagem e a instituição é maior que qualquer um diretor. Se este processo não for obedecido, criamos os sindicatos pelegos, com diretores pelegos e interessados apenas em ascender financeiramente, politicamente, socialmente ou apenas se acomodar mesmo e ficar por ali meio que para sempre se possível. É só olhar no nosso universo próximo e vemos isso acontecer.
Outra coisa que aprendi é que quando o sindicato vira patrão ele perde sua força e aos poucos vai se terminando. No Brasil, os sindicatos se tornaram patrões com a ascensão do PT ao poder e sindicalistas atuantes e combativos, passaram a apoiar as decisões de governo. Isso não é uma crítica ao PT. Aconteceu com Getulismo, na ditadura, com o neoliberalismo e com o governo do Partido dos Trabalhadores e acontece em nível de municípios também hoje em dia.
SITE NEIPIES: Conheces a realidade educacional da rede privada e das redes públicas. Na sua visão, o que difere, em termos educacionais, estas duas realidades?
Professor Eduardo Albuquerque: As diferenças são evidentes. A primeira delas é a estrutura. Escolas particulares são muito bem equipadas e estruturadas. Os pais não matriculam seus filhos em escolas com estrutura inadequada, com boas salas de aulas, internet, equipamentos, bons banheiros, espaço de lazer, de esportes, de artes e outros. A segunda é a questão do material humano. Não se trata de dizer que os as escolas particulares têm melhores professores que as escolas públicas, porque na sua maioria são os mesmos que atuam nas duas redes.
A questão é que na escola pública falta material humano. Veja, uma escola particular tem um ou mais psicólogos, psicopedagogas, orientadores, coordenadores, diretoras, professores, assistentes, funcionários treinados e qualificados para atender os alunos. Na escola pública, nem sempre é assim.
Outra diferença é o tempo de estudo. Alunos de escolas particulares estudam em media seis horas por dia ou mais enquanto alunos da escola pública estudam 3 a 4 horas no máximo.
Outra questão importante é o currículo. As escolas particulares tem um currículo e uma proposta pedagógica que é seguida. E veja que não estou defendendo a escola A ou a escola B ou esta ou aquela proposta. Estou defendendo que se tenha uma proposta e que seja seguida enquanto rede, o que não acontece na maioria das escolas públicas que conheço.
Não falei em salário, pois tanto a escola pública como a escola privada pagam muito mal e salário não pode ser o balizador para se ter uma boa aula. Pagar bons salários é obrigação do patrão, seja ele público ou privado, não para que ministremos melhores aulas, mas porque bons salários pagam nossas contas, podemos tirar férias, comprar um carro, construir uma casa, colocar filhos na universidade, apenas isso.
SITE NEIPIES: O que é ser professor de Língua Inglesa? O que os conhecimentos desta língua acrescentam na vida dos estudantes?
Professor Eduardo Albuquerque: A ciência já provou que dominar outro idioma abre uma série de possibilidades em termos de conexões mentais. Aprender uma outra língua mexe com partes específicas do cérebro, tornando-o mais ativo. Fora isso, existe a comunicação em si. Sem entrar no mérito do colonialismo e todo este discurso que de fato é real, hoje, dominar uma outra língua e em especial o inglês abre portas na área profissional e pessoal pois rompemos barreiras da comunicação e da cultura. Uma pena que no Brasil estejamos tão atrasados neste processo de aprendizagem de uma outra língua.
SITE NEIPIES: Por que decidiste fazer Mestrado e depois Doutorado? Qual é a importância desta qualificação para as suas práticas docentes?
Professor Eduardo Albuquerque: Mestrado e doutorado para mim é uma obrigação. Não busco títulos e nem reconhecimento social. Apenas desejo preencher lacunas na minha formação enquanto professor e tentar fazer com que isso reverbere na qualidade das minhas aulas.
SITE NEIPIES: Como pesquisador e doutorando em educação, como avalias os impactos da pandemia na vida de professores e de estudantes?
Professor Eduardo Albuquerque: Acho que já foi muito falado sobre isso. A pandemia escancarou uma realidade que já sabíamos que existia, mas não queríamos ver ou reconhecer de que existe sim a escola do rico e a escola do pobre. A escola do rico em questão de dias ou semanas conseguiu se adaptar e os prejuízos foram bem menores. A escola do pobre ainda não se encontrou neste processo e os prejuízos são gigantescos para os alunos, para os professores e para a educação pública, lembrando que escola pública= escola do pobre, escola particular= escola do rico e do que tenta ser rico.
SITE NEIPIES: As recentes mudanças, através da BNCC e da Reforma do Ensino Médio, por exemplo, são suficientes para elevar a qualidade social da educação no Brasil? O que falta, na sua visão, para o Brasil fazer uma verdadeira revolução na educação?
Professor Eduardo Albuquerque: A reforma do ensino médio e a nova BNCC são a prova do que acabei de falar quando me refiro e a escola do rico e do pobre (também conhecida como a escola dualista).
Vou te fazer uma pergunta que é retórica, mas que vai exemplificar perfeitamente o que digo: você acha que o pai rico ou da classe média, seja ele empresário, latifundiário, professor, medico, juiz, promotor vai topar matricular seu filho em uma escola que oferece itinerários e que seu filho ou filha frequente apenas aulas de linguagens deixando as ciências exatas de lado, ou ainda que seu filho ou filha faça um curso técnico? Todos sabemos que a resposta é não.
Esta nova proposta serve apenas para manter as diferenças da escola dualista, onde o filho do trabalhador pobre vai ser matriculado em itinerários ou em algum curso técnico pois é o seu treinamento para ali na frente ser aquele que vai receber ordens do filho do trabalhador rico que não frequentou os tais “itinerários”.
Quero lembrar que isso não é novo no Brasil. Eu mesmo fiz um curso técnico aqui mesmo em Passo Fundo chamado redator auxiliar na Escola Cecy Leite Costa, ainda nos anos 70. Planos como este servem para escamotear a falta de investimentos na educação, que é marca do atual governo.
SITE NEIPIES: Na sua opinião, como será o retorno às aulas em 2022, apesar da insistente permanência do Covid entre a gente? Quais são os desafios da educação no pós-pandemia?
Professor Eduardo Albuquerque: Não vai mudar muita coisa. Dá para perceber que a grande maioria aprendeu nada com esta pandemia, com exceção das crianças que parecem ter assimilado lições importantes de saúde e socialização.
A escola pública vai continuar sendo de baixa qualidade, com um ou outro projeto isolado de qualidade, uma vez que nem estados, nem municípios e muito menos governo federal querem investir de verdade na educação.
Os desafios serão basicamente os mesmos, acrescentados do fato que deveríamos tentar recuperar estes dois anos de lapso na educação pública, o que, ao que parece, não vai acontecer. Repito o que já disse, educação precisa de muito investimento, senão ficamos por aí com estes projetos estapafúrdios como escola Cívico Militar, mães crecheiras, homeschooling e outras aberrações.
SITE NEIPIES: Uma inspiração, um pequeno poema, um pensamento que diga algo relevante sobre você e/ou sobre a educação.
Professor Eduardo Albuquerque: Minhas inspirações são a minha família, meu filho, meu neto, meus pais que são pessoas simples e honestas, com pouca instrução formal, mas de uma capacidade intelectual gigantesca e com quem tenho o prazer de debater todos dias temas como educação, política, economia, e com quem aprendo todos os dias…mas, em respeito ao pedido, vou citar uma frase que tem na casa de uma tia querida que mora em Porto Alegre e que diz assim e que eu acho que é do Pablo Neruda, mas não tenho certeza: “ …Algum dia, em qualquer parte, em qualquerlugar indefectivelmente te encontrarás a ti mesmo, e essa, só essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga de tuas horas”.
