As mães, que protegem os filhos
em seu ventre e no mundo,
pedem encarecidamente
um útero para si mesmas.
Ainda que a maioria dos super-heróis seja masculina, as supermamães existem. Talvez não sejam aladas, a não ser de ternura. Talvez não corram à velocidade da luz, mas disparam em máxima velocidade humana ante um choro de filho. Talvez não consigam salvar-nos dos alienígenas, mas podem gerar novos seres comprometidos com outro mundo.
Só as mães têm o maior de todos os superpoderes: conseguir em segundos que desapareçam terríveis e enormes problemas de um filho. E sem magia. Simples resultado da imaginação, do tal de instinto materno, de não-sei-o-quê. Tudo do modo mais simples. E usam materiais à mão de qualquer um: palavras, um colo, um olhar, uma comidinha especial, um beijo, um sorriso, um afago, um cafuné, um não-foi-nada-meu-filho.
Estudiosos das emoções já descobriram que a incapacidade de amar dos psicopatas deve-se à falta de vínculos de afeto com suas mães. Mães frias, violentas, imaturas afetivamente, enviam para o mundo filhos com graves problemas emocionais. Porém, mães de mimos exagerados, sabe-se também, formam tiranos, egocêntricos e insensíveis.
Mães são importantes não apenas pela geração. Gerar, por si só, não é relevante. Há quem gera e mata, quem gera e maltrata, quem gera e abandona. Mães são importantes porque todo o amor do mundo, em suas múltiplas expressões, depende da têmpera e do tempero do amor materno.
Por ser esse amor tão importante para o mundo, mais que melosas homenagens, o dia das mães deve ser para a sociedade um momento de reflexão sobre o papel da maternidade na formação dos seres humanos.
O amor materno é sempre sagrado, capaz de abarcar as dimensões humanas mais ricas e contraditórias. Sua pureza se confunde com amor radical, mas nem sempre compreendido por sua incondicional capacidade de perdoar, reatar, reconsiderar, reaprender a viver do jeito que é possível, apesar dos pesares.(Nei Alberto Pies)
A maternidade pede um lugar central nas políticas públicas de combate à miséria, de educação, de saúde, de diminuição da violência e da criminalidade. O abandono de recém-nascidos por mães pobres, que tem chocado a opinião pública, deve ser interpretado como sinal de graves problemas sociais.
Mães são heroínas poderosas. Seus beijos e carinhos podem fazer milagres e curar grandes feridas. Mães são rosas, rainhas, merecem jóias, presentes, telefonemas, e até panelas e liquidificadores. Mas, sobretudo, as mães precisam da atenção da sociedade para que os filhos do futuro possam continuar sendo salvos por seus superpoderes.
As mães, que protegem os filhos em seu ventre e no mundo, pedem encarecidamente um útero para si mesmas.
“Deixa os outros se espantarem com o amor, mas nunca pelo fiasco. O amor é feito de alma e, como ela, existe, mas não pode ser tangido. Sente o amor como uma brisa anunciando mudança de tempo. O amor tem um corpo de aura que se esmigalha ao ser exposto sem finesse”. (Pablo Morenno)