A sociedade contemporânea, que tem por
modelo a competição, e não a cooperação, estimula a
violência como a solução de todos os seus problemas.

 

A violência na sociedade é tema recorrente de reflexões, palestras e seminários e afeta, cotidianamente, a vida dos professores e professoras porque também se estende na sala de aula e nos ambientes escolares.

Como o professor deve se preparar para lidar melhor com a violência da sociedade e na escola? Como construir um ambiente educativo que promova cultura de paz? Como fazer da escola um ambiente de tolerância e respeito aos direitos humanos?

Para ser Cirandeira deste tema, o CMP Sindicato (Sindicato dos Professores Municipais de Passo Fundo) convidou a professora e psicóloga Maria Isabel Bristott. Ela participou da vigésima terceira Ciranda dos Saberes, em agosto de 2018, uma atividade formativa diferenciada para professores que visa integrar troca de saberes, música e poesia, comida e bebida, com duração de duas horas. As Cirandas dos Saberes iniciaram em 2014.

Sua abordagem foi instigante. Ela instituiu o abraço como o primeiro território para a construção de uma cultura de paz. Em círculo, todos estavam desmemoriados, e ninguém sabia mais o que era o abraço. O abraço passava entre os presentes e a dúvida do que ele era (o que é isso?) voltava para quem o instituiu: a cirandeira. Aos poucos, o abraço foi tornando-se um gesto natural, não mais um estranhamento.

Enfrentar a violência com atitudes de não-violência. Ouvir e entender a realidade sem pré-julgamentos. Construir territórios de proteção, de cuidado, de oportunidades de cada um dizer os seus sentimentos e promover ambientes de consideração e valorização de cada um e de todos é o caminho mais eficaz para construir cultura de paz.

Cultura de paz, segundo Monja Coen.

A sociedade contemporânea, que tem por modelo a competição, e não a cooperação, estimula a violência como a solução de todos os seus problemas. É muito grave perceber que esta ideia vem sendo instituída e institucionalizada no Brasil, gerando uma sociedade com uma cultura de violência.

O conhecimento nos torna melhor seres humanos. A ignorância gera a violência e a estupidez. Qual é o papel da escola neste contexto?

Como os professores e professoras, a partir de suas escolas, podem intervir para vivenciar com seus educandos e educandas valores e processos que mostrem caminhos diferentes da competição e da violência?

Por que nossas escolas silenciam sobre a violência? Quais são as estratégias pedagógicas mais eficazes para construir uma cultura de paz, mesmo na contramão da promoção da violência na sociedade?

A troca de ideias, as experiências relatadas e as reflexões da Ciranda apontaram que a própria escola, desde a sua organização, gera ambientes amorosos ou conflitivos que influenciam no comportamento de todos que dela participam. Quando há equipes diretivas mais abertas ao diálogo e à escuta dos sujeitos (professores, alunos e pais), ocorrem vivências mais significativas e promotoras de uma cultura de paz. Quando há o contrário, tende-se acentuar a competição e a violência como um caminho de resolução dos conflitos, que são inerentes ao ser humano.

Todos somos sujeitos de nossa história e desejamos dizê-la. A escuta, paciente, amorosa e respeitosa, sem julgamentos, é parte do caminho para a promoção da paz. A palavra é a ferramenta instituinte do sujeito. Quem fala se liberta.

“Temos necessidade de comunicar aquilo que nos incomoda, que nos irrita, que nos prende a nós mesmos. Falar sempre é um ato libertador, porque nos permite uma melhor compreensão de nós mesmos e dos outros. É também constante busca de compreensão, pois viver na eterna incompreensão gera desilusão e descrença nas possibilidades humanas”. (Nei Alberto Pies)

Quem fala se liberta

Como o educador Paulo Freire já ensinou: “a educação não muda o mundo. A educação muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo”.

Embora tenha sempre um poder limitado, a educação, a partir das escolas, pode escolher caminhos, estratégias e processos que promovam uma cultura de respeito, consideração, cooperação e solidariedade. Desta maneira, estará ajudando a sociedade a rever suas posições, ou mesmo, tomar novos rumos.

“Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho”.  (Mahatma Gandhi)

 

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