Tomamos conhecimento, através de rede social, de uma iniciativa interessante de uma professora de educação básica e de ensino superior cujo tema envolve algo pelo qual sempre tivemos grande apreço, estima e consideração: a sistematização de práticas pedagógicas.
A professora Daniela Pedra Mattos teve a iniciativa de coletar, sistematizar, problematizar, relacionar e publicar depoimentos e falas de educadores e educadoras durante o período da pandemia. Sua obra chama-se “A boniteza da reinvenção: práticas docentes em meio à pandemia.
Vamos conversar com ela para que ela mesma detalhe os aspectos que julgar relevantes desta sua iniciativa.
Registramos, ainda, que a sua iniciativa fortalece convicção de que mudanças na educação, sobretudo mudanças de práticas docentes, ocorrem quando educadores e educadoras fazem o exercício de reflexão de suas práticas cotidianas. Sistematizar práticas docentes é uma forma eficiente e eficaz de apropriar-se de novas posturas e novas compreensões do nosso fazer pedagógico.
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SITE NEIPIES: Quando, como e porquê acreditas no potencial da escrita, sobretudo na escrita dos educadores e educadoras?
Professora Daniela Pedra Mattos:Acredito que o nosso papel de “Professor” é potencial e visceral. Edificamos vidas e isso é divino. E o registro do que fizemos e fizemos muito bem, que é educação com maestria, é fundamental para compartilharmos nossas práticas com outros e outras, porque além do registro, servimos de inspiração não somente para nossos alunos, como também para nossos colegas professores. A sala de aula muda o mundo.
SITE NEIPIES: Na sua compreensão, qual é a importância de sistematizar práticas docentes?
Professora Daniela Pedra Mattos: Acredito que a sala de aula muda o mundo e, por isso, a sistematização do que fizemos é imprescindível. São as práticas docentes no dia a dia da sala de aula, enfeitadas de amorosidade e desassossego docente, que edificam vidas, que possibilitam a ampliação e potencialização do conhecimento. Esse é o nosso legado para as futuras gerações.
SITE NEIPIES: Como surgiu a iniciativa de sistematizar, em forma de livro impresso, os grandes desafios da reinvenção à qual estavam e estão submetidos os professores e professoras das diferentes redes de ensino?
Professora Daniela Pedra Mattos: Como formadora de formadores, acompanhei e acompanho o trabalho docente de professores de escolas públicas e privadas. Nesse período de pandemia ouvi e assisti críticas duras à escola, de diversas pessoas, inclusive de alguns meios de comunicação, como “Quando os professores vão voltar a trabalhar?” e “Os alunos vão ficar com déficit de aprendizagem irreversível…”. Isso me incomodou demais.
A escola nunca parou, os profissionais docentes continuaram trabalhando incansavelmente para conseguir levar a educação até a casa dos seus alunos. A pandemia chegou de susto em uma escola que já sofria com inúmeras fragilidades: as condições salariais dos docentes, principalmente de redes públicas, a desvalorização do governo, a falta de recursos e incentivo para formação de professores, a infraestrutura das escolas que é deixada de lado. E mesmo assim, com as dificuldades já existentes e as que chegaram com a pandemia, os professores não esmoreceram, pelo contrário, encontraram forças e inspiração para fazer a diferença na vida dos alunos apesar dos obstáculos.
E foi vendo todo esse empenho, de professores que semeavam conhecimento mesmo em um tempo de muita dificuldade, que nasceu a ideia de formar esse relicário. Que mostra e afirma o quanto a sala de aula e o professor faz a diferença, em tempos bons e, principalmente, em momentos ruins.
SITE NEIPIES: Quais foram os pontos positivos e os maiores desafios de organizar esta publicação?
Escrever essa obra e ter a generosidade de colegas professores de diversas regiões brasileiras foi de uma “boniteza” desmedida. Muito aprendizado e valorização pelo “Ser Docente”. Foi um caminho lindo. Desafios? Não lembro.SITE NEIPIES: Sua obra é apresentada como relicário. Fale-nos sobre esta ideia.
Professora Daniela Pedra Mattos: A ideia de colocar as práticas docentes em um relicário nasce da força dessa GENTE, da nossa GENTE em fazer a diferença na sala de aula desde sempre, para além da pandemia. Professores brasileiros, encharcados de amorosidade, escancararam suas aulas, não somente através das telas, mas através da reinvenção- enviando aulas em sacolinhas, explicando por telefone, cartinhas- porque nem todos os lugares havia acesso à internet- então para guardar o registro de tanta “boniteza” o jeito foi colocar esses relatos em um belo relicário, denominado “ A Boniteza da Reinvenção”.
SITE NEIPIES: Quais são suas expectativas e quais já foram as primeiras repercussões desta obra lançada no final de 2021?
Professora Daniela Pedra Mattos: A expectativa é que essa obra chegue nas mãos dos professores de todas as regiões brasileiras e quem sabe, fora do país também.
A repercussão tem sido fantástica. E isso é de uma alegria imensa, porque é a voz docente que edifica vidas que esse relicário anuncia. Professores e professoras encharcados de esperança e que fazem a educação brasileira acontecer desde sempre.
SITE NEIPIES: Como sua obra pode ser adquirida para leitura, críticas e repercussões no meio escolar?
Professora Daniela Pedra Mattos: Estamos nas redes sociais e temos um WhatsApp comercial que recebe os pedidos dos exemplares e considerações.
Instagram: dani_pmattos
Facebook: Daniela Pedra Mattos
WhatsApp: (54) 99799716
SITE NEIPIES: Na sua percepção, por que tão poucos professores e professoras escrevem? Qual é a importância para a educação dos escritos feitos por aqueles que realmente fazem a educação?
Professora Daniela Pedra Mattos: Acredito que um dos fatores é a falta de tempo. Os professores precisam trabalhar muito. Na maioria das vezes, trabalham 40 horas, em mais de uma escola. Muitas vezes, dependendo do componente curricular que ministram, o trabalho que levam para casa dobra sua jornada.
Considerando o tempo de planejamento, reuniões pedagógicas e que têm família, há de se convir que não há esse tempo para escrever. Num contexto ideal, todo professor devia ter tempo e condições de registrar o seu legado. Afinal, a escola e a educação são feitas de pessoas fortes, guerreiras e encharcadas de sentimentos. O que acontece em sala de aula é o que dita a evolução das concepções educacionais, sendo assim, só quem vive lá sabe realmente as belezas e delicadezas da educação. É o registro do nosso legado, como já coloquei.
SITE NEIPIES: Na sua opinião, como será o retorno às aulas em 2022, apesar da insistente permanência do Covid entre a gente? Quais são os desafios da educação no pós-pandemia?
