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A gratidão é a memória do coração

Em praticamente todas as religiões do mundo, a gratidão é o princípio básico para se levar uma vida centralizada na fé, em Deus e em tudo o que o Universo pode conspirar ao nosso favor. Na Bíblia, um dos livros mais difundidos no mundo, Jesus ensina, a todo momento, a importância de ter amor e gratidão no coração, para se ter uma vida plena e feliz.

Você sabia que o simples ato de agradecer é capaz de aumentar seu nível de felicidade pessoal e mudar seu destino? Já está comprovado: quem “se lembra” de agradecer sempre, mesmo em situações adversas, vive uma vida mais feliz e saudável.

Contudo, agradecer verdadeiramente é reconhecer e retribuir um bem que recebemos, do fundo do coração, não sendo, portanto, um raciocínio lógico. Não é à toa que já se difundiu: “gratidão é a memória do coração”.

Agradecer de coração é um sentimento genuíno, que é capaz de despertar a nobreza que existe em nosso interior e nos ligar imediatamente à energia criadora e positiva do universo. 

Em praticamente todas as religiões do mundo, a gratidão é o princípio básico para se levar uma vida centralizada na fé, em Deus e em tudo o que o Universo pode conspirar ao nosso favor. Na Bíblia, um dos livros mais difundidos no mundo, Jesus ensina, a todo momento, a importância de ter amor e gratidão no coração, para se ter uma vida plena e feliz.

Nas culturas orientais, a gratidão também é diretriz para guiar uma vida com mais sabedoria e amor. Um filósofo japonês Mokiti Okada (1889-1955) registrou que “gratidão gera gratidão, lamúria gera lamúria”, sugerindo que quem vive em estado de gratidão acaba entrando em um ciclo contínuo de coisas boas e positivas. Não seria a infalível Lei da Atração agindo em nossas vidas?

Continue a leitura e aprenda como despertar seu coração para a verdadeira gratidão, atraindo a felicidade que você tanto deseja:

Ser grato pelo básico é o primeiro passo

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, já dizia: “Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”. Pense que o catalisador para uma vida com gratidão é simples: gravar no coração que sempre há algo para agradecer!

Parece clichê, mas acordar, abrir os olhos, respirar e se levantar da cama já são motivos de grandes agradecimentos da nossa parte ao universo. Pensando, mesmo superficialmente, todos nós temos, sempre, algo de bom em nossas vidas para levantar as mãos para os céus e agradecer.

Sabemos, entretanto, que sentir-se constantemente agradecido não é tão fácil quanto parece. Manter a chama acesa da gratidão no interior significa fazer um exercício diário para perceber pequenos milagres que acontecem na nossa vida, muitas vezes, sem que façamos muito esforço para tal.

Por isso, se estiver difícil ser grato, comece enumerando o básico presente na sua vida e verá que há muito mais coisas “presentes” do que “ausentes”.

Agradecer renova o sentimento de esperança

Um dos grandes benefícios da gratidão é renovar a esperança, enxergando que “fases ruins” são, quase sempre, uma questão de ponto de vista, um julgamento subjetivo e pessimista da realidade. Reveja uma situação considerada negativa em sua vida, agradeça nem que seja o fato de ter aprendido algo com ela, e veja como flui uma leveza e um sentimento de alegria antes não sentidos.

Às vezes, escolhemos focar no que “não está funcionando” na nossa vida, ou seja, os problemas, as lacunas, o que achamos que ainda falta conquistar ou ter. Contudo, agir assim é como cavar um poço bem fundo e pular nele, sem perceber.

Nosso subconsciente segue o que desejamos interiormente, como um roteiro de vida e, se ele segue uma linha feliz, de prosperidade e sucesso, nossa mente nos induz a um pensamento de felicidade. E nossas ações, inevitavelmente, seguirão este caminho.

Gratidão é o segredo da boa sorte

Ter gratidão é algo que não custa dinheiro e pode ser colocado em prática agora mesmo. Tornar-se grato é tão importante que é o primeiro passo para nos tornarmos seres humanos melhores — mais gentis, generosos, bondosos e humildes — e, consequentemente, filhos, maridos, esposas, pais e profissionais melhores.

Quem sente gratidão pelo que possui, torna-se menos ansioso e estressado, melhora o relacionamento, prospera e consegue, sempre, picos de boa sorte na vida, pois enxerga ótimas oportunidades em pequenas coisas. Ainda melhora a aparência, pois você já viu alguém que vive reclamando de algo, ter um sorriso bonito no rosto e uma fisionomia atraente?

Quem nunca se pegou pensando: “fulano é tão sortudo”, “nasceu com uma estrela na testa”. A über model Gisele Bündchen, considerada umas das pessoas mais sortudas do planeta, deu uma lição de gratidão ao afirmar, em entrevistas recentes, que a primeira coisa que faz ao se levantar é agradecer, durante seu momento de meditação.

E mais: o modelo, apontada como exemplo de felicidade, também afirmou que, além de serem um dos sete pilares da sua vida, o amor e a gratidão são os principais ensinamentos que pretende deixar como herança para a sua filha: “Minha filha, seja grata por tudo o que você tem na vida. Eu vivo disso”, descreveu Bündchen.

Sim, a gratidão é a memória do coração

Agradecer é retribuir o que nos foi oferecido de bom, mesmo que mentalmente. Contudo, quanto mais materializarmos a nossa gratidão, maior será o nosso próprio nível de felicidade. Foi o que comprovou um teste realizado, recentemente, por psicólogos americanos.

No experimento, voluntários foram convidados a pensar em pessoas por quem tivessem gratidão, após terem feito algo maravilhoso em suas vidas. Cada voluntário foi, então, estimulado a escrever uma “carta de gratidão” a esta pessoa. O objetivo era contatar a pessoa citada na carta e ler para ela o conteúdo escrito, como forma de materializar a gratidão expressa.

Quem conseguiu fazer isso, demonstrou, por meio de medidores, um aumento do nível de felicidade pessoal de 4%. Já as que conseguiram falar com os destinatários das cartas e leram o que escreveram, aumentaram em quase 20% o seu nível de felicidade.

Assim, ficou claro que a gratidão deve ser exercitada, diariamente, como parte do nosso roteiro de felicidade.

Ao retribuir algo de bom, nossa energia muda e somos capazes de alterar nosso próprio destino. “Pense na gratidão como um músculo a ser exercitado diariamente, e não como apenas um sentimento”, definiu o estudo.

Se algo estiver fora do eixo em sua vida, faça um desafio e incorpore a gratidão no seu dia a dia. Tente se lembrar: quando foi a última vez que sentiu ou retribuiu a gratidão? Tenha em mente que a gratidão é a memória do coração e repense em toda a sua vida. Você, com certeza, constatará que tem muito mais do que o necessário para viver.

E mais: a modelo, apontada como exemplo de felicidade, também afirmou que, além de serem um dos sete pilares da sua vida, o amor e a gratidão são os principais ensinamentos que pretende deixar como herança para a sua filha: “Minha filha, seja grata por tudo o que você tem na vida. Eu vivo disso”, descreveu Bündchen.

Sim, a gratidão é a memória do coração

Agradecer é retribuir o que nos foi oferecido de bom, mesmo que mentalmente. Contudo, quanto mais materializarmos a nossa gratidão, maior será o nosso próprio nível de felicidade. Foi o que comprovou um teste realizado, recentemente, por psicólogos americanos.

No experimento, voluntários foram convidados a pensar em pessoas por quem tivessem gratidão, após terem feito algo maravilhoso em suas vidas. Cada voluntário foi, então, estimulado a escrever uma “carta de gratidão” a esta pessoa. O objetivo era contatar a pessoa citada na carta e ler para ela o conteúdo escrito, como forma de materializar a gratidão expressa.

Quem conseguiu fazer isso, demonstrou, por meio de medidores, um aumento do nível de felicidade pessoal de 4%. Já as que conseguiram falar com os destinatários das cartas e leram o que escreveram, aumentaram em quase 20% o seu nível de felicidade.

Então, que tal começar este exercício em nosso site? Expresse sua gratidão nos comentários e aumente seu nível de felicidade! 

https://osegredo.com.br/entenda-por-que-gratidao-e-memoria-coracao/

Aprendendo gratidão!

