Conhecendo o Projeto Rondon
Breve histórico
Seu nome é uma homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, que teve grandes feitos na história de nosso país. Teve papel ativo no movimento pela proclamação da República, participou da construção das Linhas Telegráficas de Cuiabá,
foi professor de Astronomia e Mecânica da Escola Militar, dirigiu a construção da linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras do Paraguai e da Bolívia, construiu também a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antonio do Madeira, uma de sua obra mais importante. A comissão do Marechal foi a primeira a alcançar a região amazônica. Foi convidado pelo governo brasileiro para ser o primeiro diretor do Serviço de Proteção aos Índios e Localização dos Trabalhadores Nacionais, criado em 1910. Incansável defensor dos povos indígenas do Brasil ficou famosa a sua frase: “Morrer, se preciso for; matar, nunca”. Foi diretor de Engenharia do Exército e, após sucessivas promoções, chegou a General-de-divisão.
Nos anos 40 virou presidente do Conselho Nacional de Proteção aos Índios , cargo em que permaneceu por vários anos. Em 1955, o Congresso Nacional conferiu-lhe a patente de Marechal. E no ano seguinte, o então estado de Guaporé, passou a ser chamado de Rondônia em homenagem ao seu desbravador. Faleceu no Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1958, com quase 93 anos. Rondon fez levantamentos cartográficos, topográficos, zoológicos, botânicos, etnográficos e lingüísticos da região percorrida nos trabalhos de construção das linhas telegráficas. Por sua contribuição ao conhecimento científico, recebeu várias homenagens e muitas condecorações de instituições científicas do Brasil e do exterior.
O que é o Projeto Rondon?
O Projeto Rondon foi criado em 1967, quando uma equipe formada por 30 universitários e dois professores de universidades do antigo Estado da Guanabara, conheceram de perto a realidade amazônica no então território federal de Rondônia. A primeira missão teve a duração de 28 dias. Durante as décadas de 1970 e 1980, tornando-se conhecido em todo Brasil. No final dos anos noventa, deixou de receber prioridade no Governo Federal, sendo extinto em 1989. Em Janeiro de 2005, ocorreu o relançamento do projeto, em Tabatinga-AM, com uma nova roupagem, voltando a figurar na pauta dos programas governamentais e universitários, sendo atribuída a sua coordenação ao Ministério da Defesa. Desde então, o Rondon já levou 19.196 rondonistas a cerca de 844 municípios.
Atualmente, esse grande projeto de extensão brasileiro, encontra-se em processo de consolidação, com uma procura cada vez maior pelas universidades e pelos universitários. O Rondon é mais que um projeto educacional e social, é uma poderosa ferramenta de transformação social, na medida em que conscientiza jovens que terão nas mãos o destino deste país e da importância do seu papel de protagonista na busca de uma sociedade mais justa.
O Projeto Rondon, coordenado pelo Ministério da Defesa, é um projeto de integração social que envolve a participação voluntária de estudantes universitários na busca de soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável de comunidades com deficiências e ampliem o bem-estar da população. As ações do projeto são orientadas pelo Comitê de Orientação e Supervisão do Projeto Rondon, criado por Decreto Presidencial de 14 de janeiro de 2005. O COS, como é conhecido, é constituído por representantes dos Ministérios da Defesa, que o preside, do Desenvolvimento Social e Agrário, Educação, Esporte, Integração Nacional, Meio Ambiente, Saúde e da Secretária-geral da Presidência da República.
Esse projeto tem por missão viabilizar a participação do estudante universitário nos processos de desenvolvimento local sustentável e de fortalecimento da cidadania nos municípios do Brasil .Seus objetivos visam contribuir para a formação do universitário como cidadão; integrá-lo ao processo de desenvolvimento nacional, por meio de ações participativas sobre a realidade do País; consolidar no universitário brasileiro o sentido de responsabilidade social, coletiva, em prol da cidadania, do desenvolvimento e da defesa dos interesses nacionais e estimular no aluno universitário a produção de projetos coletivos locais, em parceria com as comunidades assistidas, contribuir com o fortalecimento das políticas públicas, atendendo às necessidades específicas das comunidades selecionadas. Os pilares desse projeto são o Ministério da Defesa, as Prefeituras Municipais e as Instituições de Ensino Superiores (IES).
São características das operações o trabalho voluntário, no período de férias escolares, durante duas semanas, tendo dois professores (um coordenador e um adjunto) que acompanha oito alunos ,da 2ª metade do curso, duas equipes (IES diferentes) por município e a não repetição de alunos no projeto. As atividades desenvolvidas nos municípios são divididas em conjuntos. O Conjunto A: Cultura, Direitos Humanos e Justiça, Educação e Saúde, o Conjunto B: Comunicação, Meio Ambiente, Tecnologia e Produção e Trabalho, e Conjunto C com a responsabilidade da comunicação social .
UPF no Projeto Rondon
A trajetória de experiências de nossa Instituição, sempre sustentada pelo tripé ensino-pesquisa-extensão, caracterizada por ser uma Instituição Comunitária, e voltada para o desenvolvimento local e regional de forma articulada e sustentável, nos permite propor um plano de trabalho para atender ao Convite, via Edital do Ministério da Defesa da Coordenação-Geral do Projeto Rondon , com atividades alocadas tanto no Conjunto A , B e C.