Professora Daniela Pedra Mattos: O COVID está perdendo força, graças à ciência. Mas não podemos deixar de nos proteger. Acredito que seguiremos com os cuidados por um bom tempo. O retorno das aulas, pelo que podemos observar vai ser menos desafiador em 2021. As escolas brasileiras, na sua maioria, já estão organizadas para tal, afinal, dois anos de pandemia…
Os desafios sempre fizeram parte da docência. Durante a pandemia, o maior desafio foi ministrar aulas sem os nossos alunos presencialmente, foi saber que no outro dia não estaríamos olhando em seus olhos… O desafio foi saber que os alunos do campo, ribeirinhos, das aldeias indígenas, das periferias, não estavam na escola e tampouco tinham acesso à tecnologia, à merenda escolar… O desafio foi perder pais, mães, familiares e muitos colegas professores para o vírus… Foi assistir os telejornais e saber que a violência doméstica e a violência contra crianças tomou patamares alarmantes… Foi ver pais e mães desempregados…
Trazer todos de volta para a escola ajudará muito na retomada da grandiosa ajuda que os professores fazem na vida e trajetória de seus alunos. Os professores saberão o que fazer e como fazer, como sempre fizeram. Os alunos estarão no lugar certo, com seus professores, especialistas, coordenadores, supervisores escolares e gestores, gente que faz à diferença na educação brasileira, apesar de tudo. A escola fará seu papel, que vai além de ensinar, formando pessoas capazes de fazerem suas próprias escolhas.
SITE NEIPIES: Uma inspiração, um pequeno poema, um pensamento que diga algo relevante sobre você e/ou sobre a educação.
Professora Daniela Pedra Mattos: Agradeço a oportunidade dessa troca de afeto e reflexões e deixo aqui, para encerrar minha contribuição nessa entrevista, um poema que faz parte da obra que estamos aqui comentando. O poema intitulado “Depois da Pandemia”, de minha autoria, fala um pouco sobre o que senti e vivi no isolamento e sobre esperança no futuro.
Depois da Pandemia
Depois da pandemia quero estar encharcada de vida viva, vivida, quero contar histórias dos dias que mais andei de pantufas em toda minha vida.
Dos vídeos que não deram certo, das gravações que não consegui fazer…
Das gargalhadas que dei de mim mesma, afinal…usar gola de pele e chinelos havaianas com meias…
É…
Depois da pandemia…
Quero contar que me reinventei no trabalho, que dei as mais belas aulas e que descobri que eu sabia muito mais do que imaginava.
Quero contar que senti falta dos amigos, da família…
Que teve dias que chorei de saudade e de medo também.
É… depois da pandemia…
Quero me enfeitar de afeto para recuperar a falta dos abraços, dos risos, dos amores…e nesse dia…
Quero a alegria singela, descalça, sem vaidades para apreciar a singeleza dos amigos, da família, dos colegas dos trabalho.
Quero esse porvir que não sei quando chegará… mas quando chegar… haa… quando esse dia chegar…quero estar de alma leve, talvez marcada por dores, por desafios, mas vou estar mais forte como nunca estive, porque tudo, mas tudo mesmo, tem um propósito… e o meu propósito, haja o que houver é viver.
Viver para saborear os amanheceres orvalhados e desafiadores, porque… tudo, mas tudo mesmo é exatamente do tamanho que eu posso suportar.
É… depois da pandemia.
Mas hoje, hoje enfeito minha alma com o perfume das flores que se abrem no sorrir da primavera, que singelamente, anuncia sua chegada.
O inverno, não tarda ir embora… e hoje posso dizer que foram nos dias cinzas e frios que saboreei a esperança.
Hoje em meio a pandemia visto-me da singeleza de todos os sabores da vida, afago-me na fé que me fortalece, na fé que me move, que me anima, dizendo-me: – Vai filha! Caminhe! Estou contigo!
É nessa fortaleza que me ancoro e bailo numa esperança alegre, que se veste de sonhos, de risos, de gente, de luta…de uma fortaleza que não se cansa, que não desiste, que persiste, que insiste em dizer: Vai passar.
Se as pessoas enfrentam a crise econômica com mais esforço, com mais partilha, com mais presença no coletivo, os gestores do estado, ao contrário, vendem a ideia e praticam a tese de que este pode ser mínimo. Combina isso?
Mais um ano em que a solidariedade e a empatia mobilizaram as pessoas. A indignação com o veto do presidente à lei que previa a disponibilização de absorventes higiênicos para meninas e mulheres sem condições, é exemplar dessa nova sensibilidade social. Esse veto e outras tantas medidas, revelaram o contraste entre as políticas dos governos e a disponibilidade, coragem e capacidade de solidariedade do povo.
Diante da pandemia, desemprego e fome, governantes reduziram os orçamentos nas áreas sociais e seguiram impondo rupturas com o pacto social iniciado na Constituição de 88, tanto no Brasil quanto no Rio Grande do Sul, diminuindo o estado e sua capacidade de entregar à população serviços que a socorram. Qual o argumento? A crise econômica.
Ora, se as pessoas enfrentam a crise econômica com mais esforço, com mais partilha, com mais presença no coletivo, os gestores do estado, ao contrário, vendem a ideia e praticam a tese de que este pode ser mínimo. Combina isso?
Pode o estado ser mínimo quando a educação foi tão prejudicada que precisa adicionar tempo escolar, tecnologia, suporte econômico? Quando o/a agricultor/a não produz pela seca e o/a pequeno/a empresário/a precisa de apoio para recomeçar?
A desculpa da crise econômica não esconde, para um olhar mais atento, o projeto dos governantes de entrega dos negócios públicos ao lucro privado. Mostra, na verdade, que sua incompetência para encontrar soluções em que se atendam os interesses públicos é porque sua “competência” está voltada à desestatização e à terceirização dos serviços.
A tal ponto vai o compromisso com esse projeto que mesmo a palavra dada, de acordo com a ocasião, é relativizada ou mudada. Nem mesmo o alto custo da energia elétrica, da gasolina, do gás de cozinha e da água, num momento de tanta insegurança econômica e social, sensibilizam seus representantes, que impõem aumentos a esses bens estratégicos para a vida, ao incorporar os lucros privados.
É assim que 2021 termina no Rio Grande do Sul, com uma nova mudança de palavra: “a privatização do Banrisul é inevitável” anuncia o governador. Inventa um sujeito dessa ação que não seria ele. Mas é. Está sendo assim com a CORSAN. Foi assim com o magistério: mudou de ideia, não honrou o compromisso.
Triste ano em que os governantes não estiveram à altura de seu povo. “Se um só traidor tem mais poder que o povo, que esse povo não esqueça facilmente” diz a canção.
Escolhemos falar de pessoas que, ao longo deste ano de 2020 e 2021, fizeram diferença em nossa vida pessoal e social.
Temos muitos assuntos e perspectivas que mereceriam ser abordados em mais um final de ano. Decidimos, por ora, reconhecer e abordar a importância de pessoas que sabem somar na realização de trabalhos e desafios cotidianos, alicerçados na humanização. Entendemos que humanizar é nos tornarmos melhores seres humanos, a partir de ideias críticas e reflexivas.
Escolhemos falar de pessoas que, ao longo deste ano de 2020 e 2021, fizeram diferença em nossa vida pessoal e social. As amizades e as parcerias sempre são conquistas que vamos construindo a partir de relações e interações que modificam, substancialmente, as nossas perspectivas e entendimentos sobre a gente mesmo, sobre os outros, sobre a realidade.
Somo-me a estas quatro pessoas por acreditar em dimensões humanizantes da nossa vida pessoal e profissional. Por trabalhar em educação, tenho convicção de que tudo que faço tem uma intencionalidade, uma missão, um rumo, um caminho para melhorar a humanidade, presente em mim e presente em todos os outros/as.
Associo-me ao pensamento de Pablo Picasso: “minha maior esperança é a de que meu trabalho contribui para impedir novas guerras no futuro”.