Inspirados nesta reflexão acima, estudantes e professores/as da EMEF ZDC (Escola Municipal de Ensino Fundamental Zeferino Demétrio Costi) realizaram, neste último dia 26/11/2021, Dia Mundial de Ação de Graças, atividades reflexivas sobre a memória desta data e a importância do agradecimento na vida de cada ser humano.

Em seguida, como gestos concretos de gratidão, levaram para as suas casas um saquinho de sementes, lembrando da importância de semear, de agradecer e de fazer reverência aos alimentos que nos permitem a vida e a sobrevivência.

Expuseram, ainda, tiras de TNT que continham ideias, frases ou desenhos sobre a importância da gratidão e os motivos para agradecimento. Estas tiras foram colocadas na grade que dá acesso à rua que corta a frente da Escola. Deste modo, a Comunidade Escolar tornou público o seu trabalho pedagógico para toda a comunidade que circunda a escola ou que transita nesta rua da escola.

Quer aprofundar sobre a importância de ensinar gratidão na escola, assista a este breve vídeo. A animação apresenta o resultado de alguns estudos que evidenciam a importância da gratidão na formação das crianças e adolescentes, com o aprendizado iniciado em casa e continuado nas escolas. https://youtu.be/7xRvejvaH74?t=33

Edição: Alex Rosset

A falácia da terceira via

Terceira via não existirá. Será novamente uma luta da centro-esquerda contra a extrema-direita, esteja o ex-capitão na contenda ou não.

É possível processos eleitorais com dois polos ideológicos opostos e um mediador sendo a terceira via? A resposta é simples: sim é possível. Em países pluripartidários, não há razão para se pensar diferente.

A busca pelo eleitor de centro, nas eleições em países que contam apenas com dois partidos (bipartidarismo), é um clássico das análises da ciência política. Parte-se da ideia de que há uma parcela considerável da população que não está interessada em política, ou que tem medo de extremos, e tende a votar em candidatos que se aproximem mais do senso comum.

Mas o fato de ser possível não significa que seja inexorável sua presença. Não há nenhum princípio essencial na presença de uma terceira via, de um centro. Isto é importante para avançar no argumento que pretendo desenvolver aqui a partir da pergunta: existe um centro a se constituir, diferente do PT e seus aliados de esquerda e da extrema-direita de Bolsonaro, para ser chamado de terceira via? 

Começo por uma resposta peremptória: Não. E explico por quê.

Darei três razões, mas possivelmente há muitas mais. A primeira é que opor Lula a Bolsonaro como dois extremos ideológicos é muita ingenuidade ou má intenção.  São, certamente, polos adversários, mas isto não é sinônimo de dois extremos. Lula foi, por duas vezes, presidente do país e seu partido ganhou quatro eleições presidenciais; Bolsonaro é o atual presidente do Brasil.

A comparação entre os governos é fácil de ser feita.  Apesar das aberrações discursivas dos donos do pato amarelo, nas primeiras vezes em que Lula se candidatou, os  seus governos posteriores foram de concertação.

No melhor estilo do que André Singer chamou de Lulismo, isto é onde “todos ganham”. E os banqueiros ganharam muito. Ao mesmo tempo, o Brasil saiu do mapa da fome, o salário mínimo teve aumento real de 75%, houve importantes políticas públicas para os mais pobres, inclusive o formidável avanço da política de cotas para negros e estudantes das escolas públicas em geral. Lula fez um governo de centro-esquerda por um simples fato: gostemos ou não, Lula é um político de centro-esquerda.

Já Bolsonaro e sua parentela têm feito um governo de desmanche de extrema-direita, para dizer o mínimo. Prometeu isto e está cumprindo. Atua no sentido de desconstruir não o governo petista anterior, mas as bases da frágil mas valente democracia brasileira, ancorada na constituição de 1988.

O mais trágico para seus apoiadores do andar de cima é que não cumpriu suas promessas ultraneoliberais, que ele próprio não sabia o que era, mas confiava num  Chicago’s Elder, que se revelou de uma incompetência exemplar. 

O ex-capitão e sua parentela chegam a 2022 com um grupo pequeno de apoiadores fanatizados e muitos militares bem pagos em cargos de confiança, além de uma trupe venal que habita o Congresso Nacional e que não costuma afundar com o barco.  Tendo por base as condições do fim do ano de 2021, Bolsonaro tem munição para, em tese, dar um golpe de estado, mas não para ganhar as eleições.

A segunda razão para que não exista um centro é que a questão não é um candidato de centro, mas um candidato que substitua Bolsonaro nos corações e mentes da Faria Lima e dos setores da classe média que costumam se arrastar atrás de qualquer um que prometa manter seus privilégios e empobrecer ainda mais os mais pobres.

Bolsonaro até pode ser candidato, e muito possivelmente será, mas há necessidade de um novo candidato de extrema-direita para completar a “obra” do desmonte. E aí despontam algumas figuras. Temos os candidatos de sempre do PDT e do PSDB. O eterno Ciro não sabe se é ultra-inimigo de Bolsonaro ou se pode até fazer uma aliança velada, de ocasião, com forças reacionárias. Sua ambição é puramente pessoal, uma mistura de caudilhismo gaúcho, característico do fundador de seu partido, com o velho coronelismo nordestino. 

Pari passu vem o PSDB, que perdeu todo o aplomb, pretensamente sustentado por seu maior líder, que até título real tinha para se definir profissionalmente: o príncipe da sociologia. Após o melancólico desastre de 2018, quando Alkmin não conseguiu 5% dos votos, pretendia voltar com o prefeito de São Paulo.  Doria é um tucano de pobres plumagens, segundo alguns, compradas na 25 de Março. É rico, mas brega, e o PSDB gosta de rico com origem na USP.  

Mas era o que se apresentava na ocasião, e sua mediática (e até eficiente) administração da pandemia de covid-19 o cacifava como um candidato de peso. No entanto, o partido, mesmo em frangalhos, se dividiu e um jovem governador apareceu para aqueles que não engoliam o apresentador de TV disfarçado de governador, como o novo, a salvação da lavoura.

Deu no que deu, o PSDB viveu algumas semanas gloriosas e a grande mídia também. Parecia que finalmente tinham encontrado o substituto de Bolsonaro, pouco importando se fosse Doria ou Leite. Mas o evento correspondeu à crença de que um moribundo melhora um pouco antes de morrer.  As prévias do partido viraram uma luta de rinha de galos sem regras. Lá se foi o sonho do “centro” novamente…

Resta Sergio Moro, que depois de cometer todos os disparates como servidor público da justiça federal, após negociar com acusadores contra os réus, prender o candidato que poderia ganhar as eleições de seu futuro patrão e ter levado um pontapé nos glúteos daquele a quem foi tão servil, volta. E como? Com a velha, surrada, mas perigosa lenga-lenga do salvador da pátria, um homem de fora da política que vem salvar o país da corrupção.

Moro é o homem sem qualidades e um pouco mais civilizado do que o ex-capitão, ideal para cumprir o papel de representante da família margarina e pet de estimação da banca internacional e dos donos do pato amarelo. Resta saber se terá fôlego para uma campanha e se convencerá parte significativa do eleitorado. Parece-me de tiro curto, mas é um elemento de extrema-direita perigoso. Não podemos perdê-lo de vista.

A terceira razão para que não haja candidatura de centro para presidente da república é que o centro, no sentido político do termo, esteve sempre ao redor do PT, e o Partido dos Trabalhadores nunca lhe negou guarida. Ao contrário, abusou da hospitalidade. Se este é o grande problema do PT ou não, é difícil afirmar, pois muitas outras variáveis precisariam ser analisadas.

A pergunta que fica em aberto é: quem será o vice de Lula?  Aí saberemos se o centro participará das eleições presidenciais de 2022. Eu apostaria que sim. Terceira via não existirá. Será novamente uma luta da centro-esquerda contra a extrema-direita, esteja o ex-capitão na contenda ou não.