A UPF desde 1987 tem participado de atividades semelhantes a esta. Foi uma das instituições que participou do então programa inicialmente piloto da Universidade Solidária e do Programa Juventude Solidária (iniciativa do governo estadual. Desde julho de 2005 tem participado de forma efetiva nos editais do Ministério da Defesa do Projeto Rondon. A IES já participou de 34 operações de norte a sul do país(AP, SE, MT, PA, MG, PR, GO AM, RS AL, TO, RO MA PE , RN, MS), incluindo as operações do conjunto A, B, C , ASSHOP e ACISO(operações embarcadas ). Além de sua participação nas reuniões anuais de professores, promovida pelo Ministério da Defesa e do I e II Congresso Nacional do Projeto Rondon com vários trabalhos. A IES conta com o Núcleo Rondon, institucionalizado em 2010 (toda a sistemática de elaboração dos projetos, bem como a seleção de docentes e discentes para as operações é coordenada por esse núcleo).
Nossos resultados são de grande monta, desde 2005 a UPF já certificou mais de 18 mil munícipes que passaram pelos cursos, oficinas e seminários oferecidos nas mais variadas atividades propostas. Para tanto as ações foram pautadas no comportamento e no espírito democrático, da solidariedade, da cooperação e da compreensão. Dessa maneira podemos “atender” o lema do Projeto Rondon – uma lição de vida e cidadania, de forma a colocar em prática a teoria vivenciada em sala de aula. Sala essa que tem mais 8 mil km2, permitindo aos rondonistas conhecer um Brasil além dos livros. Já participaram, por volta de, 400 alunos da UPF, das mais variadas áreas do conhecimento (saúde, educação, ciências biológicas e matemáticas, engenharias, comunicação, letras, música, pedagogia,) das operações do Projeto Rondon.
As propostas de trabalho enviadas ao Ministério da Defesa , são sustentada por um desenho pedagógico consistente, que visa estimular e promover a formação de facilitadores e multiplicadores para fomentar o desenvolvimento local sustentável e a qualificação da gestão pública, valorizando o saber local das comunidades e estimulando o desenvolvimento de estratégias e ações autossustentáveis que possam melhorar a qualidade de vida. Para tal, várias dinâmicas são utilizadas no período das Operações com vistas a atender as ações do CONJUNTO A ou B. São Metodologias dialogadas, discutidas e refletidas com a prefeitura nos contatos realizados na viagem precursora. São privilegiadas metodologias ativas e proativas de ensino-aprendizado, numa abordagem construtivista e centrada nos sujeitos que aprendem e apreendem, que pensa e reflete, que reconheçam e valorizem os conhecimentos mobilizados, e as experiências vivenciadas pela comunidade local. Não temos a pretensão de impor modelos prontos, ou “receitas mágicas” ou verdades absolutas, mas a intenção de facilitar processos e contribuir para a sistematização das experiências locais, colaborando para a formação ampliada dos sujeitos (comunidade, acadêmicos e professores).
A lição aprendida no Projeto Rondon foi de que a carência material não é nada diante da riqueza natural e moral, sendo que esta convida a uma reflexão do respeito e do valor que se tem na sociedade e da forma pela qual enfrentamos as adversidades do jeito egocêntrico de levar a vida. As demonstrações de satisfação depositadas, por sua vez, nos certificam de que os objetivos foram superados e que as “mudanças” ocorreram ou poderão ocorrer ao longo dos dias, pois ao recordarmos de fatos e histórias, às vezes realizamos mudanças imperceptíveis sem saber de onde veio essa mola propulsora para a ação. Aprendemos que simplicidade e pobreza estão muito próximas de miséria e que pessoas são felizes mesmo sem ter tantos recursos quanto nós do sul. Deixamos um pouco de nós, mas trouxemos muito mais em nossa bagagem de vida e de cidadania. Não temos a pretensão de mudar o mundo, mas nos realizamos na possibilidade de mudar o mundo de alguém em especial – o nosso.
Na bagagem de volta, de cada operação, não trouxemos apenas os números e o entendimento da missão cumprida , mas aprendemos que ouvir as pessoas, entrar na casa delas, conhecer suas crenças e entender como elas vivem com tão pouco, é compreender o processo de dor pelo qual pessoas passam e vivem e também ficar maravilhados com as soluções que são capazes de realizar em prol de sua qualidade de vida que ora dá bons resultados ora leva a perdas irreparáveis no bem viver dessas populações. É verificar o valor que a ajuda de vizinhos tem em uma comunidade, é sentir e verificar que a pessoa que nos relacionamos é um todo e que deve ser sujeito de sua vida, de sua saúde e de sua cidadania. As impressões de uma mesma viagem para cada pessoa são diferentes, por isso talvez outros rondonistas tenham expressões e sentimentos diferentes, mas com certeza a lição de vida é similar e mesmo gratificante quanto foi a nossa. Em fim foi choque de cultura, de cidadania e principalmente de humildade. Como costumo falar rondon não se explica , rondon se vive! O Projeto Rondon nos remete á nossa essência de humanidade e respeito ás pessoas, mas principalmente á vida em toda a sua plenitude, ou seja , um intenso programa de “brasilidade”.
Quer saber mais sobre o UPF no Projeto Rondon? Faça-nos uma visita!
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Escrito pela Prof. Dra AnaM.B.Migott. Coordenadora de Projetos Especiais, Divisão de Extensão UPF.