Conviver intensamente e desinteressadamente
com os outros é a melhor forma de buscar felicidade.

Não existe felicidade “fora dos outros”. Na contramão desta idéia, construímos a ilusão de que felicidade pode resultar de conquistas meramente individualistas. Deste modo, fomos abrindo mão daquilo que nos é o mais essencial: a convivência e confiança nos outros. Ensimesmados e distantes dos outros, geramos um vazio existencial, hoje uma enfermidade social: o stress e a depressão.

Somos parte de uma sociedade que privilegiou as coisas, transformamo-nos também nós em anônimos, números, seres em competição.

Ao invés de vivermos o amor e a compaixão, valorizamos demais os valores da competição, egoísmo e auto-suficiência. Cultivamos sentimentos interesseiros e oportunistas, e os entendemos como forma de amar. Desaprendemos que amar significa, no sentido último, morrer para a gente, para renascer com os outros. Convivemos com os outros, visando suprir carências, esquecendo que também eles, como a gente, tem as mesmas necessidades de permanente reconhecimento.

Solidariedade e compaixão são valores e atitudes que nos unem para a superação dos sofrimentos comuns à nossa condição humana. A libertação e superação dos sofrimentos humanos requerem que a gente seja capaz de colocar-se no lugar do outro, lá onde o outro está. Para fluir compreensão e entendimento, precisamos ser capazes de escutar.

Falar e escutar são atitudes libertadoras, para a gente e para o outro. A afeição, a doçura, o amor, o perdão, a esperança e a paz são virtudes destacadas por Charles Chaplin para uma vida sem violência, uma vida a partir da própria humanidade. “Sem estas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido”.

"Cada pessoa que passa em nossa 
vida passa sozinha, e não nos
deixa só, porque deixa um
pouco de si e leva um pouquinho
de nós. Essa é a mais bela
responsabilidade da vida e a
prova de que as pessoas não se
encontram por acaso".
(Charles Chaplin)

Dizem os estudiosos e especialistas que a natureza humana não é feita para a acomodação, mas sim para a constante superação, para o desenvolvimento de nossos potenciais. Este princípio, nem sempre é assimilado e traduzido na prática e vida cotidiana de muitos, por conta das pressões e mudanças sociais, bem como dos novos desafios de nossos tempos, sejam pessoais ou coletivos.

Mas “se pararmos no meio do caminho e nos acomodarmos, pagaremos um preço elevado por isso. Viveremos com ansiedades desnecessárias, não encontrando mais o verdadeiro sabor das coisas e, sem nos darmos conta, procurando compensações para nossas frustrações. Daí se explica por que muitas pessoas acabam deprimidas, viciadas, consumistas ou hedonistas. Essas atitudes ou características seriam consequências do não desenvolvimento do nosso potencial. Quem não cresce, adoece”. (AntônioVieira)

Vida fácil não é bela vida. A vida vale a pena quando é conquistada, a partir das pequenas e singelas superações que fazemos ao longo da existência. Cada desafio superado sinaliza conquistas para nossa felicidade.

A solidariedade deve ser um valor constante, capaz de nos propiciar sentido de vida. Ela é um sentimento que nos acompanha de forma intensa nas tragédias humanas, mas ainda não acompanha nossas relações cotidianas, capazes de nos re-aproximar conosco mesmos e com os outros. Nada melhor do que a convivência, a relação e a troca com aqueles que compartilham das mesmas necessidades.

Conviver intensamente e desinteressadamente com os outros é a melhor forma de buscar felicidade. Como disse Chaplin, “não preciso me drogar para ser um gênio; não preciso ser um gênio para ser humano, mas preciso do seu sorriso para ser feliz”.

Esta publicação faz parte do livro "Conviver, educar e participar: 
nos palcos da vida", publicado pela Editora IFIBE em 2014.

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