 Autora: Céli Pinto

Professora Emérita da UFRGS; Cientista Política; Professora convidada do PPG de História da UFRGS


* Esta publicação foi originalmente publicada no Jornal Sul21, no dia 24/11/2021:
https://sul21.com.br/opiniao/2021/11/a-falacia-da-terceira-via-por-celi-pinto/

Edição: Alex Rosset

As árvores podem ser as melhores amigas da sua criança

A canção “Árvore” interpretada por Elba Ramalho nos diz em seus versos “Todo santo dia / Pois todo dia é santo / E eu sou uma árvore bonita / Que precisa ter os seus cuidados”. Toda árvore é bonita e como nós, todas elas precisam de cuidados porque conforme alguns cientistas elas sentem emoções iguais a nós. Claro que você não vai sair por aí à procura de uma árvore chorona, birrenta ou sorridente. Elas sentem emoções dos seus jeitos. E há que se entender o jeito de cada árvore para cuidar delas e amá-las.

Ouça música de Elba Ramalho: https://youtu.be/buE4XDY1724?t=226

As árvores são maravilhosas porque nos dão frutos, sombra, ar puro, decoram as nossas ruas e são moradas de pássaros. Elas também são encantadoras com as suas folhas verdinhas no inverno e secas no outono a serem levadas pelo vento como quem corre para os braços de uma criança. Quem aprende a amar uma árvore nunca mais deixará de amar a si próprio e ao outro. Algumas árvores nos dão pouco trabalho, elas só querem mesmo ser paparicadas e mimadas iguais crianças.

A minha mãe gosta de conversar com a árvore da nossa casa. Eu não sei o que tanto as duas conversam todos os dias pela manhã bem cedo, mas acho que a nossa árvore sabe de todos os segredos de mamãe e claro nunca contará para ninguém por que se existe algo em que podemos confiar é nelas. Também não vivem trocando de amigos e o melhor de tudo não têm amigos virtuais. São amigas de gente de carne e osso que valoriza as relações presenciais, que gosta de beijo e de abraços. Toda criança gosta de abraçar uma árvore, imagine ser o melhor amigo de uma delas. Mamãe é a melhor amiga da nossa árvore.

Sim, as árvores podem ser as melhores amigas da sua criança. Se você incentivar a criança a gostar delas, a amá-las, cuidá-las e respeitá-las, certamente que criarão um laço afetivo e emotivo para longevidade. Conheço um homem que tem quase cem anos e é amigo de uma árvore há mais de setenta anos. Ele me disse, um dia, que ela sabe mais dele do que a sua própria família. Achei isso a coisa mais bonita que já ouvi na vida.

As árvores conseguem até mesmo curar as doenças e traumas das crianças, pois quando são abraçadas por elas e recebem os seus prantos de dor e tristeza transmitem uma energia da natureza capaz de amenizar os problemas emocionais pelos quais a criança está passando. Assim como precisam de cuidados, as árvores também sabem cuidar. Uma árvore pode acalentar uma criança que perdeu um amiguinho ou bichinho.

Faz algum tempo, levei o meu sobrinho para um parque de mata atlântica aqui da minha cidade e ele ficou encantado por uma das árvores desse local. Ele disse que pôde ouvir a árvore chamar por ele e pedir-lhe um abraço. Todo mundo sabe que abraços também curam medos, traumas, doenças e nos transmitem energias maravilhosas, fazem com que a nossa autoestima suba e fazem com que nos sintamos as pessoas mais amadas do mundo.

Os cientistas e tecnólogos da informação sabem tanto do poder de um abraço que já estão programando robôs para abraçarem crianças que fazem tratamento para combater o câncer. As crianças se sentem protegidas dentro de um abraço. A proteção é algo necessário ao homem desde os tempos das cavernas quando se escondiam nelas para se protegerem dos seus predadores.

O autor Eduardo Galeano na sua clássica obra “O livro dos abraços” nos fala da grandiosidade dos momentos, da riqueza dos inesquecíveis momentos, das histórias belas que ouvimos ao longo dos anos e de como tudo isso vai se abraçando e traçando a vida para novos significados, valores e virtudes. As árvores fazem isso conosco. Se ninguém nunca lhe falou sobre elas serem grandes contadoras de histórias eis o meu pensamento, principalmente aquelas seculares que têm dentro de si muitas histórias.

As árvores não precisam andar por muitos lugares para conhecerem as coisas e nem mesmo navegar em vários mares para saberem delas. Elas têm o poder de saber tudo que está ao seu redor, por isso que quando uma delas está sofrendo com machadadas todas choram em profundo silêncio. Sim, a floresta silencia-se quando uma árvore é derrubada e aquele homem mesmo tendo feito um grande mal a uma delas ainda assim continuará recebendo a sua sombra e os seus frutos porque elas não são vingativas.

As pessoas não imaginam que as árvores podem adoecer de tristeza e até mesmo morrerem. Assim como as crianças na educação infantil que adquirem piolhos, algumas delas sofrem com os cupins e precisam de tratamento. Os cupins são uma grande praga para as árvores. Eles são como algumas doenças do nosso corpo, vão comendo tudo por dentro e quando percebemos elas estão ocas e mortas. Só lhes restam cair ao chão, sem vida.

Uma criança que é amiga de uma árvore precisa saber que todo ser vivo pode morrer a qualquer momento. Então, os pais e responsáveis precisam contar para ela que a árvore não é imortal. Ela pode viver muitos anos se cuidada e amada como necessário, mas também pode sofrer com doenças e pragas, iguais a nós. O laço afetivo da criança para com a árvore deve ser estabelecido nos primeiros anos de vida. Aprender a respeitar a natureza, a senti-la, a tocá-la, precisa ser feito antes mesmo da criancinha começar a andar.

Abraçar produz todo o tipo de efeitos positivos no corpo, na mente e no coração. Os benefícios científicos do abraço vão desde dar a sensação de bem-estar até prevenir doenças, como já foi dito acima. As árvores substituem seus braços pelos seus galhos e apesar de não se movimentarem como gostaríamos elas nos abraçam fortemente dentro dos seus troncos e galhos. As belezas da natureza ganham singularidade quando descobrimos que uma árvore todos os dias espera o menino passar para a escola apressadinho, mas antes dá-lhe um abraço gostoso.

O abraço ainda promove o bem-estar e melhora a memória. Além da oxitocina, um abraço promove também a liberação de dopamina, um hormônio que atua como um estimulante, criando uma sensação de prazer no cérebro. Existem também estudos que demonstram que quando abraçamos alguém a liberação de endorfinas também aumenta. Da mesma forma que abraçar alguém nos proporciona tudo isso, assim também as árvores nos oferecem esse bem-estar.

As crianças que têm contato com a natureza conseguem manter uma memória afetiva mais aguçada, a sua inteligência emocional é mais desenvolvida e a sua criatividade é estimulada porque as árvores além de serem amigas e boas contadoras de histórias também são responsáveis pelas crianças que as cativam. Tanto a criança sente essa responsabilidade quanto as árvores. Cativar faz parte do laço afetivo que envolve criança e árvore. Porém, não é só o abraço que a árvore proporciona. É o balanço feito de madeira em um dos seus galhos onde a criança passa horas brincando e cantando.

As crianças gostam de sentar-se em cima das folhas secas das árvores e essas além de servirem para adubos também servem como tapete para a criançada ficar em cima e descobrirem formigas e lagartas escondidas embaixo delas. Há um mundo embaixo das folhas secas das árvores que não conhecemos. Essas folhinhas quando tocadas e acarinhadas ganham vida novamente e vão morar nos corações de alguma criança que as guardam dentro de um livro ou do caderno escolar para que possam andar sempre ao seu lado. A folhinha seca tornar-se uma espécie de amuleto às crianças e adultos que gostam de guardá-las em algum lugar das suas coisas. Elas podem servir até mesmo para perfumarem as roupas nos guarda-roupas.

Voltando ao abraço ele pode significar carinho, amor, afeto e amizade. Um abraço estabelece uma ligação íntima e saudável entre as pessoas. É bom tanto para quem dá, quanto para quem o recebe. É um gesto simples, porém carregado de sentimentos. Nos últimos anos, temos visto pais e responsáveis preferirem levar as suas crianças para passearem nos shopping centers e esquecerem dos parques ecológicos, com isso as crianças perdem o contato com a natureza se em casa não tiverem uma árvore ou plantinha para cuidarem.