Adriana Severo dos Santos
Israel Kujawa
Rosângela Trajano (Danda Trajano)
Marcus Eduardo de Oliveira
As pessoas acima listadas foram comunicadas da minha escrita; concordaram com a exposição pública que farei delas; sabem também que o relato de suas histórias e vivências farão bem a outras tantas pessoas que farão leitura desta crônica porque as nossas vidas sempre são entrelaçadas.
As nossas histórias sempre remetem a outras histórias. As nossas buscas são também a busca de outras tantas pessoas que procuram viver a vida com sentido e com “graça”.
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Adriana Severo dos Santos
Adriana é Coordenadora dos Anos Finais de uma das escolas da rede municipal de Passo Fundo. Uma pessoa experiente, com expressivas vivências pessoais, coletivas e de “chão de escola”, de uma sabedoria incrível e de uma vontade de sempre “costurar” as ideias e as práticas pedagógicas já vivenciadas pelo grupo de professores e professoras.
Ela tem uma mente aberta, tem também convicção política-pedagógica. Busca, incansavelmente, entender que, em toda ação pública, há que se fazer o equilíbrio entre os méritos e os métodos. Acredita na escrita, porque quem escreve pensa melhor e sistematiza o seu saber.
Adriana sabe valorizar e enaltecer as potencialidades de cada um e de cada uma de seus professores/as. Sabe também, apontar os limites, buscando recursos para a superação. Valoriza cada iniciativa, cada gesto, cada proposta que surge das discussões e das conversas entre os seus pares, retomando-os quando necessário.
Numa escola, o Coordenador ou Coordenadora é peça chave para organizar os processos didáticos e pedagógicos que resultem em boa aprendizagem dos estudantes. O Coordenador deve conduzir seus professores e professoras para que dêem o melhor de si e encarem os desafios necessários para a superação de seus limites.
Adriana Severo dos Santos, você me ensinou bastante nestes três anos de convivência e de aprendizagem. Te observo muito. Aprendo e reconheço, todos os dias, tuas habilidades e tua sabedoria na condução do grupo de professores e professoras. Nos humanizamos muito com a tua presença e com tua ação na escola.
Pensamento escolhido por Adriana Severo dos Santos:
“A maior recompensa para o trabalho do homem não é o que ele ganha com isso, mas o que ele se torna com isso”.
Professor Israel Kujawa mobiliza, em torno de si, um grupo de pessoas para discutir soluções de problemas sociais, a partir da educação. Tem um perfil agregador, distribui tarefas e responsabilidades, empenhando-se muito em associar os contextos da escola com as realidades dos estudantes e da comunidade em geral.
As suas práticas sociais mais recentes foram a realização de Mestrado e Doutorado com enfoque em estudos da realidade social, a escrita sistemática de crônicas sobre educação e cidadania, a participação em eleições para cargo legislativo e a criação de um canal de yotube (https://www.youtube.com/channel/UCMQoomGetU04CXmolQjkjvA, a partir de onde produz conhecimentos relevantes para o entendimento da complexidade da vida humana e social. O seu pós-doutorado foi no Centro de Comportamento Desviante (CCD), da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da FPCEUP para um grupo de professores pesquisadores interessados no tema de investigação “políticas púbicas de inserção social para jovens em conflito com a lei”.
Kujawa declara-se um humanista; acredita na força do conhecimento para superar a alienação.
Admiro professores que pensam e que agem para além do ambiente escolar. Professores e professoras que desejam colocar o magistério a serviço de práticas sociais e de mudanças que geram impactos mais globais em toda a sociedade.
Desde que o conheço, admiro seu esforço de dialogar, de buscar parcerias, de aglutinar pessoas e mentes para objetivos concretos que viabilizem a intervenção social. Atualmente, Israel está mais focado em movimento sociais, mas continua atuando em diálogos acadêmicos.
Suas experiências de escola pública, de professor universitário e de pesquisador na área educativa e social o tornaram uma pessoa de mente aberta e prática dialógica.
Sua persistente vontade de mudar o mundo, desacomodando e agregando pessoas para busca de alternativas, são parte de minha admiração por ti! Agradeço imensamente por te conhecer e por me sentir também desafiado a colaborar com as tuas ideias e práticas.
“Como estudante e professor nas áreas que interligam aperfeiçoamento na capacidade de pensar, analisar e descrever comportamentos humanos e sociais, me auto defino como um estoico em formação”.
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Rosângela Trajano (Danda Trajano)
Conheci Danda Trajano através de produções unindo filosofia e poesia e poesia há alguns anos atrás. Sempre gostei da ideia de tornar a filosofia acessível às crianças através da adaptação da linguagem e da escrita para que possam, desde a tenra idade, despertar gosto e prazer pelo pensar.
Como coordenador dos Anos Iniciais, numa escola estadual, percebi que colegas utilizavam seus textos para trabalhos com estudantes, o que despertou desejo de conhecê-la.
Nascida e residente em Natal, Rio Grande do Norte, é licenciada e bacharel em Filosofia, mestra em Literatura. Escreve poesia e prosa. É também ilustradora, diagramadora e pesquisadora de filosofia para crianças. Tem mais de 20 livros publicados e edita revista Barbante: https://www.revistabarbante.com.br/
Minha relação mais direta com esta grande pensadora se deu com um convite meu para que ela pudesse escrever uma coluna no site https://www.neipies.com/convidados/rosangela-trajano/ Foi no ano de 2016 e até agora já são quase 80 publicações.
Danda tem um jeito especial de cativar o leitor através de sua escrita. Em todas as suas publicações, consegue juntar a criticidade da filosofia com a leveza da poesia e da literatura, elaborando verdades e conclusões assertivas.
A minha mais recente descoberta é a de que Trajano escreve para viver. Sua vida perpassa a escrita, a reflexão, a vontade de comunicar os seus pensamentos. Outra descoberta é a sua íntima relação com a natureza, sobretudo, sua relação com as árvores.
Danda Trajano é uma destas pessoas que se soma em parcerias, sempre desafiando o nosso crescimento pessoal, coletivo e espiritual. É muito bom estar sempre desafiado com a inquietação de suas grandes ideias. Obrigado pela oportunidade.
Pensamento de Rosângela Trajano: O meu poema é como as criancinhas aprendendo a andar.
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Marcus Eduardo de Oliveira
Marcus Eduardo e eu firmamos uma primeira parceria através de Coluna Fé em Ação que assinamos juntos na Revista Missões há vários anos. Esta parceria, propiciada pela Revista, despertou em mim um desejo de maior compartilhamento, conhecimento e reconhecimento deste grande sujeito e ativista ambiental.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista, professor e ativista ambiental. Pós-graduado em Política Internacional pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, e mestre pela Universidade de São Paulo (USP), pelo Programa de Integração da América Latina. Tem contribuído como articulista para vários jornais e revistas no Brasil e no exterior. Seus dois mais recentes livros publicados em 2017 e 2018 pela editora CRV, de Curitiba são: “Economia Destrutiva” e “Civilização em desajuste com os limites planetários”.
A partir de convite para integrar grupo de Convidados, Marcus tornou-se um importante colaborador do site na área ambiental e um grande incentivador nas nossas publicações em sua página Economia Ecológica, com quase 300 mil seguidores no Faceboock: https://www.facebook.com/professormarcuseduardo
Em abril de 2020, protagonizamos uma escrita conjunta sobre nossas percepções de mundo, sociedade e planeta. Nesta publicação, apresentamos as nossas crenças e convicções na perspectiva de que o futuro há de ser melhor se nos engajarmos em causas e posicionamentos que resguardem a vida humana e dos demais seres vivos e o próprio planeta. https://www.neipies.com/fe-em-acao-em-defesa-da-vida-e-do-equilibrio-planetario/
Gosto e reconheço a importância da escrita responsável e engajada de Marcus Eduardo de Oliveira sobre as questões ambientais. Vejo com entusiasmo e esperança o seu engajamento, os seus estudos e as suas trocas com outros grandes pensadores brasileiros como Leonardo Boff, Eduardo Suplicy, Padre Júlio Lancellotti e Ailton Krenak, dentre outros.
