Ao mesmo tempo que uma onda conservadora cresce no país,
a primavera feminista mostra a força das mulheres
contra o avanço de todos os tipos de preconceitos
representados pelo inominável.
A realidade é a seguinte: temos menos mulheres atuando na política do que o Afeganistão. O dado foi divulgado em março de 2018 pela União Interparlamentar Internacional (UIP), com base em dados de janeiro do mesmo ano. Foi levado em consideração o número de assentos ocupados por mulheres nas duas casas (Câmara ou Casa Baixa/Senado ou Casa Alta) de seus respectivos congressos.
Estamos na lanterna do mundo ocupando a 161ª posição de um ranking de 186 países sobre a representatividade no poder executivo. Atrás de todos os demais países do continente americano. O levantamento foi realizado pelo Projeto Mulheres Inspiradoras, que luta pela participação feminina nos espaços de poder. Para chegar às conclusões foram cruzados dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ONU e Banco Mundial.
Somente 17 destes países têm chefes de governo mulheres, ou seja, cerca de 92% do planeta é governado por homens. Através deste estudo é possível se estimar que aí por 2065 as mulheres conseguirão ocupar metade das cadeiras do governo do Estado no país.
Como consequência da ausência de mulheres nos espaços de decisão muitas (para não dizer a maioria) das políticas não são pensadas para mulheres. Mais do que nunca as mulheres bradam para serem ouvidas e o que se escuta, muitas vezes, é que essas demandas são “mimimi”.
Ao longo dos últimos anos o feminismo vem tomando cada vez mais forma seja nas redes sociais ou nas rodas de conversa. Mulheres passam a ter compreensão do machismo reforçado diariamente pela sociedade e já não se calam diante destes abusos. Não se calam diante de tanto feminicídio, relacionamento abusivo, desigualdade de gênero.
E isso tem incomodado muitos. Incluindo o candidato à presidência que não deve ser nomeado.
Por muito tempo (cerca de 30 em vida política) este senhor destilou seu ódio, machismo, misoginia, homofobia e racismo e agora as mulheres se cansaram de ver uma pessoa de tanta influência fortalecendo essas ideias. Ao mesmo tempo que uma onda conservadora cresce no país, a primavera feminista mostra a força das mulheres contra o avanço de todos os tipos de preconceitos representados pelo inominável.
A rejeição do eleitorado feminino, de acordo com as pesquisas do Datafolha, atingiu 49%. Isso se materializou no grupo de combate ao político criado no Facebook e que passa de um milhão de participantes. A ideia saiu da rede social e já se materializa em atos que devem ser realizados em todo o país no dia 29 de setembro.
Como dizia um áudio que recebi pelas redes sociais, “Ele é o atraso que o país não merece ter e nós mulheres não vamos deixar ele vencer”.
Para mudar a realidade machista em que vivemos e minar os discursos de ódio que, atualmente, parecem ser exaltados e considerados normais, é preciso sim mostrar nossa indignação com quem propaga esse tipo de posicionamento. É preciso que mulheres falem o que lhes incomoda, suas demandas e anseios.
Precisamos de mulheres que falem com outras mulheres, que pensem pelas mulheres, que se unam às mulheres. Mais do que votar, precisamos eleger mulheres trabalhadoras para o governo, para que o país respeite a vida das mulheres.
Precisamos nos organizar e nos unir.
Eu e tu, até sermos todas.