Contudo, não basta somente abraçar a árvore todos os dias. A criança precisa manter responsabilidades para com ela. Aprender desde cedo a podá-la, a cuidar dos seus galhos, a apanhar as suas folhas secas e sempre regá-la porque mesmo a árvore sendo secular ela precisa de água. Assim como nós, durante toda a sua vida a árvore precisará ser hidratada com água. As responsabilidades para com as árvores mostram para elas que também são importantes e que têm coisas que precisam muito dos seus cuidados. Toda criança quer ter uma responsabilidade para sentir-se útil.

Falei pouco sobre os frutos das árvores, mas elas nos oferecem esses deliciosos alimentos que matam a nossa fome. Muitas crianças não têm o que comer em casa e se alimentam dos frutos das árvores próximas das suas moradias. Tomar uma água de coco em pleno dia quente, chupar um caju ou laranja, comer uma goiaba ou chupar uma manga é uma maravilha. Muitas pessoas se alimentam mais de frutas do que de outros alimentos, atualmente. As frutas nos dão vitaminas e nos fazem crescer fortes e saudáveis. Além de proporcionarem a cura e a prevenção de várias doenças.

O gesto do abraço de uma criança em uma árvore demonstra a forma como se importa com ela, por isso dependendo da intensidade do abraço podemos saber quão amigos são a criança e a árvore. Há abraços que parecem eternos e duram vários minutos. Parece que quando estamos nos sentindo sozinhos no mundo gostamos de abraçar para descobrimos que existe alguém ou algo que nos ama e no qual podemos confiar que nunca vai nos abandonar, assim são as árvores. Como não podem andar, as crianças têm a certeza de que sempre as encontrarão no mesmo lugar.

As árvores têm várias emoções que precisamos conhecer. Elas têm sentimentos de saudades, tristezas, felicidade. Como disse acima, dos seus jeitos. O importante é sabermos que elas têm sentimentos e emoções capazes de deixá-las doentes e até morrerem se não forem cuidadas como necessitam.

Deixo vocês com os versos da canção “Dentro de um abraço” da banda de música Jota Quest que nos diz “O melhor lugar do mundo / É dentro de um abraço / Pro solitário ou pro carente, eh / Dentro de um abraço é sempre quente, quente / Tudo que a gente sofre / Num abraço se dissolve / Tudo que se espera ou sonha / Num abraço a gente encontra”. Sim, dentro do abraço em uma árvore tudo pode mudar, a criança pode esquecer o seu sofrimento e passar a sorrir mais vezes até esquecer aquela dor difícil. Dentro de um abraço a gente aprende que o mundo é vasto e que nós somos esse mundo do qual muito se espera e muito se sonha. Abraços!

Autora: Rosângela Trajano

Edição: Alex Rosset

Vida a Crédito

Será que precisamos comprar tudo aquilo que desejamos para ter uma vida feliz?

Vida a Crédito é o título de um dos livros do sociólogo polonês Zigmunt Bauman (Zahar, 2010), no qual analisa profundamente a recessão iniciada em Wall Street, nos Estados Unidos em 2008, e que rapidamente atormentou o mundo todo. Em tempos de crise como estamos vivendo, onde os noticiários não cessam de anunciar a falta de dinheiro e o endividamento generalizado, a leitura e estudo de Vida a Crédito pode nos ajudar a entender melhor os fatores da crise e a possibilidade de aprendermos com os erros.

Bauman inicia sua análise dizendo que estamos vivendo nas últimas décadas uma transição da sociedade de produtores (onde os lucros eram obtidos sobretudo da exploração do trabalho assalariado) para a sociedade de consumidores (onde os lucros são oriundos sobretudo da exploração dos desejos de consumo).

Para “alimentar” a sociedade do consumo e criar sempre mais “fome” de consumir, a “filosofia empresarial” criou um conjunto de estratégias, cujas finalidades sejam satisfeitas e, de preferência, induzir, capturar e ampliar novas necessidades e desejos de consumo.

Para garantir essa prática consumista insaciável e retroalimentar o desejo sempre insatisfeito de comprar cada vez mais, a oferta de crédito por meio de empréstimos se tornou imprescindível. Por essa razão, assistimos nos últimos anos a introdução de cartões de crédito em quase todas as camadas sociais.

O lema básico desta nova forma de vida foi: “não adie a realização do seu desejo”. Com um cartão de crédito em mão se tornou possível “desfrutar agora e pagar depois”. O cartão de crédito criou a doce ilusão de que “cada um é livre para administrar sua própria satisfação” e obter as coisas que desejar, sem esperar o tempo para juntar recursos suficientes para comprá-la. Assim, do automóvel ao vestuário, do jantar em um restaurante sofisticado à viagem dos sonhos, da televisão gigantesca à festa inesquecível, tudo se resume em antecipar o prazer e retardar a realidade.

No entanto, como nos adverte o próprio Bauman, não pensar no “depois” significa, como sempre, acumular problemas. Quem não se preocupa com o futuro pagará um preço pesado pela sua imprudência. Mais cedo do que tarde se descobre a triste e desagradável realidade de que “o prazer da satisfação” se transformou na “punição da cobrança”.

Assim, a falta de planejamento dos gastos, a suposta facilidade do crédito e a felicidade efêmera do consumo se tornaram rapidamente em pesadelo, mal-estar, incômodo, depressão e tantas outras patologias provenientes desta embaraçosa situação.

A dura realidade se faz sentir, principalmente, quando se anuncia uma crise, quando aquilo que parecia funcionar tão bem perde, sem aviso prévio, o rumo dos acontecimentos. E como já dizia a lei de Murphy “que se algo pode dar errado, dará”, nos damos conta que até o crédito para pagar nossas dívidas vai se tornando escasso, difícil, impagável.

Aos poucos nossa própria vida, considerada o bem mais precioso e inalienável, se transforma num objeto de venda, de troca, de hipoteca. E assim nos tornamos escravos de nossos próprios desejos e de um monstro invisível chamado consumismo que toma conta de nossas escolhas.

Os antigos nos ensinaram que a prática da prudência e o exercício da reflexão podem se tornarem o remédio amargo para nos curarmos de nossos próprios desejos e de nossa própria servidão.

Cabe, por fim, um questionamento: será que precisamos comprar tudo aquilo que desejamos para ter uma vida feliz?

Para os que desejarem conhecer mais o pensamento de Bauman, além das leituras do seu livro, sugiro o Dicionário Crítico-Hermenêutico que acaba de sair e está disponível publicamente em PDF.

Segue o link de acesso: https://www.researchgate.net/publication/356290134_Dicionario_Critico-Hermeneutico_Zygmunt_Bauman

Autor: Dr. Altair Alberto Fávero

Edição: Alex Rosset

O ano letivo termina. Que ano foi esse? Que ano virá?

Podemos fazer a diferença na vida dos alunos. O ano que finda, tão desafiador e singular, nos permite o reforço desse pensamento. Permite também ampliar a certeza de que o papel do professor é imenso, intenso, para além da visão que se reduz ao ensino, que tanto insistem em enfatizar, com o propósito de diminuir ou anular toda a grandiosidade e força das relações que só se constituem na escola.

Reconhecemos que foi um ano desafiador. Por tudo!

A situação pandêmica causada pelo Covid-19, o retorno à escola na modalidade híbrida e, posteriormente, o desafio do retorno totalmente presencial. Mesmo estando no final do percurso, o que temos em maioria são estudantes em processo de construção de vínculos afetivos com professores e especialmente com o grupo que, durante o escalonamento, não teve a convivência garantida e plenamente satisfeita.

Mesmo que o ano acabe, o que temos em maioria são estudantes desejosos pela vida escolar, dinâmica, viva.  A escola é o lugar que querem estar, permanecer, viver. Isso porque a modalidade remota, lamento informar, não se configurou como a mais desejada, embora ainda tenha quem acredite nisso.

 Mesmo que o fim do ano esteja próximo, reconhecemos que no percurso dele acabamos por desenvolver capacidades que nos permitiram crescer. Quem não aprendeu diante dos desafios deste ano? Sem contar o ano de 2020. É porque somos feitos de desafios! São eles que nos fazem crescer enquanto humanos.