Marcus Eduardo está aberto a parcerias que sejam em defesa do bem comum e da preservação responsável e ética do nosso Planeta. Tê-lo como parceiro das reflexões que humanizam é motivo de grande alegria!
Pensamento escolhido por Marcus Eduardo de Oliveira: “Não há nenhum fim. Não há nenhum começo. Há somente a paixão pela vida”. (Frederico Fellini)
Existe um caminho a ser percorrido no ano de 2022. Nas horas de Deus, amém! (Zé Vicente)
Nesse final de semana é proporcionada a celebração de momentos significativos na caminhada de fé da humanidade. A participação nesses momentos assinala a comunhão com a Igreja que acolhe o desígnio de Deus na missão de ajudar cada pessoa celebrar o mistério de Jesus, o verbo encarnado (Jo 1,1) que conduzirá todos à salvação.
No dia 31 de dezembro, na liturgia da oitava de Natal, é oportunidade de agradecer o ano que chega ao seu final. Foi feita a travessia, certamente com algumas dificuldades, mas também com realizações. É a dinâmica da nossa história.
Algumas preocupações permaneceram nesse caminhar: a miséria e a pobreza têm aumentado, a fome ameaça muitas famílias, tem-se presenciado muitos casos de violência impetrada de diferentes formas, têm se expressado posicionamentos fundamentalistas de diferentes matizes, sobretudo através das redes sociais. Nesse segundo ano de vigência da pandemia da Covid 19, muitos entes queridos foram perdidos e algumas pessoas ainda estão marcadas pelas sequelas da enfermidade. Famílias enfrentaram dificuldades em razão do desemprego e outros problemas que chegaram aos lares. Pessoas e famílias precisaram se reinventar na trajetória de luta pela sobrevivência e superação das tantas fragilidades.
Vimos também muitas virtudes e valores florescendo nos lares e nas comunidades. A sociedade assumiu iniciativas de solidariedade que fizeram a diferença para muitas pessoas. Algo muito simples: o “quilo” doado pode ter sido a única refeição para a pessoa que recebeu. A criatividade para fazer o bem acontecer tornou o caminho mais leve para muitas pessoas.
Certamente foi um ano exigente para todos. É necessário agradecer ao Senhor a caminhada feita que, cronologicamente, chegou ao final. Bendigamos ao Senhor!
No dia 1º janeiro, início do ano civil, a Igreja propõe celebrar a Solenidade de Santa Maria, mãe de Deus. Reconhece-se Maria como a mãe do “verbo encarnado”, porque ela deu o sim ao desejo de Deus de fazer-se carne na história da humanidade. Ela é a mãe do menino que se fez Deus, aquele que assumiu a nossa condição humana sem perder a sua divindade. O texto proposto para a celebração da solenidade é o evangelho de Lucas 2, 16-21. Narra a alegria dos pastores por encontrarem o Senhor e a atitude de Maria que guardava e meditava os fatos presenciados no seu coração. Aos poucos, a jovem de Nazaré começou a descobrir a extensão do sim dado.
Desde o pontificado de São Paulo VI, a humanidade é motivada, no primeiro dia do ano, a rezar pela paz, uma urgência em nossos tempos.
Compreendamos a paz não apenas como a inexistência de guerras, mas a possibilidade real de vida digna para todas as pessoas do Planeta. A paz que Jesus nos deu vai ser construída a partir da responsabilidade de cada ser humano.
A data de 02 de janeiro de 2022 reserva para os cristãos a celebração da Solenidade da Epifania do Senhor, a manifestação de Deus a toda a humanidade. Ele é a luz para todos os povos. Na noite de Natal o menino Jesus foi visitado pelos pastores homens pobres e desprezados pela elite citadina e que se fizeram os anunciadores da grande novidade (cf. Lc 2,20). Nesse dia celebra-se a visita dos magos do oriente, homens que representam a acolhida universal da salvação. Eles não eram da tradição cultural de Jesus. Contudo, vão até o menino o reconhecendo como alguém importante na trajetória de seus povos.
Segundo o texto bíblico, eles saíram em busca do recém-nascido, guiados pela estrela, até encontrarem o Senhor. Estes homens, diferentemente de Herodes e sua corte (Mt 2,3), alegraram-se pela manifestação do Senhor e reconheceram Jesus como o seu salvador ao ponto de se ajoelharem-se (submissão) e lhe oferecerem presentes (afeto e aceitação).
A humanidade é convidada a celebrar estes momentos com fé e esperança renovada. É a graça do Pai chegando até cada pessoa humana, esperando sua acolhida, porque Ele, em sua graça, transforma o mundo. Deus está dialogando com a humanidade através do mistério celebrado e dos fatos da vida lidos à luz da fé.
Existe um caminho a ser percorrido no ano de 2022.
O criador de todas as coisas convida a entrar no novo ano com coragem, lucidez e esperança. Ele estará com cada um nessa travessia, basta que deixemos se aproximar e conduzir.
Da parte de cada homem e mulher siga-se o conselho de Paulo: “pedimos-vos, porém, irmãos, corrigi os desordeiros, encorajai os tímidos, amparai os fracos e tende paciência para com todos. Vede que ninguém pague a outro mal por mal. Antes, procurai sempre praticar o bem entre vós e para com todos. Vivei sempre contentes. Orai sem cessar. Em todas as circunstâncias. Deem graças por tudo. Porque essa é a vontade de Deus a vosso respeito em Jesus Cristo. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda a espécie de mal” (cf. 1Tess 5,14ss).
Que o ano de 2022 seja um ano bom, vivido na graça de Deus!
As crianças são iguais as árvores. Elas arrastam as suas raízes pelos corações dos adultos com caras ranzinzas que vivem a chamá-las de mimadas e birrentas. Elas só querem brincar e as árvores só querem um pouco de mimo e atenção.
Em suas belas palavras Tom Jobim nos deixou o seguinte pensamento “Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.”
Eu fico a refletir onde será esse lugar que as árvores vivem em paz. Deve ser um lugar sem homens chatos, sem serras elétricas e sem a necessidade de derrubá-las para construírem móveis ou casas com as suas madeiras. Tenho vontade de ir morar nesse lugar, mas antes da morte.
Quem dera chegar nesse lugar de paz ainda com a jovialidade que tenho no corpo e na alma, podendo cantar com os pássaros e contar histórias às árvores plantadas nos corações das criancinhas porque a coisa melhor do mundo é existir além da metafísica e confiar as suas palavras de encanto e magia às fadas e aos duendes para eles poderem guardar nas florestas a simbologia maior do ser enquanto ente presente na natureza e práxis de um existir além das aparências.
Afinal, ser sombra também é imagem que pode ser obtida pela visão. As crianças são iguais as árvores. Elas arrastam as suas raízes pelos corações dos adultos com caras ranzinzas que vivem a chamá-las de mimadas e birrentas. Elas só querem brincar e as árvores só querem um pouco de mimo e atenção.
