O modelo em curso, que poderia ser chamado de neoliberalismo, e que tem no deus mercado sua melhor expressão, é uma máquina que produz concentração de renda nas mãos de poucos, aumenta cada vez mais a pobreza de muitos e destrói a casa comum que é nosso planeta Terra.
Trabalho, consumismo e pobreza são conceitos que se cruzam e que, de certa forma, expressão das profundas contradições de uma sociedade marcada pela injustiça, pelas desigualdades e pelo descaso da vida humana. O trabalho é um conceito que acompanha a história humana, mas que na modernidade adquire centralidade nos estudos das diversas ciências sociais, econômicas, jurídicas e na própria filosofia.
O consumismo tornou-se o carro chefe da dinâmica social, econômica e cultural da sociedade contemporânea. Tudo gira em torno do consumismo: as pessoas trabalham para alimentar os desejos de consumo; as instituições educativas formatam seus alunos para ingressarem no mercado e fortalecer o consumismo, a dinâmica das cidades e dos governos encontram no consumismo o salvo conduto para estabelecer políticas, prioridades e centralidade no investimento dos recursos públicos; as famílias tem no consumismo sua atenção primordial que determina seu status social, suas prioridades e sua maior atenção; as crises climáticas e a devastação ambiental tem no consumismo sua principal causa da destruição dos biomas, dos recursos não renováveis e a ameaça da insustentabilidade do planeta.
A pobreza, por sua vez, é a marca mais perversa de uma sociedade injusta que venera o deus dinheiro e sacrifica as vidas humanas no altar do mercado. A marca da desigualdade expressada nos diversos níveis e modalidades de pobreza escancara o cinismo e a ausência de humanização de uma sociedade que culpa as vítimas por opções de modelos econômicos que ao invés de produzir civilidade produz a barbárie.
Em seu livro Trabajo, consumismo y nuevos pobres, Bauman (2000) faz uma instigante análise desse processo. Em seu primeiro capítulo investiga o surgimento e a assimilação da “ética do trabalho”. Para Bauman (2000, p.37-42) a ética do trabalho pode ser caracterizada por duas premissas explícitas e duas pressuposições tácitas.
A primeira premissa explícita diz que se você quer conseguir o necessário para viver e ser feliz, então deve fazer algo que os demais consideram valioso e digno de ser pago, pois se te dou algo, recebo algo em troca.
A segunda premissa diz que é ruim contentar-se com o que se tem, pois é moralmente danoso conformar-se com o que já se conseguiu; é ruim deixar de esforçar-se depois de ter alcançado uma suposta satisfação; não é adequado descansar, a não ser para recuperar as forças para seguir trabalhando, pois trabalhar é um valor em si mesmo e uma atividade nobre e hierarquizadora; trabalhar é bom; deixar de fazê-lo é ruim.
A primeira pressuposição tácita, que de uma certa maneira sustenta as premissas acima expostas, é de que a maioria das pessoas tem uma capacidade de trabalho que pode vender e pode ganhar sua vida oferecendo tal capacidade para ser recompensada em forma de salário. O trabalho é o estado normal dos seres humanos; anormal é não trabalhar. Isso significa que a maioria das pessoas, ao trabalharem, está cumprindo suas obrigações, e seria “injusto” deixar de fazer aquilo que se deveria fazer. A segunda pressuposição é de que só o trabalho, cujo valor é reconhecido pelos demais pelo fato de ser remunerado, tem um valor moral consagrado pela “ética do trabalho”.
A ética do trabalho continua Bauman (2000, p.18), serviu para difundir o hábito de tornar as pessoas produtivas, pois possibilita combater, destruir e erradicar os obstáculos que impedem o novo e esplêndido mundo que se pretendia construir na modernidade. “O trabalho dignifica o homem”, dizia uma encíclica papal; “o trabalho forja o caráter e produz a riqueza”, corroborava o senso comum.
Essa foi a crônica oficial que foi instaurada para construir a sociedade do progresso, da produtividade, do bom rendimento. Mas para isso era necessário disciplinar as pessoas, treiná-las e convencê-las de que a obediência era necessária para construir esse modelo societário. Era necessário instaurar uma instrução mecânica que pudesse habituar os trabalhadores a “obedecer sem pensar”, ou seja, seriam “pequenas engrenagens sem alma integradas a um mecanismo mais complexo”. Sendo assim, diz Bauman (2000, p.20-21), “a imposição da ética do trabalho implicava a renuncia à liberdade”, pois significava impor o controle e a subordinação ante uma vida que para os trabalhadores não era “nem nobre”, “nem ajustada a seus próprios princípios morais”.