O fato é que ninguém gosta de se sentir sacudido, de lá para cá, ou de cá para lá, sem direção, como se o piloto tivesse abandonado a embarcação. São rotinas muitas vezes distantes ou distorcidas em relação ao que de fato é necessário. O que se pretende dizer com isso?

Que, ao final deste ano, seja possível afirmar que houve uma entrega plena e verdadeira no que fizemos enquanto educadores, e por essa razão nos tornamos melhores em muitas dimensões.  Inclusive para dizer que tudo tem limite! Chegamos ao limite em relação ao uso tecnológico-remoto e nos tornamos ávidos pelo cheiro da escola (mesmo com máscara), barulho da sala de aula, olho no olho e toque (com muito álcool em gel depois).

O professor precisa olhar, ouvir, sentir, tocar. Tem que perceber para além do que os alunos demonstram. O que acontece na escola, e só na escola, e está inteiramente ligado e dependente com o que se passa com seus alunos fora dela.  E a modalidade remota não tem esse alcance! Lamento, mas não tem. Por isso que a escola é mais do que um espaço privilegiado para o ensino, é sobretudo um espaço social, diverso e complexo de relações. Enquanto professor, se os olhos se fecharem para isso, certamente restará o fracasso.

É que na condição de professor, é no chão da escola que se pode fazer a diferença na vida dos alunos. Claro, se eles forem o foco. E convenhamos, é questionável se no atual cenário eles de fato são o foco. Parece que estamos nos distanciando cada vez mais desse propósito, apesar de ter quem discurse o oposto. Mas, como dito anteriormente, nos capacitamos muito durante este tempo difícil, tanto que podemos dizer tudo tem limite! Sabemos o que estão fazendo. Sabemos dos seus planos futuros…

Na condição de professor, podemos fazer a diferença na vida dos alunos. O ano que finda, tão desafiador e singular, nos permite o reforço desse pensamento. Permite também ampliar a certeza de que o papel do professor é imenso, intenso, para além da visão que se reduz ao ensino, que tanto insistem em enfatizar, com o propósito de diminuir ou anular toda a grandiosidade e força das relações que só se constituem na escola. 

Como nos humanizamos? Assista: https://youtu.be/Il_XyDpcsgY?t=12

As modificações da sociedade exigem agilidade dos profissionais da educação em relação ao rendimento dos estudantes. Para cumprir com as determinações legais e alcançar o perfil em voga, os professores acabam por se amparar em programas e projetos que (de)formam exclusivamente para um tipo de sociedade. Dito de outro modo, logo perceberemos a competição entre nossas escolas, num ambiente restritivo, que não contempla os sentidos plurais e inteligentes do ser humano. Estaremos imersos em práticas verticalizadas que encerram o ser humano num mundo desprovido de possibilidades, isso tudo porque se tem como pano de fundo a lógica da competição e da lucratividade. 

No entanto, em contextos social, cultural e economicamente diversos, mais do que conhecer as realidades, é fundamental compreender as situações em que os indivíduos vivem (ou muitas vezes sobrevivem).

Então, qual é conhecimento que se consolida como essencial e que se torna o diferencial na vida do aprendiz? É aquele que permite entender o outro.  Para tanto, é necessário que nos coloquemos no lugar desses outros, com a acolhida, a escuta e a relação humanizada. Isso é o que deveras importa.  Essa perspectiva ultrapassa o processo de ensino, porque almeja algo maior: a compreensão do outro.  E quando alcançamos esse entendimento, conseguimos fazer a verdadeira diferença. Ambas as vidas mudam, a do outro e a minha. Isso é educação plena! E ao mesmo tempo, é do que mais estamos carentes!

Acontece que a escola contemporânea atua como uma empresa. Reestrutura-se para estar em concordância com os objetivos comerciais. Atende um “conjunto de discursos, práticas e dispositivos que determinam um novo modo de governo dos homens segundo o princípio universal da concorrência” (DARDOT; LAVAL, 2016, p. 17). Por esta concepção de característica utilitarista e excludente, ocorre o esquecimento da história pessoal de cada ser e os pilares necessários à vida coletiva.

A realidade de muitas escolas é dura e esgotante. Muitas vezes agimos como o professor que não gostaríamos de ser: apressado; tenso; preocupado; o que fala alto; o que faz a pergunta e dá a resposta; o que perde a paciência; o que não ouve; o que usa e abusa dos manuais; o que usa e abusa da tecnologia; o que fala sem pensar; o que só pensa e não fala; o que diz coisas que não quer e não sente; o que é absorvido pelo cansaço… Tudo isso nos faz mais fracos, e na fragilidade nos esquecemos de argumentar e combater os despropósitos que por vezes nos impõe, e um deles é o que nos limita a só transmitir conhecimento, impedindo a verdadeira compreensão do outro.

Não é fácil conseguir energia para lidar com as adversidades que surgem, mas não é momento para atirar a toalha ao chão! E é isto que deve ser lembrado e até transformado em mantra.  Temos que pensar no ano que virá e oferecer uma educação de qualidade, independente das imposições! E isso implicará alguns embates, pois não haverá garantia dela sem eles. E a qualidade requer que alguns direitos sejam assegurados/respeitados. Mas quais direitos?

De ter uma escola permeada por relações dialógicas. De ter uma escola com possibilidades para aprender com o outro. De ter uma escola que seja possível conhecer e compreender o outro. De ter uma escola que seja possível participar. De ter uma escola comprometida com memórias, momentos e experiências e situações de vida. De ter uma escola que permita a leitura do mundo. De ter uma escola consciente e crítica acerca da realidade, e disposta a agir para melhorá-la. De ter uma escola que prefere cooperar ao invés de competir. De ter uma escola de resistência ao que (de)forma e (des)educa. De ter uma escola com capacidade e coragem para dizer: NÃO. ISSO NÃO É EDUCAÇÃO!

As escolas só serão locais de profusão de solidariedade se fizerem de seus espaços, locais onde se alimenta sonhos. Há muito as escolas deixaram de ser o local onde se vive sonhos. (Everaldo Reis) Leia mais: https://www.neipies.com/escolas-mais-solidarias-pos-pandemia/

Referências bibliográficas:

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian: A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian:  A nova razão do mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

Autora: Ana Lúcia Vieira

Edição: Alex Rosset

 

Meninos pensantes, sábios e capazes de solucionar problemas

Apresentamos pequenas histórias de meninos que sabem muitas coisas e que acreditam no poder de suas ideias. Meninos que sabem gerenciar suas emoções, que sabem superar suas tristezas, que lidam com as surpresas da vida e que não tem medo de lidar com suas tristezas.

A partir de cada pequena história, seguem propostas de atividades pedagógicas que podem ser aplicadas com estudantes das séries iniciais do Ensino Fundamental.

O menino que gerenciava as suas emoções

Era uma vez um menino que aprendeu a gerenciar as suas emoções, ou seja, ele não perdia o controle das coisas, nunca ficava nervoso ou tenso demais e sabia o momento certo de chorar.

O menino que gerenciava as suas emoções sempre se saía bem nas rodas de conversas e nas provas da escola. Não precisava estudar muito tempo, bastava o suficiente.

O menino gerenciava as suas emoções com cuidado. Claro era que quando não suportava mais a raiva ele falava com a pessoa sobre o que estava o aborrecendo, mas nunca explodia.

Exercícios para o bom pensar.

1 – O que é gerenciar?

2 – Por que devemos aprender a gerenciar as coisas?

3 – Como gerenciar as nossas emoções?

Desenhe você gerenciando as suas emoções.

O menino tristonho

Era uma vez um menino bonito e educado que dizia ter uma tristeza grande dentro de si, uma espécie de vazio. Quiseram preencher o vazio do menino com uma bicicleta, um trem elétrico, um urso de pelúcia, mas nada disso foi suficiente. O vazio só crescia dentro do menino e a sua tristeza também.

Certo dia, o menino encontrou um amigo que gostava de ouvir os vazios das pessoas. E ficou conversando com ele a tarde inteira. Esse amigo emprestou-lhe um pensamento bom para guardar dentro do vazio. Pela primeira vez, o menino sentiu-se um pouco aliviado da sua tristeza. Porém, não sabia o que significava aquele pensamento bom do seu amigo, mas voltou no dia seguinte e pediu mais pensamentos bons para colocar dentro do seu vazio e assim foi preenchendo o vazio de pensamentos bons, de forma que a tristeza foi embora e nunca mais voltou.