As árvores são tão belas e singelas. Elas nos proporcionam sombra e nos dão frutos. Nunca cobram nada de nós. Nunca se rebelam contra a nossa ambição, ignorância e egoísmo. Estão sempre na floresta, robustas e felizes prontas para nos receber. Nem imaginam que somos os seus maiores predadores, que vamos derrubá-las dentro de alguns segundos. Sim, as árvores são como as crianças, ou seja, elas acreditam que todos somos pessoas boas.
Na sua preocupação de nos oferecer o melhor que pode, a árvore não se preocupa com a nossa maldade. Ela espalha seus galhos, raízes e copa por todos os lados. Parece uma baiana com o seu vestido branco a dançar na avenida em pleno carnaval. A árvore só quer saber de brincar e ser feliz. Para ela não há tempo mal. Gosta de ser abraçada e de receber carinho. Gosta da chuva. Gosta que leiam embaixo dela.
Eu nunca escrevi um texto sem pesquisar antes sobre o que desejo falar, mas este é diferente. Ele sai das profundezas da minha alma para chegar até vocês como um alerta para o cuidado com as nossas florestas. Estamos desmatando muito rapidamente. Estamos queimando as matas. Nas cidades grandes as árvores são derrubadas para a construção de enormes edifícios.
É preciso reconstruir a máquina humana. É preciso que Deus nos crie novamente. Se é que existe um Deus para tomar conta de todo esse desequilíbrio e loucura que virou a terra. Sodoma e Gomorra perderiam para o mundo profano em que estamos vivendo.
Diferentes dos homens dessas cidades, estamos violentando as árvores de uma forma bruta e perversa. Somos algozes da nossa própria morte. Ao matarmos uma árvore esquecemos que estamos nos matando também. O homem na sua ambição e egoísmo de ter muitos bens materiais invade as florestas e corta tudo. Ele quer multiplicar o seu dinheiro. Ele sabe que a madeira dá muito dinheiro. Os pássaros não têm mais lugar para morarem.
Durante a minha infância, os pássaros vinham brincar e fazer ninhos no meu cajueiro. Eu tinha vontade de ser pássaro naquela época porque eu achava lindos os seus ninhos. Ver os pássaros levando galhinhos finos para a construção dos seus ninhos no meu lindo cajueiro chamava a minha atenção. Hoje, eu não quero mais ser pássaro. Tenho medo de não ter onde morar. De levar chuva e sol porque pássaro hoje é um sem-teto.
Eu também tenho vergonha de ser gente. Talvez se eu me tornasse um inseto qualquer vivesse melhor. Mas, nem inseto vive sossegado mais neste mundo cheio de máquinas, concreto e arranha-céus.
O mundo, como disse um ex-aluno meu, está de pernas pro ar. Como ensinar filosofia a quem numa pequena idade já olha para o mundo desse jeito? Como ensinar as crianças que as árvores são importantes para a nossa sobrevivência e bem-estar se seus próprios pais as ensinam que é necessário derrubá-las para ganhar dinheiro.
Na verdade, o homem contemporâneo só pensa no ter. Ele quer ter uma mansão luxuosa, um carro elétrico fabricado ontem, um robô para cuidar da casa e muitos empregados a sua disposição. Ele não está preocupado se as florestas estão sendo destruídas. Ele nem sequer gosta delas. Muitos dizem que as árvores só sujam as ruas com as suas folhas secas, outros reclamam de que suas copas precisam ser podadas vez ou outra e gastam dinheiro com isso. É um Deus nos acuda o homem em relação as árvores.
Contudo, quero fazer um pedido especial a vocês. Espero que os poucos que me acham louca não venham me criticar mais uma vez. Eu posso ser louca por amar incondicionalmente as árvores, por achar que elas gostam de ser abraçadas, que têm sentimentos e que se movimentam a todo instante, mas eu também sou uma mulher assustada e preocupada com o planeta adoecido e sofrendo todos os dias as agressões do homem que só pensa em luxúria. Um dos pecados que Jesus Cristo condenou. Um dos vícios mais temidos pelas sociedades antigas.
Se quisermos salvar as florestas peço que plantemos dentro dos nossos corações de forma poética e metafórica uma árvore. Sim, que possamos sair por aí com um coração batendo e nos lembrando a todo instante da importância de cuidarmos das árvores, que possamos repetir esse gesto com os demais amigos e familiares, que assim como as fake news que se espalham rapidamente, esse gesto de carregar uma árvore dentro do coração possa se espalhar pelo mundo inteiro.
Claro que você nunca vai conseguir plantar uma árvore de verdade dentro do seu coração, e nem eu estou ficando louca. Isso é uma forma poética que encontrei para falar e chamar a sua atenção de que as árvores também precisam de amor. Sem amor nada sobrevive. As árvores são sensíveis e por qualquer coisa choram. Se não recebem abraços e carinhos logo morrem. Se resistem é porque acreditam em você. Sim, você é o grande responsável por aquela árvore secular na pracinha do seu bairro. Ela só quer ser carregada no seu coração pra cima e pra baixo.
Levar uma árvore consigo dentro de um avião, numa reunião de negócios, num congresso de engenharia não vai fazer de você um tolo, mas um homem que se preocupa com o futuro das florestas.
As pessoas que mais se destacam no mundo dos negócios não são as que sabem de muita matemática e estratégias, mas as que são criativas e que podem do nada trazerem uma ideia nova à empresa. Conquiste os seus clientes pedindo para eles plantarem uma árvore dentro dos seus corações caso não tenham espaço em casa para plantarem uma fisicamente.
Cada árvore plantada no coração é uma poesia que voa céus e ganha novos horizontes criando narrativas nos pensamentos alheios e induzindo outras pessoas a fazerem esse mesmo gesto. Tendemos a imitar os outros. Que possamos imitar aqueles que plantam árvores nos corações e saem falando das suas coisas boas para experimentarmos na primeira oportunidade plantarmos árvores de verdade nas calçadas ou quintais das nossas casas.
Na minha rua tem uma árvore gigante. Cada pessoa da minha rua leva essa árvore no seu coração para onde vai porque ela conta muitas histórias doídas e ao mesmo tempo lindas. Quando jovem eu namorei embaixo da sua sombra. Eu também sonhei abraçada ao seu tronco e recebi alimento para crescer sorridente e com vontade de tornar o mundo melhor através de toda a sabedoria que esta árvore me passou. As árvores depois dos anciãos são as coisas mais sábias que há no mundo.
Se déssemos mais atenção ao que as árvores nos contam, certamente, seríamos mais inteligentes.
Elas trazem narrativas belas sobre tempos longínquos e têm muito a nos contar. Só as árvores sabem contar histórias em completo silêncio. Para ouvi-las basta encostar a cabeça nos seus troncos e ficar quieto. Elas também são boas ouvintes. Conte algo para uma árvore e ela guardará segredo para o resto da sua vida.
Levar uma árvore no coração é tornar-se árvore. As crianças costumam querer carregar os seus brinquedos para a escola. Já pensou se as ensinássemos a levarem dentro dos corações uma árvore e poderem multiplicá-la com outros coleguinhas? Se tivéssemos o costume de dar as nossas criancinhas uma árvore de brinquedo que pudesse contar-lhes histórias seria o maior barato, não é mesmo? Eu nunca vi uma árvore de brinquedo e muito menos contadora de histórias. Fica aqui a minha sugestão as fábricas de brinquedos.