A ética do trabalho representava a grande luta para vencer as correntes do obscurantismo, da ignorância, do velho sistema e as forças da natureza. A natureza devia ser conquistada e obrigada a servir os seres humanos; o trabalho seria o grande responsável por esse êxito e os inventores os protagonistas desse novo mundo. Por isso que todas as forças de resistência à “ética do trabalho” deveriam ser combatidas e silenciadas em prol do progresso e construção de um mundo produtivo e disciplinado. A ética do trabalho era ao mesmo tempo “uma visão construtiva” e “a fórmula para obter um trabalhador eficiente”.
Por isso era necessário realizar uma cruzada, uma guerra contra os “tradicionalismos” e todas as inclinações para o ócio ou a satisfação primária das necessidades. “Na guerra contra o ‘tradicionalismo’ dos pobres anteriores à época industrial”, diz Bauman (2000, p.26), “os inimigos declarados da ética do trabalho eram, ostensivamente, a modéstia das necessidades desses homens e a mediocridade de seus desejos”.
Na implantação e fixação da “ética do trabalho”, não é de estranhar que os mendigos, os indigentes, os deficientes, os incapazes e mesmos os velhos e enfermos são considerados os indesejados. Essa ideia de eliminar os desocupados é facilmente identificada, por exemplo, na obra La Idea de la pobreza, de Gertrude Himmelfarb (1988, p.193), quando diz: “Os mendigos, como os ratos, podiam efetivamente ser eliminados com esse método; ao menos podiam apartá-los de sua vista. Só fazia falta decidir-se a trata-los como ratos, partindo do suposto de que os pobres desleixados estão aqui só como uma moléstia que tem de ser limpada até por-lhe fim”. Por isso era necessário limitar a assistência, combater o ócio, tornar cada vez mais “desgraçada” a vida dos desocupados, para convencer os trabalhadores das fábricas que “a miséria fabril pareceria, em comparação [com a situação de vida dos miseráveis], um golpe de sorte ou uma benção” (BAUMAN, 2000, p.28).
Por isso era necessário criar estratégias que viessem diminuir a assistência, ou até proibi-la, para que não houvesse opção de escolha. “Para promover a ética do trabalho”, diz Bauman (2000, p.31), “se recitaram inúmeros sermões desde os púlpitos das igrejas, se escreveram dezenas de relatos moralizantes e se multiplicaram as escolas dominicais, destinadas a encher as mentes jovens com regras e valores adequados”. Não dar opção era a estratégia fundamental para que os “obreiros” se submetessem a ética do trabalho.
Buscar um emprego, submeter-se as suas regras, formar uma imagem idealizada de si mesmo, superar as imperfeições, achar um remédio para curar as enfermidades eram atividades que poderiam ser sintetizadas na ação de trabalhar. “Dar-lhes trabalho a todos, converter a todos em trabalhadores assalariados, era a fórmula para resolver os problemas que a sociedade pudera ter sofrido como consequência de sua imperfeição e imaturidade” (BAUMAN, 2000, p.33). Tanto o capitalismo quanto o comunismo colocaram no mundo do trabalho o preceito para o progresso da sociedade. O trabalho tornou-se, ao mesmo tempo, em ambas os “modelos societários”, o eixo da vida individual e a ordem social, assim como a garantia de sobrevivência para a sociedade em seu conjunto.
O trabalho e, principalmente, o tipo de trabalho, caracterizava o tipo de indivíduo: além de assegurar o sustento, o tipo de trabalho realizado definia o lugar que cada indivíduo ocupava na colocação social e avaliação individual.
A identidade de cada um se forjava a partir do tipo de trabalho que se exercia, a empresa que trabalhava ou o cargo que ocupava. Era o trabalho que definia os pares, a quem se poderia comparar e, principalmente, o tipo de vida que podia aspirar.
“A careira laboral”, diz Bauman (2000, p.34), “marcava o itinerário da vida e, retrospectivamente, oferecia o testemunho mais importante do êxito ou do fracasso de uma pessoa”. A carreira significava, paradoxalmente, a principal fonte de “confiança ou insegurança”, de “satisfação pessoal ou de autoreprovacão”, de “orgulho ou de vergonha”. “Em síntese”, diz Bauman (2000, p.35), “o trabalho era o principal ponto de referência, ao redor do qual se planejavam e ordenavam todas as outras atividades da vida”.