Exercícios para o bom pensar.

1 – O que é a tristeza?

2 – O que é o vazio?

3 – Por que sentimos um vazio dentro da gente sempre que estamos tristonhos?

Desenhe você recebendo um pensamento bom.

O menino surpreso

O menino surpreso, às vezes sentia alegria com as coisas e noutras ficava triste. Dependia da surpresa. Há surpresas boas e outras não.

Mas quando queriam tomar uma das estrelas do seu céu, ficava surpreso e triste com aquela pessoa, pois não esperava que alguém pudesse ser mal com uma criança.

O menino surpreso sentia o coração bater mais forte e as mãos suarem com o tamanho da surpresa. Mas era apenas um menino como todo outro que gostava de surpresas boas.

Exercícios para o bom pensar.

1 – O que é uma surpresa?

2 – Por que há surpresas boas e más?

3 – Como você fica com uma surpresa boa?

Desenhe você se surpreendendo com um amigo.

O menino dos problemas

Era uma vez um menino com muitos problemas. Ele não sabia mais o que fazer com aqueles problemas que enchiam a sua cabeça. Então, ele teve uma grande ideia.

O menino dos problemas foi olhar as montanhas, os rios, as árvores e os pássaros, entregou a cada um deles um pouco dos seus problemas.

Daquele dia em diante, o único problema do menino era cuidar das suas galinhas barulhentas, pois entregou à natureza tudo aquilo que o perturbava.

Exercícios para o bom pensar.

1 – O que são problemas?

2 – Por que os problemas nos sufocam?

3 – Como os problemas nos afligem?

Desenhe você resolvendo um problema.

Autora: Rosângela Trajano

Edição: Alex Rosset

Orçamento 2022 fica devendo para saúde e educação

Na manhã desta terça-feira (23), antes de sair para a terceira semana da sua caravana pelo Rio Grande do Sul, a direção do CPERS esteve na Assembleia Legislativa reivindicando aos deputados um destaque na emenda que prevê a reposição salarial de 47,82% no salário de professores e funcionários de escola, ativos e inativos na LOA 2022. 

Leia mais sobre a Caravana pelo Rio Grande do Sul: https://cpers.com.br/caravanacpers-escancara-descaso-do-governo-leite-com-a-educacao-e-mobiliza-mais-de-dez-cidades/

A emenda foi protocolada no projeto de lei do orçamento de 2022, mas foi rejeitada pelo relator do projeto na Comissão de Finanças.

O sindicato agora solicita o apoio dos deputados em garantir que a proposta seja rediscutida pelo pleno durante a votação em plenário.

Segundo análise do DIEESE, na LOA de 2022 o executivo estima um crescimento de 6,9% na arrecadação e maior receita em comparação a 2021, no entanto, o investimento em educação diminui 0,3% da sua fatia no orçamento e a previsão de gastos com pessoal também cai 3,3%. Para os altos salários do TJ, MP e Assembleia Legislativa, o governo do Estado prevê dotação de aumento

“Estamos percorrendo o estado e mostrando a realidade da educação pública: as escolas estão sucateadas e nossos salários defasados. A gestão Eduardo Leite não avança, ela retrocede! A educação não pode mais esperar. Pedimos apoio dos parlamentares que acreditam na força da escola pública para que peçam destaque e reavaliem a proposta de reposição salarial dos educadores(as)”, afirma a presidente do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer.

Na agenda, os dirigentes do CPERS puderam conversar com os deputados Valdeci Oliveira (PT), Pepe Vargas (PT), Zé Nunes (PT) e Issur Koch (PP), que manifestaram apoio à iniciativa. O presidente da ALERGS, Gabriel Souza (MDB), recebeu a comitiva e se comprometeu em levar para a avaliação da bancada.  

O CPERS seguirá com a mobilização junto aos parlamentares nos próximos dias. Clique aqui e contate os parlamentares reivindicando apoio à #ReposiçãoJá!

Saúde em apuros

Não é só a educação pública que está sofrendo com a previsão orçamentária do governo Leite para 2022.  56 hospitais gaúchos foram atingidos pelos cortes do governo Leite no chamado Programa Assistir.

Edição: Alex Rosset

A brasileira que os jornais esconderam

A brasileira que falou para o mundo mora em Rondônia, tem 24 anos, é do povo Paiter Suruí e fundadora do Movimento da Juventude Indígena no Estado. Txai é estudante de Direito.

Não, esta bela foto de Txai Suruí em Glasgow não é de nenhum grande jornal brasileiro. É de uma reportagem do The New York Times sobre a brasileira que brilhou na abertura da COP26.

Enquanto Txai Suruí discursava para os líderes mundiais, em defesa da Terra, dos povos e dos bichos das florestas, o presidente do Brasil fazia turismo na Itália ao lado do filho Carluxo e de um grupo de militares.

A foto é de Oli Scarff, da France-Presse/Getty Images. Nenhum dos grandes jornais brasileiros, nenhum, deu na capa a foto de Txai Suruí. Nem essa, nem a do discurso. Deram só nos cantinhos. Essa aí, tirada do NYT, também está no UOL.

A brasileira que falou para o mundo mora em Rondônia, tem 24 anos, é do povo Paiter Suruí e fundadora do Movimento da Juventude Indígena no Estado. Txai é estudante de Direito.

O único jornal online da grande imprensa que deu ontem na capa do site a foto de Txai Suruí discursando em Glasgow foi o Globo. Só os jornais, sites independentes e blogs destacaram a presença da estudante.

Hoje, nenhum dos grandes jornais deu a imagem na capa em suas versões impressas.

Nos anos 70, nos piores momentos da ditadura, quando as redações eram tomadas por militantes ambientalistas, é quase certo que Txai Suruí seria imposta aos editores pelos repórteres de ecologia (como eram chamados) como imagem de capa.

Hoje, não. Txai Suruí somente sairia na capa dos jornais se estivesse vestindo uma camisa do Flamengo com a propaganda das lojas do dono da Havan.

Abaixo, o discurso que a brasileira fez na aberta da conferência:

“Meu nome é Txai Suruí, eu tenho só 24, mas meu povo vive há pelo menos 6 mil anos na floresta Amazônica. Meu pai, o grande cacique Almir Suruí me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a Lua, o vento, os animais e as árvores.

Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando.

Ela nos diz que não temos mais tempo.

Uma companheira disse: vamos continuar pensando que com pomadas e analgésicos os golpes de hoje se resolvem, embora saibamos que amanhã a ferida será maior e mais profunda?

Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora!

Enquanto vocês estão fechando os olhos para a realidade, o guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, meu amigo de infância, foi assassinado por proteger a natureza.

Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui. Nós temos ideias para adiar o fim do mundo.

Vamos frear as emissões de promessas mentirosas e irresponsáveis; vamos acabar com a poluição das palavras vazias, e vamos lutar por um futuro e um presente habitáveis.

É necessário sempre acreditar que o sonho é possível.

Que a nossa utopia seja um futuro na Terra.

Obrigada!”

 Autor: Moisés Mendes

Edição: Alex Rosset

Antes de novos modelos, mudemos as escolas que existem!

Não precisamos construir escolas modelos para mudar a educação. Temos que mudar as nossas! Temos que mudar nossos pensamentos e atitudes. Temos de sair do ostracismo, abrindo-nos ao estudo, formações, mudanças e à superação de velhos conceitos.

“Meus cumprimentos a todas as autoridades presentes nesta solenidade de reconhecimento do Professor Emérito, na qual sou a agraciada neste ano de 2021.

Boa tarde meus professores, alunos, funcionárias da Escola Municipal de Ensino Fundamental Daniel Dipp, de Passo Fundo, RS, e família.

Não posso fugir dos tradicionais agradecimentos, pois seria injusto receber o Título de Professora Emérita 2021 sem agradecer quem esteve junto comigo.

Deus, meu fiel Pai.