Quando criança a minha mãe fazia suco para gente com as sementes. O suco de goiaba ou de maracujá costumava vir cheio de sementes. Eu ficava a pensar que nasceriam várias árvores dentro de mim logo depois de tomar o suco. Talvez seja por isso que durante esse tempo virei mais árvore do que gente. Talvez por isso possa compreender as árvores e os seus sentimentos de uma forma mais completa do que as demais pessoas que só têm dentro de si feijão e arroz.
Quem na infância sentiu fome e encontrou numa árvore o alimento de que precisava para encher a barriga vai saber do que estou falando. Muitas vezes chupei cinco ou dez cajus na hora do almoço. O meu vestido branco era cheio de nódoas de caju. A mamãe reclamava. Eu achava aquelas nódoas tão bonitas. Elas eram como tatuagens no meu único vestido de passear e ir à igreja. O padre olhava para mim e me benzia carinhosamente todos os domingos sem questionar o vestido que eu repetia sempre.
Ao plantar uma árvore no coração o homem cria raízes de sabedoria, gentilezas, bondade e caridade. Ele tornar-se mais virtuoso e submerge a existência da natureza nas profundezas do seu ser, tornando-a mais coisificada e dialética que a consciência do ser enquanto nada, pois é preciso explorar o Daemon e o gigante Adamastor no que eles têm de bom a nos ofertar.
Assim como a terra pode fecundar os alimentos para a nossa sobrevivência, tudo o que colocamos nos nossos corações podem se fecundar e tornarem-se alimentos espirituais. A árvore plantada no coração experimenta o passar dos tempos e nos imortaliza de uma certa forma que onde formos sepultados nos tornaremos uma delas mesmo que na poesia do vento. É preciso ouvir o balançar dos galhos da sua árvore quando o vento passar. Não é porque ela vive no seu coração de forma poética que não tenha movimentos.
Permita-se ser chamado de tolo, de louco, de ignorante pelos homens de negócios, eles são uns tontos e não valem sequer um pimentão vermelho. Seja mais você aprenda a plantar uma árvore dentro do seu coração e nos corações das suas crianças. Como os alimentos da sua árvore, pendure-se nos seus galhos e considere os lugares por onde as suas raízes passarem, pois elas nutrem os sonhos e desejos.
A árvore que você plantou no seu coração um dia pode lhe salvar a vida, de uma certa forma. É a poesia da árvore que vai conduzir o seu benquerer. Seja árvore!
Assim dizia o poeta português Fernando Pessoa “Segue o teu destino… / Rega as tuas plantas; /Ama as tuas rosas/ O resto é a sombra de árvores alheias.”
Aprendas a regar a árvore que plantaste no teu coração e verás que logo ela te dará fruto porque sabe ser grata e companheira nas horas difíceis. A tua árvore é o sangue que sai do teu corpo e sobe o monte Olimpo para servir aos deuses o banquete da sabedoria de amar as rosas.
Quer saber por que fiz as pazes com ele? Porque cheguei à conclusão de que não será uma figura imaginária que ofuscará a pessoa de Jesus no Natal. Já houve quem até satanizasse o velhinho.
Devo admitir que aprecio muito a atmosfera natalina. Gosto de ver as casas enfeitadas, o corre-corre, a mesa farta, a troca de presentes, e até… o Papai Noel. Sou fã do bom velhinho. Tive minhas desavenças com ele anos atrás, pois julgava que estava usurpando o lugar de Cristo. De um tempo pra cá, fiz as pazes com Noel. Antes que alguém me esconjure, deixe-me explicar.
Gosto de ver as casas enfeitadas, porque nesta época do ano elas se tornam mais aconchegantes. Os olhos da criançada brilham enquanto vêem a mãe enfeitando a árvore com penduricalhos e pisca-pisca. Quem não tem uma boa lembrança da infância quando chega este período do ano?
As casas iluminadas contagiam a vizinhança de um clima de celebração. É lindo ver os filhos envolvidos na decoração da casa. Quando vejo um pinheiro de natal, lembro-me de que foi Martinho Lutero, o reformador protestante quem começou esta tradição. As bolas representavam o fruto do Espírito Santo. O pinheiro foi escolhido porque é a única árvore a sobreviver à estação do inverno nos países onde é mais rigoroso sem perder a folhagem.
E quanto ao Papai Noel? Quer saber por que fiz as pazes com ele? Porque cheguei à conclusão de que não será uma figura imaginária que ofuscará a pessoa de Jesus no Natal. Já houve quem até satanizasse o velhinho.
Uma igreja na Inglaterra chegou a dizer que o seu nome em inglês seria um anagrama do nome “Satan”. Isso porque seu nome em inglês é Santa Claus, devido à tradição que o associa a São Nicolau. Na mente fértil desta turma, Santa, como geralmente é chamado pela criançada nos países de língua inglesa, seria na verdade Satan, bastando trocar a letra “n” de lugar. #Peloamordedeus!
Imagina se o meu Jesus ficaria enciumado por causa de um personagem fictício, que no imaginário popular representa generosidade! Por que não usar a própria figura do Papai Noel para anunciar a Cristo às crianças? Seria muito mais produtivo do que simplesmente demonizá-lo. Imagine alguém fantasiado de Noel numa comunidade carente, com o saco cheio de presentes para criançada, de repente, antes de distribuí-lo, ele anuncia que o verdadeiro presente de Natal é Jesus, dado por Deus aos homens para que tenham vida eterna.
Ademais, sinto-me mais confortável de ver o “bom velhinho” sendo usado como garoto propaganda durante o período natalino, do que ver o meu Senhor tendo Sua imagem associada a qualquer que seja o produto. Seria, no mínimo, desrespeitoso.
Cristo jamais foi ameaçado por personagem algum. No Natal há lugar para o magos do Oriente, para os pastores de Belém, para o anjo Gabriel e para tantos outros personagens bíblicos, inclusive o malévolo rei Herodes. Noel entra de penetra, mas é bem-vindo.
Apesar de ser associado a Nicolau, um cristão primitivo que prezava as crianças, tornou-se num ícone natalino através de uma campanha da Coca-cola nos anos 30. Antes disso, ninguém o reconheceria vestido com aquela roupa vermelha, botas pretas, saco de brinquedos e trenó.
Dito isso, desejo antecipadamente a todos os meus leitores um Natal repleto de alegria e contentamento no Espírito. E que os cristãos não sejam vistos como estraga-prazeres, e sim como aqueles que têm motivo extra para festejar.
É chegada a hora de sair, de voar como diz uma passagem bíblica “os filhos são flechas na mão do guerreiro”. Isso quer dizer que os filhos devem ir mais longe que os pais e essa, meus queridos e queridas, é a nossa missão atirar a flecha.
É com imensa alegria que estou aqui nesta noite para homenagear nossos filhos, nossos mais valiosos tesouros.
Estar aqui com vocês é a concretização de mais uma etapa, é ver vocês seguindo o caminho, passo a passo. Eu lembro, e assim como muitos pais aqui lembrarão, do primeiro dia que entramos por esse portão de mãos dadas com vocês, muito pequeninhos e com os olhinhos brilhantes e nós com o coração na boca. Afinal, era o primeiro dia de aula na escola dos grandes, confiamos vocês à escola, que hoje nos devolve futuros homens e mulheres.
Procuro aqui e agora aqueles pequenos, não, não são mais tão pequenos, mas os olhos continuam a brilhar, e vemos neles as mesmas expectativas de anos atrás, as dúvidas, os anseios enfim, tudo de novo e os nossos corações mais uma vez, estão apertadinhos.
Queridos filhos e filhas, não existem palavras para expressar nosso orgulho de ver o fechamento desse ciclo, foram todos guerreiros e guerreiras afinal, foi na nossa existência que passamos por uma pandemia e tivemos que conviver com o medo, com o isolamento, longe da escola e dos amigos.
