Pessimismo ou realismo?

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Há algum motivo para ter esperança
e ser otimista a partir do Governo Bolsonaro?

Dias atrás, amigo internauta me disse: “Professor, você anda muito pessimista”!. Fui obrigado a responder com o português José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura: “Não sou pessimista; a realidade é que é péssima”.

Efetivamente, a realidade está sendo péssima. A cada semana, o governo Bolsonaro nos oferece atitudes tragicômicas, fazendo inveja aos produtores de programas humorísticos.

O ministro da deseducação nos brindou com uma progressista postura contra disciplinas como Filosofia e Sociologia, no que foi referendado pelo presidente. Ambos deixaram claro que pobre não deve pensar na vida. Pobre é mera mão de obra.

Bolsonaro, foi mais adiante, “queremos uma molecada que comece a não se interessar por política dentro das escolas”. O governo, na verdade, quer “Alienados acima de tudo. Deus acima de todos”.

O “marxismo cultural” continua sendo o grande medo do governo. É preciso destruí-lo, já que este prepara o terreno para uma revolução comunista. Direitos das minorias, avanços civilizatórios são coisas do comunismo a ser eliminado.

O ministro Weintraub, da deseducação, deixando claro o que pensa a ala manicomial do governo, vociferou recentemente: “Os comunistas são o todo do país. Eles são os donos dos jornais. Eles são os donos das grandes empresas. Eles são os donos dos monopólios”. Enfim, estamos em Cuba, ou Venezuela, ou Coréia do Norte e não sabíamos.

O censor-mor Bolsonaro, alegando “respeito à família”, vetou uma campanha publicitária do Bco. do Brasil. Esta exaltava a diversidade étnica, sexual e comportamental. Lembram de Jânio e os biquínis?

O já sobejamente conhecido homofobismo de sua excelência veio novamente à tona, com a afirmação de que “o Brasil não pode ser um país do mundo gay, do turismo gay”. Tudo em defesa da família. Já o turismo heterossexual, segundo o presidente, está liberado. “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher fique à vontade”. Ode ao machismo!

Estas posturas levaram o país a viver um vexame vergonhoso. Bolsonaro teve sua visita à NY vetada por iniciativa do prefeito da metrópole americana. Algo inédito na história republicana. Alguém sugeriu que sua excelência seja homenageado ao pé da Estátua da Liberdade da Havan. Uau!!

O ministro (da destruição) do Meio Ambiente, condenado por descumprir leis ambientais e manipular mapas de manejo ambiental do rio Tietê(!!!!), em São Paulo, só pensa no agronegócio, em tolher o trabalho do Ibama e liberar agrotóxicos. Na verdade, é o ministro dos Ruralistas. Beleza!

O ministro do Turismo, por sua vez, não consegue explicar a plantação do laranjal eleitoral. Haja transparência na “nova política”. Agora mesmo a ONU recolocou o país no mapa da fome. Quem sabe o governo distribui laranjas!!

Passados três meses de mandato presidencial, a economia continua acorrentada ao passado recente de recessão e austeridade, sobrando evidências do poder destrutivo do atual governo tanto no que se refere à relação com os principais parceiros comerciais do País quanto no encaminhamento político interno das próprias propostas.

No primeiro trimestre da gestão Bolsonaro, as contas públicas somaram déficit de R$9,3 bilhões, o segundo pior resultado da série histórica iniciada em 1997.

Como escreveu com muita propriedade meu amigo Juremir Machado da Silva, “ o que se esperar de um governo cujo guru foi astrólogo?

Num bestiário, é a história da união inusitada do astrólogo, do capitão que não deu certo no Exército, do juiz que flexibilizava provas, do banqueiro que pretende obrigar pobre a poupar e do agente do mercado financeiro determinado a privatizar a filosofia e a sociologia”.

Agora me respondam: Há algum motivo para ter esperança e ser otimista? Repetindo Saramago: “Não sou pessimista, a realidade é que é péssima”. Simples!


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