No âmbito da ordem social, o trabalho era o lugar mais importante para a integração social. Era no trabalho que se forjava o “caráter social” necessário para perpetuar “uma sociedade ordenada”. O “trabalho na fábrica” e o “serviço militar obrigatório” eram, para usar um conceito foucaltiano, a principal “instituição panóptica” da sociedade moderna. Os que não podiam trabalhar ou os que não possuíam emprego significavam uma ameaça, pois estariam fora do controle da ordem social. “A gente sem emprego era gente sem patrão, gente fora de controle: nada os vigiava, supervisava nem submetia a uma rotina regular, reforçada por oportunas sanções” (BAUMAN, 2000, p.35).
Até mesmo o modelo de saúde do século XIX estava regrado pela capacidade do homem realizar o esforço físico requerido tanto para a fábrica como para o exército. A ordem social iniciada na ditadura mecânica da fábrica se prolongava na “família patriarcal forte e estável do homem empregado”. “Dentro da família”, diz Bauman (2000, p.36), “se esperava que os maridos/pais, cumprissem, entre suas mulheres e filhos, o mesmo papel de vigilância e disciplina que os capatazes de fábrica e os sargentos do exército exerciam sobre eles nas oficinas e quartéis”.
Por último, o trabalho foi apresentado como questão de sobrevivência e prosperidade da sociedade: o trabalho seria o grande responsável para a produção da riqueza, para o processo de transformação dos recursos naturais em bens e serviços para a população. “Em resumo”, corrobora Bauman (2000, p.37), “o trabalho ocupava uma posição central nos três níveis da sociedade moderna: o individual, o social e o referido ao sistema de produção de bens. Além disso, o trabalho atuava como eixo para unir esses três níveis e era fator principal para negociar, alcançar e preservar a comunicação entre eles”.
A ética do trabalho colocava todos a abraçarem “voluntariamente”, com alegria e entusiasmo, o que surgia como necessidade inevitável.
No entanto, a ética do trabalho não teve seu pleno êxito, pois não foi inteiramente aceita, principalmente por parte dos novos trabalhadores que viam em sua condição a perda da liberdade. Por isso, na leitura de Bauman (2000, p.40) era necessário programar uma nova estratégia. Progressivamente houve um deslocamento da ética do trabalho para “os incentivos materiais do trabalho”, ou seja, “ganhar mais dinheiro”. A ética do trabalho foi sutilmente sendo substituída pela ideia de que ganhar mais seria uma forma de restaurar a dignidade humana perdida no desgaste da mão de obra industrial. Esse processo foi decisivo para desenvolver a moderna sociedade industrial. O ganhar mais poderia significar uma motivação autêntica para a liberdade.
Na visão de Bauman (2000, p.41) esse processo foi decisivo para a passagem posterior da “sociedade de produtores” para a “sociedade de consumidores”. Essa última transformação não foi unívoca e também não teve as mesmas consequências. Poderíamos, por exemplo, destacar a diferença entre o mundo capitalista e o mundo comunista: neste último, a apelação ao consumidor que se ocultava no produtor foi pouco sistemática, pouco convincente e carente de energia. “Por esta e outras razões”, diz Bauman (2000, p.41), “se aprofundou a diferença entre as versões da modernidade, e o crescimento do consumismo que transformou de forma decisiva a vida do ocidente atemorizou o regime comunista que, tomado por surpresa, incapaz de atualizar-se e mais disposto que nunca a reduzir suas perdas, teve que admitir sua inferioridade e declinou”.
A modernidade sólida, contudo, começa a sofrer mudanças a partir dos anos 1960 e 1970, quando começam a se enfraquecer as instituições, costumes e certos dogmas que forneciam as diretrizes para o indivíduo construir sua identidade, como as crenças religiosas, a família e a escola. Sobretudo após a queda do Muro de Berlim, em 1989, essa modernidade “sólida” estaria em desintegração e seria gradualmente substituída por uma modernidade “líquida”.
