Perdoar e pedir perdão nos colocam em um patamar mais elevado como seres humanos.
Perdoar não é mera conduta moral. Perdão e reconciliação são fundamentais para que os seres humanos se tornem mais adaptáveis no planeta. Perdoar preserva a vida coletiva.
Ser agredido por alguém produz dor, raiva e desejo de vingança. Mas responder de forma elevada é fundamental para a vida em sociedade. Perdoar remove a hostilidade crônica, que nos faz ruminar sentimentos indesejáveis.
Há muitas razões para perdoar. Começa pelo bem-estar que isso produz. Promove saúde física e mental. Ajuda a resolver conflitos. Perdoar vem de “per” e “doar”. Doar é mais do que dar. É entregar-se. Dar ao outro a própria salvação.
Pedir perdão é também um ato de humildade e arrependimento. Revela caráter. Mas não deve ser vulgarizado. Quando um pai acoberta o delito do filho delinquente, está alimentando um monstro.
Não se pode amar ninguém incondicionalmente. Nem um filho. O ser humano precisa ser domesticado, e isso é tarefa dos pais.
Perdoar é uma das coisas mais difíceis de fazer. Mas vale a pena.
Não perdoamos o fato. Abuso ou deslealdade são imperdoáveis. Ao perdoarmos o fato, justificamos o erro. Perdoamos a pessoa.
Zero Hora noticiou o falecimento do psicanalista David Zimmermann. Fomos vizinhos. Uma grande pessoa. Numa reunião de condomínio, iriam demitir o zelador, quando alguém mencionou que o rapaz pedira desculpas por algo malfeito.
David lembrou que pedir perdão é algo nobre. Por isso, o zelador merecia outra chance. Seguimos o seu conselho. O rapaz ficou conosco por anos. Ótimo funcionário.
Perdoar e pedir perdão nos colocam em um patamar mais elevado como seres humanos.
Autor: Gilberto Schwartsmann. Esta reflexão foi publicada em versão impressa do jornal Zero Hora em 08/07/2014. Apaixonado pelas artes, Gilberto Schwartsmann é escritor, professor, colecionador de arte e médico oncologista, pós-graduado pela Universidade de Londres e membro da Academia Nacional de Medicina. Escreveu sete livros, dois deles traduzidos para o espanhol e para o francês, uma peça teatral, montada em Porto Alegre e em São Paulo, além de várias crônicas e ensaios literários publicados em jornais. Ele também realizou curadorias de exposições literárias, como Cem Anos da Semana de 1922 e Caminhos de Proust.
PROPOSTA DE ATIVIDADE PEDAGÓGICA:
Habilidade da BNCC: (EF05ER07) Reconhecer, em textos orais, ensinamentos relacionados a modos de ser e viver.
Como professor de Ensino Religioso, utilizo este texto em turmas das séries finais do Ensino Fundamental para tratar deste grande drama e dificuldade humana: perdoar. Acredito que, embora difícil, é necessário aprender e exercer a experiência do perdão. Como escreveu pastor Luciano P. Subirá: “Alguns acham que o perdão é um benefício para o ofensor. Porém, eu digo que o benefício maior não é o que foi dado ao ofensor, mas sim o que o perdão produz na vítima, naquele que está ferido. Sem perdão não há cura. A doença interior só se complica, e a saúde espiritual, emocional e física da pessoa ressentida é seriamente afetada”. (Nei Alberto Pies) Leia mais: https://www.orvalho.com/ministerio/estudos-biblicos/compreendendo-o-perdao-por-luciano-subira/
Para estudantes de anos iniciais, sugestão desta interessante história: (Habilidade da BNCC: (EF01ER01) Identificar e acolher as semelhanças e diferenças entre o eu, o outro e o nós):
Link do vídeo (história): https://youtu.be/4ViZrqT2Pe0?t=156
Edição: A. R.