Amados e amadas, vocês são as maiores riquezas que podemos ter em nossas vidas. A partir do momento que Deus nos concedeu o privilégio de sermos mães e pais, é como se um pedaço nosso vivesse em outro corpo, é como se nada nesse mundo pudesse ser maior que esse amor, todos os dias agradecemos a dádiva que é sermos pais de vocês, esperamos que diariamente os caminhos que decidirem seguir, sejam iluminados e sempre conquistem seus objetivos.
Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, incertezas, alegrias e conquistas, é estar a todo momento se questionando se estamos agindo certo com vcs, é estar lapidando dia após dia a nossa joia mais preciosa.
Nossos queridos e queridas, creio eu que não haja nesta vida algo que seja capaz de mensurar o amor que temos por vocês, saibam que estaremos sempre aqui para ajudar, aconselhar, levantar, chorar, sorrir … hoje é um dia de orgulho afinal não são todos que conseguem chegar até aqui, mas vocês estão… vocês devem seguir, vocês são o futuro sendo plantado hoje.
Sei que não foram anos fáceis, mas virão outros com outros desafios e vocês estão aptos para vencer, e nós prontos para aplaudir.
Vivam intensamente com sabedoria, escolham seus caminhos, corram atrás dos seus objetivos, realizem seus sonhos… mas, principalmente, sejam felizes durante toda trajetória de vocês, a vida é curta, mas é maravilhosa.
E, para finalizar, quero dizer a vocês nossos filhos e filhas que todos os esforços que fizeram foram finalmente recompensados, foram dias de aprendizagem e muito tempo estudando, mas muito foi superado e vocês merecem sentir o prazer da vitória, mas nos prometam que teremos outras e outras formaturas. Que venha o Ensino Médio, que permaneçam as amizades.
Neste momento que vivemos, é tempo de sonhar e começar uma nova fase. Que os dias que se aproximam sejam de muito sucesso, tanto no âmbito pessoal, como profissional.
É chegada a hora de sair, de voar como diz uma passagem bíblica “os filhos são flechas na mão do guerreiro”. Isso quer dizer que os filhos devem ir mais longe que os pais e essa, meus queridos e queridas, é a nossa missão atirar a flecha. Sigam, mas não esqueçam estaremos aqui. Obrigada por serem nossos filhos e filhas amadas e amados… e para deixar aqui registrado …. nós também amaremos vocês de janeiro a janeiro até depois do mundo acabar.
Um grande abraço e mil beijos de nós seus pais e mães.
O processo biológico do indivíduo é nascer, crescer e morrer. Se ele não dá continuidade a sua vida, o sistema social se acaba porque não vai ter pessoas para se relacionarem umas com as outras. O essencial é que essa continuidade esteja sempre presente e que ao envelhecer o indivíduo já tenha criado vários laços de parentesco dentro da tribo.
O sistema político de Evans-Pritchard é uma série em expansão de segmentos opostos a partir das relações dentro da menor seção tribal até as relações entre tribos e estrangeiros, pois a oposição entre segmentos da menor seção parece-nos ter o mesmo caráter estrutural que a oposição entre uma tribo e seus vizinhos Dinka, embora a forma de sua expressão seja diferente. Muitas vezes não é nada fácil decidir se um grupo deve ser considerado como uma tribo ou como o segmento de uma tribo, pois a estrutura política possui uma qualidade dinâmica.
Nas tribos maiores, os segmentos reconhecem uma unidade formal, porém pode haver pouca coesão real. O valor tribal ainda é afirmado, mas as relações concretas podem estar em conflitos com ele já se que baseiam em lealdades locais dentro da tribo e, em nossa opinião, é nesse conflito entre valores rivais dentro de um sistema territorial que consiste na essência da estrutura política.
O autor sugere, ainda, que os grupos políticos Nuer sejam definidos, em função dos valores, pelas relações entre seus segmentos e por suas inter-relações enquanto seus segmentos de um sistema maior numa organização da sociedade em determinadas situações sociais, e não enquanto partes de espécie de uma moldura fixa dentro da qual vivem as pessoas.
Pelo que eu entendi a estrutura social dos Nuer se dá com a ausência de órgãos de governo entre eles, a ausência de instituições legais, de liderança desenvolvida e, em geral, de vida política organizada. O estado por eles formado é um estado por parentesco e acéfalo, e somente através do estudo do sistema de parentesco é que se pode compreender como se mantém a ordem e como se estabelecem e se conservam as relações sociais em amplas áreas.
A anarquia ordenada em que vivem combina muito bem com seu caráter, pois é impossível viver entre os Nuer e conceber a existência de pessoas que os governem. Seriam relações difíceis e complexas, mas que conseguem conviver conforme os seus rituais e tradições, ou seja, as suas próprias tradições e rituais que de uma certa forma organizam a “bagunça” da tribo.
A estrutura social do Evans-Pritchard se aproxima da definição de estrutura social do Radcliffe-Brown quando os dois partem do princípio de que essas estruturas se dão conforme a complexidade das relações entre as pessoas. Sendo assim, essas relações apesar de terem uma estrutura complexa conseguem manter a ordem e estabelecer a convivência das pessoas numa mesma tribo.
A anarquia organizada seria aquela que apesar de não ter um governo ou alguém que estabeleça normas e leis a serem seguidas, os Nuer conseguem conviver dentro das suas tradições e rituais entendendo que cada pessoa da tribo tem a sua liberdade e ao mesmo tempo a tomada dela conforme o que fizer contra o seu outro ou aquilo que seja considerado errado dentro dos princípios determinados pela tribo. Seria uma espécie de convivência a base de regras ditadas pelas próprias pessoas da tribo e que são seguidas de uma forma organizada, mas que não são governadas por nenhum órgão oficial.
Os Nuer têm as suas tradições e rituais, sendo neles que são estabelecidos os princípios pelos quais as pessoas da tribo devem ser regidas, mas sem nenhum sistema de governo oficial para determinar ou não o que deve ser feito. É uma ausência de governo, mas ao mesmo tempo uma presença na cabeça de cada pessoa da tribo da sua responsabilidade para a boa convivência com os demais.
O fator tempo, segundo o que ficou entendido, é que Meyer Fortes está preocupado com as mudanças que ocorrem entre as pessoas e as suas consequências para o bem comum de todos.
Essas transformações individuais podem afetar o social e muitas vezes o indivíduo é influenciado pelo seu tempo de vida e a sua experiência adquirida ao relacionar-se com os demais a se comportar de diferentes formas ao longo de um tempo não somente cronológico, mas de um tempo de mudanças que se baseiam em vivências e experiências com o outro.
O que é necessário para que esse sistema social se mantenha é a sua efetivação, ou seja, que os indivíduos possam dar continuidade as suas vidas através dos seus parentescos. O crescimento e o desenvolvimento físico do indivíduo é importante para a antropologia, pois para manter um sistema social é necessário que a tribo tenha filhos e os veja crescer e se reproduzir. A continuidade da tribo precisa ser estabelecida de alguma forma e isso deve ser levado em consideração por todos que dela pertencem.
O processo biológico do indivíduo é nascer, crescer e morrer. Se ele não dá continuidade a sua vida, o sistema social se acaba porque não vai ter pessoas para se relacionarem umas com as outras. O essencial é que essa continuidade esteja sempre presente e que ao envelhecer o indivíduo já tenha criado vários laços de parentesco dentro da tribo.