De acordo com Dalcin e Silva (2016), na modernidade dita líquida, os sólidos são derretidos, mas não emerge nada mais sólido em seu lugar. Esta mudança social e histórica assume assim uma condição de constante mudança, não tendo, portanto, previsão de término. Isso significa que nossas instituições, referências, estilos de vida e até mesmo crenças e convicções mudam antes de terem tempo de se solidificar em costumes e hábitos.
No entanto, Dalcin e Silva (2016) destacam que com as reformulações políticas e econômicas que surgiram com a globalização, também houve grandes transformações sociais. Os autores consideram que para Bauman (2000), as estruturas ou instituições vinculadas com o trabalho, à cultura e à educação, entre outras, que eram responsáveis pela produção da normatividade social se transformam em líquidas, e assim ficam a mercê tanto da responsabilidade, quanto da ação individual. Nesse sentido, é possível constatar que, de acordo com Bauman (2000), há neste período o deslocamento dos papéis sociais que antes eram da “ética do trabalho”, para a “estética do consumo”.
Ou seja, a antiga confiança “sólida” num futuro perfeitamente arquitetado pela razão foi substituída pela incerteza. O futuro tornou-se nebuloso e indefinido. O sucesso, que antes era pautado por uma vida regrada e planejada aos costumes e normas sociais, agora pauta-se principalmente pela necessidade de reconhecimento social, guiado entre outras normas, pelo poder de consumo.
Nesse sentido, considerando os princípios da vida liquido moderna destacada por Bauman (2008), o consumo excessivo é sinal de sucesso, uma autoestrada que conduz ao aplauso público e à fama. “Possuir e consumir certos objetos e praticar determinados estilos de vida são a condição necessária para a felicidade” (2008, p.165). “Essa sociedade promete uma felicidade fácil que pode ser obtida por meios inteiramente não-heróicos e que portanto devem estar, tentadora e satisfatoriamente, ao alcance de todos” (2007, p.65). A sociedade líquido-moderna desaprova os ideais do longo prazo e da totalidade. O que está em jogo é a busca imediata pela satisfação individual, pelo glamour das conquistas pessoais, pela satisfação proporcionada pelo consumo.
Na modernidade sólida, as instituições eram firmes, existia a segurança no trabalho e um salário que permitia ao indivíduo viver com dignidade e planejar sua vida a partir de uma projeção longitudinal. Para Fávero e Consaltér (2019), esse modelo de homem e sociedade, tanto característico da modernidade sólida como da modernidade líquida, podem ser compreendidos e exemplificados através do que Sennet (2009), em sua obra A corrosão do caráter, utiliza nas figuras de Rico e Enrico, filho e pai, respectivamente, para dissertar acerca de dois distintos modelos de trabalhadores. O trabalhador fordista, burocratizado e rotinizado, representado por Enrico, planejava sua vida e suas metas tendo por referência um tempo linear, cumulativo e disciplinado. Suas expectativas profissionais e realização pessoal estão baseadas em metas a longo prazo. Por outro lado, Rico (seu filho), representa o típico trabalhador da era do capitalismo flexível: muda de endereço e de emprego frequentemente, não planeja suas metas a partir de expectativas de longo prazo e vive uma vida de incertezas na eloquente busca por uma rápida ascensão profissional e financeira.
Rico representa um novo modelo de trabalhador o qual Dardot e Laval (2016) chamam de “sujeito empresarial”, “sujeito neoliberal” ou, simplesmente, “neossujeito”. Essa nova figura do sujeito opera uma unificação sem precedentes das formas plurais da subjetividade que a democracia liberal permitiu que se conservassem e das quais sabia aproveitar-se para perpetuar sua existência. Esse neossujeito tem total envolvimento com si mesmo. Dardot e Laval (2016, p.327) apontam que “a vontade de realização pessoal, o projeto que se quer levar a cabo, a motivação que anima o ‘colaborador’ da empresa, enfim, o desejocom todos os nomes que se queira dar a ele é o alvo do novo poder”.
O latente desejo de realização pessoal a qualquer custo motiva sua existência, suas ações e suas buscas. A pressa move esse desejo. Não há tempo a perder.
Para Sennett (2009), a própria estabilidade em um mesmo emprego abre espaço para múltiplas possibilidades ao longo da vida profissional. Nessa nova estrutura do mercado de trabalho, “um jovem americano com pelo menos dois anos de faculdade pode esperar mudar de emprego pelo menos onze vezes no curso do trabalho, e trocar sua aptidão básica pelo menos outras três durante os quarenta anos de trabalho” (Sennett, 2009, p.22).