Muito obrigada aos filhos Marcelo e Gabriel por todas as vezes que não dei atenção a vocês pois estava trabalhando, mesmo fora de horário, sábados, domingos, feriados e férias. Creio que, por muitas vezes, se sentiram deixados de lado e não entendiam o porquê de tanta dedicação. Hoje, vocês, filhos, homens feitos, conhecem a minha missão e orgulham-se de sua mãe.

Obrigada meu esposo Jaime que também por várias vezes deixei de lado, mas sempre esteve ao meu lado, me apoiando, incentivando e buscando colaboração financeira junto aos amigos para ajudar a escola.

Minhas noras amadas, Cristine e Samara, filhas que Deus me deu.

Em 2016, quando entrei para direção desta escola, sempre tive uma equipe maravilhosa. Em primeiro lugar a vice diretora Nádia Bolzam que sempre esteve junto. Amiga querida e irmã de coração. Sonhamos juntas e batalhamos para que acontecesse. Sempre digo que ela é a razão e eu a emoção. Minha vice guerreira e missioneira.

 Agradecer a colegas que fizeram parte das gestões passada.  Soeli Cavalheiro e Thiane Vargas que acreditaram em uma proposta nova para a escola, sempre estiveram batalhando juntas.

Meu muito obrigada a Angela Lili Heidrich, nossa coordenadora impecável, sempre com tudo em dia e muito bem-feito. Pessoa simples de coração imensurável, juntamente com a coordenadora Camila Santos, nossa cantora, nosso espirito jovem, pessoa determinada. Obrigada Maria Andreia, nossa orientadora educacional e que cuida de nossos alunos e da espiritualidade. Agradeço a Vera Mazuco por todo olhar carinho e dedicação com nossos alunos incluídos.

Assim, agradeço meus professores, professoras, funcionárias que nunca me abandonaram, nem mediram esforços para que a Escola melhorasse cada vez mais. Mesmo nas minhas ideias mais malucas, sempre estiveram juntos.

Obrigada Andréia e Cidinei, meus secretários que tornam nossos dias mais leves e abençoados.

Aos meus alunos, obrigada por serem o objetivo maior de nossas lutas.

Uma escola é feita de olhar, de diagnósticos, de amor, de cor, de vida, de toque, de transformações constantes, onde o aluno consiga ler o mundo e suas descobertas, desvende suas curiosidades e dúvidas e seja protagonista da sua vida.

Não precisamos construir escolas modelos para mudar a educação. Temos que mudar as nossas! Temos que mudar nossos pensamentos e atitudes. Temos de sair do ostracismo, abrindo-nos ao estudo, formações, mudanças e à superação de velhos conceitos.

Reconheço que fizemos uma trajetória juntos nesta escola, centrados na ideia de uma escola humanizadora, uma escola em que todos e todas se sintam felizes, trocando experiências, aprendendo e ensinando.

Mas reconheço, sobretudo, a necessidade de qualidade. Qualidade significa melhorar a vida das pessoas, de todas as pessoas. Precisamos um olhar de integralidade, onde nossos alunos de periferia tenham a melhor educação para concorrer com demais alunos. A qualidade da educação é condição da eficiência econômica.

Na atual conjuntura social, existe a exigência de autonomia intelectual, capacidade de pensar, de agir e reagir, criatividade, “de ser cidadão”.  Estamos em uma fase nova, uma visão nova sobre a educação onde o espaço escolar está sendo integrado pelas tecnologias.

 Peço aos nobres vereadores que a educação seja a meta de seus mandatos. Não teremos saúde, segurança, desenvolvimento se não tivermos políticas públicas voltadas a educação. São metas a curto, médio e longo prazo. Mas precisamos ter este olhar sim.

Confesso a vocês que sempre fui filiada em um partido, hoje vou contar a vocês: PE (Partido da Educação). É por ele que que luto diariamente. Como seria proveitoso se tivéssemos muitos confrades, lutando pelo mesmo ideal.

Excelentíssimo Senhor prefeito Pedro Almeida, tenha sempre como a meninas dos seus olhos as escolas de Passo Fundo. Somos profissionais comprometidas. Podemos ser referência de melhor Cidade Educadora, temos todas as condições de despontar na educação. Acreditamos no seu governo. Acredite, confie e valorize seus professores e funcionários.

Como diz Arthur Lews: Educação nunca foi despesa. Sempre foi investimento com retorno garantido!

Em nome do ilustríssimo Sr. Adriano Canabarro – Secretário de Educação – quero imensamente agradecer a Secretaria de educação que sempre teve muito respeito e carinho por minha pessoa e pela escola. Secretário de Educação. O Senhor é nosso timoneiro, conduza-nos de forma humanitária, transparente. O senhor é o tripulante responsável pela navegação da educação em nossa cidade.

Ser emérita 2021 é uma honra, e agradeço cada voto e confiança em minha pessoa. Porém, divido este prêmio com todas as pessoas envolvidas na educação de Passo Fundo.

Muito obrigada!”

Autora: Ana Delise Claich Cassol, mensagem lida no ato formal de reconhecimento do Professor Emérito 2021.

“No Dipp, não há sala da diretora. A direção é um espaço amplo, onde todos podem estar. Fazer com que os alunos sentissem medo da equipe diretiva nunca foi a intenção de Ana Delise, pelo contrário, ela acredita em conversas abertas e em dar chances. Embora seja firme – uma ‘tigra’ – quando é preciso. “Quando o aluno tem medo da diretora é porque a única metodologia utilizada é a da ameaça. Nesses casos, não existe liberdade para o estudante”. Leia mais: https://www.neipies.com/da-sala-de-aula-para-o-mundo/

Título Professor Emérito

Através de lei municipal, anualmente, um professor em atuação na rede municipal de ensino em Passo Fundo, RS, é homenageado. O reconhecimento é prestado pelo município por meio de indicações dos educadores de todas as escolas. A escolha foi efetuada através de consulta on-line.  

A entrega do título foi feita oficialmente pelo Município no dia 12/11/2021.

Créditos foto de capa: Diogo Zanatta

Outras fotos: Divulgação/arquivo pessoal/ Márcia Machado/CMPF

Edição: Alex Rosset

O que é greenwashing e por que falar sobre isso com as crianças?

O greenwashing corresponde a uma propaganda enganosa feita por organizações que divulgam informações sobre defesa do meio ambiente. Porém, na realidade essas empresas não praticam nenhuma ação que colabore com a minimização dos impactos ambientais.

O cantor e compositor Toquinho canta na sua bela canção Natureza Distraída os seguintes versos “Quando a natureza distraída / Fere a flor ou um embrião / O ser humano, mais que as flores / Precisa na vida / De muito afeto e toda compreensão”.

Assista ao vídeo: https://youtu.be/wS1txfDk2eo?t=25

Com isso, ele quer nos dizer que o ser humano precisa de amor, de respeito, de liberdade e, principalmente, da sua dignidade garantida para poder sentir-se bem e poder viver de uma forma que toda igualdade de direitos seja-lhe resguardada sem mentiras ou maldades que acabam prejudicando as relações sociais.

Tenho um professor que gosta de falar da natureza não essa natureza orgânica ou essa natureza que se apresenta aos nossos olhos como plantas e animais, mas de uma natureza que se sobressai as aparências do olhar humano, que se localiza na consciência de si para mostrar o ser na sua mais pura essência, esse ser que é constituído pelo lado bom e mau de uma sociedade regida por leis e normas que nem sempre são respeitadas. Muitas vezes o homem é o lobo de si mesmo, assim como dizia Hobbes.

Esta natureza da qual o meu professor gosta sempre de falar traz-nos uma possibilidade de refletir sobre a forma como agimos uns com os outros, com nós mesmos e com aqueles que são mais frágeis e estão propensos a serem enganados com as nossas falsas ideias e mentiras que inventamos muitas vezes tendo em vista vantagens ligadas à economia de um capitalismo que nos engole todos os dias com as suas mais diversas mesquinharias e propagandas enganosas a respeito de coisas que dizemos fazer ou ter e, na verdade, não as fazemos e nem as temos. Por que somos assim? Por que mentimos?

Quero hoje, junto com vocês, refletir sobre o termo inglês “greenwashing”. O seu significado em português é “lavagem verde”. O seu surgimento tem muito a ver com a forma como nos comportamos atualmente diante das nossas preocupações com o meio ambiente e a sua sustentabilidade.

