Mas o mundo moderno tem destruído cada vez mais a importância da interioridade. Cada vez mais é a imagem externa, os outdoors, os carros potentes, os prédios desnecessariamente suntuosos, que nos atraem.
Toda vida humana é também subjetiva. Por que, então, enfatizamos tanto o mundo objetivo?
Valorizamos os tênis de alguém mais do que sua cultura. Nos interessamos mais por bonitezas aparentes e efêmeras do que por belezas veladas, porém duradouras.
De tanto olharmos para fora, nos esquecemos do que trazemos em nós. Tire os bens materiais de uma pessoa, esqueça sua aparência e o que sobrar é o que ela realmente é.
Se você tiver todo o resto, mas não esse “algo” impalpável, terá uma casa vazia, uma casca.
Temos dificuldades para enxergar a “água do rio”. Nos fixamos apenas em seu leito. Pedras e ribanceiras nos são mais visíveis do que a substância formadora de nossa interioridade.
Atentando cada vez mais para o exterior, nos desvalorizamos como indivíduos e como espécie.
A capacidade de abstração, a mente, a interioridade, a subjetividade, não são nossa marca principal, a nos definir?
Dependemos da matéria. Ela é nossa base. Mas com ela apenas, somos tanto quanto um graveto. O que conseguimos criar a partir dela e, até mesmo, apesar dela — eis aí o nosso diferencial.
Mas o mundo moderno tem destruído cada vez mais a importância da interioridade. Cada vez mais é a imagem externa, os outdoors, os carros potentes, os prédios desnecessariamente suntuosos, que nos atraem.
Estamos sendo levados a cada dia para mais longe de nós mesmos, por uma sociedade a qual nós próprios criamos.
Afinal, para que alma, quando podemos ter um bom tênis?
Autor: Aleixo da Rosa
Edição: Alex Rosset