Ansiedade, depressão e desesperança entre os distúrbios que mais acometem os educadores, aponta pesquisa

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O estudo revelou que as novas formas de trabalhar, impostas pela necessidade de distanciamento social, geraram isolamento e solidão. Essa realidade ganhou um novo elemento com o retorno ao trabalho presencial. Os conflitos se intensificaram por múltiplos fatores.

Ansiedade, depressão e desesperança estão entre os distúrbios que acometem os professores. A constatação faz parte do estudo “Novas formas de trabalhar, novos modos de adoecer”, realizado com 714 trabalhadores da educação, divulgado no fim de 2021. A psicóloga Luciane Kozicz, que trabalha na área de saúde do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), apresentou este e outros resultados nesta terça-feira (26), dentro da programação do Coletivo de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação.

A pesquisa teve como objetivo central conhecer os impactos do trabalho remoto na saúde emocional nos trabalhadores em educação. Problemas nas cordas vocais, distúrbios osteomusculares, lesão por esforço repetitivo e doenças do aparelho respiratório foram os danos físicos mais notificados.

Nos danos psicológicos, destacam-se o estresse crônico, ansiedade, depressão e síndrome de Burnout. Os danos sociais que se sobressaíram relacionam-se a sobrecarga, hiperatividade, solidão por ausência do coletivo e assédio moral.

Para Luciene, medicar é um fracasso para educar, pois reforça o pensamento mágico. “Receitas visam corrigir problemas, adequando os sujeitos”, alerta. “Ao invés de diagnóstico e medicações para melhorar o desempenho e anestesiar a alma, precisamos repensar o ambiente”, completa.

O relatório do estudo constatou que as instituições transferiram ao trabalhador novas responsabilidades: cada profissional deve exercer o seu talento particular, com esforço singular, dentro da sua casa, em tempo estendido. “Mais uma forma perversa que ataca o trabalho, inovando as formas de exploração e impondo ideologias dessubjetivantes.”

Os questionários aplicados levaram em consideração preocupações com a Covid-19, conhecimento e segurança em relação à pandemia, condições ambientais, tecnológicas e suporte para realização do trabalho em tempos pandêmicos.

O estudo revelou que as novas formas de trabalhar, impostas pela necessidade de distanciamento social, geraram isolamento e solidão. Essa realidade ganhou um novo elemento com o retorno ao trabalho presencial. Os conflitos se intensificaram por múltiplos fatores. “Esse contexto reforça a tese de que as relações laborais precisam ser pauta prioritária nas escolas”, avalia o relatório.

Segundo a Secretária de Saúde dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação, Francisca Seixas, é preciso destacar a situação dos aposentados. De acordo com ela, o que mais tem adoecido a categoria é a questão do confisco. “Nossos aposentados ganham R$ 3 mil e passaram a contribuir com 14% com a previdência: um verdadeiro confisco! Isso tem adoecido e piorado as condições de vida dos nossos aposentados”, avaliou.

Ela também destacou a situação dos readaptados, que estão nessas condições porque existe uma questão de saúde a ser tratada, que pode ser mental ou física. “Precisamos valorizar esses profissionais; é necessário trabalhar com o tratamento, mas, principalmente, com a prevenção”, concluiu.

De acordo com os resultados apresentados pelo estudo, um conjunto de situações tornou o trabalhador passivo e desorientado, com destaque para: ambiguidade de papéis; informações inadequadas ou confusas sobre como o trabalho deve ser realizado; trabalho excessivo em que o indivíduo tem que estar disponível em múltiplas plataformas/canais (sala de aula virtual, Whatsapp, e-mail, telefone, Zoom/Meet, presencial etc.); falta de capacitação ou suporte para o indivíduo adquirir as habilidades necessárias para executar a tarefa; subutilização de habilidades ou tarefas monótonas repetitivas; estruturas administrativas autoritárias que não incluem trabalhadores na solução de problemas e tomada de decisão; falta de reconhecimento sobre o desempenho do trabalhador; cultura organizacional que não abre espaços para o diálogo e são caracterizadas pela performance, promovendo competição e hostilidade; e eterna insatisfação da gestão em relação ao que é criado, executado ou proposto.

Para além dos processos de escuta, a recomendação final do documento elenca a ocupação dos espaços de fala para além das fronteiras conhecidas, principalmente, com os que estão em desacordo com ideias já apresentadas; rever processos possíveis de execução entre o planejado e o que será executado, acompanhando a implantação; elencar as carências nas organizações do trabalho; estabelecer estruturas mínimas de tecnologia e definir cursos necessários.

“O espaço de discussão é necessário para a humanização da categoria e diminuição das patologias. O fato de poder compartilhar suas inseguranças e medos faz com que ansiedades diminuam”, conclui o relatório.

FONTE: https://cpers.com.br/ansiedade-depressao-e-desesperanca-estao-entre-os-disturbios-que-mais-acometem-os-educadores-aponta-pesquisa/

 Autor: CPERS Sindicato

Edição: Alexsandro Rosset

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