A forma como agimos para que o planeta possa respirar melhor e haja menos lixo nas praias e mais uso consciente de produtos ecológicos. Sim, estamos mais preocupados com o meio ambiente do que estávamos há algumas décadas e isso tem sido bom porque influenciamos empresas e empresários, governos e autoridades, ONGs e até mesmo pessoas físicas a se conscientizarem de que o melhor para o mundo é produzir sem agressão ao meio ambiente.

Contudo, muitas dessas empresas ou pessoas físicas estão mentindo para nós quando dizem nos rótulos dos seus produtos e nas suas propagandas nas diversas mídias, que são sustentáveis e ecológicas. Muitas até mesmo chegam a conquistarem selos verdes de instituições que apoiam quem ajuda o meio ambiente. Ao invés de protegerem o meio ambiente como afirmam, essas empresas muitas vezes colaboram para a sua poluição. Não fazem o que nos dizem.

O greenwashing corresponde a uma propaganda enganosa feita por organizações que divulgam informações sobre defesa do meio ambiente. Porém, na realidade essas empresas não praticam nenhuma ação que colabore com a minimização dos impactos ambientais. Na verdade, muitas vezes essas organizações fazem exatamente o contrário do que divulgam.

Essas organizações através de rótulos verdes, certificados ou marketing de verde, utilizam termos que fazem o consumidor acreditar que está consumindo produtos ecológicos e sustentáveis. Nos passam uma ideia de que estamos consumindo produtos que contribuem com a sustentabilidade do meio ambiente, mas na verdade elas não adotam nenhuma prática sustentável em seus processos ou aquele determinado produto não traz
nenhuma proteção ambiental, pelo contrário, gera sérios impactos negativos ao meio ambiente.

Essa má prática de marketing verde surgiu com o aumento de consumidores preocupados com o meio ambiente e que só compram de empresas sustentáveis. A fim de conquistar esse mercado consumidor de grande expressão na economia, diversas organizações passaram a utilizar uma comunicação com apelos ecológicos em seus rótulos. O consumidor acredita no que lê nesses rótulos e sempre compra o produto da empresa que diz preocupar-se com o meio ambiente porque ele também está preocupado com o bem-estar do planeta. Mas não sabe que está sendo enganado.

Assim, como grande parte das empresas são os políticos e pessoas físicas que se dizem preocupadas com o meio ambiente. Nos períodos de eleições, os políticos sobem nos seus palanques para anunciarem obras e projetos que visam a despoluição de rios e lagoas, a limpeza de lixos das praias, coletores de lixos eletrônicos em pontos estratégicos e etc., mas dizem tudo isso da boca pra fora. Mentem para os seus eleitores. O objetivo é conquistar votos dos menos informados e se elegerem.

Do mesmo jeito ocorre com muita gente que se diz ativista ambiental. Pessoas físicas que se autodeclaram preocupadas com o meio ambiente e que jogam garrafas plásticas pelos vidros das janelas dos seus carros ou jogam lixo no terreno baldio perto de casa quando não tem ninguém na rua ou é madrugada. Essas pessoas pensam que estão nos enganando. Na verdade, elas estão enganando a si mesmas e contribuindo para um mundo cada vez mais doente.

As crianças nas suas inocências não tomam conhecimento desse tipo de prática e acabam pedindo aos pais ou responsáveis que comprem este ou aquele produto de tal indústria porque viu na propagando da televisão que ela cuida das florestas e dos animais. Sim, as crianças também são enganadas porque mesmo tão pequeninas já são consumidoras de muitos produtos como biscoitos recheados, sucos engarrafados, produtos de higiene e vestimentas. Muitas vezes são levadas pelos pais para fazerem a feira juntos ou comprarem algo bacana no shopping.

Cabe aos professores e aos pais ensinar as crianças sobre o significado da prática do greenwashing e incentivá-las a pesquisarem os históricos dessas empresas que fabricam os produtos e brinquedos que tanto gostam para terem a certeza se praticam mesmo o cuidado com o meio ambiente. As crianças são grandes curiosas e como têm mais tempo do que os adultos podem passar mais horas na internet pesquisando sobre essas empresas.

O nosso governo pratica o greenwashing quando tenta convencer a sociedade e as autoridades internacionais de que se preocupa com a Amazônia. As suas preocupações até o presente momento ainda não foram vistas verdadeiramente. Enquanto ele vai para a televisão falar de que não há desmatamento e que as queimadas são frutos de uma ação da natureza e que ações já estão sendo tomadas, nós vemos as nossas florestas sendo destruídas e os nossos animais sendo mortos queimados.

As crianças devem ser convidadas pelos seus professores na sala de aula para dialogarem sobre o greenwashing. Começando pela propagando enganosa até chegar propriamente no termo. Deixar que a criança exponha as suas ideias e soluções para acabarmos com esse tipo de propaganda e não nos deixarmos ser enganados. Pedir para as crianças pesquisarem sobre empresas que praticam de verdade boas práticas quanto a preservação do meio ambiente e até mesmo incentivando as crianças a escreverem cartinhas e poemas agradecendo a essas empresas pelos seus gestos e atitudes que proporcionam um lugar melhor onde vivermos.

Incentivar as crianças a criarem ideias de sustentabilidade de forma que possam mostrar nas feiras de ciências e terem essas ideias publicadas e apresentadas a algumas empresas que estejam preocupadas com a sustentabilidade. As crianças não gostam de serem enganadas. Mentir para uma criança é a coisa mais feia que um adulto pode fazer, e quando ela descobre nunca mais acredita naquela pessoa. A criança bem-informada sabe que muitas pessoas mentem quando falam em proteger o meio ambiente, mas que nada fazem para isso. Ela pode até mesmo chamar a sua atenção em público, de forma inocente, mas consciente de que você está mentindo para as pessoas. Afinal, para a criança mentir é muito feio, pois é assim que elas aprendem desde cedo.

Muitas empresas utilizam informações falsas sobre os seus produtos, ocultam características nocivas, utilizam dados incorretos ou utilizam selos e certificados que não são verdadeiros. Tudo isso é considerado greenwashing. Algumas empresas afirmam que mudaram um componente ou outro das suas fórmulas para não prejudicar o meio ambiente, mas tudo isso muitas vezes é mentira. Precisamos ter cuidado com esse tipo de informação. Investigar, pesquisar, buscar os históricos dessas empresas na Internet e consultar outros consumidores é importante para que possamos acabar com o greenwashing.

Sabemos que, atualmente, há muitas formas de se fazer propagandas e que algumas empresas se aproveitam dessa facilidade para se dizerem comprometidas com o selo verde. As redes sociais nos oferecem produtos de todas as formas e somos levados a ver vários tipos de propagandas quando estamos navegando em um site ou assistindo um vídeo. Se não tivermos cuidado essas propagandas muitas vezes são tão apelativas que acabam nos seduzindo e de uma forma inconsciente acabamos comprando os seus produtos nos supermercados porque também estão sempre mais expostos nas prateleiras e ficam mais perto dos nossos olhos.

O consumidor é o principal responsável pelo fim do greenwashing. Evitar a compra de produtos e mercadorias dessas empresas que só visam o lucro e propagandeiam o selo verde sem ser verdade é um crime ao código de defesa do consumidor. Devemos levar para as nossas casas produtos e mercadorias que cumpram com os seus deveres perante as leis que protegem o meio ambiente.

Faça com que a sua criança aprenda a ler os rótulos dos produtos e não se deixe ser levada por aquela empresa de marca que vive a fazer propagandas de sustentabilidade quando na verdade vive a derrubar árvores. Denuncie nas redes sociais e aos órgãos ambientais e do consumidor da sua cidade. A propaganda enganosa é um desrespeito para com o cidadão.

E assim como nos canta Chico Buarque em Passaredo “Te esconde, bem-te-vi / Voa, bicudo / Voa, sanhaço / Vai, juriti / Bico calado / Muito cuidado / Que o homem vem aí / O homem vem aí / O homem vem aí” que nós possamos ser esse homem, mulher, criança idoso, travesti a vigiar atentamente essas empresas que praticam o greenwashing. Coelho passa ou não passa? Passa, sim!

Autora: Rosângela Trajano

Edição: Alex Rosset

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