Para explicar essas mudanças rápidas e significativas na vida das pessoas, típicas do que Bauman (2007) chama de “vida líquida”, Sennett (2009) reporta-se ao economista Bennett Harrison, o qual acredita que a origem dessa fome de mudança é o “capital impaciente”, ou seja, o desejo de retorno rápido. A ideia de sofrimento e resistência, representada na obra de Sennett (2009) pela figura de Enrico, que, pacientemente, economizou durante quinze anos para poder comprar sua casa própria, tornou-se, nas palavras de Bauman (2007, p.65), “ultrajante e repulsivo”.
Todas estas reflexões trazidas dos grandes pensadores contemporâneos como Sennett e Bauman, nos ajudam a perceber que se existe uma suposta crise no mundo do trabalho, que convive ao lado da opulência do consumismo e a pobreza não para de crescer no mundo, é porque continuamos a reproduzir um modelo de estrutura econômica e social, alimentada pelos processos educativos e pelo aparato ideológico das mídias, que não está preocupado com a vida humana e com a sustentabilidade do planeta. O modelo em curso, que poderia ser chamado de neoliberalismo, e que tem no deus mercado sua melhor expressão, é uma máquina que produz concentração de renda nas mãos de poucos, aumenta cada vez mais a pobreza de muitos e destrói a casa comum que é nosso planeta terra.
PS.: parte deste texto está no verbete “Modernidade Sólida” que escrevi com meu grande amigo Evandro Consaltér, e está publicado no Dicionário Crítico-Hermenêutico Zygmunt Bauman (Cassol; Manfio; Silva, 2021). Para os que tiverem interesse em acessar o qualificado dicionário, segue o link:
https://www.researchgate.net/publication/356290134_Dicionario_Critico-Hermeneutico_Zygmunt_Bauman
REFERÊNCIAS:
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
BAUMAN, Zygmunt. Trabajo, consumismo e nuevos pobres. Trad. Victoria Boschiroli. Barcelona: Gedisa, 2000.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001;
BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007;
BAUMAN, Zygmunt. Vida para o consumo. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008;
CASSOL, Claudinei Vicente; MANFIO, João Nocodemos Matins; SILVA, Sidinei Pithan da (orgs.). Dicionário Crítico-Hermenêutico Zygmunt Bauman. Ijuí: editora Unijuí, 2021.
DALCIN, Larissa; SILVA, Sidinei Pithan Da. Bauman de uma sociedade sólido-moderna para uma sociedade líquido-moderna. Anais do Salão do Conhecimento: ciência alimentando o Brasil. Ijuí, 2016.
DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A Nova Razão do Mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Trad. Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016;
FÁVERO, Altair Alberto; CONSALTÉR, Evandro. Peregrino ou turista: análise de dois modelos de formação docente a partir da metáfora de Bauman. In: FÁVERO, A. A.; TONIETO, C.; CONSALTÉR, E. (orgs.). Leituras sobre Zygmunt Bauman e a educação. Curitiba: CRV, 2019, p.55-67.
SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: as consequências pessoaisdo trabalho no novo capitalismo. Tradução Marcos Santarrita. – 14ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2009.
Autor: Altair Alberto Fávero
Edição: A. R.
O texto é excelente e provoca uma reflexão profunda sobre os rumos da sociedade atual. Ele revela com clareza como o modelo neoliberal, ao colocar o mercado no centro de tudo, amplia as desigualdades e enfraquece o valor da vida humana. Essa lógica se perpetua na precarização do trabalho, no consumismo descontrolado e na degradação ambiental. Vivemos em um tempo em que a pressão por produtividade e crescimento é constante, incentivada por mecanismos de propaganda e algoritmos que orientam nossos desejos e comportamentos. A ética do trabalho, antes tida como virtude, vai sendo substituída pela valorização da imagem, da performance e do consumo. As redes sociais impõem padrões e moldam atitudes, criando uma sociedade cada vez mais acelerada e ansiosa. O grande desafio, hoje, é romper com essa lógica e imaginar novas formas de viver que coloquem a dignidade humana e o cuidado com o planeta no centro das prioridades.
Mais uma grande reflexão do professor e filósofo Altair Fávero, um dos muitos Convidados do site com formação humanista e uma percepção crítica da realidade. Parabéns!